Kaleidoscope - Um Mundo só Seu escrita por Blodeu-sama


Capítulo 4
Cap. IV – O Trabalho Enobrece os Patrões


Notas iniciais do capítulo

Músicas (links no profile): Movin On – needtobreath, e Any Other World - Mika



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Kai teria, sem hesitar, assumido sua culpa no assalto se Uruha não o tivesse terminantemente proibido de fazer tal coisa. Ele também tinha certeza que nunca embarcaria nas estratégias perigosas do amigo de ganhar dinheiro se não precisasse muito disso. Porque a lanchonete não era o suficiente para manter metade de uma casa, por mais que gostasse de lá. Ele era do tipo que valorizava o trabalho duro e gostava de pensar que suas coisas haviam sido compradas com o próprio esforço e não com o dinheiro que outra pessoa lutou pra ganhar. E por mais que entendesse os motivos do amigo para odiar a vida que tinha, Kai adoraria estar no lugar dele, com pais razoavelmente ricos e um estilo de vida confortável.

Mas nada disso o impediu de começar a gargalhar quando finalmente conseguiu uma folga para ver o que o amigo andava fazendo em seu serviço comunitário.

Uruha estava usando um macacão laranja largo demais para ele e luvas de borracha roxas. Prendera o cabelo loiro escuro em um rabo baixo e estava de quatro, esfregando o chão do banheiro, quando o moreno chegou. Parecia realmente uma...

- Faxineira?! Eles te puseram de faxineira?!

Uruha parecia prestes a rosnar e avançar em alguém.

- ...Se vai realmente se divertir as minhas custas, pelo menos tenha a decência de usar o masculino. Meu rosto pode ser angelical, mas eu ainda tenho um pouco de ‘orgulho’ no meio das pernas Kai.

Kai, com o corpo todo apoiado em uma pia, engoliu mais um acesso de riso e tentou parecer mais sério.

- Não parece, você deixa qualquer um por a mão no seu ‘orgulho’. Por isso o Aoi largou você, não foi?

Uruha ergueu o corpo, ainda ajoelhado e afastou a franja do rosto com o braço.

- Muito obrigado, Kai. Como se não bastasse estar aqui limpando o banheiro dos retardados, você ainda me lembra do meu último fracasso amoroso. Valeu mesmo.

- Desculpe, Uruha.

O moreno não gostava quando o amigo soava sarcasticamente magoado. Porque, em geral, era porque ele estava magoado mesmo. Uruha sempre gostara muito de abrir as pernas pra qualquer um que prometesse um pouco de aventura a ele, mas Kai sabia que Aoi fora o que tinha chegado mais perto de um “namoro de verdade”. O ex ainda era assunto delicado.

- Então! Vai ter que ficar mesmo seis meses trabalhando aqui de graça? – perguntou, só para mudar de assunto.

- ...É. Limpando banheiros, pintando paredes e arrumando brinquedos. Cercado por gente anormal. E isso inclui os funcionários.

O moreno deixou escapar uma risadinha então se desencostou da pia.

- Bom, quer ajuda? Você claramente não sabe o quê está fazendo.

Uruha voltou os olhos cinzentos para o amigo e em seguida para o chão excessivamente ensaboado. Então voltou a olhar Kai juntando as mãos na frente do corpo como se estivesse rezando.

- Por favor...

Kai estava pegando um par de luvas roxas extras que havia no carrinho de limpeza de Uruha quando um rapaz entrou no banheiro e imediatamente começou a escorregar nos próprios pés. Kai largou as luvas e se jogou para segurá-lo; e no segundo seguinte, com um estrondo surdo e barulho de borracha molhada, estavam ambos no chão. Kai com um careta de dor, as costas pregadas ao azulejo, e o outro rapaz com os olhos bem fechados como se estivesse esperando pelo tombo.

- Ai... – resmungou meio sem voz - bater as costas expulsara parte do ar de seus pulmões - e só então o outro rapaz abriu os olhos, se vendo por cima do corpo de alguém. Alguém que ele conhecia.

- ...Ahn... Kai-san?

Cuidadosamente, apoiando-se sobre os joelhos, Nao ergueu o corpo e estendeu o braço para o outro. Kai, que estava ainda deitado sobre o chão molhado, tentando sentir todas as suas costelas para saber se não tinha nenhuma quebrada, abriu os olhos e deu de cara com o rosto corado daquele cara moreno do parque, aquele que achara que podia simplesmente expulsar Uruha dali sem uma explicação. Também sentiu o rosto arder um pouco de vergonha.

- ...Whoa... essa foi por pouco – murmurou, aceitando o braço estendido e se erguendo. – Ah, minha jaqueta... – resmungou, notando que estava inteiramente molhado atrás.

- Por pouco?! Se não fosse você eu estaria com dois dentes da frente a menos agora. Tá tudo bem? Ah, é Kai né?

- É, é sim... e eu estou bem – então virou-se para Uruha, que baixara o rosto e estava gargalhando silenciosamente, ainda de joelhos no chão. – Uruha, você não pôs o aviso na porta?!

- ...Esqueci – murmurou, com um enorme sorriso de felicidade.

Os dois morenos se levantaram com cuidado, um se apoiando no outro, de cara fechada para o loiro.

- E você está bem, Nao-san? – perguntou Kai, com uma das mãos nas costas.

- Sim, sim... – ele parecia realmente corado e bochechas vermelhas combinavam mais com seu rosto infantil claro do que a expressão irada do parque. – Mas afinal, o que vocês dois estão fazendo aqui?! – perguntou, tirando o próprio moletom molhado e ficando apenas com uma camiseta azul escura por baixo.

Kai suspirou, também tirando a própria jaqueta e apontou para Uruha com o dedão, como quem pede carona.

- Uruha está fazendo serviço comunitário e eu estava prestes a ensiná-lo como se esfrega um chão.

Uruha novamente revirou os olhos e voltou a esfregar, determinado a ignorar a presença daqueles dois ali. Nao riu baixo, olhando para o loiro e sentou-se em um dos cantos da pia, espremendo o moletom para tirar a água.

- Serviço comunitário? E o que ele fez?

Kai desviou o olhar ao responder.

- Hum... chamaram de assalto a mão armada. Mas não havia balas na arma.

- Kai! Cala a boca! – Uruha novamente se erguera, observando o tal Nao rir ainda mais – E você, está aqui de babá daquele moleque outra vez? Eles te pagam pra isso ou você só faz pra levar um pouco de amor e carinho aos “especiais”. Porque você faz o tipo...

Nao voltou a ficar sério e foi a vez de Kai rodar os olhos. Uruha e seu maldito orgulho. Era só se sentir ameaçado e começava a insultar as pessoas.

- “Eles” me pagam sim e eu prefiro o termo ‘enfermeiro’ – respondeu, num tom de voz neutro.

- Enfermeiros não deviam usar branco? Ou aquele cara não consegue distinguir cores?

- Eu não trabalho em um hospital. E Ruki-san provavelmente consegue fazer muito mais coisas que você. Tenho certeza que ele saberia limpar um banheiro sem fazer toda essa bagunça.

Kai fechou os olhos. Ótimo, logo no primeiro dia e Uruha já arrumara um inimigo mortal. “Grande Uruha! Realmente...”, pensou.

- Não trabalha em um hospital, hã? Então você é mesmo uma babá. Babá de retardados. Talvez ele saiba limpar um banheiro mesmo, pena que ele não consiga falar sobre isso.

- Okay! – Kai entrou na frente, entre os dois, quase escorregando novamente. – Okay, vamos nos acalmar. Então... Nao-san, o seu amigo está aqui? – perguntou num tom falsamente cordial, lançando um olhar severo a Uruha.

Nao virou o rosto para Kai e sorriu, voltando a ter uma aparência de doçura e ignorando solenemente a outra presença.

- Bem, ele é o dono certo?

- Ele é o dono?! – Uruha novamente se meteu na conversa, largando o esfregão e erguendo o corpo do chão. Qualquer coisa para matar o trabalho, igual quando trabalhava na feira de frutas.

- Ah sim... o Circe foi criado por causa dele, a princípio. Os pais dele eram absurdamente ricos, metidos com a nata da sociedade, essas coisas. Quando perceberam que seu Takanori era autista, logo fundaram esse lugar aqui. Para que ele pudesse conviver com outras pessoas com problemas parecidos, não se sentir tão ‘diferente’. Então, quando os pais dele morreram num acidente de carro há cinco anos, ele herdou tudo – Nao desceu da pia e vestiu o moletom úmido por cima da camiseta. – Claro, ele não toma conta. Ele não poderia – completou em tom obvio.

- E quem toma conta por ele? – perguntou Kai, curioso – Você?

Rindo outra vez, novamente ele parecia levemente embaraçado.

- Eu?! Ah não, eu só tomo conta dele. Quem administra tanto o Circe quanto as finanças pessoais dele é o Sakamoto-san. O diretor Saga – Nao fez uma careta. – Eu não gosto muito dele. Ele raramente para em casa, de qualquer modo. Geralmente somos só eu e Ruki-san na mansão.

Uruha se mantivera calado, ouvindo com atenção. Então aquele garoto era rico. Muito rico ao que parecia. Era estranho, Uruha não o vira muitas vezes, mas ele não parecia anormal. Nem rico. Ele parecia apenas tímido. Machucado talvez, como se tivesse medo de viver como todo mundo. Uruha não o culpava por isso, a vida real era verdadeiramente uma merda.

Kai também ouvia com atenção, mas ele parecia dispensar mais atenção ao interlocutor do que a história em si.

- Bem, eu vou usar o banheiro lá de cima. Foi um prazer rever você, Kai-san – disse inclinando-se e sorrindo antes de sair pisando com cuidado para fora do banheiro, ignorando Uruha solenemente.

Assim que se viu sozinho com o amigo, Uruha o cutucou forte nas costelas.

- Você tá caidinho por ele!

Kai corou até a raiz dos cabelos e cruzou os braços na frente do peito.

- Não torra, Uruha! Só porque você é um pervertido não significa que eu seja também. E você foi um perfeito babaca com ele sabia?

O loiro ignorou cada palavra dita por Kai. Ele não dava a mínima para os sentimentos delicados da babá, mas estava internamente deliciado com a idéia de Kai estar gostando dele. Kai! O todo eu-sou-hetero-e-gosto-de-mulher Kai! Na verdade, Uruha estava um tanto quanto chocado, pois achava que não podia existir ninguém com mais complexo de fofura do que Kai. Mas o tal Nao era ainda pior. Era como ver dois Kais em uma pessoa só. Algo em seu instinto dizia a Uruha que aquele rostinho infantil escondia alguns segredinhos sujos. E o loiro mal podia esperar para descobrir tudo enquanto jogava a babá nos braços do amigo. Ah sim, seria... divertido.

Kai parecia desconfiado e zangado.

- Você! Pare de me olhar assim! Eu conheço esse olhar e significa ‘planos maquiavélicos em que o Kai sempre se ferra’!

- Não seja criança, Kai, eu só estava pensando. E então, vai me ajudar ou não vai?

O moreno suspirou, pendurando a jaqueta molhada na porta de um cubículo e abrindo a porta do banheiro para que as pessoas notassem que estava sendo lavado.

- Certo, primeiro passo... tente lavar o chão sem usar metade da água do planeta...

-

O dia havia sido cansativo para Uruha. Mesmo com a pequena distração de Kai, de manhã, ainda tivera que esfregar cada maldito chão de banheiro daquele prédio e o lugar era maior do que parecia por fora. Depois do almoço Kai desaparecera, alegando que tinha que fazer algumas coisas em casa e Uruha ficara sozinho novamente com seus produtos de limpeza enjoativos e suas luvas de borracha roxas.

Quando por fim terminara aquilo tudo, suas costas e joelhos estavam doendo pela posição em que ficara o dia todo. Mas ainda havia uma hora inteira para cumprir ali e logo a “coisa saltitante” chamada Shou o empurrara para uma sala pequena cheia de pó e arquivos, e tivera que dar um jeito de começar a organizar aquilo por ordem alfabética no sistema americano(1) enquanto lutava para parar de tossir. Era revoltante que não fosse ganhar um mísero centavo para virar um escravo do lugar! Foi com um enorme prazer que ele observou os ponteiros de seu relógio de pulso marcarem cinco horas da tarde e imediatamente ele largou o que fazia, espanando a poeira das roupas negras e do cabelo.

Deuses, precisava de um banho!

Ainda meio perdido entre os corredores e salas, Uruha começou a caminhar, seguindo as placas de indicação penduradas no teto para achar a saída. Estava prestando atenção a elas e por isso mal notou que havia acabado de entrar naquele salão onde vira o garoto autista naquela manhã. Só percebeu quando pisou sem querer em um bloco colorido e quase caiu sobre mais um monte deles, espalhados pelo chão.

Então olhou em volta. Já não havia tantas pessoas ali, só quatro. Uma moça vestida de branco, distraindo uma criança com síndrome de down. Um adolescente magrelo cheio de espinhas, olhando pela janela para o jardim lá fora com um olhar perdido.

E ele.

Ruki estava praticamente na mesma posição que de manhã, sentado a uma mesa de madeira afastada das janelas, o olhar azulado concentrado nas peças de um gigantesco quebra-cabeças. Só que naquela manhã o quebra-cabeças estava praticamente desmontado e agora faltavam apenas algumas peças no meio e em um dos cantos para completá-lo. Uruha se aproximou, cautelosamente, observando a imagem.

Era uma imagem complexa de um dragão dourado, com escamas detalhadas e um fundo escuro mostrando fogos de artifício, como se fosse ano novo. Era um desenho bonito.

- ...Hum, belo quebra cabeças – disse Uruha, em voz baixa.

Ruki não desviou os olhos para ele, apenas colocou outra peça no lugar.

- Hey, desculpa por aquele dia no parque, a propósito – continuou o loiro, aproximando-se mais. – Eu não sabia que você não gostava de falar.

Ruki continuou ignorando-o, os olhos percorrendo rapidamente cada peça solta ainda restante.

- Hum, bom, eu te vejo qualquer dia desses. Sabe, eu vou trabalhar aqui, agora, então é possível que a gente se veja muito – Uruha não sabia por que estava falando com o rapaz. Não simpatizara com ele, pra começar. Talvez fosse aquele ar perdido, mas Uruha não tinha certeza. – Bem, tchau.

O loiro já estava se dirigindo a outra porta quando sentiu uma mão segurando a manga de seu casaco. Olhou para o menor, mas este ainda olhava atentamente as peças do quebra cabeças. Então ele soltou Uruha e, hesitante, empurrou para ele uma das peças. Sem nunca fazer contato visual.

Uruha olhou por um momento, então se sentou em uma cadeira em frente a ele. Pegou a peça e a encaixou em algum lugar próximo a cabeça do Dragão. Ruki pegou outra peça e encaixou logo em seguida a dele. Uruha notou que, embora ele não erguesse os olhos, estava sorrindo levemente.

Sorriu também e pegou outra peça. Como o menor não reclamou, a encaixou na imagem também e logo Ruki encaixava outra.

- Você é bom nisso garoto – murmurou, procurando o lugar de uma outra peça. Mas antes de conseguir encaixá-la, alguém o chamou na porta oposta do salão.

- Hey, Takashima!

Uruha se virou e deu de cara com seu Fiscal outra vez, sua expressão voltando a ficar fechada. Hiroto continuava com aquele terno largo de mais, aquela aparência de desleixo e parecia impaciente. Levantou-se devagar.

- Desculpa amigo, mas eu tenho minha própria babá agora – resmungou para Ruki, então encaixou a peça que tinha na mão em um dos cantos superiores. – Até.

Ruki continuou em silêncio, concentrado. Faltavam apenas duas peças agora e ele encaixou a penúltima rapidamente.

Aquele homem alto e loiro com cara de anjo se afastava, resmungando com aquele outro. Ruki podia ouvi-los falando algo sobre ‘trabalho forçado’. Delicadamente, encaixou a última peça do quebra-cabeça e ergueu os olhos para eles, observando-os se afastar.

- Você terminou! – uma voz ao seu lado o fez voltar novamente à atenção para o desenho. Nao-san se aproximou e sentou-se onde antes o homem com cara de anjo estava. Isso deixou Ruki chateado, mas ele apenas balançou a cabeça afirmativamente.

- É bonito – disse o moreno, mais suavemente, olhando o desenho.

- É.

- Você quer emoldurar? Ficaria bem no seu quarto.

- É.

- Bem, já está tarde e você terminou o quebra-cabeças... então podemos ir?

- É.

Nao suspirou. Ruki tinha apresentado um certo progresso quanto aquele tique verbal a apenas dois dias, mas parecia que tudo voltara novamente. Era sempre assim, ele melhorava, parecia quase feliz, então de uma hora para outra, Nao não tinha idéia do por que, ele piorava.

- Você não esta falando muito hoje, não é mesmo?

- ...Eu quero ir pra casa – Ruki disse, se levantando e deixando o quebra-cabeças montado em cima da mesa. Estava difícil entender o que Nao-san dizia. Ele ficava com aquele rosto do homem com cara de anjo na cabeça.

Aquele rosto parecia querer tomar todo o espaço em sua mente. Não era bom quando só uma coisa ocupava sua cabeça, era o que Reita-san dizia para ele. Precisava lutar e continuar prestando atenção a tudo e não esquecer das coisas ao redor. Mas era difícil! Ele precisava ir pra casa e fazer as coisas certas nos horários certos. Hoje era dia de peixe cozido no vapor. Ele tinha que chegar a tempo para o jantar ou perderia o peixe cozido. O jantar era servido as sete, então ele tinha que se apressar, pois se se atrasasse seu jantar estaria frio e ele ficaria com fome. E Saga-sama iria ficar bravo. Ele precisava ir para casa!

- Ruki, tem certeza que você não...

- Quero ir pra casa!

- Está bem, vamos pra casa.

Nao levantou-se, olhando uma última vez para o quebra-cabeças completo. Seis mil peças em um único dia... realmente, quanto mais fechado em si mesmo, mais esperto ele ficava.

“Uma imagem tão linda...” Nao pegou a caixa e puxou as peças para dentro dela, estilhaçando o Dragão.

oOo

(1) O sistema japonês é diferente. Provavelmente lá a ordem alfabética é A, I, U, E, O, KA, KI, KU, KE, KO, etc...


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