Férias Frustradas escrita por Nunah


Capítulo 33
32 - algo quase que errado


Notas iniciais do capítulo

Nossa gente, que emoção aqui. Nem creio que tô postando aqui. Deuses, tô me sentindo uma criança no colo do Papai Noel -qqq Tá, leiam. Eu nem devia tá falando aqui, deuses...



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A deusa se sentou em uma poltrona vermelha - uma das poucas coisas ali que não era branca - e macia com uma pilha de livros nos braços.

Naquela biblioteca havia desde ficção à drama; livros sobre grandes batalhas e revoluções - principalmente os que tinham a ver com a Primeira e Segunda Guerra Mundial, claro; havia romance - o que a deusa achava que não tinha nada a ver com Poseidon; livros sobre as religiões dos mortais - o que era meio irônico... Enfim, era o paraíso para Athena.

Ela olhou para o que tinha pego aleatoriamente: Harry Potter e o Enigma do Príncipe, Coração de Tinta, A Guerra dos Tronos, O Diário de Anne Frank, Anjos e Demônios... Que estranho... 

A maioria dos livros em seus braços era a mais pura ficção. E esse não era o gênero que a deusa mais costumava ler.

Devo estar enlouquecendo.

Mas geralmente sua vida estava tão confusa, com um acontecimento atrás do outro, que ela precisaria de um pouco de fantasia para se distrair. Mas para quê ela leria livros sobre batalhas épicas e que nunca existiram se estava no meio de uma?

Um tanto irônico, não?

Athena suspirou e pegou o exemplar de O Retorno da Arquitetura Sagrada.

Acho que estou observando muito Annabeth. A louca por arquitetura é ela, não eu.

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Um leve barulho de porta se fechando sobressaltou a deusa. Ela estava na mesma poltrona vermelha e o exemplar de Coração de Tinta havia caído no chão.

Deuses, ela havia adormecido!

Como isso pôde acontecer... E se Anfitrite entrasse e me encontrasse... Ela iria tentar algo... E...

- Droga, eu não deveria ter ficado acordada praticamente a noite toda.

Athena se levantou suspirando e pegou os livros. Caminhou lentamente pela biblioteca, devolvendo-os aos seus antigos lugares.

Que barulho foi aquele? Será que alguém entrou aqui? Anfitrite, talvez?... Não, devia ser só Poseidon saindo... Deuses, eu estou ficando paranoica.

Assim que se certificou de que não havia ninguém na biblioteca, depois de terminar a tarefa de colocar os livros nos seus devidos lugares, a deusa resolveu sair. Deveria estar na hora do almoço.

Eu posso me atrasar um pouco, não é?

Athena subiu as escadas* e após percorrer os corredores certos - sim, graças aos deuses ela estava conseguindo andar pelo palácio sem se perder - entrou em seu quarto.

A deusa foi até o banheiro e lavou seu rosto com água gelada. Ela precisava ter certeza de que estava acordada e apresentável.

Será que Anfitrite vai estar lá? Se ela resolver me provocar de novo, não vou pensar antes de dar uns bons tabefes nela.

Depois de fazer todo o caminho de volta, Athena chegou à sala de jantar. Sim, Anfitrite estava lá, para a fúria de Athena. Sebastian também - ele conversava animadamente com Katherine alguma coisa como Caribe e cupcakes. E a deusa não tinha a menor ideia do que uma coisa tinha a ver com a outra - se tinha.

Mas Poseidon não se encontrava ali.

Controle-se Athena, o que você está pensando? Não pode sair por aí dando tabefes nas pessoas!... Pessoas... Anfitrite é um animal, isso sim... Ah deuses, eu estou sendo contaminada pela falta de civilidade de Poseidon... será?

- Oh, Lady Athena! - exclamou Kate, assim que a viu. Sebastian sorriu.

- Lorde Poseidon... - ele pareceu pensar antes de dizer algo comprometedor na frente de Anfitrite. - Já vem.

Athena sorriu, sentando-se.

Não precisaram se passar nem cinco minutos para Poseidon cruzar a porta e pedir para servirem o almoço.

Diferentemente do café, eles comerem quietos, com medo de que qualquer coisinha fosse desencadear uma discussão. E com o sangue de Athena ardendo em fúria, iria mesmo.

Sebastian estava distraído e tranquilo, como era de se esperar. Parecia que ele acreditava que enquanto Poseidon estivesse lá, nada iria acontecer - e Athena provavelmente pensava do mesmo modo.

Anfitrite estava com uma cara de poucos amigos - o que não era nenhuma novidade principalmente se Athena estivesse por perto, encarando os dois furiosa. Os outros não tinham noção do quão ruim a presença de Athena ali estava sendo para ela. Ver seu ex - que ela ainda considerava como seu marido e de mais ninguém - conversando, rindo, cuidando da olimpiana era terrível; aquilo lhe mostrava o quão idiota ela estava sendo. Anfitrite tinha feito tudo aquilo para ou ganhá-lo de novo, ou destruir sua vida, com o princípio 'se não é meu, não vai ser de mais ninguém' e olhe no que tinha dado. Ela tinha feito Poseidon e Athena - dois deuses que sentiam ódio declarado um pelo outro - se reaproximarem.

E, ao invés de parar com a guerra, aquilo só tinha inflamado mais ainda o temperamento explosivo dela.

---

Poseidon estava em silêncio - como os outros - mas nada o impedia de relancear olhares furtivos à Athena. Ela estava tão... diferente, ao seu ver. Aquela camisa azul realçava seus olhos. As botas de salto lhe davam um ar mais... sensual. Era como se mostrasse o quanto Athena havia deixado de ser aquela menininha frágil que o adorava para se tornar uma mulher cheia de curvas que lhe despertavam sensações estranhas.

E eles estavam convivendo tão bem, parecia até um sonho. Ela o estava ajudando, ele a estava acolhendo em seu palácio.

E Athena... Estava imersa em devaneios sobre a sua situação. Ela não poderia voltar ao Olimpo, mas tinha uma pequena esperança de seu pai perdoá-la - apesar de na verdade ela precisar perdoá-lo - depois que tudo acabasse, quando visse que a deusa estava certa. Caso contrário, ela teria de ir para outro lugar. Não poderia ficar ali. Suas brigas com Poseidon voltariam, com certeza. O deus escolheria outra mulher para o cargo de rainha - e esposa. Ela não poderia conviver com aquilo, era errado. 

Athena iria para Creta. Estava decidido. 

Ou não.

Ah, mas é tudo tão complicado! Que droga... Eu não vou poder continuar aqui, e se Afrodite resolve aprontar uma comigo?

Ela não podia nem pensar na possibilidade que suas mãos ameaçavam tremer.

Se Afrodite fizer alguma coisa comigo enquanto eu estiver aqui... Ah, nós vamos ter uma conversa.

---

O deus se levantou na mesma hora em que Athena terminava de comer. Seus olhares se cruzaram. Eles se comunicaram silenciosamente, sem nenhum gesto ou palavra - para espanto dos outros que estavam presentes.

Poseidon saiu, em silêncio. Ela o seguiu.

Sebastian não pôde conter a felicidade quando viu a expressão de Anfitrite endurecer. Katherine, por outro lado, permitiu-se um sorriso discreto, despercebido. Afinal, ali, longe de Poseidon e Athena, nenhum dos dois poderia fazer algo se Anfitrite resolvesse dar um daqueles surtos psicopatas.

- Eu conversei com Delphin antes do almoço - Poseidon começou, enquanto os dois andavam até a biblioteca. - Ele disse que tem observado os soldados... Eles desmaiam, e quando acordam, não se lembram de nada... depois saem andando para além das muralhas do reino e desaparecerem.

- Você tem uma teoria? - Athena perguntou, franzindo a testa.

- Um feitiço, talvez? Um veneno? Uma poção? - o deus parecia ter pensado alto. - Tudo isso parece fantasia. Uma brincadeira.

- Essa guerra não é nenhuma brincadeira. Nós somos deuses milenares, mas isso não quer dizer que não possamos ser surpreendidos por coisas desconhecidas. Talvez você esteja certo... Ouvi dizer, há muito tempo atrás, que a mãe de Anfitrite era conhecedora de ervas e venenos poderosos, que podiam enfraquecer até o mais forte dos deuses - ela parou e o encarou. Eles haviam chegado.

- Você acha mesmo que...?

- E você ainda duvida? Ela a ajudou a se esconder quando se recusou a se casar, não foi? Pode muito bem estar a ajudando a se vingar.

Ele pareceu pensar, abrindo a porta.

- Bem, você deve estar certa. Tudo se encaixa. Mas ainda temos o espião.

Athena cruzou a entrada, sorrindo ao ver aquele mar de livros à sua frente.

- O espião não parece estar atuando diretamente na guerra. Se ele estivesse mesmo no Olimpo como você disse, o quê ele poderia estar fazendo? Lembrando que ele é uma mulher.

- E que você a conhece - ele a encarou, irônico. - Talvez esse espião não seja uma grande ameaça, mas ainda assim é um espião e está trabalhando para ela.

- Com 'ela' você quer dizer a mulher com quem você se casou e que é uma mimada arrogante que só estava de olho no posto de rainha e agora está tentando destruir a sua vida? Anfitrite? - Athena sabia quem era, mas não conseguiu se segurar. Ela ainda estava observando as fileiras de livros intermináveis, andando distraidamente, ameaçando desaparecer entre as estantes.

Poseidon riu. Mas não foi uma daquelas suas risadas divertidas, que costumavam deixá-la fula. Foi nervoso e um pouco forçado.

A deusa se virou. Poseidon havia sentado em uma cadeira e estava inclinado, encarando as próprias mãos, parecia longe... pensando em outra coisa.

- Sabe... - ele começou, engolindo em seco.

Athena se aproximou.

- Eu nunca a amei - o deus fechou os olhos.

O clima imediatamente ficou mais pesado. A deusa sentia como se não conseguisse respirar... E aquilo não tinha nada a ver com o fato de que estava embaixo d'água.

Ela não queria forçá-lo, nem dar a entender de que não estava com paciência para ouvi-lo. Na verdade, ela respeitaria a decisão dele. Se Poseidon resolvesse contar, ela escutaria. Se ele não quisesse continuar, a deusa não questionaria.

- No começo... Eu me senti atraído por ela, sim. Mas foi algo normal, e rápido. Que eu só fui descobrir depois de me casar. Na época, o reino precisava de uma rainha, e eu, de uma esposa. Zeus não me deixaria escolher uma olimpiana, ou uma deusa menor, porque ele não queria de jeito nenhum perder súditos. E eu não poderia pedir ajuda para Hades, não é?... Você conhece a história. Ela não quis - Poseidon apoiou a cabeça nas mãos, segurando os próprios cabelos. - E depois... Nós tivemos um filho, fruto da nossa atração física, que foi embora junto com ela quando me deixou. Ele não era pra ter nascido... É algo quase que errado. Percy é mais meu filho do que Tritão. Pelo menos eu gostava de Sally... Você não sabe, Athena, o que é para um deus antes insensível se sentir arrependido de ter ido pra cama com uma mulher tão baixa e por motivos tão idiotas.

A deusa se sentou no sofá ao seu lado e colocou a mão em sua perna, olhando-o. Confortando-o.

- E saber que eu tinha tudo para ser feliz. Mas não, ao invés disso eu preferi tornar minha vida em uma confusão atrás da outra. Eu me destruí. Tracei o meu próprio destino... Eu nunca vou ter paz, Athena. Sempre terei Anfitrite me atazanando, tentando à todo custo terminar o que começou. Eu sou imortal. Vou ter de aguentar isso... - sua respiração ficou mais acelerada. - Para sempre.

Athena não sabia o que fazer. Eles estavam ali, no palácio dele, convivendo, conversando, com um ajudando o outro. 

Poseidon acabara de fazer o que sempre quis: Havia desabafado. Não tinha sido como esperara. Athena estava ali. As coisas não saíram como planejado.

Ela poderia usar isso como uma vantagem quando ele a provocasse. Ou podia se mostrar amiga e declarar trégua.

E, naquele momento, Athena fez o que Poseidon nunca imaginaria. E nem ela estava ciente de seus atos. Mas sentia que queria fazer aquilo...

Ela o abraçou. Ela o deixou se deitar em seu colo, de olhos fechados, e cuidou dele. Ela passou as mãos por seus cabelos, tentando transmitir segurança. Ela sorriu ao perceber ele relaxar sob seus dedos.

E ele ficou mais do que feliz com aquilo. Ele a amava. Ele sabia que o sentimento não era recíproco, e mesmo assim tinha esperanças de que ela o ajudasse a superar os seus medos sem nem ao menos saber.

- Athena? - ele sussurrou, de olhos fechados.

Ela murmurou um 'Hmm' em resposta. Estava inebriada demais com seu perfume para responder.

- O que vai acontecer se eu dormir? - ele continuou sussurrando.

Ela pensou antes de formular uma resposta. Sabia que poderia surpreendê-lo, pois até ela não estava entendendo tudo aquilo. Mas ele ainda esperava ouvir sua voz.

- Se você dormir... - ela fez uma pausa. - Eu vou estar aqui.

Ele sorriu, como uma criança numa festa de aniversário e se permitiu descansar. Fazia um bom tempo que o deus não relaxava daquele jeito e não poderia pedir lugar melhor para fazer isso do que o corpo da mulher que fazia seu coração acelerar e sua boca ficar seca.

Então, ele suspirou aliviado, antes de deixar sua mente vagar por alguns segundos até realmente adormecer.

E ele bem sabia que seus pensamentos só seriam direcionados à ela.

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*escadas: Não me lembro se as mencionei anteriormente, mas elas existem.


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Notas finais do capítulo

Olha só, eu postei um capítulo. Deixem um review pra Ana *que se for inteligente vai apagar meu comentário* por que ela merece. -q Quem adivinhar quem é aqui ganha um doce -Desafio Aceito- lalalá, a Ana vai me matar por que tô comentando nas notas finais dela... -q O QUE VOCÊS ESTÃO FAZENDO AQUI AINDA? *desce mais, pf*. Bjs ;*
...
Oi, é, aqui é a Ana. Não liguem para a menina -.- (fala sério, vocês sabem quem é né?)... Ela tem sérios problemas! Enfim, eu não vou apagar esses comentários porque eu tô sofrendo lentamente aqui, haha. E eu sou inteligente mesmo assim u-ú Então, reviews? Recomendações? Ah gente, eu tô doente e carente vai -q E eu sei que vocês A-M-A-R-A-M esse capítulo :3 *hohoho*