Férias Frustradas escrita por Nunah


Capítulo 17
17 - desobediência


Notas iniciais do capítulo

Aviso nas notas finais - sei que está parecendo arrogante, mas não foi essa a intenção.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/132995/chapter/17

Athena parou à porta do escritório de Zeus. Já estava amanhecendo, mas o céu continuava nublado e deprimente; era sempre assim, quando acontecia algo um pouco mais sério com um deus ou deusa ollimpiano, até o Olimpo sofria as consequências.

A deusa bateu três vezes na madeira, a voz de seu pai pediu para que ela entrasse.

Zeus suspirou aliviado quando viu sua filha com o vestido branco em estilo grego que ela costumava usar, e não com aquelas roupas escolhidas por Afrodite.

- Eu já estava sentindo sua falta, mesmo que tenha posto fogo nas minhas roupas – ele disse, sorrindo de um jeito afetuoso, o sorriso que era direcionado a ela e a ninguém mais.

- Me desculpe por aquilo – ela disse, um pouco sem graça. – Foi uma brincadeira de mal gosto.

- De fato, foi. Mas, diga-me, o que veio fazer aqui? – perguntou Zeus, fazendo com que a deusa fosse pega de surpresa. – Ah, não tente negar, Athena, você não veio fazer uma visitinha matinal ao seu velho e amado pai, certo?

Ela deu uma risada descontraída, deliciando-se com o modo com que ele falava. Um modo que talvez só ela conhecesse, também. Era cômico vê-lo tão duro e superior quando estava na presença de outras pessoas, e, depois, vê-lo pai, algo que só ela tinha permissão, pois duvidava muito que os seus irmãos, os outros filhos de Zeus, tivessem aquele privilégio.

- O senhor acertou, como sempre – Athena revirou os olhos; Zeus sorriu mais ainda, lembrando-se de um detalhe importate: Só ele conseguia decifrá-la. Não entendia porquê os outros a achavam tão fechada e incompreensível, para ele, era como se Athena fosse um livro aberto. – Quero saber o que está havendo em Atlântida. Em detalhes.

- Você não era para saber – Zeus disse. Sua voz estava um pouco mais baixa e perigosa, atribuindo ao deus uma expressão séria. – Quem foi que desobedeceu às minhas ordens?

- Pai...

- Diga de uma vez, Athena – ele bateu o punho na mesa, assustando-a, mas logo que viu a expressão quase que de medo da filha, tentou se controlar.

- A-Afrodite – ela disse, de cabeça baixa. Sim, pois seu pai era o único a quem ela se submetia.

- Aquela fofoqueira. Nós vamos ter uma conversinha mais tarde.

- Não, pai, eu perguntei, não brigue com ela, Afrodite só estava tentando ajudar. Se tiver algum culpado, sou eu. Mas, por favor, deixe-a fora disso. Só não entendo porque queria que eu ficasse no escuro – ela piscou inconscientemente os olhos, contendo lágrimas. A expressão do deus suavizou quando ele tomou suas mãos nas dele.

- Athena, não. Não me julgue mal, por favor, sabe que sua opinião é com a única que me preocupo. Eu só queria proteger você.

- Me proteger? E pretendia fazer isso me poupando de um dos maiores problemas do Olimpo desde a Grande Guerra? Pai!

- Por favor, Athena, me entenda, eu não fiz por mal.

- Muito bem. Então, agora que eu já sei o que está havendo, vai me contar ou não? – a deusa cruzou os braços, como fazia quando estava de birra. Seu pai revirou os olhos murmurando um “Nunca muda”.

- Provavelmente Afrodite, do jeito que sabe tudo de todos, já deve ter te contado o que está acontecendo, de fato. Não há o que acrescentar.

- Mas, não há nada que esteja havendo que me prejudique, não é? Então por que queria me esconder?

- O problema, minha filha, não é o que está havendo e sim, com quem, entende?

- Perdão?

- Eu não quero nenhuma ligação entre você e Poseidon. Achei que se a deixasse fora disso iria ser mais fácil.

- O problema é que isso está virando um problema para todos os deuses.

Athena não queria perguntar sobre a tal ‘ligação’ que seu pai falara, e Zeus ficava grato por não ter que explicar. Era um assunto delicado e que ele não gostaria de tratar diretamente com ela.

- E eu posso ajudar, eu quero – ela disse, fazendo Zeus querer interrompê-la. – Pai, não tem nada a ver com o fato de ser ele. O senhor sabe que eu ajudaria qualquer um, até mesmo o meu maior rival. Sempre quando há algum tipo de conflito, eu consigo resolvê-lo, o senhor sabe disso! – ela terminou de falar com um tapa na tampa da mesa, de onde caíram alguns papéis.

Ela fechou os olhos, respirando fundo, enquanto Zeus a observava, impassível, fazendo os papéis voltarem a seus devidos lugares.

- A questão, Athena, é que aquele é um conflito entre marido e mulher, você não pode simplesmente se intrometer, tentando resolver tudo, por mais pacífica que seja. Anfitrite nunca foi conhecida por sua capacidade de manter a calma e você sabe o jeito como Poseidon fica quando está atacado e descontrolado.

Zeus entrelaçou os dedos a sua frente, mantendo-se sereno e inabalável, parecia que se o mundo começasse a ruir ele nem ligaria, e era mais ou menos isso que estava havendo naquele momento, só que era abaixo do nível do mar.

- Está duvidando da minha capacidade?

- Poseidon até que tem razão, às vezes você distorce tudo que a gente fala – ele murmurou. – Só estou dizendo que não vou deixar você se arriscar. E eu não quero você perto dele.

Ela revirou os olhos.

- Tá bem então.

Athena se levantou bruscamente e tentou sorrir, despedindo-se brevemente do pai.

Zeus estava certo de que sua autoridade de pai e deus fariam-na obedecê-lo, como sempre. Mas, o que ele não sabia, é que sua filha poderia ser uma atriz de primeira quando queria, e que aquela adolescente rebelde ainda repousava viva em seu interior, pronta para ser despertada a qualquer momento.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

AVISO: Só para esclarecer algumas coisas; não foram os primeiros reviews que eu respondi sobre o filho de Athena e Poseidon. Me perguntaram qual era o sexo do bebê, se Poseidon já sabia que era o pai, quem é esse filho e tudo o mais. Mas, como eu disse anteriormente, essa criança virou mortal e eu ainda vou contar essa história com um pouco mais de detalhes, mas, como foi há muito tempo - quando Athena era uma adolescente - e ele acabou como um mortal normal, ele já morreu, é claro. Na minha cabeça, era um bebê do sexo masculino e eu não dei nome a ele, mas não faz nenhuma diferença. Ele não é importante e não tem nenhuma ligação com a Grande Profecia. E não, Poseidon ainda não sabe a verdade. Se quiserem saber mais, perguntem nos reviews, só deixei esse aviso aqui para não ficar respondendo várias perguntas parecidas. Última coisa: eu sei que todos já sabiam que Poseidon era o pai da criança, porque era algo óbvio e eu não fiz nenhum esforço para esconder, até porque essa história fala de Poseidon e Athena, mas, pensem comigo, faria algum sentido eu colocar isso se o filho fosse de outro? Não. Porque eu sempre imaginei a primeira vez de Athena com Poseidon, então eu estaria indo contra os meus próprios princípios.