A Flor do Deserto escrita por tepha-hyuuga


Capítulo 2
Capítulo II - Chegada em Suna




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Capítulo II: Chegada em Suna

 

 

 

Irritação. Foi a única coisa que eu senti quando percebi que algum pervertidozinho sem o que fazer tinha roubado-me as roupas. Ora, que coisa mais infantil! Ou não...

Mesmo vestindo apenas peças íntimas — que pra minha sorte eram de cor preta —, tomei impulso e saí do rio. Rondei quieta a minha cabeça pelo local, mas ainda não tinha encontrado ninguém. Resolvi, portanto, fazer-me de esperta. Comecei lentamente a andar por cima daquela grama úmida como se eu estivesse desfilando. Minhas curvas com certeza chamariam a atenção do sujeito.

Dez minutos. Nada. Com certeza Naruto já estava preocupado comigo. Nessas horas eu queria ter o sangue dos Hyuuga. Meu problema já estaria resolvido se eu obtivesse o Byakugan. Decidi que não podia mais esperar o cidadão aparecer e comecei a procurá-lo. Concentrei chakra na mão direita e muito cuidadosamente vasculhava com os olhos cada árvore ali presente.

— Apareça, se for homem o suficiente! — não agüentei. Estava cansada e queria dormir antes que meu horário de vigília começasse. Finalmente vi uns arbustos a alguns metros se mexerem. Sorri de canto e pensei o quão idiota deveria ser a pessoa.

Entretanto, para a minha surpresa, saiu de lá aos tropeços uma criança que fazia menção de chorar. Segurava minhas roupas com suas mãos pequenas e aparentemente machucadas. Por um instante senti-me envergonhada por meus poucos — e minúsculos, diga-se de passagem — trajes diante daquela criança que parecia ser inocente. Aproximei-me e me agachei. Seu olhar não se encontrava com o meu.

— Você que pegou minhas roupas?

O pequenino apenas assentiu com a cabeça, segurando ainda mais o choro.

— Você quis? Quem te obrigou?

O garoto nada respondera. Apenas pude perceber que escondia algo. Quando ia perguntar-lhe de novo, a criança deixou minhas roupas escorregarem de suas mãozinhas e saiu a correr. Apenas acompanhei-o desentendida com os olhos e o vi sumir por entre as matas.

Logo depois de me vestir, já estava retornando ao acampamento quando escutei um grito. Parei meus passos imediatamente e saquei uma kunai. Instantes depois, aquele mesmo garotinho passou correndo por mim com o braço direito sangrando. Em seguida, deparei-me com um homem que parecia estar muito irritado. Segurava uma vara de bambu e procurava pelo garotinho.

— Moleque desgraçado, onde você está? — berrou ele como se eu não estivesse lá. Vasculhou rapidamente alguns arbustos que envolviam o local à procura da criança, mas não a encontrou. Eu apenas o observava com meu olhar sério e frio, que o fez parar e perceber minha presença.  Fitou-me de cima a baixo.

— Viu um moleque mais ou menos desse tamanho — media com mãos — de cabelos e olhos castanhos?

Demorei pra responder-lhe. Vi que ficou incomodado com meu semblante nada convidativo. Ele direcionou disfarçadamente seus olhos para a kunai que eu segurava. Provavelmente não sabia que eu era ninja.

— Por que o braço da criança sangrava? — perguntei firmemente. Não pisquei ao menos uma vez. Notei que o homem engoliu seco e procurou palavras para responder-me.

— Isso não é da sua conta — disse um tanto inseguro. — Agora me diga onde ele está.

Senti meu sangue ferver. Caminhei à passos lentos em direção ao sujeito enquanto ele tentava esquivar-se de mim, dado leves passos pra trás. Encurralei-o contra a árvore que estava na nossa linha. A respiração do homem já descompassava. Olhava pra mim com olhos arregalados. Era perceptível o medo que sentia. Sorri por dentro e posicionei minha arma em seu pescoço, sem ao menos desviar-lhe o olhar.

— Por que segura uma vara e corre atrás de um garoto? Você que o obrigou a roubar minhas roupas? — pressionei de leve minha kunai contra seu pescoço, obrigando-lhe a me dizer a verdade.

— Vocês são invasores! — acho que aquelas palavras saíram por impulso. Notei certo desespero em sua voz.  Não sei por que à princípio senti pena. Recuei, tênue, minha kunai.

 — Nós não somos invasores. Estamos apenas de passagem. Mas... — lembrei-me do meu companheiro. — Como sabem que não estou só?

— Já vimos seu acompanhante de vigília a alguns metros daqui. Pensamos em detê-la antes dele.

— Não precisará deter-nos. Estamos de saída assim que amanhecer. Posso matar-te agora mesmo — aproximei meu rosto ao dele — é ladrão. Queria roubar dinheiro e ainda usou uma criança!

O homem aterrorizou-se.

— Está entendo errado! Depois que a Akatsuki roubou-nos a vila inteira, ficamos sem nenhum tostão! Crianças e mulheres estão passando fome.

Recuei totalmente minha mão que o dominava. Notei que o sujeito à minha frente respirava ofegante e aliviado por eu ter me afastado. Quando ele referiu-se àquele grupo criminoso, senti um frio correr-me à espinha.

— Gomenasai — foi a única coisa que consegui proferir-lhe. Tenho certeza de que ele percebeu meu estado depois daquela notícia.

— Mas não se preocupe. Ontem morreu o último membro.

— Nani?! — foi um choque. Comecei a dar risadas descompassadas. Mesmo assim não acreditei direito. — Não brinque com uma coisa dessas.

— Não estou brincando — sua expressão que antes era assustada mudou para uma séria e fechada. — Morreram todos.

— Mas quem os matou? Quem finalmente os derrotou?

— Não tenho conhecimento disso. A única coisa que eu sei, é que um deles é possuidor do Sharingan.

Aquilo sim me gelou. O único Uchiha que eu conhecia e pensava estar vivo era Sasuke. Só podia sê-lo.

Minha mente foi tomada por lembranças que vieram à tona. Desde quando nos tornamos gennin até a última vez que vi meu companheiro perdido. Uma felicidade dominou meu coração. Uma esperança. Talvez ele voltasse. E finalmente seríamos o velho time sete de novo.

— Arigatou... — disse com o olhar distante. Estava paralisada. Aquela notícia era boa demais. Minha felicidade poderia durar pouco tempo. Olhei-o novamente e lembrei que maltratou uma criança indefesa. — Entretanto, aquela criança não tem o porquê ser maltratada!

— N-Não moça, eu juro que não foi por mal!

— Isso definitivamente não tem explicações! — aproximei-me já pronta para golpeá-lo. Segurei firme minha kunai e direcionei em seu pescoço. Vi-o apenas fechar os olhos. Fui interrompida por um grito conhecido.

— Sakura-chan, não faça isso! — virei imediatamente minha cabeça em direção a Naruto.

— Naruto, deveria estar de vigília!

— Mas fiquei preocupado contigo. E vieram me avisar que estava aqui e prestes a matar o pai do Yuka — vi o mesmo garotinho que encontrara saindo timidamente de trás de Naruto, que lhe serviu de esconderijo. Não entendi bulhufas.

— O quê?

— Yuka veio correndo até mim me pedir ajuda por seu pai, dizendo que uma moça de cabelo rosa — no caso, você — queria tirar a vida de seu pai.

Olhei para a criança. Seu braço ainda sangrava. Também vi que seus olhinhos redondos e delicados enchiam-se de lágrimas. Bufei e soltei o homem.

— Ele bateu na criança para fazê-la conseguir dinheiro, Naruto-kun — eu disse incredulamente como se pedisse pra acreditar em mim. Naruto franziu o cenho.

A criança correu e abraçou o pai. Na hora eu não entendi porque me sentia tão errada.

— Gomenasai, otou-san! — o homem apenas sorriu e retribuiu o abraço da criança.

— Eu não o bati para fazê-lo conseguir dinheiro, moça. Eu o bati porque tamanha era a nossa fome que ele sentiu-se na obrigação de conseguir dinheiro para alimentar minha esposa que está grávida. Mas eu não admito atos ilícitos mesmo estando nós em uma situação crítica.

Minha cara foi ao chão. Agora sim tinha certeza do porque me senti envergonhada. Eu estava errada. Meu olhar perdeu-se no espaço. Nunca tinha ameaçado uma pessoa inocente, ainda que por engano. Levei meus olhos ao homem que esperava por uma reação minha e sorri-lhe sem graça.

— Gomenasai, de novo. Não sabia.

— Tudo bem. Eu também não tinha explicado direito.

Ficamos em silêncio por alguns instantes. Ainda havia coisas que não tinham sido esclarecidas. Como assim a Akatsuki foi derrotada por Sasuke? Ele estava tão forte assim? Mais uma vez percorreu-me um frio na espinha. Contudo, nasceu uma esperança em meu coração. Com a morte de Itachi, membro da Akatsuki, o Uchiha mais novo voltaria a Konoha. Afinal, seu maior objetivo de vida já tinha se cumprido. Ou teria mais alguma coisa?

— Sakura? — despertou-me Naruto de meus devaneios. Apenas o respondi com os olhos. — Temos que ir. Se não dormirmos cedo, não acordaremos dispostos. Não falta muito pra chegarmos a Suna, mas temos que poupar nossas energias.

— Tudo bem — disse já me preparando pra sair. Mas antes, olhei para o senhor e seu filho que apenas nos observavam. Senti pena. Sorri de maneira sincera e me aproximei deles. — Tome isto — dei-lhe algum dinheiro que sobrava na minha carteira. Não me faria falta e com certeza seria muito bem-vindo para o orçamento da família que passava fome.

— Não, obrigada. Não precisa se incomodar, moça.

— Eu insisto — segurei suas mãos nas minhas entre as quais estava o dinheiro. Sorri-lhe, passando confiança e por fim ele aceitou.

— Arigatou gozaimasu.

— Isso é pelo mal entendido e por sua esposa que precisa. Agora temos que ir. Sayonara — agachei-me na frente de Yuka e brinquei com seu cabelo. — Até mais, Yuka. Treine e será um excelente ninja. Defenda sua vila e sua família. — Vi seus pequenos orbes arredondados crescerem e brilharem. Ser shinobi podia ser o sonho de muitas pessoas. Mas são poucas que não desistem desse sonho. Senti naquela criança um forte espírito ninja. Apesar de tímido e um pouco amedrontado, foi muito corajoso pegar minhas roupas para ajudar a mãe e depois ter de enfrentar o pai.

 

XxX

 

Já era quase meio dia e o poderoso sol de Suna castigava-nos. Estava muito calor. Da última vez que eu estivera no País do Vento, pareceu-me um pouco mais fresco. Mas o importante é que havíamos chegado, finalmente.

— Enfim, em Suna! — disse Naruto esfregando os dedos polegares na alça da mochila enquanto olhava contente ao seu redor. Eu ainda mantinha meus pensamentos longes. Depois da notícia da noite anterior não conseguia parar de pensar em outra coisa.

— Ainda não acredito...

— Mas pode acreditar. A viagem foi cansativa, mas chegamos. E tivemos sorte de não nos deparamos com tempestades de areia...

— Não é disso que falo — olhou-me confuso. — Vamos? — forcei um sorriso pra disfarçar minha preocupação.

— O que aconteceu, Sakura? — fiz menção em lhe falar, mas resolvi não dizer nada. Agora não era a hora. Eu conheço meu amigo. Ele se esqueceria da missão e se afobaria para trazer Sasuke de volta.

— Não aconteceu nada — enganchei meu braço no dele. — Vamos logo, o Kazekage-sama deve estar nos esperando.

 

Ao chegarmos à mansão, fomos muito bem recebidos. Eu e Naruto ficamos em quartos separados e resolvemos descansar da viagem por algumas horas. Contudo, só um bom banho já bastava pra mim. Portanto, fiquei horas na banheira do meu quarto. Aquela água quente vaporizava todo o ambiente, fazendo-me relaxar. Confesso que quase dormi naquele lugar aconchegante do banheiro. Fiquei ao ponto de baixar a guarda.

 

Enxuguei-me e me enrolei na toalha. Passei minha mão no espelho tentando inutilmente desembaçá-lo e vi minha imagem ofuscada. Assim era minha alma. Era torturante tentar enxergar a si mesmo e não conseguir. Tentava me encontrar. Mas parecia impossível.

Caí em mim e abri a porta de acesso ao quarto. Para a minha surpresa, Gaara estava sentado na cama onde eu passaria a noite, vistoriando uma espécie de caderno. Espantou-se com minha presença e por instinto masculino olhou-me rapidamente de cima embaixo, logo em seguida levantando-se e ficando de costas pra mim. Senti meu rosto esquentar por inteiro. Devia estar vermelha como um pimentão.

— Peço mil perdões por meu descuido — disse ele, ainda de costas. — Eu não sabia que estava a se banhar. Por incrível que pareça não senti sua presença — sua voz soava fria e calma. Muito sexy também, diga-se de passagem. Não consegui falar coisa alguma. Estava perplexa. O Kazekage me viu quase nua! — Retirar-me-ei para que possa se trocar. Peço perdão novamente — saiu e fechou a porta com cuidado. Eu ainda fiquei parada por alguns instantes. O cheiro dele se espalhou por todo quarto. Não consigo decifrar o aroma. Era... hipnotizante.

 

Deitei na cama, ainda enrolada na toalha, e continuei a inalar o perfume do Kage de Suna. Mergulhei em um sono profundo e sonhei com ele.


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Notas finais do capítulo

Gente, desculpem-me pela demora!
Mas está aí o capítulo II... espero que gostem!

kisu kisu
Ja ne*