Castlecalibur ou Soulvania (reeditado) escrita por TriceSorel


Capítulo 7
PARTE 7: o título de Conde




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         Na manhã do dia seguinte, Walter lia seu jornal sentado em sua poltrona na sala com a tevê sintonizada no canal de futebol e uma latinha de cerveja do lado quando Jean-Eugène entrou.

         - Monsieur Bernhard? – chamou o velho.

         - Mnh? – respondeu o vampiro, sem nem olhar para o lacaio de Rafael.

         - Como eu faço para limpar o lustre do saguão? A cordinha que o faz descer tá emperrada...

         - Você vai ter que usar a escada que usou para limpar o teto... – respondeu Walter.

         - Mas a escada está quebrada...

         - Ai, meu Senhor das Trevas! – e Walter jogou o jornal pro lado e foi até o saguão.

         - O teto é muito alto... – comentou o velho.

         - Vai lá que eu te dou um pezinho...

         Walter deu um pezinho ao idoso criado, e, assim que o mesmo pisou em suas mãos que faziam um degrau, Walter fez duas grandes asas de morcego surgirem em suas costas e voou até o teto enquanto o velho se firmava em seu ombro.

         - Aqui está bom? – perguntou.

         - Muito. – e o velho começou a espanar o lustre.

         Nesse momento entrou Leon no saguão.

         - Wagner, você viu o Mathias? – perguntou.

         Walter atraiu a escada com seu pensamento e apoiou a ponta do pé direito nela para disfarçar para que Leon não reparasse que ele estava voando.

         - Não vi. Mas acho que ele foi pra Espanha, por que você não dá um pulinho lá?

         - Não sei... ouvi dizer que a Espanha fica um pouco longe para ir a pé. Se você o vir, diga que eu estou procurando! Queria muito falar com ele, ontem não conseguimos terminar nossa conversa...

         - Ah, é? – perguntou Walter, sem nenhum interesse no assunto que Leon pudesse falar.

         - Sim... fomos interrompidos quando ele ia me contar uma coisa. Ele disse que era alguma coisa que tinha vergonha de ser, mas não entendi direito. Acho que ele disse que era um dramaturgo, mas eu não acho que seja ruim ser um dramaturgo. Eu mesmo escrevi algumas peças para o teatro da escola alguns anos atrás...

         - Que interessante... – ironicou.

         - Mas agora tenho que ir. Vou procurar o Mat no jardim, até mais.

         - O jardim foi esquecido pelo tempo! – afirmou Walter, fazendo um trocadilho engraçadíssimo com a fase do jogo “Garden Forgotten by Time”. – Sou hilário.

         Depois de alguns minutos, o velho terminou de limpar o lustre e Walter o desceu até o chão. Ele foi lavar a louça enquanto Walter pensou em voltar para a sala, mas alguém tocou o interfone.

         DING LING LING LING!

         - Ai meu pai... siiiim? – falou ele, atendendo o interfone.

         - É aqui que mora o senhor Mathias Cronqvist? – perguntou a voz de alguém.

         - Depende. Você veio cobrar alguma coisa?

         - Não. Só tenho uma carta para entregar a ele...

         - Ah, então pode entrar!

         E Walter abriu a porta levadiça e o carteiro entrou.

         - Deixa que eu entrego pra ele.

         - Tem que assinar aqui, senhor...

         - Tá, tá... – Walter fez um gesto com a mão e o papel foi assinado sozinho pela caneta pena. – Agora te manda!

         E o carteiro foi embora sem desconfiar de nada.

         - O Mathias não vai se importar se eu ler esse documento que veio no nome dele... – falou Walter para seus botões e rasgou o envelope com seus caninos salientes de vampiro. – Ah, deixa eu ver... nananã, lalalila... – comentava, enquanto fazia uma leitura scanner. – Ah!! O Mat tem que saber disso!

         Walter flutuou o mais rápido que seus poderes vampirescos o permitiam até o quarto de Mathias e entrou sem bater.

         - MAT!!! – gritou, fazendo com que Mathias se transformasse em morcego no susto.

         - Ahhh!!! – gritou ele, voltando a forma humana. – TÔ ME VESTINDO, SAI DAQUI!!!

         - Como se eu já não o tivesse visto nu tantas vezes!! – exclamou Walter homopornograficamente.

         - Ahh, cala a boca! Ou vamos ter que classificar a história em “para maiores de 18 anos”! – reclamou Mathias.

          - Eu me referi às vezes que tomamos banho nos chuveiros coletivos do clube depois das partidas de futebol, seu mente-poluída!

         - Ah, tá, sendo assim, sim... – seguiu Mathias, vestindo sua túnica preta usual. – Mas me diga, Wal... o que você veio me dizer tão escalaufabeticamente?

         - Eu vim te entregar isso! – e ele entregou o documento já aberto e lido.

         - O que é isso?

         - É um documento que atesta a morte de seu último parente e passando o título de Conde pra você.

         - Ó, Céus! Digo, ó, Infernos! E agora, o que farei?

         - Uma festa?

         - Pela maçã de Newton, não! Mas um título desses só vai atrair mais a atenção para a minha vampiresca pessoa!

         - Então está na hora de contar ao mundo seu segredo.

         - Isso nunca! Não antes de convencer o Leon de que vampiros não são criaturas tão vis assim!

         - Ó, não, são criaturas mágicas e pirilâmpicas, cheias de cor e de vida, que distribuem pétalas de rosas e sonhos para as criancinhas que verdadeiramente acreditam no equilíbrio do mundo!

         - Não! Eu não posso contar a verdade para o Leon... antes preciso reverter meu estado de vampiro.

         - Isso é impossível, neném. Ninguém que conheceu o Dom das Trevas pode voltar ser um humano mortal repugnante outra vez. Você devia estar feliz... Agora você pode voar, não envelhece, tem muito dinheiro, as pessoas temem você...

         - Cale-se, Walter! Apesar de ter vivido toda minha vida no luxo, o que eu mais desejo agora é uma vidinha simples como um cidadão respeitável em um sobradinho em um bairro nobre de Londres. Até tô falando com um corretor de imóveis londrino... um tal de Jonathan Harker, conhece?

         - AAAAH, VOCÊ NÃO VAI SE MUDAR PRA INGLATERRA!! Isso é coisa que o Bram Stoker colocou na sua cabeça!! – Walter pegou Mathias pelo braço e começou a se irritar. - Você tem que parar de ler essas literaturas fictícias e focar-se na realidade! E a realidade é só uma: você vai morar em Castlevania por toda a eternidade, como um vampiro!! E se você me contrariar mais uma vez com essas suas invenções absurdas de atingir a mortalidade e renegar o Dom das Trevas, eu vou... [n.a: ambos personagens fazem referência à história do Drácula de Bram Stoker].

         - Mat! Que bom que eu te encontrei! – disse Leon, entrando de sopetão e interrompendo o que Walter dizia. – Tô atrapalhando alguma coisa?

         - Não, o Walter já estava de saída. – disse Mathias, desvencilhando-se do colega vampiro e caminhando até a porta. – Não é?

         - Sim, eu já estava saindo, Dra... – Walter terminaria a frase se Mathias não tivesse dado um grande e sutil chutaço na bunda e fechado a porta no mesmo instante, fazendo Walter cair de dente no assoalho.

         BLAM!

         - Desculpe, foi o vento. – mentiu Mathias, querendo indicar que a porta batera despropositadamente.

         - Do que o Wilson chamou você, mesmo? Dra...?

         - Dragon Ball!! É um apelido antigo meu, porque eu sempre fui muito fã do Goku!

         - Ah, é... Mas não sabia desse apelido, não...

         - Mas me diga, o que você veio me dizer, caro amigo Leo?

         - Duas coisas. A primeira é que eu e o Sieg Freud vamos partir amanhã numa jornada para matar o Drácula e seu comparsa!

         - O quê?!

         - Não precisa ficar nervoso! Eu vou estar seguro com meu chicote mágico que o Rinaldo me deu e a espada lendária Excalibur!

         - É Soul Calibur, e não é Sieg Freud, é Siegfried! – comentou Siegfried, que passava pelo corredor.

         - Ou isso. E a segunda coisa é que eu queria perguntar... o que você ia me dizer aquela hora na cozinha?

         - Bom, eu ia dizer que você não precisa ir atrás do Drácula... porque... eu sou...

         - Você é um caça-vampiros também? – surpreendeu-se Leon.

         - Não! Eu estou dizendo que eu sou o D...

         - MEU DEUS! – gritou Leon, surpreso.

         - Desculpe eu não ter contado antes!! – adiantou-se Mathias, pensando que Leon já havia entendido o que ele queria dizer.

         - Esse documento é o que eu acho que ele é? – perguntou Leon, tomando o documento das mãos de Mathias e conferindo com seus próprios olhos incrédulos em um momento DDA. – Você... foi nomeado Conde?!

         - Fui... fiquei sabendo só agora...

         - Que legal!! Vamos dar uma festa!!

         - Você acha mesmo que deveríamos?

         - Mas é claro! Temos que por um pouco de vida nesse castelo mal-assombrado!

         - Tá... quem sabe um baile de máscaras?

         - A-m-e-i! Vou espalhar a notícia pro povo! Woohoo! – e Leon saiu feliz da vida do quarto de Mathias.

         - Na próxima oportunidade conto pra ele...


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