Vampire Heart escrita por X-RYU, yuukiie


Capítulo 8
A fuga




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Acordei jogado no chão de um lugar escuro. Estava vestido de novo... Estava bem, ou pelo menos aparentava. Uma leve dor no corpo, apenas isso.

Reparei que estava jogado num beco da escola, saí caminhando de lá com as mãos nos bolsos e pensativo sobre o que havia acontecido. Já era a segunda vez em que se libertava. E sempre agira de forma selvagem e direta. Talvez pelo fato de que a Jóia não estivesse com ele.

Uma presença apareceu do nada e um grito foi ouvido. Acelerei meus passos e passei a correr. Quando cheguei à torre Sul já era tarde de mais.

Summer estava ao lado do corpo já sem sangue algum... Aquela devia ser a amiga dela, que estava sempre junto com ela.

Aproximei-me mais, com o olhar triste.

- Summer... – Falei e ela logo olhou.

- Abel... – Soluçou Summer. – Diz pra mim que não ta acontecendo nada disso, que é apenas mais um de meus pesadelos.

Eu olhei os olhos verdes de Summer marejados de lagrimas e depois o corpo pálido de sua amiga no chão.

- Não posso dizer que é um sonho... Não posso dizer que não sou um vampiro. Não posso dizer que minha missão não é proteger você do perigo dos outros clãs. – Abaixei a cabeça.

Ouvi passos, não eram de apenas uma pessoa, eram de duas. Uma das presenças era de Chris. E a outra eu não reconheci. Mas quando olhai para trás eu vi... Era um homem vestido em trajes sociais negros. Baixo e de físico gordo. Típico Diretor de escola. Os cabelos brancos e curtos já com falhas por toda parte.

- Olá Abel. – Aquele mesmo homem disse com aquele sorriso cínico e frio. – Vejo que concluiu seu trabalho não é?

- Trabalho? – Perguntei confuso. – Não estou entendendo o que está dizendo.

- Sua missão, meu rapaz... É disso que eu estou falando. – Disse o Diretor. – O colocamos aqui para identificar aquela que porta o coração de Drácula dentro de si. Foi isso que impomos a você quando foi escalado para esta missão. Já que você é o único que consegue distinguir presenças.

- Pelo que eu sei, a minha missão e proteger Summer e o Dracula’s Heart e sua portadora dos outros clãs. – Falei. – Afinal do que você está falando?

Summer ficou quieta... E alguma coisa me dizia que nada estava bem, creio que era os olhos azuis desbotados do Diretor.

- Creio que você Abel, caiu num golpe, e foi fácil induzi-lo a isso. – Riu o Diretor. Christian apenas rindo baixo. – Assim como seu pai você é um tolo! E é por isso que eu te desprezei a vida toda Abel. E quanto ao coração de Drácula, é simples. Nós precisamos dele para erguer o mundo dos vampiros. MAS! – ergueu a voz. – Para isso teremos que matar a sua namoradinha. Irá fazer essa honra pra nós? Ou terei que deixar Christian tirar todo o sangue dela, que me cheira tão bem? Vou deixar a sua escolha, querido sobrinho...

Abaixei a cabeça e pensei em algo que resolvesse tudo isso. Será que estava preparado a mudar a minha ideologia? Enganaram-me e isso foi um ato completamente inaceitável.

Vi que Summer estava querendo entrar em pânico, mas eu segurei a mão dela e a olhei firme tentando lhe trazer confiança.

- Pelo jeito, não vai querer matá-la não é? – Perguntou o Diretor, e também meu tio.

- E também não vou deixar que toquem nela. – Falei entrando na frente de Summer.

- Entregue-a, Abel. – A voz feminina veio de trás de mim, do corredor que levava aos andares a cima, não acreditei que fosse... Mas era Sophie. – Pelo bem da nossa família.

Eu fechei os olhos não querendo acreditar. Mas não tinha como dizer que não era.

- Até mesmo você Sophie? – Perguntei. – Até você mentiu pra mim?

Ela apareceu ao lado de nosso Tio. Séria e com uma espada de esgrima em mãos.

- Foi preciso Abel. Para o bem dos vampiros. – Suplicou minha irmã. – Pela volta dos nossos dias de glória...

- Não! – neguei a entregar Summer. – Não me importo com o eu vá acontecer conosco sendo que agora sei do que somos feitos. Somos mais impuros que humanos. Então prefiro deixa-los viver. – Olhei decepcionado para minha irmã. - Justo você, Sophie. A quem eu tinha tanta confiança?

- Errado Abel... Você que está sendo mal agradecido. Depois da morte dos nossos pais, devia ter me agradecido! – Retrucou Sophie. – Vamos entregue a humana!

Sem eu ordenar, meus olhos ficaram vermelhos. Novamente foi apenas isso que mudou.

- Desculpem... – Disse Kain. – Mas o que é decidido por Abel também é decidido por mim. Se quiserem realmente Sophie. Vão ter que tira-la de mim.

Kain abriu as asas que dessa vez atravessaram as roupas como fantasmas. Abraçou Summer e envolveu suas asas entre os dois. Christian e Sophie tentaram impedir, mas Kain sumiu com Summer para algum lugar.

Eles apareceram fora do colégio, alguns quilômetros de lá.

- Acho que aqui já está bom... – Disse Kain.

Summer o olhou com uma expressão confusa. Ainda estava um tanto em choque, mas conseguiu perguntar.

- É você Abel? – Perguntou.

Kain olhou para ela, aqueles olhos vermelhos que brilhavam a noite observaram Sophie. Logo Kain pode confirmar que realmente era ela.

- Eu sou alguém que vive dentro de Abel. Um espírito perdido do céu e do inferno. Filho do senhor dos Vampiros. Meu nome é Kain. E me verá poucas vezes...

Summer novamente silenciou-se e abaixou a cabeça. Lagrimas saíram de seus belos olhos. Não soluçava apenas derramava lagrimas. Kain com uma de suas mãos levantou o rosto de Summer.

- Terá que ser forte Sum... – Disse. – Já era prevista toda essa confusão. Não a culpa de não estar preparada pra isso. Mas agora vai ter que se acostumar com a presença de dois estranhos, fugas... Mortes... E sangue. Uma coisa é certa minha doce criança. Não deixaremos nada acontecer com você em momento algum.

 

Summer não disse mais nada, preferiu ficar em silêncio. Kain olhou para aquela ultima noite nublada de inverno. Já haviam algumas frestas de céu limpo e estrelado. Ainda estava frio. Ele precisava ser rápido e chegar a Londres o mais rápido possível.

Pegou Summer no colo e abriu as asas. A garota continuava em silêncio.

Finalmente ele levantou vôo em direção a Londres que por sorte não ficava muito longe dali. Voou o mais rápido que pode. Tentando proteger ao máximo Summer do Frio.

Cerca de vinte minutos eles chegaram à cidade. Kain desceu em um beco da cidade e caminhou com Summer já no chão, até o começo da rua. Ali ele tirou o sobretudo e envolveu Summer no mesmo. Olhou cautelosamente para os dois lados da rua para reconhecer onde estava. Foi para o lado esquerdo olhando para os lados como se procurasse alguma coisa. A cidade estava em movimento total. Aquela parte cheia de casas nobres, mansões e pequenos castelos talvez não, por ser um bairro nobre, mas ao longe se via as luzes do centro.

- Summer... Tem um celular disponível aí? – Perguntou Kain. – Preciso ligar pra certa pessoa.

Summer procurou nos bolsos da jaqueta até achar o celular. Entregou nas mãos de Kain que imediatamente discou o numero desejado.

- Alô? – A voz formosa e masculina falou do outro lado da linha.

- Sou eu... – Disse Kain. – Aconteceu uma série de coisas e estou na cidade, dentro do Bairro em que você mora.

- Poderia me dizer que rua? – Perguntou a voz do outro lado da linha.

- Alameda das Acácias. – Respondeu Kain. – Estou próximo de uma casa de três andares com portões com lanças de três pontas.

- OK já estou indo buscá-lo. Está com mais alguém? – Perguntou

- Sim. Você já deve imaginar quem seja. – Comentou Kain.

- Certo. Espere cinco minutos e estarei aí. - O homem do outro lado havia desligado.

Kain esperou alguns minutos junto de Summer... O Silencio tomou conta do local, só o vento soprava, era o único barulho que podia se escutar de perto. Kain no fundo sentia-se mal pelo ocorrido. Poderia ter evitado aquilo se conseguisse acabar com aquele fantasma mais rápido. Mas teve que chamar Seth e isso fez como que a Amiga de Summer fosse morta. Ele estava mal com ele mesmo.

Os minutos passaram então. Algo brilhou no fim da rua. Então o som de cavalos trotando no chão de paralelepípedos soou. Logo uma carruagem de cabine negra e grande apareceu. Sendo levada por dois cavalos negros.

Um homem de terno preto e cartola da mesma cor, aparentemente velho. Era ele que controlava a direção, olhou para Kain o reconhecendo.

- Sr. Draculea. – Anunciou o homem. – Seja bem vindo!

O mesmo desceu da direção da Carruagem e abriu a porta da mesma para os dois. Kain e Summer entraram na cabine, com acentos acolchoados e encapados de vermelho sangue, havia iluminação na cabine também, era uma luz fraca vinda de uma lâmpada no teto. Kain assim como eu já imaginava, que aquele homem que atendeu a ligação não havia mudado em nada, pelo menos em seu gosto.

Não demorou muito para chegar até o destino. Kain ao descer da Cabine com Summer viu uma enorme residência. Parecia ser uma replica de uma casa de Nobres na época medieval. Construída de blocos de pedra, assim como os castelos. E tinha duas torres, a leste e a oeste.

Ao redor do terreno muitos pinheiros ingleses alguns ainda cobertos de neve, outros já completamente secos. O gramado era bem cuidado e isso era visível até de noite.

O homem da direção reverenciou os dois e pediu para que seguissem para a casa de seu senhor imediatamente.

Caminhamos um trecho pequeno até a casa, que vista de perto era realmente grande. Mas tudo estava como da ultima vez em que eu e Kain estivemos lá. A porta de madeira nobre de tom mogno e envernizado mostrava no seu centro um brasão dourado. Um escudo segurado por dois Leões, no topo do escudo uma espada, e no centro dele as iniciais. A.S.H.F.R.D.

A porta foi aberta por Kain. De lá eles enxergaram o Hall de entrada que dava acesso à sala.

Kain entrou junto de Summer, o Hall tinha em suas paredes alguns quadros semelhantes com o da escola. Paisagens sombrias e noturnas. Ao entrar na sala Kain olhou para as paredes que não eram de blocos de pedra e sim paredes de uma casa de padrão atual. Tinha quadros de pessoas ali também. O piano de cauda colocado num ponto onde não ficasse tão exposto, poltronas em vermelho sangue em volta da lareira onde a lenha crepitava em pura brasa. Logo a cima o mesmo brasão da porta, só que dessa vez um escudo de verdade e a espada também.

No centro da sala a escada que levava para os outros três andares. Degraus da cor mogno e envernizado, como era o padrão de todas as peças de madeira da casa.

- O tempo passou e você não mudou em nada, Kain. – Aquela mesma voz no telefone, e os passos descendo a escada. O homem alto e de físico definido e forte, de cabelos negros lisos e longos que escorriam até o fim dos quadris, preso num rabo. A camisa branca desabotoada até metade do peito e com as mangas também desabotoadas, calça preta e sapatos sociais de couro. Os olhos eram verdes, no mesmo tom que o de Summer.

- Se prestar atenção, o corpo ainda está na forma de Abel, Edgard. – Disse Kain sorrindo friamente.

- E como vai o meu Aluno? – Perguntou o rapaz chamado Edgard indo à direção de Summer e Kain.

- Muito bem. Embora não esteja tão forte. – Disse Kain.

Edgard fitou Summer cortando de vez o assunto.

- Você se lembra não é? – Perguntou Kain.

- E como posso me esquecer de tal coisa. – Disse Edgard.

Summer ainda estava em choque, Kain conseguia ver que ela precisava se recuperar. Ela precisava dormir. Olhou para Edgard e pediu:

- Edgard. Pode alojá-la em um quarto? Ela está muito chocada com o que viu.

Edgard acenou positivamente com a cabeça.

- Rose...

Com o chamado de Edgard, uma garota apareceu ao lado dele como se fosse uma sombra. Vestida em trajes de “maid”, notou-se que ela era uma das empregadas da casa. Cabelos louros prata e olhos castanhos avermelhados. A pele pálida como era de costume de todos os vampiros. Tinha um rosto muito bonito e aparentava ser muito gentil, pelo semblante alegre diante de seu senhor.

- Olá Eddie! – Cumprimentou a menina que ao nos notar se curvou em reverencia. – Bem vindos a Casa Ashford.

- Rose... Pra que tanta formalidade? – Perguntou Edgard. – Eles são velhos amigos, já. Não lembra? De Abel e de Kain?

Rose observou bem a face de Kain - que ainda tomava a minha forma - e logo sorriu de novo.

- AH! Agora lembro. - Disse alegre. – É que já faz muito tempo. E a minha memória é curta...

- Olá Rô. – Kain acenou. – Realmente já faz uns cinqüenta anos, não é?

Rose acenou positivamente com a cabeça e sorriu.

- Rose. – começou Edgard. – De roupas limpas para á garota, mostre-a o quarto em que ela irá ficar e o banheiro para que se limpe.

- OK! – afirmou a garota que puxou Summer pelo braço cuidadosamente e a levou para o andar de cima.

Kain cruzou os braços e observou a casa novamente. Procurando algo diferente nela pra tentar quebrar a nostalgia.

- A quase trezentos anos que tenho essa casa, e como você pode ver, a mobília continua a mesma e todas no mesmo lugar. – Comentou Edgard. – Venha sentar-se Kain, temos muito assunto pra por em dia.

Kain o acompanhou até o sofá e sentou-se em um dos quatro que rodeava a lareira. Edgard sentou-se na poltrona em frente a lareira e colocou os pés na mesinha.

Realmente ele não havia mudado nada.

- Então... Essa é Summer Burnett filha de Scorpius Burnett, meu irmão... – disse Edgard. – Ela tem os olhos do pai e a face da mãe. Tornou-se uma bela moça.

- Ainda tenho pesadelos com o ocorrido às vezes. - Disse Kain. – Não consigo me lembrar que clã matou os pais dela.

- Nem eu... É como se tivéssemos um bloqueio mental... Eu lembro de tudo menos do clã. – Edgard coçou o queixo.

- Mas eu ainda lembro. – Kain sorriu novamente friamente. – Morri no lugar de Summer. Morri, abre e fecha aspas. Meu espírito foi implantado no corpo de Abel pra completar esta missão. Scorpius não devia ter morrido... Digo, ele conseguiria vencer o que fosse. Era um dos vampiros mais fortes do oitavo Clã. O mestre da esgrima.

- Aquele homem com um sabre se tornava o próprio Diabo. – Comentou Edgard com agressividade.

- Sim, muita coisa que sei hoje foi ele que me ensinou. Éramos grandes amigos. Talvez os vampiros mais fortes. Edgard Ashford Burnett, Scorpius Burnett e Kain.

- Eu lembro... Entre os clãs éramos os mais fortes. O Clã Burnett era o mais forte depois do Clã Draculea, eu não entendo como ele pode decair... O que poderia ter acontecido. – Edgard refletiu. – Já passou pela sua cabeça que o Clã Draculea pode ter sido o causador de tudo isso?

- Depois do que eu vi hoje... Tenho quase certeza que sim. – Disse Kain. – mas eu ainda não entendo. Summer é meia vampira. Scorpius casou-se com Maria que pelo que conta era uma mortal.

- O poder dos Burnett aparece apenas depois dos dezesseis anos de idade. E aparecem à tona! Agora que está sob a guarda dela. Creio que terá que guia-la. Mostrar pra ela como um vampiro vive após descobrir que é um vampiro. Eu vou continuar treinando Abel.

Kain se levantou. E espreguiçou-se.

- Sim, eu irei ser o Tutor dela. – disse o Rapaz. – Mas isso só quando eu me recuperar... Preciso de uns dois dias.

Edgard espantou-se.

- Dois dias? – indagou. – Mas, o que fez nesses últimos dias?

- Não foi nos últimos dias. Foi hoje... tive que libertar Seth. – Kain indo as escadas. – O fantasma de uma Deusa veio me atormentar.

- Death Corps? – perguntou Edgard.

- Exato. – Respondeu. – Amanhã te conto tudo. Boa noite Edgard.

- Boa noite, Kain.

Kain subiu até o segundo andar e o oitavo quarto do corredor foi onde ele parou. A porta tinha no seu centro seu nome gravado em bronze.

Ele entrou no quarto e viu tudo como estava antes. A cama de casal no centro do quarto. O guarda-roupa em uma das paredes. O enorme espelho do lado. Kain desabotoou a camisa e a jogou na cama. Olhou-se no espelho ao lado do guarda-roupa e tomou sua forma original. O reflexo no espelho era o meu

- Então quer dizer que você antes de morrer conhecia os Burnett? – perguntei no espelho.

- Eu era quase um deles. – Disse Kain. – O pai de Scorpius foi meu tutor desde quando eu era uma criança. Isso depois que fui renegado do inferno. Cresci com os dois irmãos. Edgard e Scorpius foram irmãos pra mim.

- Entendo... Então, vai treinar Summer mesmo? – perguntei. – Isso significa que vai ficar mais tempo fora. Não é?

- Precisamos treinar alquimia vampirica e magia negra. Pra podermos nos separar fisicamente por certo tempo. Enquanto você treina com Edgard, eu treino Summer.

- Certo então. – Disse por fim. – Deixe-me voltar agora. Também estou cansado.

Em minutos voltei a mim. Meu corpo doía, e minha cabeça latejava. Fiquei tonto de uma hora pra outra, só deu tempo de cair na cama. Logo após... Apaguei.


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Notas finais do capítulo

Observação:

— Logo será dito o por que de Rose não ser aquele tipo de Maid que usa a formalidade até pra ir ao banheiro [?]

— Edgard não é o tipo de pessoa que gosta de formalidade

— Desculpem por não descrever Rose tão bem ^^'' é que hoje não tava com muita inspiração pra descrever.

X-RYU