Fiquei olhando para as chamas com total horror, nunca me senti tão desumana desalmada.

- Ela iria matar você. Não se martirize. – comentou Alec olhando para as chamas.

- Que estranho vindo de alguém que se dizia gostar tanto de alguém... E agora o que vai fazer comigo? – perguntei preocupada, pensando nas alternativas... Era entregar-se a morte no fim das contas...

Alec me olhou sem nada dizer e aproximou-se da forma mais rápida possível.

- É incrível como você me intriga a cada dia... Como você fez aquilo? Como conseguiu se defender de alguém tão poderosa? – Alec sussurrava enquanto tocava suavemente meu rosto, fiquei estática, um deslize e eu poderia me dar muito mal.

Era tudo muito estranho quanto mais eu convivia com Alec, menos o entendia. Eu acabei de transformar seu grande amor em pó e ele não demonstrou nenhum sinal de dor ou tristeza. Que espécie de pessoa ele era? Ou melhor, que espécie de coisa ele era? Teria a imortalidade o deixado sem nenhum tipo sequer de sentimento a não ser a sede? Eu sempre tinha minhas dúvidas, mas as respostas estavam bem ali diante de mim.

- Alec? – perguntei insegura.

- Diga. – ele respondeu.

- Está... Tudo bem com você? – fiquei pensando se essa era uma pergunta estúpida para a situação, mas já era tarde para tirar conclusões as palavras escaparam pela minha boca, antes que eu as impedisse.

Alec sorriu, deixando-me mais preocupada e confusa do que já estava.

- Não diria bem, mas perfeito. Por que não estaria eu estou aqui e você também, sem danos.

- Achei que gostasse da Sophie...

- Era muito mais do gostar eu praticamente a venerava... – Alec suspirou olhando para o longe, provavelmente lembrando-se de coisas que eu não poderia compartilhar.

- Então? – perguntei.

- Então o que? – perguntou Alec parecendo tão confuso quanto eu.

- A sua veneração virou cinzas! Você viu! – eu exclamei.

- Sim óbvio que eu vi, e você foi incrivelmente sensata, uma perfeita predadora, parabéns! – disse Alec.

- Eu não entendo juro que não entendo! – desabafei por fim.

- Então seja clara, a cada frase incoerente sua, mais confuso eu fico.

- Você não está com raiva de mim? Eu matei uma pessoa importante para você! – eu expliquei com toda a calma do mundo.

Alec manteve-se frio e sereno.

- Olha eu até tinha certo respeito e encanto por ela, mas veja bem os tempos mudaram Renesmee. Eu jamais abandonaria Volterra. A única vez que eu larguei tudo para ficar com ela eu fui parar direto a beira de um abismo. E não sei se percebeu, mas ela pretensão de me matar. Antes ela do que eu. – disse Alec olhando as chamas.

Olhei para a Alec sem nada dizer, a cada segundo era visível o quanto ele era insensível e indiferente a qualquer sentimento que fosse.

************************************

POV Jacob

Minha vida estava simplesmente de cabeça para baixo, sem sentido, um verdadeiro nada. Desde aquela noite em que eu e a matilha de Sam fomos abordados por um grupo de frios. Eram muitos, mas nós também. Foi uma luta demorada, porém nada difícil acabamos com todos eles. E quando finalmente eu consegui chegar até Hanover na ansiedade e desejo de poder reencontrar o par de olhos de chocolate de quem tanto amo eu simplesmente recebo a pior das notícias. Ela foi levada de mim.

Mas isso não era o que me deixava mais furioso, o fato de não estar por perto para protegê-la me maltratava. Se eu estivesse por perto eu faria tudo, mas tudo para mantê-la segura e ao meu lado.

As coisas não estavam nada fáceis. Os Cullen também sofriam não só com a falta de Renesmee, mas com a situação deles, pelo que são. A morte de Caroline Bones poderia ser meramente banal por ataques de animais se não fosse a única. Passava a ser mais comum a morte de grupos de acampamento e caçadores, todos os corpos encontrados com os corpos drenados, sem uma gota sequer de sangue. E o que isso poderia estar ligado aos Cullen? Simples. Suas características nada humanas além dos devaneios da Lilly, amiga de Renesmee que tinha ataques de histeria quando se deparava com qualquer um que fosse dos Cullen. Ela nunca foi a mesma depois daquela noite. Ninguém na cidade se esqueceu da garota trajada com roupa elegante gritando por socorro. Pelo que sabem ela foi quem encontrou o corpo de Caroline, ninguém nunca conseguiu entender como ela a encontrou, mas ninguém tinha a coragem suficiente para questionar qualquer coisa. Por medo.

E com todos os olhares e sussurros das pessoas fez com quem os Cullen se excluíssem. A vidente, o companheiro da vidente, a loura, o grandalhão, Edward e Bella decidiram sair da escola. O doutor abandonou seu emprego. Mas não deixaram a cidade e não deixariam enquanto Renesmee não aparecesse ali.

Eu não pretendia simplesmente esperar de braços cruzados aguardando que Renesmee passasse por aquela porta, havia de ter alguma saída, não era possível!

E infelizmente eu era o único que pensava assim. Os Cullen não tinha muito perspectiva quando se tratava do tal dos Volturi, e eles então me alertaram se eu tentasse qualquer coisa, Renesmee poderia morrer. Mal penso nisso e uma dor insuportável me instiga, me consome, me destrói.

Confesso que logo no princípio de todo esse vendaval eu parecia aguardar por ela, as vezes andava em círculos ao redor da casa, tentava rastrear seu cheiro, qualquer sinal de sua presença. Mas nada dela. Aquele silêncio, aquela ausência, o vazio começou a dominar minha cabeça. O quarto dela estava ali era como um santuário estava do mesmo jeito que ela deixou. O cheiro dela estava ali, ainda intenso, perdia a noção do tempo no seu quarto, fechava os olhos e as lembranças me vinham sólidas. E depois aquela dor já bem conhecida e cada vez mais frequente.

Será que ela está bem? Se alimentando?

Como eu daria tudo para ouvir sua voz, mas que fosse no mundo real e não nos sonhos.