-Elena, eu realmente sinto muito. Se você quiser conversar, perguntar alguma coisa...

-Obrigada.

-... sabe onde me encontrar. – Ele terminou a frase com um sorriso.

E algo naquelas covinhas me forçaram a sorrir também.

-Obrigada, Damon. Você é muito legal.

-Ah, então já superamos a parte do susto e dos gritos?

Não resisti a uma risada.

-Me desculpe, mas é muito para engolir de uma vez só.

-Eu duvido que Stefan tenha tido tempo para te contar tudo sobre nós. Mas a decisão de conhecer a história toda é sua. Você Pode fingir que nada aconteceu, pode nos perguntar tudo o que quiser ou pode incitar a cidade a nos caçar. Mas uma dica: não escolha a terceira opção. Você não sabe o quão irritante é ter um bando de humanos gritando “vampiro” e querendo enfiar gravetos no seu coração.

Saí do carro rindo. Na metade do caminho até a porta virei para trás.

Damon tinha um olhar de diversão, como se já soubesse o que iria dizer. Então perguntei:

-Alho?

Ele soltou uma gargalhada:

-Cara, vocês humanos são todos iguais. – E num tom mais sério, mas ainda brincalhão disse. – Por que não convida meu irmão para jantar e descobre isso sozinha? Na melhor das hipóteses ele vai morrer envenenado, e na pior ele pode se desculpar por tê-la almoçado hoje.

Ele acenou com a cabeça e piscou para mim. Acelerou seu carro e eu observei desaparecer na noite.

Fiquei parada na soleira da porta, pensando numa desculpa para dar à tia Jenna por ter sumido durante todo o dia. Respirei fundo e abri a porta.

-Onde você estava?

-Você pirou de vez?

Bonnie e Jenna começaram o interrogatório, mas graças à Caroline, não precisei responder a nenhuma delas duas:

-Conseguiu o telefone dele?

Consegui até uma mordida dele, pensei.

-Consegui que o irmão mais velho dele me desse uma carona até aqui e sugerisse que eu convide Stefan para jantar.

-Uhh, Stefan! – As três fizeram coro.

-Já está tão íntima da família para conseguir até carona do irmão dele? – disse tia Jenna.

Olhei incrédula para ela. Ela rolou os olhos e disse:

-Qual é, Elena. Eu tenho a sua guarda, mas não sou tão mais velha que você! E você já está em casa e está inteira. –Ah, se ela soubesse o porquê estou inteira..., pensei. – Então posso pular a parte do sermão.

Eu sorri.

-Então – disse Bonnie – vai sair com o Stefan ou não? – as três deram risadinhas do modo como ela pronunciou o nome dele.

Não pude evitar de lembrar daqueles olhos verdes no meio daquele rosto lindo, emoldurado por aquele cabelo ondulado de um castanho claro. Mordi o lábio. E só então lembrei o que ele era, mas, pensando bem, se eu desse a ele uma chance de se explicar, talvez não fosse tão ruim assim. Damon era muito agradável, ao que me pareceu. Ele também podia ser.

-Não sei se devo. Ele me disse que eu pareço muito com a ex-namorada dele – eu disse num tom que poderia transformar as minhas palavras em algo absurdamente terrível, na esperança de que elas me desmotivassem a sair com ele.

Não deu certo.

-Mas isso é ótimo! – Disse Caroline, aos pulos – Se ele já namorou alguém parecida com você, com certeza já te acha linda. Meio caminho andado.

Bonnie virou os olhos.

-Caroline, como você é profunda! – e virando para mim – convide ele para ir ao Grill. Ele é novo na cidade, vai gostar de lá. E isso te dá uma chance de ser uma boa anfitriã.

-E você já sabe que se ele for muito chato, você sempre pode tomar um porre lá mesmo.

-Tia Jenna!

-Acredite em mim, você pode precisar.

***

-Ai meu Deus, a campainha! Ele chegou!

-Elena, você está linda, ele já aceitou sair com você e ele olha para você de um jeito diferente. Mas um diferente bom.

-Vai dar tudo certo, amiga.

Abracei-as e corri escada abaixo. Abri a porta e fiquei sem ar. Ele usava jeans escuros, uma camiseta branca e uma jaqueta preta. E estava lindo.

-Oi – Ele me mostrou um sorriso tímido – São para você.

Estendi a mão e peguei um buquê de lírios.

-Obrigada. São lindos. São...

-As suas flores preferidas. – Devo ter ficado confusa, pois ele continuou. – Tudo depende de quem você conhece – e fez um movimento com a cabeça em direção à escada.

Bonnie e Caroline estavam empoleiradas no corrimão, dando gargalhadas da minha cara. Mandaram beijos quando eu mostrei a língua para elas.

-Não volte muito tarde, mocinha!

-E, rapaz, cuide bem de nossa menina.

Fechei a porta antes que elas pudessem me envergonhar ainda mais.