Fruto do Nosso Amor escrita por Jajabarnes


Capítulo 66
Epílogo - Eternamente.


Notas iniciais do capítulo

Agradecimentos nas notas finais.
Nem acredito que vou dizer isso pela última vez aqui, mas mesmo assim...
Divirtam-se :')



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POV. Caspian.

Sentia como se estivesse dormindo, flutuando na escuridão. Algum ponto em minha mente revia todos os acontecimentos dos últimos meses, mas não era nada capaz de me despertar. Até que, depois do que pareceu uma eternidade, pousei sobre alguma superfície morna e macia, então sobre mim veio uma terna luz. Com os olhos incomodados, comecei a tornar à consciência.

Devagar, abri os olhos, sendo ofuscado pela luz do sol. Cobri-os com o braço e sentei lentamente, sentindo a textura macia da grama sob minha mão. Pisquei várias vezes até conseguir abrir os olhos. O cenário do castelo, da batalha sangrenta, havia sumido. Eu estava agora num belíssimo bosque.

Era demasiado parecido com o de Nárnia, porém havia algo a mais, o verde das folhas das árvores e da grama eram incríveis. As árvores eram maiores e pareciam dançar ao vento. Os arbustos fartos eram decorados por flores coloridas as quais eu nunca vira. O céu era de um azul profundo, as nuvens de um branco impecável e o sol muitas vezes maior que o de Nárnia, mais brilhante, não incomodava ao tocar na pele, pelo contrário, o clima ali não era quente nem frio, era extremamente confortável.

Meu corpo não trazia ferida ou dor alguma da batalha, não havia arma nenhuma ao alcance da vista, nem construção. Minha armadura sumira e em seu lugar eu vestia calça e camisa limpas. Descalço, pus-me de pé, ao olhar em volta, encontrei Aslam sentado atrás de mim, não mais gigantesco, apenas majestoso como sempre foi. Seu olhar terno e o suave ar de sorriso fizeram-me sentir em casa. Sorri.

–Seja bem-vindo, Majestade. - disse ele. Fiz-lhe uma reverência, encostando um joelho no chão e baixando a cabeça. - Levante-se, Alteza, preciso que você me acompanhe, estão esperando por você.

Ele começou a andar tranquilamente e eu o acompanhei. Percorremos os primeiros metros em silêncio até que a curiosidade me venceu.

–Aslam. - chamei, preocupado. Precisava saber sobre Susana, meu filho e todos os outros.

–Sim? - ele parecia estar esperando por isso. Hesitei, sem saber por onde começar. Aslam notou, olhou-me de esguelha, riu um pouco e resolveu começar a conversa. - Não reconhece este lugar, Filho de Adão?

–Sinceramente, parece familiar, mas não o recordo. - respondi.

–Há alguns meses eu o trouxe aqui em sonhos para alertá-lo do perigo que se aproximava. - contou. Lembrei imediatamente, olhando em volta para constatar. - Lembra-se?

–Sim.

–Existem muitas coisas que eu não disse daquela vez. Vocês lançaram-se no escuro para garantir que Nárnia pudesse ser salva mais uma vez e conseguiram. Estou muito orgulhoso de vocês.

–Mas, Aslam, sequer conseguimos derrotar Jadis ou Tash, Nárnia estava destruída, como podemos tê-la salvo?

–Recorda-se daquele sonhos, Caspian? - tornou ele, em seu tom tranquilo. - A missão que cabia a vocês para salvar Nárnia não era derrotar Jadis, Tash ou manter o país intacto e sim não deixar que a Feiticeira chegasse ao bebê, para que nascesse. E vocês conseguiram, isso salvou Nárnia.

–Lembro agora, mas como... Como o nascimento de meu filho pôde ter feito tudo isso?

–Ao longo dos anos, Nárnia foi assolada por todo tipo de maldade, desgastando-a. Era esperado que não aguentasse para sempre e a vinda de Jadis e todos os seus aliados enfraqueceram Nárnia ainda mais, por isso os desastras, Nárnia estava morrendo. - esclareceu Aslam, fazendo-me lembrar da constatação de Lúcia. Aslam fez uma pequena pausa antes de continuar.

–Existe algo maior que governa Nárnia, Caspian, e guia todos os destinos. Há muito, muito tempo, durante os Cem Anos de Inverno, quando Nárnia e todos os seus moradores viviam uma de suas piores épocas, alguns chegaram a clamar por um fim, questionando quando haveria um. Foi quando as estrelas entregaram a mensagem ao centauro guardião a respeito da vinda dos Pevensie. Porém, ele apenas disse o que convinha no momento. Não era aquele fim específico que tinha-lhe sido revelado. As estrelas lhe mostraram não o fim do Inverno, mas o real Fim e o caminho até ele.

“O centauro então, escreveu tudo o que lhe fora transmitido e ocultou seus pergaminhos. Antes de morrer, ele tentara contar a todos a respeito do fim, mas pelo fato de julgarem impossível nascer o filho de dois mundos, a profecia foi desacreditada e perdeu-se no tempo. Depois de sua morte, eu os guardei. Naqueles pergaminhos, contou que, para que Nárnia pudesse descansar em paz, o último narniano devia nascer, o último sopro de vida que ela seria capaz de dar, nenhum outro nasceria depois dele, que viria a ser o fruto da maior contradição da história.”

Aslam lançou-me um olhar sugestivo e continuou.

–Séculos depois, você apareceu. E o telmarino que salvou Nárnia se apaixonou por uma Rainha narniana. Então eu vi que chegara a hora, a profecia estava prestes a se cumprir. O amor que nasceu entre você e Susana foi a única razão de os Pevensie não terem retornado ao seu mundo, como havia sido planejado, mudou a história. Com o nascimento da criança, Nárnia pôde finalmente, depois de tanto martírio, morrer. Sem mais força de que se alimentar, seus inimigos morreram e seus heróis, recompensados com a Verdadeira Vida. - Aslam olhou em volta. - Por isso Jadis não poderia alcançar o bebê, ele precisava simplesmente nascer, como um último suspiro da velha Nárnia que conhecemos. Se Jadis tivesse chegado à Susana antes de ela dar à luz, certamente mataria seu filho e, uma vez que ele não mais nasceria, Nárnia não daria seu último suspiro e Jadis poderia escravizá-la de novo, para sempre.

Um silêncio se seguiu enquanto os pontos eram ligados em minha cabeça. Havia uma pergunta.

–Não entendi uma coisa. - falei.

–Diga.

–Nasci em Nárnia, mas meus ancestrais vêm do mesmo mundo de Susana, em minhas veias corre o sangue de lá, como nosso filho pode ter ambos os mundos em si?

Aslam riu um pouco novamente.

–Não foram dois mundos diferentes unidos no sangue do seu filho, meu caro, e sim duas partes diferentes de um mesmo mundo.

Então compreendi na mesma hora que Aslam retomou a caminhada, deixando-me alguns passos para trás, completamente atônito e maravilhado. Lembrei-me de algo.

–Você ainda não me disse como todos estão. - comentei, alcançando-o.

–Bem – respondeu, parando. - Achei que iria querer ver por is mesmo. - indicou com a cabeça um local mais a frente.

Segui sem hesitar, subindo uma suave elevação até alcançar o fim do bosque, parei ali. Estava diante de uma campina enorme encurralada pelo bosque onde eu estava, do lado oposto, por um lago de águas cristalinas alimentado por uma cachoeira. Tendas salpicavam a campina com vista para o bosque, para o lado, e para o mar atrás de si, circundadas por pequenos arbustos floridos.

Crianças corriam por toda parte, e não apenas crianças. De longe reconheci alguns rostos. Quase sucumbindo à vontade de correr também, notei que Susana não estava a vista. Tornei-me para voltar até Aslam quando este já me alcançava, como se lesse meus pensamentos.

–Venha, há alguém que quer vê-lo.

E retomou a caminhada, agora pela campina, à borda do bosque. O segui em silêncio, encantado com tudo a minha volta. Em certo ponto, ali próximo ao bosque, onde havia uma grande tenda vermelha com detalhes em dourado e uma bandeira de Nárnia no topo. Ao contorná-la, avistei, caminhando pela relva calmamente, Susana, que ninava nos braços um pequeno embrulho de mantas bancas. Nunca a vi tão linda, tão cheia de vida. Inconscientemente, caminhei em sua direção, mas logo os passos tornaram-se uma corrida.

–Su! - chamei, atraindo a atenção dos que estavam perto. Susana ergueu para mim o mais belo sorriso.

–Caspian! Finalmente você chegou!

Beijei-a urgentemente abraçando-a e afastando-me em seguida apenas o suficiente para olhar, extasiado, para a pessoinha que ela trazia nos braços. O rostinho pequeno me encarava com curiosidade. Completamente hipnotizado, toquei-lhe a bochecha rosada com a ponta dos dedos.

–Como vocês estão?

–Estamos maravilhosas. - respondeu. Olhei-a, espantado e Susana sorriu. - Não quer segurá-la?

Quase chorando de tanta felicidade, peguei minha menininha com cuidado, sustentando-a nas costas, deitei-a em meu ombro, aconchegando-a na curva do pescoço. Fechando os olhos, mantive-a ali, mergulhando na essência maravilhosa que ela exalava, com a qual me envolveu. Puxei Susana para perto, abraçando-a contra mim com o outro braço. Sentindo-me o homem mais feliz de todos os tempos, mantive as duas mulheres da minha vida abraçadas a mim. Nada me separaria delas, jamais.

Há algum tempo atrás, se alguém me perguntasse, eu diria que era a melhor época da minha vida. Eu estava errado. Uma ainda melhor estava começando agora.

Só depois do que pareceu uma eternidade, Susana e eu desfizemos parcialmente o abraço quando Aslam se aproximou. Notei que algumas pessoas pararam para observar a cena. Mantive minha filha onde estava, era tão pequena que podia segurá-la com uma só mão, a outra ficou nas costas de Susana. Os outros começaram a se aproximar, pondo-se em torno de Aslam e nós. Vi Pedro e Ranyelle conversando com Tirian e Lilliandil, que estavam de mãos dadas. Perto dali, Edmundo deixou o assento aos pés de uma árvore e se aproximou acompanhado de Jay. Lúcia veio de braços dados com Rilian e, do lado oposto, Julian surgiu conversando com Amanda seguidos por Eustáquio, Jill e Ripchip. Era uma multidão de muitos rostos conhecidos. Houve silêncio.

–Não falta mais ninguém. - comentou Susana para mim. Aslam falou, em alto e bom som.

–Os tempos de aflição acabaram. Uma nova vida começará aqui, uma melhor do que tudo o que já viveram antes. Está começando uma nova história que dura eternamente, da qual cada capítulo é melhor do que o anterior. - e a medida que ele não se parecia mais com um leão. - Amigos, Guerreiros, Reis e Rainhas...

Sejam bem-vindos à Verdadeira Nárnia.

Fim?


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Notas finais do capítulo

Gostaria de deixar aqui os agradecimentos, mas ficou muito grande para as notas. Você vai poder achá-la no meu perfil onde também tem uma lista com os títulos das futuras fanfics que publicarei.
Obrigada por tudo!
Até a próxima!
Beijokas!!
—Jajabarnes