O restaurante estava decorado em branco, as flores em seus devidos lugares, as mesas com panos brancos e plásticos protetores. Nós usávamos nosso uniforme apropriadamente; saia social preta que vai ate os joelhos, para a mulheres, e calça social preta para os homens. A camiseta era social, branca de manga curta, e usávamos um avental preto, enorme com o nome “Martins” Nome oficial do restaurante e sobrenome de Joyce.

Joyce havia saído, quando voltou estava com um vestido solto, frente única preto, os cabelos presos num coque mal feito, uma maquiagem básica no rosto. Ela estava incrível, os homens com certeza babam por ela, enquanto eu... Melhor nem comentar.

_Kate! Garotas! Todas vocês na minha sala. _Ela falou, todas nos dirigimos para lá.

A sala de Joyce era depois da cozinha, um lugar pequeno, com uma mesa e cadeira, um computador e algumas fotos penduradas nas paredes.

_Aqui, quero todas bonitas, vai que uma de vocês tira a sorte grande e vai morar numa mansão. _Ela falou animada.

_Joca! Estamos aqui para trabalhar! _Falei, Joyce sorriu ao me ouvir chamando-a pelo apelido que todos a chamavam.

_Depois de tanto insistir, você finalmente aceitou me chamar de Joca! Agora fiquei feliz. _Ela falou sorrindo.

Eu desviei os olhos, Joyce havia insistido tanto para que eu a chamasse assim, afinal, ela adorava que todos a chamassem de joça.

_Bom, venham aqui. _Ela falou e tirou da sacola um kit de maquiagem e alguns assessórios.

Uma a uma, Joyce arrumou as garotas, todas com coques malfeitos, a franja de um lado, maquiagem clara. As garotas prontas se retiravam e iam para seus afazeres. Eu era a última, e estava tentando sair de fininho, mas, como nada escapa dela...

_Pode parando ai mesmo dona Kate. _Ela falou.

_É mesmo necessário? _Perguntei.

_Sim!

_Então vamos acabar logo com isso, lhe garanto que não adiantara nada. _Falei me sentando na mesa de Joyce.

Ela arrumava meu cabelo com calma.

_Olha só, seu cabelo é bonito, você precisa aprender a cuidar mais dele.

_Ele é preto, ondulado e grande, onde esta a beleza nisso? _Perguntei chateada.

_Em tudo. E veja esses olhos! Verdes, mas não um verde qualquer... Eles parecem a água do mar, um verde água escuro, kyaaaa que inveja. _Falava Joyce dando pulinhos.

_Ta bom, ta bom, você me convenceu, eu sou bonita, satisfeita agora? _Perguntei.

_Quase. Só falta sombra e pronto, tcharam. _Ela falou me entregando o espelho.

Meu cabelo estava preso num coque frouxo de lado, minhas bochechas levemente coradas dando vida a minha pele pálida, em uma sombra dourada destacavam-se meus olhos verdes, como Joyce dissera, um verde escuro e vivo, meus lábios estavam num tom ouro nude.

_Você ficou linda! _Falou Joyce sorrindo.

_Sim, linda demais para servir os outros. _Falei.

_Ah! Sua chata, eu te embelezo e você fica ai falando, “estou trabalhando e blá blá blá”

Sorri vendo a careta que Joyce fazia.

Voltei ao trabalho. Joyce estava na entrada atendendo os convidados, realmente, tava na cara que era gente rica.

Pelo o que eu entendi era uma festa de noivado... Eu e os outros servíamos aperitivos, champanhe... E por ai vai.

_Com licença! Pode me informar onde fica o toalete! _Perguntou uma moça bonita, usava um vestido azul marinho longo.

_Sim! Vá pelo corredor e vira a direita, é a primeira porta. _Respondi com um sorriso.

_Pode me acompanhar até lá? Odeio corredores. _Ela pediu.

Estranhei o pedido, mas assenti que sim e a guiei ate o banheiro. Esperei do lado de fora como ela havia pedido. Já havia se passado um bom tempo, estranhei.

_Kate? O que faz aqui? _Perguntou Joyce.

_Uma convidada me pediu para esperar-la aqui, parece que ela odeia ficar sozinha.

_Tudo bem, mas volte logo! _Ela falou se afastando.

O tempo foi passando e nada da garota voltar, decidi entrar para verificar, estava vazio, olhei em cada boxe e nada! Até que cheguei no ultimo... Abri-o bem devagar... Levei a mão á boca para abafar meu grito, ali, no chão, com a cabeça e os braços apoiados no vaso sanitário, jazia a mulher... Nas paredes palavras escritas com sangue “Morte! Morra! Mate! Eu odeio minha vida!” me aproximei do corpo, as mãos tremulas, olhando atentamente. A garota estava pálida, mas, não havia sangue no corpo, apenas nas paredes. Toquei levemente em seu braço, estava gelado. Então, de súbito, a mulher agarrou meu pulso, pude ver em seus olhos fúria, sangue misturava-se a lágrimas, e um sussurro saia de sua boca, quase inaudível.

“Mate ou morra!... Cuidado...”

Assustada me joguei para trás, soltando-me de sua mão, cai no chão frio, lágrimas caiam compulsivamente de meus olhos... O medo misturado ao desespero...

_Kate? Kate? _Ouvi Caio, colega de trabalho, me chamar na porta!

_Ca... _Foi só o que consegui dizer.

A garota continuava a me encarar, seus olhos sangrentos não se desviavam dos meus.

_Kate! _Caio chamou novamente.

A mulher olhou para a porta, seu olhar continha cobiça desejo, como se pudesse ver Caio do outro lado.

_Não! Vá embora! _Sussurrei.

Ela novamente me encarou, tombou a cabeça para o lado como se não me entendesse, começou a engatinhar em minha direção. Eu estava estática, senti mãos gélidas apertarem meus pulsos novamente, com força.

_Caia fora daqui! Este território é meu! _Ouvi outra voz gélida, era a mulher do depósito.

As duas se encararam, ódio estava em seus olhares.

Caio abriu a porta com a chave mestra que havia na sala de Joyce, eu não me lembrava de ter-la trancado.

Ele jogou algo nas duas que desapareceram.

_Você é algum tipo de imã para fantasmas? _Ele perguntou me ajudando a levantar.

_O... O que você jogou nelas? _Perguntei limpando as lágrimas.

_Você nunca assistiu Supernatural? (sobrenatural)

_N-Não!

_Sal grosso espanta fantasmas. Agora vem, vamos até a Joyce. _Ele falou me guiando até o escritório de Joyce.

Droga! Por que essas assombrações me perseguem?

***My~Darkness***