Insanidade - The Dark Age escrita por Tamara


Capítulo 2
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Boa Leitura!



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Capítulo 1

Ironia

Inglaterra. Londres, 09h10min

A camisola longa de seda era de um vermelho intenso. Sexy em conjunto ao corpo em que habitava. O cigarro já pela metade era tragado mais uma vez, a fumaça exalada preenchia o ar. A janela não fora aberta, nunca era aberta. Ela via o trânsito pelo imenso vidro, os carros iam e vinham, as pessoas de um lado para o outro, um vai e vem atordoante.

Uma tosse repentina fez Hermione perceber que não estava sozinha. O homem loiro estava enrolado em seus lençóis, ainda dormia. Transou com ele na noite passada, mas nem ao menos lembrava o seu nome. Suspirou e voltou a prestar atenção no trânsito, nas pessoas que mais pareciam pequenas formigas, era a vista que tinha da cobertura do seu luxuoso apartamento.

Ainda absorta na paisagem, sentiu mãos grossas envolverem a sua cintura e lábios tocarem o seu pescoço. Não emitiu qualquer sinal de excitação ou surpresa. Continuou a olhar pela janela e a fumar enquanto o homem fazia trilhas de beijos em seu pescoço.

- Bom dia. – falou o homem se desvencilhando dela. Ela finalmente olhou para ele.

- A noite foi agradável, mas não se repetirá. Lamento. – disse voltando a sua atenção para a rua. – Agora pegue as suas coisa e vá. – completou friamente.

O homem riu ironicamente, o que chamou a sua atenção. Geralmente não era essa a reação que demonstravam após ela os dispensarem.

- Por que está rindo? – perguntou sem paciência. Já era para ele ter ido embora. Por que ela o trouxera para a sua casa?  Se odiava quando trazia homens para a sua casa, quartos de hotéis eram tão mais fáceis.

- Porque a sua fama lhe convém. – falou se vestindo. – Fama de mulher fria, que após a transa dispensa quem está consigo, ou simplesmente vai embora. – completou ao olhar interrogativo da morena.

-Sabe onde é a saída. Adeus. –falou demonstrando desinteresse.

Ele riu novamente e se retirou do quarto.

Ótimo. Agora ela tinha fama de vadia fria. Não poderia haver algo melhor que melhorasse o seu humor. Revirando os olhos ela apaga o cigarro e se dirige a cozinha. Tomou uma xícara de café forte e sentou- se para ler o jornal bruxo, Profeta Diário.

Embora vivesse no centro de Londres como uma pessoa ‘normal’, ela não largou o mundo bruxo, mesmo porque não pôde. Três vezes por semana tinha que ir ao hospital psiquiátrico das vítimas pós guerra, sim, ela era considerada uma vitima pós guerra. Após perder muitos parentes queridos após a guerra, começou a ter problemas relacionados à mente.

 Hermione riu ao lembrar da sua própria desgraça. Não era louca, nunca foi. Talvez seja um pouco sádica, bem... Conviver com loucos a deixou sádica e fria. Foi internada a primeira vez , porque ninguém acreditava que o seu bebê estava vivo. Sim, nem seu próprio marido acreditava nela. Afinal haviam enterrado o corpo morto do bebê recém-nascido. Merda, ela viu o rosto da criança quando nasceu, e o bebê morto não era o mesmo. Não era.

Mas isso era demais para ela pensar agora. Tomou um longo banho, e retirou toda a roupa de cama. Tinha cheiro de sexo, de depravação. Era sempre assim quando cometia o deslize de trazer um homem para a sua cama, tirava a roupa de cama e às lavava três vezes.

Depois de colocar a lavar pela primeira vez os lençóis. Foi colocar uma roupa. Estava um pouco frio lá fora, colocou uma blusa preta justa, uma saia preta curta, botas pretas, e o sobretudo vermelho. Seu guarda roupa era composto apenas de peças pretas e vermelhas. Preto simbolizava o luto em sempre se encontrava sempre e o vermelho porque era a sua cor.

Pegou a sua bolsa e ia saindo quando lembrou que não lera o jornal, apenas o pegara na mão, mas não o leu. Era uma tradição, sempre lia o jornal antes de sair. Voltou e logo na capa leu a matéria. HARRY POTTER COMPLETARIA 24 ANOS HOJE.

Como pode esquecer o aniversário dele? Nunca esqueceu. Seus olhos se encheram de lágrimas, pobre Harry, deveriam estar juntos. Ela, Harry e o filho deles, o pequeno Ryan. Doce fantasia. Como se o mundo algum dia iria ser bom com ela. Seu futuro era fadado à infelicidade, a solidão e uma vida depravada. Claro que com as constantes visitas ao psiquiatra.

(...)

Londres, 03h00min

Não havia muitas pessoas no cemitério. O túmulo estava coberto de flores, muitas pessoas deviam ter estado ali pela manhã. Colocou as flores que acabou de comprar perto da foto dele, uma lágrima caiu de seus olhos. Era tão atormentados saber que ele não estava mais ao seu lado, há anos não estava mais ao seu lado.

Suspirou pesadamente e mais uma lágrima teimou em cair. Passos. Alguém se aproximava. Ela não virou o rosto para encarar o novo visitante, apenas apreciou a imagem contida na foto.

- Já se passou tanto tempo, mas ainda dói tanto, não é? – falou a voz grossa se aproximando.

- Por que está aqui Ronald? – perguntou ao ex-marido friamente.

- Pelo mesmo motivo que você, Harry foi o melhor amigo que já tive. – disse depositando algumas flores no tumulo.

Silêncio. Constrangedor? Um pouco.

- Luna está grávida. – falou quebrando o silêncio. Ronald se casou com Luna, um ano após o divorcio com Hermione, se deu a chance de começar de novo. Amou Hermione, mas sua obsessão e depressão, o desgastou. Não poderia mais deixar de ser feliz, a abandonou. Não completamente, tentou ajudá-la, a visitou no tempo em que esteve internada. Mas ela não falava um apalavra sequer o esnobava, e quando lhe dirigiu a palavra pela primeira vez, foi quando saiu do hospício e assinou o divorcio, exigindo metade de seus bens.

- Parabéns.  Que tenham uma vida mediocremente feliz. – falou amargurada, aquilo a abalara de certo modo. A menção da palavra filho a abalava mais que tudo. – Agora volte para a sua vidinha perfeita e me deixe sozinha.

Rony não saiu do lugar, aquela mulher estava cada vez mais amargurada. Isso o entristecia, ele a queria bem. Ele queria ajudá-la, mas ela não deixava. Não deixava ninguém se aproximar dela.

- VÁ! – gritou irritada. Com um misto de surpresa e pena na face Rony saiu aparatando.

Ela odiava quando via pena nos olhares direcionados a ela. Não precisava de pena, dó de ninguém. Se afastou de todos os amigos e conhecidos do mundo bruxo. A única pessoa que via de vez em quando era sua tia Erika, irmã mais velha de sua mãe, era uma velha senhora sem filhos. Não tinha ninguém somente Hermione. A quem visitava de vez em quando, sabia de tudo que a sobrinha tinha passado. Dos tempos internada, de tudo. Isso só a uniu mais com a sobrinha. Hermione gostava da tia, era a única que não lhe olhava com pena. Ao contrário, dava broncas; mas as visitas eram cada vez menores, e sua tia estava cada vez mais debilitada.

 Olhando pela última vez o túmulo aparatou. Tinha uma consulta para fazer.

(...)

03h38mi. Clinica psiquiátrica para pacientes pós-guerra.

- Por que não é mais o Dr. Ricaldi? – perguntou curiosa e irritada. Odiou a primeira vez que trocou de psiquiatra e agora estava odiando mais ainda. Estava tudo começando de novo, teria que contar tudo a um estranho.  E provavelmente ele iria querer começar pela sua infância, se seus pais a maltratavam e blá blá blá. Patético.

- Ele se aposentou. Mas não se preocupe o novo médico é tão bom quanto. – fala a recepcionista simpática. Simpática demais para Hermione.

- Tudo bem. Continua sendo a mesma sala? – indaga se conformando com a situação.

- Sim. Tenha uma boa tarde!

Ela não se deu ai trabalho de responder, se dirigiu ao elevador e apertou o botão para o último andar.

A placa com o nome do novo médico ainda estava em branco. Não bateu na porta entes de entrar, nunca batia. Deixara a educação com a Hermione sabe-tudo dos tempos de Hogwarts. Mas isso não importa.

O doutor estava olhando pela janela de vidro a rua lá fora. Escutou quando a porta foi aberta, mas não se virou para olhar quem era. Já sabia, e se espantou quando soube. Quem diria que Hermione Granger seria uma de suas pacientes.

- Olá Granger. – disse se virando para fitá-la. - Quanto tempo não? –completou com um sorriso irônico.

- Não tanto quanto eu gostaria. – respondeu amarga. Mas que grande ironia de merda era aquela? Hermione riu da sua própria infelicidade, de todas as pessoas do mundo o seu novo médico era ninguém menos que Draco Malfoy.


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Notas finais do capítulo

N/A: Primeiro capítulo curtinho os próximos serão maiores. Deixem reviews, críticas positivas são muito bem vindas ;)



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