31 de Dezembro de 1999

Frio, neve, Times Square... Não, eu não teria nada disso esse ano.

Pois esse ano, nós – eu e minha família - passaríamos o Réveillon na Califórnia, na casa de um dos amigos de meu pai. Minha mãe não era a favor, pois achava que muitos advogados hipócritas e interesseiros estariam lá. Mas, meu pai disse que Carlisle, o amigo que estava dando a festa, era seu melhor amigo dos tempos de faculdade e sócio, e que fora o destino que o fizera se mudar para Califórnia. Destino não, ele disse, amor. Carlisle havia conhecido Esme, sua mulher, em uma de suas viagens a trabalho para Califórnia, e três anos depois eles se casaram.

Então, um ano depois do casamento de Carlisle, meu pai e minha mãe se casaram. Mas trabalhar em Nova York, e morar na Califórnia era muito difícil para Carlisle. E foi assim que a idéia de terem duas sedes, uma em cada canto do país, surgiu na cabeça de meu pai. Um ano depois, eles abriram a sede administrada por Carlisle em Newport Beach – cidade na qual me encontro agora. Carlisle tinha dois filhos. Eu não os conhecia, mas de acordo com meu pai, eles eram muito gentis.

Eu, Isabella Marie Swan, tenho onze anos. Moro em Nova York, e preciso admitir que tenho uma vida muito confortável. Nada me falta, mas não sou mimada. E, pela primeira vez, escolhi minha roupa da “virada” sozinha. Estou usando um vestido azul claro, com uma fita azul na cabeça, deixando meus cachinhos soltos. Ainda me lembro do quê Renée me disse, quando escolhi o vestido:

- Essa é a cor da serenidade e segurança. Talvez, ela te faça ser um pouco menos tímida ano que vem.

 Agora, meu pai estava apertando a campainha do apartamento da cobertura de Carlisle. Eu segurava a mão de minha mãe, pois estava muito longe da minha zona de conforto para andar sozinha pela festa. A porta se abriu e um garoto moreno e sorridente apareceu.

- Você é o amigo do papai? O Charlie? – Ele perguntou.

Então um homem alto e loiro apareceu, acompanhado por uma linda mulher que usava um vestido verde muito mais bonito que o meu.

- Emmett, esse é o Charlie. Vá chamar o Edward! – Ele disse para o menino, que saiu correndo para dentro do apartamento. – Charlie! Quanto tempo!

- Muito! Emmett está tão grande, Carlisle! – Meu pai disse para ele, dando aquele abraço de homens velhos, seguido por alguns tapinhas nas costas.

- Renée, quanto tempo querida! – Assumi que a mulher era Esme, e a vi abraçar minha mãe por alguns instantes, como amigas que nunca se viam.

- Esme, você está tão bonita! Eu senti tanta saudade! – Renée disse sorrindo. – Bella, diga oi para Esme e Carlisle.

- O-oi. – Gaguejei, e Carlisle me deu um sorriso de orelha a orelha.

- Ela precisa ficar com os jovens. Nós, adultos, não seremos uma companhia interessante para ela. – Ele disse olhando para mim, e puxou minha mão, me levando para dentro do apartamento.

A sala era enorme, cheia de pessoas com roupas coloridas. Duas crianças passaram correndo por mim, uma menina de cabelo curto e preto, e um menino loiro. Carlisle me levou até um dos quartos, que parecia ser outra sala, só que para crianças. Vi uma televisão enorme, vários jogos de tabuleiro em cima da mesa e uma geladeirinha no canto. Então, Carlisle se abaixou e disse:

- Isabella...

- Apenas Bella. – Interrompi corando.

- Posso te chamar de Bella, então? - Assenti, e ele continuou: - Bom, aqui vão ficar os “jovens”. Aquela – apontou para a menina que estava correndo agora pouco, e que usava um bonito vestido rosa – é Alice, minha sobrinha.

- Quantos anos ela tem? – Perguntei curiosa.

- A sua idade, onze anos. Mas é que ela é baixinha, então, nem comente com ela sobre o seu tamanho. – Brincou e eu ri, assentindo. – Aqueles dois – apontou para o garoto que estava correndo, e para uma menina loira que usava um vestido vermelho -, são filhos de amigos meus e do seu pai. Jasper e Rosalie Hale, eles são gêmeos. Mas, não são nem um pouco parecidos.

- E quantos anos eles tem? – Perguntei sorrindo.

- Doze. – Ele respondeu sorrindo para mim, e apontou para o menino que atendeu a porta. – Aquele é o Emmett, meu filho mais velho. Ele faz muitas piadas, então, apenas ignore-o se quiser. – Ele riu, e antes que eu perguntasse, completou: - Ele tem treze anos.

- E aquele outro? – Perguntei apontando para o menino de cabelos acobreados que mexia em vários livros na estante.

- Aquele é o Edward, meu filho mais novo. Ele tem doze anos, e é o mais comportado dessa turminha, eu acho. Nasceu no mesmo dia que Alice. - Ele riu, e soltou minha mão, se levantando.

- Minha mãe está onde? – Perguntei antes que ele fosse embora.

- Está com Esme, provavelmente colocando a fofoca em dia. – Ele disse sorrindo. – Qualquer coisa, é só ir lá para sala ficar com ela, está bem? E caso meus filhos façam qualquer coisa errada, você pode ir correndo me contar, certo? – Assenti. – Eu vou para lá agora, mas antes... Emmett!

O menino de cabelo preto se aproximou, já falando:

- Eu não fiz nada, eu juro...

- Eu espero que não, filho... – Carlisle disse rindo. – Essa daqui é a Isa... É a Bella, apresente-a a todos, está bem?

- Claro que sim, pai! – Emmett falou e bateu na mão de Carlisle, falando “hi 5”.

Carlisle saiu, e meu olhar foi para Emmett. Ele segurou minha mão, e me puxou para o sofá. Sentei observando-o, quando de repente ele ficou de pé no sofá e assobiou.

- Ei! – Ele falou, e todos o encararam. – Essa é a Isabella! – Ele apontou para mim, e quatro rostos se viraram para mim.

-Bella... – Sussurrei baixinho.

- Opa! – Ele encolheu os ombros, e completou para os outros: - Mas todo mundo irá chamá-la de Bella, ok?

- Desça do sofá, Emmett! - A menina loira, Rosalie disse.

- E você é minha mãe por acaso? – Ele resmungou, e se sentou ao meu lado, ignorando-a. – Quantos anos você tem, Bellinha?

- Onze. – Respondi tímida.

- Eu também! – A menina de cabelo curto e espetado disse, sentando-se no lugar ao meu lado. – Você mora em Nova York, não é? Minha tia comentou mais cedo...

- Sim, eu moro lá. – Respondi olhando para minhas mãos no meu colo.

- É verdade que as luzes da Times Square são as mais lindas do mundo? – Ela perguntou curiosa.

- Sim, são lindas... – Respondi olhando para seu rosto sorridente. – É a primeira vez que passo o Ano Novo sem vê-las.

- Jura? Deve ser divertido passar com pessoas diferentes. – O menino loiro, Jasper, perguntou.

- Com certeza! – Emmett exclamou, e se virou para mim falando: – Eu passo o Ano Novo com todos esses chatos desde sempre...

- Chatos? – Rosalie disse. – Bella, ele é um birrento. Quase todos os anos ele puxava minha maria-chiquinha.

- Esses dois não tem jeito. – Alice suspirou, e eu ri.

- Eles são sempre assim? – Perguntei curiosa.

- Sim! A cada ano pioram! – Ela comentou, e olhou para trás, gritando: - Edward Anthony Masen Cullen, você precisa tirar sua cabeça dos livros e vir aqui agora!

- Alice... – O menino disse se virando.

Ele era tão... Bonito. Seu cabelo era todo bagunçado, e seus olhos eram verdes como esmeraldas. Eu nunca tinha visto olhos tão bonitos quanto aqueles. Eram parecidos com os de Alice, mas muito mais intensos. Corei ao perceber que o encarava demais, e abaixei a cabeça.

- A Bella mora em Nova York, Ed! – Alice disse rindo. - Então, venha fazer suas clássicas perguntas aos nova yorkinos...

- Eu sei que ela é de lá. Meu pai não parou de falar sobre o pai dela vindo para cá. – Ele comentou sorrindo. – Enfim. Eu estive pensando...

- Qual vai ser o plano? – Emmett perguntou curioso.

- Roubar docinhos. – Edward comentou sorrindo com malícia.

- Quando, como e onde? – Rosalie perguntou.

- Primeiro... – Edward começou, olhando para mim logo em seguida. – Você está dentro, Isabella?

- Sim! – Respondi de imediato, corando um pouco mais.

- Então, vai ser assim...

(...)

- Três! Dois! Um! Feliz Ano Novo!

Os quatro casais de adultos, e todas as crianças gritaram alegres. Meus pais se beijaram rapidamente, e me beijaram logo em seguida. Alice estava praticamente no colo do seu pai, sorrindo e pulando. Carlisle estava abraçando os dois filhos, e os gêmeos estavam se abraçando contentes até ouvirem os fogos e saírem correndo para sacada, assim como todo o resto. Após alguns instantes, senti alguém me cutucar, e me virei para ver quem era.

- Feliz Ano Novo, Isabella. – Edward disse.

- Feliz Ano Novo, Edward. – Respondi com um sorriso para ele.

Fogos de todas as cores iluminavam o céu. Senti alguém segurar a minha mão, e corei imediatamente por saber quem era. Então, algum dos adultos gritou:

- Quem pegou os doces?!

Mais rápido do que imediatamente, eu e todas as outras crianças saímos correndo para a sala que estávamos antes. Porém, havia uma única diferença entre mim e eles: o fato de Edward ainda estar segurando minha mão enquanto corríamos.