POV Espiã

Eu esperei todos irem para a fogueira para voltar para o meu chalé, com todo mundo tão distraído com a cantoria do anfiteatro, ninguém iria perceber uma garota como eu mandando uma mensagem. Enquanto ia para o meu chalé pegar o dispositivo de comunicação com Ponto, vi Allyson saindo do chalé de Poseidon, ela trajava um vestido preto e tenho certeza de que iria se encontrar com Apolo, não tinha nada contra ela, mas, no momento, não tinha escolha senão ajudar Ponto.

Eu esperei a neta de Poseidon subir a colina para sair de trás da árvore em que eu me escondia, entrei no meu chalé e peguei o colar que Ponto havia me dado e fui para um lugar bem isolado na floresta, abri o pingente e apertei um botão, logo a imagem de Ponto apareceu na minha frente e eu tive que fazer uma leve reverência.

- O que aconteceu? – Ponto perguntou.

- Eles voltaram hoje. – Eu disse. Ponto parou para refletir um pouco.

- Vá para a colina, nos encontraremos lá. – Ele disse e eu assenti, discretamente, subi a colina e saí dos terrenos do acampamento, vi Ponto sentado em um tronco me esperando.

- Cheguei. – Eu disse tirando-o do transe em que ele se encontrava.

- Ótimo, vamos para um lugar seguro. – Ele disse, para Ponto, o único lugar seguro era o palácio arranjado dele e dos outros deuses primordiais, era onde eu sempre ia quando tinha que discutir algumas informações sobre o pessoal do acampamento, era também uma das poucas oportunidades que eu tinha de poder ver minha mãe me certificar de que ela continuava segura. Até agora, o deus havia cumprido a sua parte do acordo, mas eu sempre estava desconfiada quando se tratava de divindades.

Logo depois eu já estava no palácio, log na entrada, estava minha mãe sentada em uma cadeira com aquele capanga que levou-a no dia em que descobri quem Ponto realmente era.

- Filha. – Ela disse docemente. – Como você está?

- Estou bem mamãe e você? Eles machucaram você? – Eu perguntei carinhosa.

- Não querida. Eu gostaria que você não tivesse que fazer isso. – Minha mãe disse baixando a cabeça envergonhada.

- Isso não é sua culpa mãe, é minha e eu terei que arcar com as consequências, estou ciente disso. – Eu disse e ela assentiu, o capanga a levou para longe e eu entrei com Ponto no palácio.

- Então, o que tens para me contar? – Ele perguntou se sentando em um sofá, eu me sentei em outro de frente para o deus.

- Allyson, Michael, Samantha, Jacob e os outros já voltaram da missão. – Eu disse.

- Hum...todos voltaram? – Ele perguntou e eu assenti.

- Fizemos uma reunião com os conselheiros e eles nos contaram sobre a missão, parece que os seus monstros não foram páreos para eles. – Eu disse em tom de deboche e o deus se irritou.

- O que mais eles disseram? – Ponto disse tentando controlar sua raiva.

- Disseram que alguns deuses apareceram para ajudá-los, não sei como, mas eles sabem que alguém dentro do acampamento vai traí-los, eles são mais velhos e mais experientes, eu sou uma ótima atriz, mas eles não são burros como vocês. – Eu disse e me levantei para sair, Ponto me puxou pelos cabelos e me prendeu contra o seu corpo na parede.

- Escute aqui mocinha, acho que você não entendeu o que está por vir se você continuar com essa sua insolência. – Ponto disse segurando meu pescoço em sua mão.

- Eu só faço o que faço pela minha mãe, não tenho que ser educada com você, seu nojento. – Eu disse para ele e cuspi em seu rosto, o deus ficou ainda mais irado e começou a me bater, eu tentava me defender, mas ele era mil vezes mais forte que eu.

Ele me pegou em seus ombros e me levou para um quarto onde me bateu várias vezes.

- Você vai aprender a me obedecer, assim que nós dominarmos o mundo, você vai me agradecer por ter te escolhido sua vagabunda! – Ponto disse tão vermelho de raiva que parecia um pimentão, sem pensar, ele rasgou minhas roupas e começou a abusar de mim sem nenhum pudor, eu não podia fazer nada, apenas fiquei quieta esperando que tudo acabasse logo.

Acordei no outro dia no meu chalé, era bem cedo e o sol nem havia nascido ainda, entrei no banheiro e desatei a chorar baixinho para não acordar meus irmãos, olhei para o meu reflexo no espelho, meu corpo estava cheio de marcas roxas e meu rosto não era dos melhores, sorte minha que hoje estava meio frio, teria uma desculpa para usar roupas fechadas. Peguei um suéter roxo e uma calça jeans, coloquei um par de sapatilhas pretas e depois entrei no banho, cada centímetro do meu corpo doía com o mínimo movimento, eu chorei mais quando as imagens do que aconteceu ontem vieram à minha cabeça, aquele homem destruíra a minha vida, completamente, eu me sentia humilhada, acabada, como se eu fosse um nada.

POV Allyson

- Ally? Você não vai falar nada? – Apolo perguntou meio sem graça, eu saí do meu transe interno e encarei meu namorado.

- Ahn, Apolo...você poderia me dar um tempo para pensar na sua proposta? – Eu perguntei meio sem graça.

- Pode ter o tempo que precisar Ally, sei que é uma proposta muito importante, mas gostaria que você pensasse com muito carinho. Você sabe que eu amo muito você. – Apolo disse e eu assenti.

- É melhor eu voltar para o acampamento antes que dêem falta de mim. – Eu disse e ele assentiu, eu me troquei e me arrumei e depois Apolo me deixou no mesmo lugar onde ele me esperou ontem. Eu desci a colina meio sangue e entrei no meu chalé, graças aos deuses ainda estava bem cedo, então somente alguns pouquíssimos campistas estavam acordados e dentro de suas respectivas cabines.

Eu entrei e resolvi tirar uma sonequinha, acordaria com o toque de levantar, eu estava bem cansada da minha noite de ontem e não querida ser perturbada. Caí na cama e adormeci rapidamente, logo um sonho me pegou de surpresa.

Eu me encontrava em Nova Iorque, estava perto da antiga casa dos meus pais, onde Jake mora agora, na frente daquela casa havia um pequeno parte, era lá que o meu sonho me levou, parecia um dia bem normal e bem atual também, vi Apolo andando pelas ruas com seu jeito de galã, ele entrou no parque e se sentou ao lado de uma bela moça loira de olhos azuis.

- Então, você pediu? – A moça perguntou.

- Sim. – Apolo respondeu assentindo.

- Acha que ela vai querer casar com você Apolo? Mesmo ela sabendo daquela nossa noite juntos? – A moça perguntou colocando a mão dele em seu ventre. NÃO ACREDITO!

- Ela me ama Valerie, vai me aceitar. – Apolo disse confiante. – Todos os deuses são assim, tome Hera por exemplo, aguenta todas as traições de Zeus porque o ama. – Ele completou olhando para o céu.

- Você é um péssimo deus Apolo, nós dois sabemos que você não vai levar essa coisa de casamento à sério, por que vai enganar a menina? – A tal de Valerie disse.

- Eu preciso dela Valerie, Allyson não me sai da cabeça. – Apolo disse.

- Todas as mulheres são saem da sua cabeça Apolo. Você vai magoar a menina sem motivos, ela não fez nada pra você. – A mulher disse, ela parecia conhecer bem o deus.

- Valerie, só porque eu durmo com você de vez em quando há anos não quer dizer que você me conheça bem como acha que me conhece. – Apolo disse sério.

- Ok Apolo, então eu não te conheço. Assim como eu não sei que você não contou pra ela sobre nós dois. Assim como você não contou sobre as outras, assim como você não está enganando essa garota. – Valerie disse. – Mas não se esqueça que ela não é uma qualquer como as outras, é uma semideusa e muito importante, se eu fosse você acabava logo com isso ou conversava logo com a menina. – Ela disse olhadno seriamente para ele. Apolo bufou dando-se por vencido.

- Como é que se conversa uma coisa dessas? – Ele perguntou.

- Aparecendo lá e falando tudo o que você tem pra falar. – Ela disse e ele assentiu, Apolo deu um selinho dela.

- Obrigado Valerie, você é irritante, mas é uma boa amiga. – Ele disse.

- Esqueceu de dizer que também sou boa de cama. – Ela disse em tom de deboche.

- Isso também. – Apolo disse e os dois riram, eu acordei rapidamente com lágrimas nos meus olhos, entrei correndo no banheiro e tomei um banho permitindo-me chorar uma última vez por ele. Agora já chega, como eu pude ser tão burra ao pensar que um deus iria me querer? Saí do banho e coloquei uma blusa soltinha azul e um short jeans, subi a colina e fiquei esperando o deus aparecer, como eu sabia que ele iria vir? Intuição feminina.

- Ally? – Apolo perguntou surpreso. – O que fazes aqui fora?

- Tive um sonho. – Eu disse e ele chegou mais perto de mim com a intenção de me abraçar, eu apenas o afastei e ele me olhou confuso.

- O que houve amor? – Ele perguntou. Que cara de pau.

- Que tal você perguntar para a Valerie? – Eu falei sarcasticamente e ele gelou.

- Ally, eu posso...eu posso explicar. – Ele começou a dizer e eu o mandei parar com a minha mão.

- Apolo, eu fui bem clara com você que, se nós voltássemos, eu não aguentaria traições e nem mentiras de você. E você fez tudo ao contrário. Acha que eu tenho cara de idiota? E ainda me pede em casamento? O que você quer Apolo? – Eu comecei a estourar.

- Allyson, eu tentei mudar por você, eu posso me acostumar aos poucos. – Apolo disse.

- Eu não quero mais saber Apolo, você é um babaca, nunca mais quero te ver, nunca deveria ter te dado uma segunda chance, você é um mulherengo sem coração. – Eu disse.

- Allyson...

- Faça-me um favor Apolo, me esqueça! Porque eu já te esqueci. – Eu disse e desci a colina revoltada, Apolo começou a me seguir.

- Deixe minha filha em paz Apolo. – Meu pai e tio Percy apareceram. Nunca que eu tinha visto meu pai tão sombrio em toda a minha vida, ele me dava muito medo.

- Nico, eu preciso falar com sua filha. – Apolo disse desesperado.

- Pai, espere um pouco. – Eu disse e me virei para Apolo. – Vou falar bem devagar para você entender Apolo: ACABOU! EU ESTOU TE CHUTANDO! VÁ EMBORA! – Em seguida dei um soco na cara dele e continuei andando, Apolo subiu de volta para seu carro e meu pai e meu tio se aproximaram de mim.

- Você está bem querida? – Meu pai perguntou me abraçando.

- Eu estou pai, fui enganada, mas dessa vez, quem saiu bem fui eu. Apolo não merece nenhuma lágrima minha. – Eu disse determinada.

- Essa é minha garota. – Meu pai disse afagando minhas bochechas.

- E minha sobrinha. – Tio Percy disse. – Você está certa, Apolo não presta. Ele saiu perdendo, você é uma garota linda, meiga, inteligente e engraçada. Ele foi um idiota de ter te perdido. – Tio Percy completou e eu sorri e abracei os dois.

- Obrigada por terem aparecido. – Eu disse.

- E eu deixaria meu bebê com aquele crápula? Negativo, tivemos que mandar os homens para o resgate. – Minha mãe apareceu ao lado de minha tia Annie. Eu abracei minha mãe e depois minha tia.

- Você fez o certo querida, estamos orgulhosos de você. – Tia Annie disse.

- Bem...as coisas ainda não terminaram. – Eu disse e eles me olharam curiosos. – Tenho uma missão para cumprir com meus amigos e um Olimpo inteiro para surpreender. – Eu disse determinada e eles sorriram para mim. – Alguma notícia sobre a espiã?

- Nada querida, isso me deixa frustrado. – Tio Percy disse.

- Eu entendo tio, não deve ser fácil, os deuses estão sendo bem mais cautelosos do que os titãs foram com vocês. – Eu disse.

- E, se contra os titãs já foi difícil, imagine contra os deuses primordiais? – Meu pai disse.

- Eu acredito que eles vão levar de letra. – Minha mãe disse. – Conheço a família que criamos. – Ela disse e todos assentiram.

- É bom saber que confiam tanto na gente. – Eu disse. – Mas os deuses são assim também?

- Bem, basicamente, os deuses que não odeiam o Percy o respeitam e confiam em vocês e os que odeiam têm muito medo da Annabeth, então eles também confiam em vocês. – Meu pai disse e levou dois tapas na cabeça, um de minha mãe e outro da tia Annie.

- Nico! – Minha mãe disse irritada.

- Ai amor, mas é verdade. Annie me dá medo às vezes. – Ele disse e tio Percy concordou, os dois apanharam de suas esposas e reclamaram com um Ai.

Eu fui para o refeitório com eles e me sentei à mesa de Poseidon ao lado de Sam. Mas, antes disso, fiz uma oferenda para Afrodite pedindo para ela me esquecer, só ouvi a deusa rindo divertida na minha cabeça.

- Aconteceu alguma coisa Ally? Vi você voltando com meus pais e os seus. – Sam disse.

- Eu terminei com Apolo. – Eu disse séria, depois contei a história para a minha amiga.

- Oh Ally! Eu ainda vou matar aquele idiota! Meus deuses, como você se sente amiga? – Sam perguntou preocupada. Agradeci mentalmente por estarmos somente eu e ela na mesa de Poseidon.

- Estou bem Sam, na verdade, achava que iria me sentir pior. – Eu disse sendo sincera, não foi como da última vez que terminamos, eu havia deixado de ser aquela garota chorona e cheia de sentimentalismos, eu tinha minha cabeça no lugar agora, sabia que, se Apolo não fosse O cara, um dia ele iria aparecer.

- Tem certeza? Se precisar de mim... – Sam disse.

- Não Sam, eu estou ótima. Acho que não tinha mais química entre a gente sabe? Não sei te explicar, eu fiquei chateada no começo, mas agora não dói mais. – Eu disse e ela assentiu, continuamos conversando animadamente durante o jantar até irmos juntas para a fogueira, era uma sexta-feira e estávamos todos animados em volta da fogueira, apesar de estar um pouco frio.

Os filhos de Apolo começaram a cantar uma músicas, eu estava apenas ouvindo junto com meus amigos enquanto nós convesávamos de vez em quando.

- Obrigada pessoal! Agora vamos chamar umas cantoras que nós amamos ouvir: Samantha, Allyson e Emma! Queremos uma música de cada uma ouviu? – Um dos filhos de Apolo, Clark, disse. Clark era meu grande amigo e eu não o deixaria na mão, apesar de ficar com raiva só de lembrar quem é o pai dele. Samantha subiu primeiro e cochichou alguma coisa no ouvido do meu amigo. Ele assentiu e ela pegou o violão.

- Essa música é para meu lindo namorado: Will. – Ela disse antes de começar a tocar.

http://www.youtube.com/watch?v=6sfjIhWbOJA

Reconheci a música de primeira. Ela cantava Fallin For You da Colbie Caillat, uma música muito fofa, por sinal, Clark acompanhou com a banda dos filhos de Apolo o som do violão de minha amiga, Will olhava tudo com cara de abobado, os pais de Sam sorriam um para o outro apaixonados.

Sério mesmo, eu nunca vi pessoas tão apaixonadas quanto meu pais e meus tios, só o olhar deles um para o outro é como mágica. Emma estava ao meu lado meio trêmula, coitada, a menina era tão tímida, ela foi se aproximando devagar de mim.

- Tem alguma sugestão de música pra eu cantar? – Emma perguntou envergonhada.

- Deixe-me ver. – Eu disse e parei para pensar alguns minutos. – O que acha de When I Look At You?

- Acho uma ótima idéia! Obrigada Ally! – Ela disse. – Quer que eu vá primeiro?

- Seria uma boa. – Eu disse e ela assentiu.

Logo que Samantha terminou de tocar a música dela, todos nós aplaudimos e Emma subiu no palco. Logo ela se dirigiu para o piano e começou a tocar.

http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=AWCPS6CXmt0

Jake a olhava com uma expressão de bobo apaixonado, eu ri do meu irmãozinho, ele era tão fofo! Emma canta muito bem, quando ela terminou, eu aplaudi o mais alto que podia enquanto pensava em alguma música para cantar. De repente, uma música surgiu em minha mente que era perfeita para o momento.

http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=rYEDA3JcQqw

Rolling In The Deep Adele

There's a fire starting in my heart

Reaching a fever pitch, it's bringing me out the dark

Finally I can see you crystal clear

Go head and sell me out and I'll lay your shit bare

See how I leave with every piece of you

Don't underestimate the things that I will do

There's a fire starting in my heart

Reaching a fever pitch

And it's bringing me out the dark

The scars of your love remind me of us

They keep me thinking that we almost had it all

The scars of your love they leave me breathless

I can't help feeling

We could've had it all

Rolling in the deep

You had my heart inside of your hand

And you played itTo the beat

Baby I have no story to be told

But I've heard one of you

And I'm gonna make your head burn

Think of me in the depths of your despair

Making a home down there

As mine sure won't be shared

The scars of your love remind me of us

They keep me thinking that we almost had it all

The scars of your love they leave me breathless

I can't help feeling

We could've had it all

Rolling in the deep

You had my heart inside of your hand

And you played itTo the beat

We could've had it all

Rolling in the deep

You had my heart inside of your hand

But you played it

With the beating

Throw your soul through every open door

Count your blessings to find what you look for

Turned my sorrow into treasured gold

You pay me back in kind and reap just what you sow

We could've had it all

We could've had it all

It all, it all it all,

We could've had it all

Rolling in the deep

You had my heart inside of your hand

And you played it

To the beat

We could've had it all

Rolling in the deep

You had my heart inside of your hand

But you played it

To the beat

Assim que eu terminei de cantar, recebi os aplausos de todos que estavam vendo a minha apresentação, eu agradeci e pedi aplausos para os filhos de Apolo que me acompanharam na música, desci do palco e fui para a cabine 3 dormir, eu estava sem cabeça para cantar aquelas músicas de acampamento e queria acordar bem cedo amanhã.