Beijo da Morte escrita por dentedeleão


Capítulo 18
Capítulo 17


Notas iniciais do capítulo

desculpem pela demora...boa leitura



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O melhor beijo da minha vida

-Filha! Ainda esta na cama?

-Humhum. - Ouvi seu murmúrio vindo do quarto, a voz encoberta pela grossa colcha –

Entrei em seu quarto e vi que todo o seu corpo estava sobre a coberta, o volume que tremia na cama parecia uma grande bola e o choro reprimido tentava ser encoberto pelo travesseiro. Aproximei-me lentamente da cama e sentei-me a seu lado buscando tocar no volume que seria o de sua cabeça.

-O que aconteceu? – minha voz estava fraca e carregava a impotência de uma mãe frente ao sofrimento de seu filho. –

A coberta foi sendo retirada por mãos geladas e tremulas e então pude ver seus olinhos. Seu rosto inchado e amassado pelo travesseiro tinham as marcas das lagrimas ainda quentes, os olhos escuros e vermelhos pareciam menores em relação ás olheiras negras que pesavam em sua face de criança.

-Mãe! – Luna jogou seu corpo em minha direção deitando em meu colo enquanto chorava. Não era o momento de questioná-la sobre nada ainda, e tentei apenas acalmá-la afagando seus cabelos. -

-Mãe, você pode mudar os sentimentos?

-Do que você esta falando minha filha? – Luna se sentou na cama e me olhou diretamente nos olhos –

-Você pode reverter um imprinting?

-Por que me pergunta isso filha? Você e Samy brigaram?

-Como posso brigar com ele se nem nós vemos? – uma lagrima lhe escapou - Mãe, dói muito ficar longe dele. Emily não vai me aceitar nunca, ela sabe que consigo me controlar, eu mostrei a ela, mostrei ao Sam - suspiros – mesmo assim ela não me quer perto dele.

-Não será para sempre amor. – a abracei contra meu corpo tentando reconfortá-la –

-Eu não quero que ele sofra por mim, não quero que nossa relação se resuma a curtos espaços de tempo vigiados por Kali. Isso não nos deixa feliz! – seus olhos refletiam a profunda tristeza contidas em suas palavras - Ele merece ter um relacionamento de verdade, não algo que o distancia de seus pais...-as lagrimas voltaram a correr por seu rosto-

-Querida! Não posso te dar o que você me pede. Eu entendo que querida dar uma oportunidade a Samy de viver algo diferente, mas ele ama você e foi com você que ele teve um imprinting.

-Saber e vivenciar a experiência de ter sua alma gêmea, aquela que te completa é único e não vou permitir que você desista disso pela infantilidade de uma mulher que parece ter esquecido o que é se apaixonar todos os dias pela mesma pessoa pelo simples fato de ver o amor companheiro. – eu já estava gritando sem nem perceber -

-Agora levante desta cama, tome um bom banho e se arrume. Hoje você vai com sua madrinha para a cidade despachar uma encomenda para mim e curtir uma tarde nublada fazendo compras.

Antes que Luna pudesse negar ou reclamas de qualquer coisa sai do quarto, precisava por um ponto final nesta historia. Minha menina se esforçou muito e já conseguia lidar muito bem com seu dom. Quando nós tocava não sugava mais nossa essência, claro que não era sem esforço e muita concentração, se seus pensamentos desviassem por qualquer motivo algum acidente poderia ocorrer, mas já era um grande avanço em relação ao pouco tempo de treinamento que vinha tendo.

Minha primeira atitude seria ligar para Samy e Rose, ambos iriam entreter minha menina enquanto em tinha uma conversa muito seria com Emily e, se preciso fosse, a faria em pedacinhos só para ela nunca se esquecer da dor que estava causando em minha filha.

(...)

Depois de uma hora minha menina saiu do quarto já arrumada, mas sua carinha não era feliz. Ela vestia um vestidinho lilás soltinho com a cintura marcada por um cinto roxo e uma bota de camurça sem salto; algumas fitas roxas forram amarradas próximas ao cano da bota para que combinasse com o vestido, estava parecendo uma bonequinha.

-Sua madrinha já esta te esperando. Divirta-se. – beijei sua testa lhe entregando o pacote que deveria ser despachado e lhe dei as costas impedindo qualquer reação negativa de sua parte –

---Pov Luna---

Não estava entendendo a reação de minha mãe, ela me queria fora de casa e tenho certeza que estava aprontando algo, porque depois que saiu do meu quarto ligou para alguém, a conversa foi muito silenciosa e pelo seu tom, com certeza estava falando com um vampiro, mesmo aguçando e muito minha audição não consegui ouvir nada da conversa.

Resolvi deixar para lá o que quer que fosse e fui tomar um banho, não estava disposta a sair de casa ou me arrumar, mas não poderia desapontar minha madrinha linda. Adorava ir as compras com ela, isso sempre me alegrava e eu podia escolher as roupas que quisesse, ao contrario do que acontecia com tia Alice que sempre me impunha seus gostos, não que ela tivesse mal gosto, longe disso, mas eu adorava poder escolher minha roupas sozinha.

Sem muita opção no guarda roupa ou a mínima possibilidade de vestir calcas de moletom, já que eu não as tinha, resolvi colocar um vestidinho de mangas longas que combinavam perfeitamente com meia calca e minha bota de camurça.

Minha mãe fugiu de mim mais uma vez antes que eu saísse de casa, não me deixava responder a suas atitudes ou qualquer outra coisa. Com certeza ela estava aprontando algo.

Do lado de fora já ouvia algo se aproximando em grande velocidade, com certeza era minha madrinha, ela não gostava de dirigir seu carro pela trilha para motos que fizemos em direção a estrada, ela dizia que nunca aranharia a pintura perfeita de seu BMW.

-Luna, esta linda querida. Já conversei com sua mãe então não vamos perder tempo, venha, tenho uma surpresa para você no carro.

O carro estava com a capota levantada e estranhei, isso nunca acontecia. Uma brisa leve cortou meu rosto e então senti um cheiro diferente, algo quente com toque amadeirado, era ele. Samy estava aqui, mas onde? A porta do carro se abriu e pude vê-lo, ele estava lindo em suas calcas jeans pretas e uma camiseta pólo azul escura, os cabelos arrepiados e um grande sorriso nos lábios.

Não consegui mover meu corpo, toda minha tristeza já tinha se esvaído, eu agora estampava um grande sorriso no rosto e tudo mais não existia, não ouvia nenhum outro ruído fora o som das batidas de seu coração. Não sei por quanto tempo ficamos assim, mas pareceu tempo demais para Rose que tomou meu braço e saiu me arrastando pela estrada em direção a seu carro.

-Bom crianças, é muito bonito ver o quanto se amam e toda esta melação, mas não temos muito tempo e eu quero ir a Cidade de Sequim. Fiquei sabendo que inauguraram uma escola de dança na cidade e também podemos visitar algumas lojas diferentes das que vemos em Port Angeles.

*Sequim fica a 21Km de Port Angeles – Washington

Deixamos a encomenda de minha mãe no correio de Forks mesmo e seguimos a toda velocidade para Sequim. Rose fez questão de se sentar sozinha no banco da frente e não a contrariamos quanto a isso. O clima entre nós três estava ótimo, minhas mãos não soltaram as de Samy em nenhum momento e fomos conversando animadamente sobre tudo e nada ao mesmo tempo. Nós também aproveitamos para testar o novo som que Emmett instalou no carro e praticamente gritávamos pela estrada ao som de qualquer musica que tocasse no rádio.

Chegamos a pequena cidade, com um pouco mais de cinco mil habitantes, no comecinho da tarde e fomos logo cercados por carros e muitas pessoas animadas. O tempo estava agradável, nublado o suficiente para que Rose andasse pelas ruas tranquilamente e sem chuva a chuva costumeira. A brisa fresca permitia que nossos corpos continuassem cobertos pelas roupas sem chamar a atenção dos humanos a nossa volta, na verdade, quem estava chamando a atenção era Samy por vestir apenas uma camisa e parecer completamente a vontade com o frio.

-O que será que esta acontecendo na cidade hoje? – fiz a pergunta para mim mesma, mas em voz alta, eu queria mesmo uma resposta para ela. –

-Hum, acho que é algum tipo de festival. – Samy observava um folheto preso a vitrine de um café –

‘’Festival da Lavanda ‘’, pelo que constava no folheto este seria o segundo dia de festividades e poderíamos visitar algumas fazendas de lavanda a tarde. O próximo grupo saia em 20 minutos.

-Podemos ir Rose?

-Não vejo porque não, nunca visitei uma fazenda de Lavanda antes, pensei que em Washington só tivessem festivais de Tulipa.

Nos juntamos ao grupo e fomos, caminhando mesmo, em direção a uma das fazendas da região. Um instrutor nos contava a historia da Lavanda, como era o seu cultivo, o que poderia ser extraído da planta e tudo que seria possível encontrar envolvendo Lavanda nas barraquinhas locais. Pensei imediatamente em minha mãe, ela adorava mexer com plantas e essências, iria adorar estar conosco neste passeio.

Acabei descobrindo que seu óleo relaxa os músculos assim como também repelem insetos, pouco útil para minha vida –dei de ombros - . O aroma de Lavanda tomava todo o ar, para onde quer que nossos olhos alcançavam, ficávamos perdidos a imagem de um grande mar púrpura onde grandes folhagens verdes e haste repletas de pequenas flores balançavam tranquilamente ao vento assim como ondas no mar.

Enquanto Rose se perdia nas barraquinhas Samy me arrastou para a parte de trás de um grande galpão.

-Esta fugindo de mim amor? – entrelaçou minha cintura com suas mãos me aproximando mais de seu corpo –

-Nunca. – me perdi no negro de seus olhos e me deixei levar –

Nossas bocas se encontraram timidamente e me concentrei mais em controlar meu dom.

-Se eu fizer algo...

-Shhhhh, apenas me beije.

Nós beijamos carinhosamente, apenas nossos lábios se tocavam e se afastavam timidamente até que aquela sensação não era mais o suficiente e o desejo por sua boca tomou conta de mim. Procurei seus lábios e envolvi minha língua na sua sugando com vontade seu sabor. Sentia tanta falta de sentir seu calor em minha pele e ao mesmo tempo senti algo a mais, sentia uma corrente fria já muito comum a mim e a qual aprendi a identificar e algo quente, denso correndo de encontro ao frio.

Com medo do que poderia acontecer, me afastei de Samy ofegando tamanha a intensidade de nosso beijo.

-Você esta bem? – perguntei já assustada com o que poderia acontecer com ele, estávamos tão longe de um hospital e pior, ele não poderia ir a um hospital comum –

-Melhor do que bem! – um grande sorriso brilhou em seu rosto e ele me puxou novamente para seus braços. Não consegui resistir aos meus desejos –

-O que estão fazendo? –Rose estava batendo os pés nervosa ao nosso lado –

-Nos beijando horas. – Samy corou e passava as mãos pelos cabelos nervoso, acho que ele estava passando muito tempo com Edward –

-Isso eu vi. – ela parecia confusa – Como conseguiram?

Esta eu teria que responder, só eu poderia explicar, mas como explicar algo que nem eu sei como aconteceu e o pior, não sei como fazer novamente.

-Não sei madrinha. – ambas sorrimos e ela me puxou pela mão –

Venham, vamos comemorar com uma compota de geléia e sorvete. –Ouvir isso de Rose e ainda mais ela dizer com um sorriso enorme no rosto era novidade, mas ela estava feliz, eu estava feliz, Samy estava literalmente saltitando de felicidade, porque não adoçar um pouco mais este momento.

Rose comprou nossos sorvetes e uma compota de geléia, nos trouxe torradas e um suco muito gostoso, comemos conversando animadamente. Sempre que possível Samy me tocava ou me dava um leve beijo na bochecha ou um Celinho nos lábios. Nem rose escapou de nossas trocas de carinho, lambuzamos os lábios com geléia e lhe demos um beijo estalado em cada lado da bochecha. Em qualquer outro dia ela teria corrido atrás de nós e praguejado feito uma louca. Hoje não, ela apenas fez uma cara hilária de nojo e limpou os restos da geléia sorrindo para nos.

Um fotografo da região observava nossa brincadeira clicando loucamente sua maquina polaróide. Rose percebeu o rapaz e lhe lançou um olhar interrogativo. O mesmo se aproximou timidamente e estendeu as fotos em nossa direção.

-Me desculpem por isso, mas a cena estava tão linda que tinha que eternizá-la. Podem ficar com as fotos. – o rapaz acenou e se distanciou rapidamente –

Olhamos as fotos rindo ainda mais, o fotografo conseguiu captar toda a cena da brincadeira que fizemos com Rose, sua cara de nojo, seu riso contido e finalmente sua gargalhada junto a nossa que já fazia as bochechas doerem de tanto que duraram. Ninguém da família acreditaria naquilo.

-Já que terminaram de rir as minhas custas é melhor irmos embora. Já esta anoitecendo e precisamos pegar a estrada. – rose se levantou passando a mão pelo vestido tweed em estampa xadrez que estava usando sobre uma segunda pele de couro que cobria seus braços e pernas. -  

-Mas não compramos nada e também não fomos a escola de dança...

-Vocês dois é que não fizeram nada...enquanto estavam escondidos no meio do mato eu fiz algumas perguntas por ai. – ela piscou para nós – A escola de dança realmente existe, mas eles não estão inaugurando e sim abrindo uma filial que a propósito fica em Forks. Parece que a família dos Newtons disponibilizou uma parte do galpão que não estava sendo utilizada pela loja de materiais de acampamento.

-E eles não tem nenhuma loja decente de roupas por aqui, acabam comprando tudo em Port Angeles, mas avisei a dona do estabelecimento que passaríamos amanha pela manha no local (em Forks)para fazer uma aula experimental. Ela pediu para procurarmos pela Micaella, a professora de dança e gerente da filial– ambas fizemos cara de derrotadas principalmente por não termos ido as compras como queríamos e Samy começou a rir de nós –

-Pode tirar este rizinho da cara muleque, ou quer voltar andando para casa? – Rose estava seria e ficamos na duvida se aquilo seria uma brincadeira –

-Posso voltar correndo tia – Samy disse já correndo em direção ao carro e me puxou pelas mãos para que o seguisse –

Aquele dia foi maravilhoso, minha mãe acertou a mão ao me fazer sair da cama hoje e acabei ganhando o melhor beijo de minha vida.


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