Beijo da Morte escrita por dentedeleão


Capítulo 16
Capítulo 15 - deus sol


Notas iniciais do capítulo

boa leitura



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Segunda feira, não há um dia em que eu acorde mais depressiva do que em uma segunda feira. Porque? Simples, meu lindo e amado marido sai para trabalhar muito cedo, deixando-me sozinha nesta cama enorme e gelada. Não posso nem chamar minha filha e dormir abraçadinha com ela porque também, logo pela manha ela segue para a floresta junto com Gabriel e Fred e passam horas treinando seu auto-controle.

O que mais posso fazer! Levantar é claro e tomar um banho para espantar todo meu mau humor. Enquanto sentia a água fria correndo por minha pele imaginei como poderia deixar meu dia mais agradável. Havia uma encomenda de uma loja de jóias em que podia trabalha, também tinha na geladeira todos os ingredientes necessários para fazer uma torta de frango que meus dois maiores amores tanto gostavam e de quebra algumas frutas vermelhas gritavam em uma tigela pedindo por um crème brûlée para a sobremesa.

Já estava me animando enquanto me encaminhava para o quarto enrolada em uma grossa toalha felpuda. Qual não foi minha surpresa ao entrar no closet e me deparar com uma infinidade de roupas estranhas e monotonamente claras.

-Ohhhhh, Alice eu te mato. – nada de preto, renda, roxo ou calcas coladas e topes, ate minhas saias de ponta ela tirou. Meus lindos corpetes, ate o que Seth mais amava não estavam em lugar nenhum.-

Peguei a primeira peca que vi e segui mais desanimada que nunca para a cozinha. Acabei por vestir um longo vestido branco com bordados feitos a maquina em formato de flores. O busto era a única parte justa do vestido de alças finas em tecido trancado. Meu corpo, novamente tenso, não fez nada alem de pegar uma xícara com água fumegante onde despejei algumas ervas e segui para a varanda.

Sentada no banco de balanço e apreciando a floresta não pensava em mais nada. Não mentira, eu estava pensando sim, na verdade maquinando formas loucas de confundir Alice e me vingar pelo novo guarda roupa.

-Mãe? – minha filha estava a minha frente e nem havia percebido –

-Oi filha, desculpe, não notei que havia voltado. Já é tão tarde?– minha menina me olhava de forma estranha –

-Mãe! É você mesmo? - Olhei para os lados e para trás buscando por algo diferente.-

-Acho que sou a única bruxa presente.

-Eu sei bobinha – ela já falava rindo – mas por que esta de luto. Não necessariamente de luto, mas branco em você é como se fosse?

-Sua querida tia Alice aprontou novamente. Pelos tons de amarelo em você vejo que também tomou um susto com o guarda roupas. Por que para você ela da cores e eu só encontro estas coisas? – fiz um biquinho infantil segurando a barra do vestido –

-Chegou a ver o papai saindo? A senhora  ficaria chocada.

-Não vamos mais falar sobre isso. – tirei as imagens de Seth em calcas de griffe da mente- por que voltou tão cedo?

- Gabriel precisava caçar e como prometeu ir para bem longe e não causar problemas na cidade terminou a aula mais cedo.

-Fred não foi com eles?

-Fred foi caçar com Carlisle – risos – ele quis tentar o método vegetariano da família.

-O que vamos fazer agora?

-Ah filha, eu tenho que trabalhar. Me enviaram as idéias da nova coleção e eles vão usar pedras brasileiras para o verão. – apontei uma caixa grande sobre a mesinha de canto na varanda. – nunca fui ao Brasil, não consigo ter idéias coerentes com as fotos que vejo em sites.

-Se me permitir ajudar! – uma voz de sinos cortou o ar de forma doce. -

-Maninha! – Bella estava nas escadas de frente a casa e parecia que sua tarde também estava monótona –

-Alice fez uma visita a seu guarda roupa também? – apontou para o meu vestido –

-Não só ao meu, até Seth sofreu desta vez. – Bella se sentou a nossa frente em um banquinho –

-Pelo menos nas roupas intimas ela acerta.

-Luna! – dissemos em uníssono.

-Hei, eu gosto ta. Papai também gosta das suas que eu bem sei. – ela riu de forma safada e não agüentamos, tivemos que rir junto –

Bella olhava o conteúdo da caixa junto a Luna e nos contava sobre as belezas existentes na America do sul. Alem de passar a lua de mel lá, eles visitaram o local com freqüência, levaram Nessie para conhecer o local onde foi concebida e algumas outras regiões onde tinham amigos como no amazonas.

-Estas safiras são lindas. Lembro-me dos mergulhos que fazíamos em mar aberto. Próximo aos corais as águas são tão claras que se pode ver o menor detalhe entre as rochas. Estes tons de quartzo que você recebeu me lembram muito as rochas submersas.

-Estas pedras em citrino junto as ametistas e esmeraldas são idênticas aos tons do céu próximo ao por do sol. Ficamos em uma ilha no estado da Bahia, se não me engano o nome é Morro de São Paulo, uma das trilhas que podiam ser feitas ao final da tarde passavam por um forte de pedra já quase totalmente destruído, mas a visão que se tem daquele ponto em direção ao mar tiraria o fôlego de qualquer imortal. –suspiros.-

-Minha irmã, você é um gênio. Acabei de ter ótimas idéias para a nova coleção e por conta disso vou fazer um delicioso jantar para nós. E não pense que você ira escapar maninha, Luna ainda não se alimentou direito esta semana e você vai compartilhar com ela uma de minhas especialidades. – a cara de nojo de Bella foi impagável –

-Desfaz a cara de nojo tia, a especialidade da mamãe e sangue humano com ervas.

-Fico aliviada em saber querida.

Todas entramos na casa em direção a cozinha. Eu separava os ingredientes para a torta de franco e para a sobremesa enquanto aguardava o sangue doado descongelar no microondas.

-Nala? O que você coloca nisso? – apontou para o copo a sua frente –

-Tomilho. Gostou?

-É incrível. Me lembra o que comia quando humana, mas não tenho as mesmas sensações de nojo que tinha antes com as lembranças. – minha maninha lambia os lábios igual minha pequena –

-Esme odiou, mas acho que nosso gosto estranho é de família. – conversamos mais algumas horas sobre amenidades e nem percebemos que a iluminação a nossa volta diminuía. –

Mais tarde, quando Seth chegou, Bella se despediu de nós com a desculpa que estava a muito tempo longe de Edward e estava morrendo de saudades.

-Bela roupa Seth, resolveu passar no shopping?

-Oi Bellita. Eu estou muito bem, obrigada por perguntar. – o tom de deboche era claro em sua voz –

-Pelo que vejo ninguém nesta família escapou!

-Nem o seu corpete preferido. – Seth soltou um gemido sofrido enquanto largava seu corpo no sofá. Bella nos acenava segurando o riso enquanto saia da casa.-

-Não vai dar um abraço no papai filha?

-Eu...eu....

-Chega de besteira e pula logo aqui – apontou para seu corpo já com os braços abertos –

Luna correu e pulou em seus braços, parecia um bebe de tão encolhidinha que estava. As mãos de Seth desciam por suas costas carinhosamente, ate que ouvi seus dentes trincarem. No mesmo momento Luna pulou de seu colo e o olhou preocupada.

-Já vai passar filha. Eu estou bem.

- Desculpe! – os olhinhos já marejados pelo choro próximo -

-Venham meninos, o jantar esta na mesa. – coloquei o Maximo que pude de animação na voz e os tirei daquela situação constrangedora. Luna estava entendendo melhor seu poder, mas não tinha conseguido bloqueá-lo ainda.-

Não sobrou nada da torta para contar a historia, mas minha salada de tomates frescos foi negligenciada veementemente.

-Não acredito que teremos crème brûlée de sobremesa. Acordou inspirada amor?

-Como se eu nunca fizesse nada para vocês. – me levantei indo para o quarto ao mesmo tempo que dizia sobre o ombro –

-A bagunça da cozinha é um presente para vocês.

Após meia hora Seth veio ao quarto e se colocou a meu lado na cama.

-Esta cansada amor?

-Hummmm.....Nada que um bom banho de cachoeira não relaxe meus músculos.

Trocamos alguns carrinhos ainda na cama e depois seguimos para a cachoeira. Não precisávamos avisar Luna de nossa fuga, ela já sabia graças a seus sentidos aguçados. E era também por eles que só nós amávamos fora de casa ou quando Luna ficava com Carlisle e Esme.

Trocamos caricias e juras de amor sob a Lua. Nossos corpos se uniam de forma perfeita e era quase impossível desvencilhá-los. O calor emanando do corpo de Seth aumentava tamanho seu desejo e   as brisas noturnas, antes gélidas, agora aplacavam um pouco da intensidade de nossos sentidos. A mata era cúmplice de nossa felicidade, assim como a água que banhava nossos corpos.

Já próximo do amanhecer ouvimos passos conhecidos se aproximando pela terra úmida.

-Estão vestidos? – Luna estava em frente a queda de água com as mãos tapando os olhos e um sorriso enorme nos lábios –

-Pode abrir os olhos filha, estamos comportados! – rimos juntos –

Estava abraçada a Seth próximo a uma grande pedra plana, metade do nosso corpo ainda na água, o peito de Seth estava desnudo já que eu vestia sua camiseta agora totalmente encharcada.

-Quer entrar na água querida? Se ficar próxima a seu pai não sentira frio.

Luna mergulhou e veio em nossa direção. Debruçou o corpo em Seth assim como eu estava fazendo  e fechou os olinhos.

-Eu tive um sonho com os meus irmãos. – permanecemos em silencio dando espaço para que ela falasse -

-Eu os vi correndo na floresta comigo. Uma menina e um menino. – seus olhos abriram vagarosamente –

-Mamãe?

-Sim querida?

-Minha irmãzinha pode se chamar Surya?

-Porque querida?

-Edward me faz estudar um pouco de latim e mitologia, ele diz que vai me ajudar a entender o que você fala, às vezes, já que aramaico ele não entende.

-Enquanto ele me explicava o significado de algumas palavras ele me disse que Surya é o nome do deus do sol. Ele é adorado nas escrituras sagradas da índia e como a senhora adora a região e em meu sonho eu via minha irmãzinha como um raio de sol tamanho seu sorriso e alegria...

Nos abraçamos como a muito tempo não fazíamos, nós três juntos sem medo de perturbar Luna com suas inseguranças.

-É perfeito minha filha. Terei o sol e a lua em minha vida. – Seth beijou o topo de sua cabeça. Ficamos assim, juntinhos, nós cinco.


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