Maddy POV

O jardim da casa dos Sanders estava lindo. Totalmente coberto com – pelo que eu sabia – lírios orientais. O perfume das flores envolvia o local desde a entrada até o pequeno altar que foi montado para os noivos. Nesse caminho, um tapete vermelho cobria parte da grama e acima dele, sustentada por duas tiras de bambu, uma tenda branca se estendia até o lugar em que ficariam os noivos. Em cada lado do tapete, cadeiras brancas e discretas indicavam o lugar onde devíamos sentar durante a cerimônia.

Um pouco distante disso, mais perto da casa, estavam as mesas com quatro lugares, cada. Pessoas ainda trabalhavam lá, deixando tudo como a noiva queria, tentando tornar aquele dia o mais perfeito da vida dela.

SS: Meninas, vamos lá com a Mel...

MS: Mãe... Eu acho que só você devia ir lá... Você que é a madrinha, certo ?

CS: Eu acho que ela tem até razão...

SS: Tá certo... Mas comportem-se. – Nós a encaramos com as sobrancelhas levantadas e ela sorriu. Será que ela pensava que ainda tínhamos 9 anos ?! Eu, Carol e papai sentamos em três das cadeiras ali dispostas.

GG: E então... – Ele se virou pra mim, parecia hesitar. – Como... como está a sua relação com o Brian ? – Ele sabia que tínhamos terminado, mas ainda chamava o que nós tínhamos de “relação”. Carol olhou pra mim tentando não rir.

MS: Quer mesmo falar sobre isso ? – Ele deu um meio sorriso.

GG: Não. – Eu suspirei aliviada. – Mas você tem andado meio distante, então eu resolvi perguntar.

MS: Você não gosta do Brian, pai.

GG: Claro que eu gosto. – Ele sorriu forçadamente e eu ri. – Tem razão, não gosto. Mas eu amo você e quero que você seja feliz. Mesmo que seja com o Brian. – Um sorriso escapou pelos meus lábios, mas quando eu ia responder outra coisa, ou alguém, chamou minha atenção. Brian Sanders estava mais lindo do que nunca. E, como ele vinha na nossa direção, reparou meu olhar pra ele e sorriu. Metido.

BS: Olá, Sr. Grissom. – Ele ainda tinha medo do papai ? – Meninas, a Mel quer que vocês subam lá com ela. – Nos levantamos e meu pai piscou pra mim. Revirei os olhos, não acredito que ele quer mesmo fazer isso.

MS: Você até que tá bonito, sabe...

BS: E você tá linda, Madeleine. – Mesmo de costas, eu sabia que a Carol estava sorrindo. Subimos até o quarto da Mel, mas Brian não entrou, ele disse que não tinha permissão.

MS: Nossa, você tá linda ! Esse vestido é perfeito, Mel !

MT: Obrigada, meninas. Sabe, eu queria pedir uma coisa pra vocês... Vocês sabem que alguém tem que entrar comigo e também sabem que meu pai morreu, né... – Eu já via um sorriso imenso se formando no rosto da minha irmã. – Será que vocês não podiam entrar comigo ? Sabe... rapidinho ?

CS: Claro ! Com certeza ! Definitivamente !! – Eu apenas ri da Carol e assenti. Deu pra ver como a Mel ficou feliz com a notícia.

NA HORA DA CERIMÔNIA...

Na hora de entrar, todas as pessoas presentes se levantaram. Nós entramos, eu e Carol uma de cada lado da noiva, que por sinal tinha um sorriso que parecia aumentar cada vez mais. Eu fiquei feliz por ela, pelo que minha mãe nos contou, a vida dela tinha sido muito difícil e parecia que agora as coisas iam bem pra ela. É como se, finalmente, tudo tivesse se ajeitado. Quando chegamos aonde Greg estava, ele segurou na mão dela e nós fomos nos sentar.

P: Greg Sanders e Melinda Tripp, viestes aqui para celebrar o vosso Matrimônio. É de vossa livre vontade e de todo o coração que pretendeis fazê-lo?

GS e MT: Sim.

P: Vós que seguis o caminho do Matrimônio, estais decididos a amar-vos e a respeitar-vos, ao longo de toda a vossa vida?

GS e MT: Sim.

P: Estais dispostos a receber amorosamente os filhos como dom de Deus e a educá-los segundo a lei de Cristo e da sua Igreja?

GS e MT: Sim.

P: Uma vez que é vosso propósito contrair o santo Matrimônio, uni as mãos direitas e manifestai o vosso consentimento na presença de Deus e da sua Igreja.

GS: Eu Greg Sanders, recebo-te por minha esposa
a ti Melinda Tripp, e prometo ser-te fiel,
amar-te e respeitar-te,
na alegria e na tristeza,
na saúde e na doença,
todos os dias da nossa vida.

MT: Eu Melinda Tripp, recebo-te por meu esposo
a ti Greg Sanders, e prometo ser-te fiel,
amar-te e respeitar-te,
na alegria e na tristeza,
na saúde e na doença,
todos os dias da nossa vida.

P: Confirme o Senhor, benignamente, o consentimento que manifestastes perante a sua Igreja, e Se digne enriquecer-vos com a sua bênção. Não separe o homem o que Deus uniu. – Ele fez uma pausa. – Eu os declaro marido e mulher. Pode beijar a noiva. – E então eles se beijaram e todos aplaudiram.

BS: Nunca pensei que fosse te ver chorar em um casamento.

MS: Eu não sou a Carol. – Ele sorriu, levantou a mão e, com o dedo indicador, limpou algo do meu rosto. Droga ! Revirei os olhos. Ele deu um beijo onde a lágrima estava e eu fechei os olhos. Por que ele tinha quer ser tão...

CS: E aí... os pombinhos já vão parar de enrolar ? Ou eu vou ter que dar uma cupido ?

MS: Ninguém vai precisar fazer nada, Carol. – Eu afastei Brian que tinha ficado perto demais e fui em direção à mesa. Logo depois, Nate, Carol e Brian se sentaram junto comigo.

GS: E aí, meninos, gostando da festa ? – Era possível ver o quanto ele estava feliz. Eu e Carol nos levantamos e o abraçamos.

CS: Parabéns, Greg. Vocês são perfeitos juntos ! – Ela falou por nós duas. Ele agradeceu e nós sentamos de novo.

Algum tempo se passou até que, de repente, senti algo sendo colocado embaixo da minha mão esquerda, a que estava sobre a mesa. Era um guardanapo dobrado ao meio. Eu abri e estava escrito:

 “You do to me like I do to you. And I do to you like you do to me. Fighting fire with fire. ”  

Eu sabia quem tinha escrito. Brian sempre falou que essa música combinava com a gente. Peguei a caneta da mão dele, virei o guardanapo e escrevi, fazendo uma pequena modificação:

“There’s a feeling deep inside. It’s way too hard to ever push aside. It’s all that’s on our minds. I wanna give in, but I can’t this time.”

Eu entreguei o papel pra ele. Brian leu e me olhou. Eu pisquei pra ele e levantei, resolvi dar uma volta. Não conseguiria ficar mais tempo perto do Brian sem me arriscar a reatar o namoro. Levantei da mesa e fui por um caminho que dava na parte de trás da casa.

EO: Oi, Maddy... – Meu coração falhou uma batida e, somente depois de alguns segundos, consegui voltar a respirar por causa do susto.

MS: Eduardo ! – Eu o abracei. – Como entrou aqui ?

EO: Primeiro: você está linda ! – Sorri, agradecendo. – Segundo: É só uma casa, não é difícil.

MS: Mas o que você veio fazer aqui ?

EO: Eu precisava fazer uma coisa... – Ele foi se aproximando cada vez mais. Eu percebi o que ele ia fazer então, mesmo sem querer, lhe dei um tapa. Depois do meu último beijo com Brian, resolvi terminar com Matthew, não queria mais ouvir falar de relacionamentos. Ele se afastou, claro, mas seu rosto mostrava tamanha raiva que quase não o reconheci.

MS: Edu ? Edu... foi sem querer, eu... eu não queria.

EO: Não importa, Madeleine, você vem comigo !  - Ele começou a me puxar e, com a outra mão, tapou a minha boca. – Você vai pagar por ter atirado em mim, sua... – Eu não ouvia mais nada. Meu cérebro estava a mil e eu parara de lutar para me soltar. “Vai pagar por ter atirado em mim”, ele dissera. Eu sabia quem era o Beta... Ele só podia ser o Alfa ! Eduardo é o Alfa ! Não sei o que aconteceu, mas de repente a única coisa que eu via era o Brian na minha frente, tentando me fazer olhar pra ele. Pude senti-lo beijar levemente meu rosto antes de, depois de hesitar um pouco, beijar meus lábios rapidamente. E foi aí que eu acordei.

MS: Brian... – Ele sussurrou um “Graças a Deus !” e eu continuei. – Eduardo... Eduardo é o Alfa ! – Eu olhei dentro de seus olhos e ele entendeu que me salvara de alguém muito pior do que só um cara rejeitado.

Imediatamente o abracei, estava ficando cada vez mais difícil ficar longe dele. Quando nos soltamos, ele recomeçou com os beijos em meu rosto, chegando cada vez mais perto da minha boca. Eu não fiz nada para impedi-lo, queria que ele fizesse aquilo. Ele parou quando deu um último beijo bem perto dos meus lábios e se afastou.

BS: Não vai resistir ou tentar escapar ? – Ele perguntou com um meio sorriso surgindo em seus lábios.

MS: Hoje não... – Eu o puxei pela gravata e a distancia entre nós se resumia a apenas alguns milímetros. Ele parou, ficou apenas me encarando. – E aí ? Vai me beijar ou não ? – Ele sorriu e finalmente o fez. Mesmo sendo um beijo curto e rápido, pois logo o senti se afastar, foi o suficiente pra que eu me sentisse viva de novo. – Eu sinto sua falta, Brian. – Eu sussurrei, enquanto ele tentava esconder um sorriso.

BS: Eu também, Maddy. – Ele me beijou de novo, dessa vez com mais intensidade. Seus lábios nos meus me trouxeram lembranças muito boas e, quando seu braço enlaçou minha cintura, eu resolvi que estava sendo tola e que foi um completo erro terminar com ele.

NW: Então quer dizer que, quando ninguém tá olhando, vocês ficam se beijando pelos cantos ?! – Nós nos soltamos rapidamente, não era pra ninguém ter visto.

MS: Foi... – Eu tentava normalizar o ritmo da minha respiração. – Foi... Não era pra ter acontecido. – De canto de olho, vi Brian confirmar com a cabeça rapidamente.

NW: Vocês têm sorte de não ter sido a Carol.

CS: O quê que não foi a Carol ? – Ela olhou pra nós dois e eu pude perceber, pelo olhar que ela me lançou, que tinha entendido.

NW: A Carol não viu os dois se beijando. Que pena, ela ia adorar... – Ela nos lançou um olhar que era ao mesmo tempo surpreso, ameaçador e inquisitivo.

MS: Não foi nada demais, Carol. – Eu lancei um rápido olhar pra Brian. – Foi um acidente... certo ? – Mais uma vez eu o vi concordar rapidamente com a cabeça. De repente, ouvimos muitos ruídos vindos da parte da frente da casa e depois alguns gritos. De uma voz conhecida.

LP: ESSA PALHAÇADA NÃO VAI DURAR MUITO ! – Corremos até lá e encontramos Lacey fazendo o maior escândalo do mundo na frente de todos. – VOCÊS TODOS VÃO VER !  - Ela caminhava na direção do Greg enquanto falava. Já tinha parado de gritar, mas sua voz estava alta o suficiente para que, com o silêncio que se instalara, todos a ouvissem. – Eu me admiro de você, Greg. – Ele a olhava com um ódio que eu nunca pensei ver naqueles olhos. – Se casar com uma qualquer como essa.

GS: Já chega, Lacey ! – Ele agarrou o braço dela tão forte, que pude vê-la contrair o rosto de dor. – Você estragou o nosso casamento, estragou a nossa vida, separou os nossos filhos por conta de nada. Agora, o meu casamento com a Mel, você não tem o direito de arruinar.

AM: Vamos embora, Lace. – Ela se virou bruscamente, mas eu não ia deixar passar em branco. Corri até ela e puxei-a pelo mesmo braço que Greg tinha apertado. Quando ela se virou, fiz uma coisa que queria fazer a muito tempo: dei um tapa que deixaria, com toda a certeza, uma bela marca em seu rosto.

LP: Ah, mas agora você vai ver. – Ela se preparou pra me dar outro tapa, mas uma voz a deteve.

BS: Se você encostar um fio de cabelo nessa garota, você vai ter o que merece, Lacey ! – Ela o encarou, chocada com o que acabara de ouvir.

LP: Você... Brian, você sabe que eu sou sua mãe, certo ? – Ela olhava diretamente pra ele.

BS: Não, você nunca – ele destacou a palavra – foi minha mãe. – Ela se virou, ainda chocada, e recomeçou a andar. Mas parou ao chegar no portão. Então, o que eu mais temia que acontecesse, aconteceu: ela tirou uma arma que estava escondida dentro do sapato e embaixo da calça jeans e atirou. O tiro ? Direto na Mel.