- Ei.

Ouvi sua voz bem próxima de mim e virei meu rosto, mas cabisbaixa.

- Ei! Garota de trança. - Definitivamente foi comigo. Quem mais usaria tranças? Não sei.

- O-Oi. - Me virei e o fitei. - Obrigado.

- Não precisa me agradecer. - Ele pegou no meu queixo e fiquei com uma espécie de biquinho. - Você tem olhos bonitos. - Ele analizou meu rosto por um tempo e depois olhou pra mim, mas ainda segurava minha boca... Queixo, biquinho. Sei lá.

- O-Os seus também. - Olhei pro lado um pouco envergonhada, já estava sentindo minhas bochechas quentes, eu devia estar corada. Que constrangedor. - Menino... Pode por favor soltar meu rosto? Preciso sair. - Falei uma espécie de lingua desconhecida, acho que um et entenderia. Também, como vou falar direito se esse garoto tá apertando minha bochecha como se fosse minha tia-avó?

- Claro. - Soltou. - Aliás, meu nome é Sasuke. - Ele ainda me olhava fixado. - E o seu? - Ele parecia não se importar, e eu cada vez mais corada.

- Sakura. - Segurei meu caderno olhando pro lado, e cada segundo que se passava eu ficava mais constrangida.

- Nome bonito. - Ele não parava de me olhar! Chegou a ser irritante.

- Sa-su-suke. - Coloquei meu dedo na boca e fiquei timida pra perguntar, como sempre. - Porque está olhando pra mim? - Abaixei minha cabeça e esperei uma resposta.

- Sabe... - Ele colocou a mão no queixo como forma de quem ia pensar em algo brilhante. - Analisando tudo, se você mudar essas suas roupas e soltar esse cabelo, você seria a garota mais bonita da sua escola, provavelmente. - Ele deu um sorriso cativante, colocou a mão sobre a cintura e me fitou. - Você mora subindo a rua?

- Sim. - Olhei para trás. - E você? - Abaixei a cabeça e esperei uma resposta.

- Tókyo. - Ele olhou pro céu, sem finalidade alguma. - Só vim por causa do torneio de skate anual. Mas só venho nesse evento, é o principal do japão. - Ele sorriu. - Sei lá porque diabos fica nessa cidade pequena, mas fica. Então, venho todo ano.

- Entendi. - Sorri. - Preciso ir. - Virei e atravessei a rua.

- Tchau, Sakura! Te vejo no próximo ano.

Não respondi, apenas acenei sem olhar. Corri até minha casa. Cheguei em segundos, era do outro lado da rua. Ao entrar, larguei minha mochila na sala. Fui até a cozinha, e pra minha surpresa, minha prima estava lá. O que ela está fazendo aqui?