Capitulo 11.

Dois dias depois.

Acordei me sentindo cansada, nem parecia que eu havia dormido. Estava tudo doendo; cabeça, costas, pernas, tudo! Até o meu bumbum não se safou dessa.

Soltei um gemido baixo e rolei na cama, me cobrindo melhor. Não estava a fim de fazer nada hoje, lembre-me de ontem quando tio Emmett cismou em tentar me ensinar a esquiar aqui em Forks, o problema era que não tinha muita neve por aqui, ou seja, não havia um modo muito eficiente para amortecer as quedas ou as fazerem elas doerem menos e ainda por cima eu fiquei com dor de garganta durante a noite e não consegui dormir muito depois disso.

- Bom dia, dentucinha do dia! – Tio Emmett adorou saber que meu apelido é Sponge Bob, desde então ou ele me chamava de dentucinha ou era Misty.

- Ai Emmett, hoje não. Por favor, me deixa descansar! – Falei contra o travesseiro e ele deu um tapinha na minha bunda.

- Nananinanão! Deus ajuda quem cedo madruga e nós queremos um tempo com você antes das suas tias chegarem. Por que nós sabemos que ela vão te agarrar e não vão mais soltar! – Levantei a cabeça e exclamei:

- Minhas tias?!

- Chegam hoje à noite, mas você só ira conhecê-las amanhã. – Jasper entrou no quarto sorrindo e sem a ajuda dele eu fiquei animada.

- Ok, e hoje o que faremos? – Perguntei me levantando e tentei não fazer careta ao sentir minhas pernas doerem. – Nada radical pelo amor de Deus! Minha bunda não agüenta outro capote. – Completei, fazendo Emmett rir e Jasper apenas sorriu.

- Que tal ficarmos dentro de casa hoje? A manhã está fria demais para fazermos algo lá fora. – Tio Jasper comentou.

- Não! – Ouvi vovó gritar do andar de baixo. – Outra competição de videogame não! Aquela músiquinha irritante mal saiu da minha cabeça e vocês já querem enfiá-la lá de novo?! – Gargalhei com vontade e falei:

- Pensem nas possibilidades enquanto eu tomo banho. Aliás... Acho que nesse quarto só o Jasper sabe pensar. – Emmett não entendeu a piada e tio Jasper deu uma risadinha. – Mas, e você? Eu acho que você pensa.

- Eu não penso, tio. Eu ajo por instinto, depois que a caca ta feita aí eu penso no que fazer. – Falei sorrindo e Jasper balançou a cabeça revirando os olhos.

Peguei uma calça jeans bem grossa, uma blusa de mangas compridas verde-água com o Mickey e a Minnie nele, e, por cima um gorro rosa claro, e claro meu all star azul marinho para terminar.

 (Link: http://hayleyfashion.info/photos/sweaters/print2.jpg)

Passei uma maquiagem leve, só um pouquinho de lápis preto na parte inferior e gloss, nada muito ‘CHEGUEI!’

Sai do banheiro e vi Emmett deitado pela metade na cama com a cabeça para fora, fazendo o ‘sangue circular’ e Jasper estava fuçando no meu Mac Book Pro branco.

- Uou! Você toca baixo?! – Três segundos depois, antes que eu respondesse. – E piano?! E violão?!

- É... Por quê? – Fui para o seu lado da cama e ele estava fuçando nos meus vídeos.

- Você tem que tocar para agente! Edward vai adorar saber que a filhinha dele puxou ao pai! – Jasper exclamou com um sorriso enorme e eu dei um pequeno sorriso de lado quando ele comentou do meu pai. Ele falou dele como se ele estivesse no outro cômodo a poucos passos de distancia. Ele falou como se eu nunca tivesse estado fora da família por mais de dez anos e aquilo me emocionou, além de ter me dado uma saudade enorme.

- Ei, não precisa chorar. – Jasper tocou meu rosto, tirando a lágrima que rolou. – Quero ver você feliz, aliás. Por que não descemos e você toca piano para agente? – Assenti e em meio segundo eu já estava no colo do tio Emmett, que me levava escada abaixo.

Ele me sentou gentilmente no piano e se sentou no sofá quicando de expectativa.

- Manhê! A Hayley vai tocar piano para agente! – 2 segundos depois, vovó já estava sentada no sofá ao lado deles.

Respirei fundo, olhando as teclas de marfim tentando lembrar de alguma coisa e soltei o ar com determinação.

Coloquei minhas mãos em posição e toquei os primeiros acordes de Franklin.

( Link: http://www.youtube.com/watch?v=lVbDxicYNsg) [n/a: Gente, a música pro piano é muito fácil! Até eu toco.]

Me perdi em pensamentos, sem realmente prestar atenção no que estava tocando, não precisava realmente pensar para tocar a música. Eu já a conhecia de cor e salteada, me lembrei quando eu a compus. Eu tinha dez anos e um pouquinho, estávamos indo para Forks e eu fiquei muito triste por estar indo de uma casa para outra. De novo.

Para mim, minha casa era em Londres. Em Barnes, em uma casa de três andares cor de gelo com muros altos onde um enorme gramado florido se estendia até a porta da frente. A casa dos Pattinson era o que eu julgava a minha casa. Lá, eu tivera todo o tipo de experiências, sejam elas boas ou ruins. Foi lá que eu aprendi a amar e ser amada, foi lá que eu compreendi que a vida pode ser feliz. Já que em casa eu praticamente não via meu pai que estava sempre viajando, fazendo suas turnês e seus shows. Era lá que minha família morava.

Acordei de meus devaneios quando senti dois braços frios ao meu redor e uma mão estalando na frente do meu rosto. Balancei a cabeça freneticamente e retomei a consciência.

- O que eu perdi? – Falei e avistei minha avó desligar o telefone.

- Ufa, já estava ligando para Carlisle. Nunca, você ouviu? Nunca mais me de um susto desses, você entendeu? – Assenti e ela tirou os braços de tio Jazz ao meu redor e substituiu pelos dela. Em um abraço gentil e preocupado.

- Cadê o Emmett? – Murmurei.

- Saiu a pouco, Rosalie ligou e elas não podiam ouvir você tocando.

- Ah. – Foi à única coisa que eu consegui responder.

- Vou fazer seu café da manhã, vai ficar bem com Jasper?

- Claro. – Sorri e ela se encaminhou para a cozinha. Rapidamente Jasper já estava ao meu lado e falou.

- Podemos conversar, a sós?

- Claro. Vamos.

Me levantei da banqueta e Jasper colocou um braço ao meu redor e nós saímos para o quintal e fomos adentrando na floresta.

Caminhamos por alguns minutos até que ele parou.

- No que estava pensando enquanto tocava? Suas emoções oscilavam de uma forma muito estranha, parecia triste e com saudade. – Meu lábio inferior tremeu. - O que foi? Falei algo errado?

- Não, eu que sou muito emotiva. Bom... Eu estava pensando na minha antiga família... Não no Jared. Mas, em uma família muito unida que, por muitos anos eu considerei como minha. Bom, ainda considerava. Até alguns dias atrás.

- É aquela família de vampiros no norte da cidade? Pattinson, não é?

- Eles mesmos. Eu amo muito eles, eles foram tudo quando eu não tinha nada. Tecnicamente eu não tinha ninguém quando meu pai estava fora, nem mesmo os empregados. Foram eles que me ensinaram a amar, se eu nunca tivesse os conhecido... Eu seria uma completa... Não consegui terminar a frase, por que ele beijou minha testa e calou meus lábios com um dedo.

- Não vamos falar em coisas que te deixem triste ok? A única coisa que eu quero ver em seu rostinho agora é um sorriso, entendeu?

Assenti e fomos para casa, aonde eu tomei um café da manhã dos deuses antes de fazer um campeonato de xadrez com 5 tabuleiros de uma vez. Perdi algumas vezes, mas ganhei várias também... Do Emmett, claro.

Depois do almoço, nós jogamos Guitar Hero, foi muito engraçado ver Emmett tentar tocar a guitarrinha com a língua, extremamente cômico.

Ouvi meu celular tocar em algum lugar da sala e comecei a caçá-lo. Encontrei-o debaixo de uma almofada.

- Alô?

- Oi, Misty! – Kristen falou do outro lado da linha. – Fugiu de casa?

- Não, eu sempre vou voltar para te atormentar. – Falei, me sentando no sofá. – Por quê?

- Será que você pode passar aqui em casa? Nem que seja por uma hora. Eu... quero conversar com você.

- Ok, eu já vou... Me de uma meia hora. Beijo. – Desliguei sem esperar a resposta e tio Emmett me olhou, fazendo biquinho; eu já sabia que ele tinha ouvido a conversa toda.

- Gente, eu tenho casa e minha futura meia irmã quer falar comigo. Aliás, vocês têm que conversar com minhas tias, né? Amanhã provavelmente eu vou estar de volta ok? Passa rápido. – Vovó suspirou meio triste e me acompanhou até o jipe do Emmett, que me levaria em casa.

- Tchau baixinha. – Tio Jasper beijou meus cabelos e vovó me abraçou.

- Até amanhã, meu anjo.

- Afo, vocês falam como se ela estivesse indo para guerra e não fosse voltar mais, que isso! Amanhã cedinho ela vai estar aqui e todo mundo vai estar feliz. – ‘Menos Edward e Bella que ainda não sabem dela. ’ Emmett completou mentalmente e eu, sem querer ouvi em sua mente.

Fomos para casa rapidamente, já que, como percebi todos os Cullen, sem exceção, correm feito uns loucos no trânsito.

- Tchau, tio. Vemos-nos amanhã, hoje à noite eu te mando um e-mail perguntando à que horas eu vou para a sua casa. Beijos. – Beijei seu rosto e corri debaixo da chuva até a soleira da porta de casa.

Abri-a e adentrei na casa e rapidamente fui recepcionada por Kristen.

- Vamos falar lá em cima. – E saiu me puxando escada à cima para o seu quarto.

- Ok, o que quer falar? – Perguntei me sentando na sua cama, ao lado dela.

- Olha, o assunto é sério ok?

- Ok... – Falei e esperei ela começar.

- Alguma vez seu pai te falou em como ele te ‘encontrou’?

- Um amigo me entregou a eles, dizendo que tinha me encontrado em uma caçamba de lixo, estou certa? – Falei.

- Mais ou menos. É agora que eu vou te contar o que realmente aconteceu.

‘ A muito tempo atrás, 13 anos mais ou menos. Uma garotinha, um bebê entrou na vida de seu pai. O nome dela era Renesmee, e era linda. Ela fora encontrada em uma caçamba de lixo longe de onde seu pai adotivo morava, em Barnes.

Um homem, a encontrou chorando em meio ao lixo e a salvou do frio intenso de Londres. Mas, uma coisa aconteceu; ele teve uma carimbagem por ela. No momento em que ele colocou seus olhos nela, ele ficou completamente dependente dela, era como se ela fosse dona dele. Ele faria o que ela quisesse ou seria o que ela bem entendesse por toda a eternidade. Mas esse homem não era maduro o suficiente para cuidar dela, ainda. Então ele correu por quilômetros no frio intenso e chegou à casa de um amigo, e entregou seu novo ponto de luz, seu coração para que ele cuidasse dela. Jared.

A garotinha mudou de nome Hayley Nichole Williams, se não me engano. E ela cresceu. O homem que a encontrou começou a perceber que seu amor por ela estava ficando fora do controle e também percebeu que ela começou a perceber isso. Então ele tomou uma medida drástica para retardar esse amor até que ela tivesse idade o suficiente para correspondê-lo e saber o que estava fazendo. Ele arranjou uma namorada e mudou o modo em como tratava a garota. Começou a ignorá-la, insultá-la e irritá-la ao máximo que conseguia. Mesmo que isso o matasse por dentro, no momento era o melhor para os dois... Agora ele se arrepende e está começando a refazer a enorme besteira que fez. ’ – Ficou em silêncio e olhou para mim.

- Kristen, essa história é linda. Parece muito com a minha, mas o que isso tem haver com o papo sério?

- Que esse homem que te encontrou era o Robert. – Arqueei uma sobrancelha. – Hayley, fica calma. Estou te contando isso em segredo ninguém sabe o que eu estou fazendo. Eu fiz isso por que eu percebi que Robert está exagerando um pouco e seu amor por ele está diminuindo. Eu quero ver vocês dois felizes, mas, do jeito que a coisa está indo você irá parar de amá-lo. Ele te ama, Hayley. Só não sabe demonstrar, ele se esqueceu de como é te ter nos braços, como é cuidar de você, ele ficou amargurado por estar sempre ao seu lado e não poder nem ao menos beijar sua cabeça ou dizer boa noite. Se eu não estivesse tão certa disso eu não estaria te contando e muito menos ter terminado com ele ontem à tarde. – Nessa hora, várias lágrimas escorriam pelo meu rosto. Desde que eu me lembre ninguém nunca fez um sacrifício tão grande por mim, eu sabia que Kristen gostava bastante dele, não amava. Mas, gosta o suficiente para ficar com ele de um modo intimo.

Apoiei meu rosto entre meus joelhos dobrados e Kristen me abraçou.

- Ta tudo bem agora. Vocês terão um final feliz lindo, você vai ver. Ele te ama, muito.

Fiquei vários minutos chorando; ou seriam horas? Não sei. Só sei que o abraço de Kristen me lembrou a um abraço de uma irmã mais velha, era reconfortante saber que ela iria me ajudar e não piorar as coisas.

Quando me acalmei já era tarde demais para sair então fomos tomar banho eu fiz um jantar improvisado. Macarrão, molho pronto e frango frito, e até que estava bom.

- Olha baixinha, você sabe cozinhar. – Kristen falou e eu sorri.

- Eu gosto de cozinhar, é legal. – Ela fez careta e depois de lavarmos a louça fomos ver TV.

Ela colocou no Cartoon Network e estava passando Tom e Jerry, nós chegamos a chorar de rir e acabamos por dormir no sofá mesmo.

Levantei de madrugada com Kristen me chamando.

- Vem, vamos para a cama, vamos ficar todas tortas se passarmos a noite aqui. – Subimos e cada uma foi para seu quarto.

Como estava sem muito sono, entrei no MSN e lá tinha uma mensagem do Emmett.

‘Chegue aqui em casa por volta das 10:0 AM, Tio Emmett.’

Depois de alguns minutos checando meus e-mails bateu um soninho e me endireitei melhor na cama e, antes de dormir pensei na minha conversa com a Kristen e o modo amigável, dócil que ela agiu comigo e percebi que, acabei ganhando muito mais que uma meia-irmã. Eu ganhei uma amiga.

(...)