A Dona do Tempo escrita por Charlotte_adt, StephHoel


Capítulo 12
Capítulo 12




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    A semana se passou e as cartas aumentaram. Todo dia Connor ia até a casa onde nós estávamos e me entregava às cartas de Rhett, e levava minhas cartas a ele.

   Estávamos no meio da semana, e nem uma só carta chegara, continuei a escrever, mas sem resposta.

  Já estávamos aqui há um mês e nenhum de nós saiu até agora. Maxime havia saído pela primeira vez, creio para ir à cidade.

  Leonie ainda estava no quarto, eu estava sozinha na sala, quando ouvi um barulho na porta.

    Abri-a, era Connor, acho que finalmente teria resposta de Rhett.

   -Connor! Que bom vê-lo!-disse sem conseguir esconder a ansiedade.

   -Bom vê-la também, senhorita!

   -Alguma carta? Não recebo uma há dias!

   -Há uma sim! Mas tenho trazido cartas com a mesma freguência da semana passada, as entreguei para o senhor Maxime. - disse o rapaz enquanto me entregava a carta.

    -O senhor entregou cartas ao Maxime?-perguntei surpresa.

    -Sim senhorita, ele me perguntou o que fazia aqui, e lhe disse que estava ajudando a senhorita com as cartas. Ele disse que deixá-las com ele, pois as entregaria à senhorita.

    -Eram cartas do mesmo destinatário?

    -Eram sim!-afirmou o rapaz. - Oh! O que faz lembrar-me da tragédia que se abateu sobre a família dos Leferbe. A cidade toda está lamentando. Pobre senhora Louise.

    -O que aconteceu com os Leferb?-perguntei agitada.

     Meu coração pesava dentro do meu peito, como se não houvesse mais razão para ele bater.

    -A senhorita não soube? Também morando em um lugar tão afastado! O senhor Maxime deveria ter escolhido um lugar melhor para viver e...

    -O que aconteceu?- o interrompi nervosa.

    -Uma desgraça!-ele lastimou. – O único filho dos Leferb ontem a noite se matou.

      Quando Connor pronunciou as últimas palavras meu mundo desabou, cada segundo era como uma pedra em minhas costas, há cada segundo estava mais longe de Rhett.

     -Rhett. -disse em lágrimas.

     -Sim, acho que esse era o nome dele! As cartas não eram para ele, eram?

      Afirmei com a cabeça, enquanto derramava em lágrimas.

     -Oh! Desculpe-me por ser portador de tão más notícias!

     -Como aconteceu?-perguntei desolada.

     -Dizem que ele se apaixonou por uma moça, mas o amor era impossível, ele não aguentou viver longe dela e ontem a noite se enforcou em seu próprio quarto!

      Não consegui dizer nada, fiquei paralisada. Eu fui a razão de sua morte! Ele era minha vida, e, o que lhe dei em troca? A morte. Mas, por que ele se matou?

      Apressei-me para abrir sua última carta.

                  “Envio-te milhões de cartas, mas você não responde a somente uma.

                  Desculpe-me se entendi tudo errado, e confundi sua atenção com amor.

                  Desculpe-me se a importunei com minha presença, isso não mais se repetirá como pedido em sua carta.

                  Desculpe-me se lhe causei problemas, e seja feliz.

                   Meu mais sincero afeto lhe será eterno, mas prometo-lhe que não me verá mais.

                                     Rhett.”

    O que lhe fez pensar que eu não amava mais?

    O que ele quis dizer com “como pedido em sua carta”?

    Percebi que dentro do envelope havia outra carta.

    Comecei a lê-la.

   “Rhett, por favor, não me escreva mais, me esqueça.

      Irei me casar com outro rapaz, a gosto de meu pai.

      Não insista mais nesta história.

            Charlotte.”

   Eu nunca escrevi esta carta!

   No verso da carta havia algo escrito.

 “Ann, não pude ficar com esta carta, nem tive coragem de queimá-la, queime-a você.

     Se não posso tê-la em minha vida, então não terei uma. Adeus meu doce amor.”

   Quem escrevera esta carta? Eu nunca assinaria Charlotte, Rhett deveria saber disso. Apenas uma pessoa me chama de Charlotte. Maxime.

  -Maxime matou Rhett. -pensei alto.

  -Senhorita?

  -Você deu as cartas à Maxime, e ele não me entregou nenhuma! Ele descobriu que nos correspondíamos.

   Connor me olhava sem entender uma só palavra.

  -Maxime!

   Avistei Maxime chegando na carruagem. E fui a seu encontro.

  -Assassino!-gritei com todo o ódio que tinha.

   Ele não respondeu.

  -Você sabe o que você fez? Você matou o Rhett! Você foi à cidade para ver se ele já estava morto, não é?!

   Maxime descia da carruagem, enquanto eu corria a seu encontro, sem parar um minuto de chorar.

  -Você me matou!-disse um pouco mais baixou. -Eu não consigo viver sem ele!

   -Você não sabe de nada!-Maxime me puxou pelo braço em direção a casa. -Venha!

   -Eu não vou! Não vou ficar nem mais um minuto dentro desta casa com você! Eu vou para a cidade, ficar junto do Rhett!

   -O quê?! Você vai para o caixão com ele?-ele disse sarcástico.

   -Se for preciso, eu vou! Você não vale nada! Você só sabe fazer infeliz cada pessoa a sua volta!

   -O que está acontecendo?-perguntou Leonie assustada quando chegou à porta.

   -Ele matou o Rhett!-gritei.

   -Como matou?- ela perguntou assustada.

   -Ele se passou por mim, e escreveu para ele, e disse que eu não o amava!

   -E o pobre rapaz se matou!-ironizou Maxime.

    Tudo o que eu queria era poder acabar com ele, como ele fez com Rhett!

   -Nunca mais fale dele!-disse colérica.

    Corri até um pequeno galpão onde ficavam os cavalos, selei, o primeiro que vi, e me pus sobre ele.

   -Ann, aonde você vai?-perguntou Leonie

   -Eu vou para a cidade, - fiz uma pausa- Morrer com Rhett!

    -Ann volte!-insistiu Leonie, mas eu não poderia mais voltar.

    Corri o máximo que pude, mas o caminho se estendia por milhas, e milhas.

    Quanto mais tempo passava, mais longe era a cidade.

    Eu sabia de tudo o que ocorrera no passado, mas a partir de agora, não sabia de mais nada.

     O sol era forte sobre minha cabeça, mas não poderia parar.

     Cheguei à cidade no final da tarde.

     Não comia desde o café da manhã, mas não sentia nada. Não sentia fome, cansaço, apenas sentia a dor de perder meu anjo.

     Logo que cheguei à cidade fui à casa dos Blackwood.

     Bati na porta com força. E Chole a abriu.

   -Ann!-ela me abraçou. -O que aconteceu?

   -Onde está Rhett?-perguntei apressada.

   -Você soube?

   -Por favor, onde está Rhett- implorei.

   -Está na casa dos Leferb. Lá será seu funeral.

   -Onde é a casa?-perguntei perturbada.

   -É perto da praça, mas...

    Corri pela cidade antes que Chole terminasse sua frase. Graças aos céus, a casa dos Leferb era perto da casa dos Blackwood.

   Bati na porta implorando para que a abrissem logo.

   Uma mulher, não muito velha abriu a porta.

   -Senhorita?

   -Eu, eu - não conseguia completar a frase. -Eu vim para o funeral. -a palavra me cortou a garganta.

   -Venha. -chamou a mulher, e eu a acompanhei.

     Não prestei a mínima atenção na casa, somente conseguia pensar em Rhett.

    -Chamarei a senhora. -disse a mulher em referência a senhora Louise.

     Chegamos a uma sala grande, onde não havia muitas pessoas, e no centro...

     Andei apressadamente em direção a ele.

     Meu anjo repousava tão belo em um caixão branco. Seu rosto era triste e pálido.

     Pus-me em lágrimas novamente, enquanto o beijava.

     Permaneci ali por alguns minutos, até que uma mulher me chamou.

   -Senhorita?

    Não tinha forças para olhar quem era. Levantei-me vagarosamente e a olhei sem conseguir vê-la.

   -A senhorita está bem?-perguntou carinhosamente a mulher, que tinha lágrimas nos olhos também.

    Não consegui respondê-la, e continuei olhando fixamente para seu rosto.

  -Venha minha querida, sente-se aqui. -pediu-me a mulher.

  -Não posso. -sussurrei.

  -Qual é o seu nome?-perguntou ela.

  -Ann - respondi.

  -Charlotte Ann?-perguntou a mulher como se já me conhecesse.

  -Por favor, somente Ann.

   Charlotte me faz lembrar Maxime, e tudo o que ele fez, fiquei um pouco atordoada.

   -A senhora?

   -Sou Louise. Mãe do Rhett. - ela terminou a frase chorando. -Meu filho te amava tanto! Obrigada por fazê-lo feliz!-confessou-me ela, segurando minha mão.

   -Eu o amo mais que tudo. Mas meu pai o matou!

   -Não querida, Rhett...-ela não conseguiu terminar.

   -Maxime disse que eu iria me casar, e Rhett se matou por mim!

   -Querida, não se culpe. Ninguém tem culpa.

   -Eu tenho! Se eu não existisse...

   -Rhett também não existiria. Ele só tinha vida quando estava ao seu lado.

    Um homem a interrompeu.

   -Está tudo bem?

   -Sim, esta é Ann. -ela apontou para mim.

   -Ann? Oh! Que bom que veio, Rhett precisava muito de você. Sou Rhiss, pai dele. -disse o homem aliviado.

    Não consegui olhá-lo.

  -Querido, vamos deixá-la a sós. -falou Louise.

  -Claro. – concordou Rhiss.

   Louise beijou minha testa.

   A sala agora estava vazia, apenas eu e Rhett.

  -Rhett, por favor!

   Beijei-o, seus lábios estavam gélidos, todo o sabor vívido de seu beijo estava esgotado, fora arrancado de si, como sua vida.

  -Meu anjo, como pôde deixar-me aqui, sozinha?

   O abracei fortemente, quando percebi que ainda usava o colar que a cigana nos dera.

   Ela disse que iríamos precisar, por que não nos ajuda agora?!

   Abri meu colar, e o colar de Rhett.

   Por fora eram exatamente iguais, mas por dentro se encaixavam perfeitamente.

   Tirei o colar do meu pescoço, e os encaixei.

   Fechei os olhos e como uma tola implorei para de algum jeito funcionar.


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