-Ai!-reclamei.

 -Calma Ann, estou quase acabando. - disse Leonie enquanto me ajudava a colocar o vestido.

   Eu finalmente estava se arrumando para o 1º baile da minha vida.

   Eu estava muito nervosa, afinal não saia muito de casa, nem conhecia muita gente.
  Meu pai, Maxime, é muito rigoroso, ele acha que meu lugar é em casa.

   Acho que ele é assim por causa de seu pai. Sua família sempre fora muito rica e severa, seu pai, um dono de fazendas, era um homem rude, que nunca tinha tempo para a família, apenas trabalhava. Acumulou muito dinheiro, mas o perdeu quase todo quando decidiu comprar mais uma fazenda e o antigo dono desapareceu com todo o dinheiro. Ele ficou tão infeliz que colocou fogo na casa, apenas Maxime sobreviveu, e foi acolhido pela família de seu melhor amigo. Maxime nunca perdoou seu pai, e acho que nunca vai perdoar.

    Minha mãe, Leonie, é uma mulher comum do século XVIII. É submissa às vontades de Maxime. Sua família não era tão rica quanto à de Maxime, mas tinha alguma reserva de dinheiro guardada, que ficou toda para ela quando seu pai, sua mãe, e suas duas irmãs morreram.
   Ela apenas se importa em ter uma imagem de uma família feliz. Mas não era assim. Nossa vida não poderia ser pior, bem, pelo menos a minha. Nossa casa parecia uma prisão, principalmente para Leonie, ela obedece a tudo que Maxime diz, sua vida é a vida dele. Mas eu não me deixava levar por eles, um dia finalmente estaria livre. E esse baile seria o 1º passo.

   Eu tenho ideias diferentes, do que uma boa moça, filha e esposa devem ter. Eu não quero me casar. Não quero viver para sempre à sombra do meu marido. Não quero ser mais uma Leonie.

    Eu estava usando todas as coisas que uma mulher deveria usar em um baile: espartilho, meias até o joelho, sapatos que acabam com o pé em 1 hora, e meu vestido era rosa e florido. Ah! Odeio isso!

  -Ann, se apresse. Vamos nos atrasar - gritou Leonie, do andar debaixo.

  -Já estou indo!

   Desci as escadas depressa, estava louca para finalmente poder sair um pouco do domínio de meus pais. Foi difícil convencê-los de que estava na hora de sair e conhecer algumas pessoas, e as pessoas me conhecerem, já estava com 17 anos, e ficava dia e noite trancada dentro dessa casa ajudando Leonie.

   -Você está linda querida! - disse Leonie.

   -Obrigada.

   -Vamos, todos devem estar nos esperando. - disse Maxime.

   Eu gostava de morar em Londres, das ruas de pedras, iluminadas por velas vacilantes pelo vento constante. As casas eram apertadas umas contra as outras, e as ruas estreitas. Mas o que mais me irritava em Londres eram as nuvens carregadas, cada londrino parecia ter uma própria, pela quantidade que pairava no Céu.

   O que mais gostava de fazer era olhar toda a cidade, sobre as muitas pontes que habitam a cidade.