Crazy escrita por Guardian


Capítulo 29
Epílogo


Notas iniciais do capítulo

E enfim... Chegamos ao último capítulo.
Quero que vocês leiam logo esse capítulo, que acabou se tornando um dos meus favoritos, então por favor leiam as notas finais (que ficaram monstruosas O___O).
Narrado pelo L



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 "Alexandre Caezar Ferdinand Corliss.

 Entre outras acusações, a de sequestro, tortura e ato de pedofilia o trouxeram até aqui nesta data, sendo julgado e condenado à pena de morte pelo Excelentíssimo Juiz O’Conners.

 A execução se dará no dia 12 de Novembro, às 10 horas em ponto, por meio do usual método de injeção letal.

 O senhor possui direito a um último desejo, estando na situação irreversível do corredor da morte que está, e fica avisado que esse pode ou não vir a ser realizado, dependendo de sua natureza".


 - E então, algum último pedido? – perguntei após ler formalmente o que estava escrito na folha que segurava frouxamente entre os dedos.

 - Ora, é uma honra que seja você a estar aqui comigo agora – ele falou com uma tranquilidade impertubável, cruzando os braços atrás da cabeça e os apoiando na parede na qual a cama em que estava sentado encostava.

 Ele havia sido preso, estava naquela cela há dias, estava machucado, iria morrer no dia seguinte, e mesmo assim permanecia calmo.

 Aquele homem me intrigava.

 Parecia não sentir os ferimentos dos tiros que o acertaram. Parecia não ligar para a situação em que estava. Parecia até mesmo se divertir com tudo aquilo. Por quê? Está certo que pelo passado que ele teve, esse tipo de atitude não era algo totalmente inesperado, mas...

 - Eu fiz questão de vir – falei olhando diretamente em seus olhos, encontrando aquele verde tão estranho me encarando de volta.

 - Diga-me... Como era mesmo? Ryuzaki? – ele sorriu – Diga-me, como eles estão?

 Seria esperado que uma enorme onda de ódio me dominasse com essa pergunta que parecia clamar por isso, mas apesar dela ter vindo, eu a consegui conter. Não valia a pena. Aquele homem iria morrer em pouco tempo, isso era certeza, e deixar meu ódio por ele dominar minha razão era completamente desnecessário. E nem um pouco profissional também.

 O que aquilo iria causar? Apenas uma fonte de divertimento para ele.

 Então não, obrigado.

 - Posso considerar a resposta para esta pergunta como seu último desejo?

 Ele riu.

 E assim como o sorriso e a calma, aquela risada parecia genuína. Como pode existir alguém assim?

 - Não, não, claro que não. Estava apenas curioso, não precisa responder se não quiser.

 Levantou lentamente da cama e andou até as grades da cela, de modo a ficar frente a frente comigo. Apoiou ambas as mãos ali e ficou em silêncio por um longo tempo, sem desviar os olhos dos meus.

 Eu sustentei o olhar e também permaneci no mais absoluto silêncio, apenas esperando.

 - Essa injeção letal... – ele finalmente quebrou a quietude, mas não o contato visual –  É com isso que vão me executar, certo?

 - Sim.

 Os cantos de seus lábios esticaram-se ainda mais, revelando a fileira de bracos dentes contrastantes com o ambiente escurecido que nos envolvia.

 - Então, se você puder ouvir meu último desejo...

~x~

 9h50

 Estava quase na hora.

 Eu estava de pé em frente ao extenso espelho de duas faces, semelhante ao usado em salas de interrogatório pela polícia, observando a sala branca circular do outro lado, por enquanto vazia.

 Antes de vir para a prisão ontem, eu acabei passando no hospital para ver como meus pupilos estavam. Fui primeiro no quarto do Matt, mas ele não estava lá. Depois fui para o do Mello, e quem estava lá deitado na cama não era o loiro, e sim o ruivo. Estranho. Só restava o de Near então. E foi lá que os encontrei.

 Acredito que nenhum deles me notou lá, e isso acabou sendo algo bom. Eu não queria atrapalhar aquele momento único, de jeito nenhum. Eu nunca imaginei que chegaria o dia que Mello se desculparia, agradeceria à Near por livre e espontânea vontade, e a surpresa foi tanta, que após abrir devagar a porta do quarto e ouvir aquelas palavras, eu ainda fiquei lá um pouco, digerando o que ouvia. Era difícil.

 E agora aqui estava eu.

 Claro que o tempo das coisas estava errado, mas eu providenciei para que tudo acontecesse mais rápido do que seria normalmente.

 A essa hora os três deviam estar saindo do hospital e voltando para o orfanato. Não era para eles receberem alta ainda, mas eu os conhecia. Eles com certeza se recuperariam melhor na Wammy’s do que na ala pediátrica cheia de enfermeiras zelosas de um hospital.

 E também, uma sentença dessas ser dada assim tão rápido era algo extraordinário, sem dúvida. Mas era melhor não perder tempo, então... O que um nome influente não faz, certo?

 A porta da sala do lado oposto do espelho abriu-se, e por ela entraram o “carrasco” - não simpatizo muito com este termo, admito – e dois guardas trazendo Alex Corliss, devidamente algemado.

 Ainda não acredito no que ele pediu...

 O fizeram sentar na única cadeira que ali havia, retiraram-lhe as algemas e prenderam seus braços nas que haviam presas nos braços da própria cadeira. Os guardas postaram-se ao lado da porta e o carrasco começou a mexer em uma bandeja próxima ao prisioneiro.

 Aquele método de execução havia sido criado para que o condenado não sentisse dor na hora da morte, como a bondade de um pouco de misericórdia com ele nos últimos momentos, e era composta por três substâncias químicas ministradas separadamente.

 Tiopentano de sódio, para induzir o coma.

 Brometo de pancurônio, responsável pela parasilação do diafragma e dos pulmões.

 Cloreto de potássio, causando a parada cardíaca.

 Era um método eficiente e indolor.

 Ainda assim...

- Então, se você puder ouvir meu último desejo...

 - É para isso que estou aqui.

 Alguns pediam coisas absolutamente comuns, como um jantar de qualidade ou uma visita da família, mas eu duvidava que esse homem fosse um deles. Claro que mesmo sabendo disso, eu não estava preparado para o que ele falou a seguir.

 - Se não me engano, essa injeção é feita em três partes, certo? Para evitar a dor? – não era uma pergunta exatamente, e sim uma afirmação para introduzir o que ele desejava falar – Pois bem, eu não as quero.

 - Como?

 - É a última que mata mesmo, não é? Que para o coração. Eu não preciso das outras duas, essa já basta.

 Ele tinha noção do que estava pedindo?!

 - Você quer sentir dor? – perguntei, orgulhoso de mim mesmo por conseguir conter a nota de incredualidade que estava prestes a se formar em minha voz, agora mais do nunca sem desviar os olhos dos dele. Não havia nenhum resquício de hesitação ali.

 - Eu não ligo para a dor – ele deu de ombros – É a única certeza de que eu estou vivo. E também, se não estou errado, eu estarei usando uma venda na hora, não é mesmo? Sei que com isso estarei fazendo dois pedidos, mas eu quero olhar nos olhos do meu executor na hora. Eu quero ver quem me matou.

 Eu não sabia o que dizer. Se L intervisse, com certeza seria fácil tornar aqueles pedidos realidade, mas...

 - E então? Pode realizar isso?


 Ele queria sentir a dor. Ele queria sentir que estava vivo. Mesmo sabendo que logo depois não estaria mais. Não era uma forma de auto-punição, nem uma amostra de masoquismo doentio. Pelo menos não em sua essência.

“Eu não quero morrer no tédio”.

 Eu entendia, mas não chegava a compreender realmente.

 Eu observava a cena à minha frente sem desviar a atenção por um mísero segundo que fosse. O sorriso do homem na cadeira não sumia, e continuou lá até que a injeção foi enfim apilcada.

 Não deixei passar que o carrasco pareceu hesitar por um instante ao encontrar os vivos e intensos olhos verdes o encarando. Não duvidaria se ele passava dias lembrando daqueles olhos após hoje.

 Mesmo na face de dor e agonia que dominou o rosto jovem ao ter o cloreto de potássio agindo em seu corpo, a sombra daquele sorriso não sumiu. Estava na memória, e demoraria a desaparecer.

 E então o coração de Alex Corliss bateu pela última vez.


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Notas finais do capítulo

Eu não sou muito boa agradecendo, e eu sinceramente não sei como demonstrar o quanto seus reviews, recomendações, opiniões, ameaças (rs), me fizeram feliz.
Essa fic começou tão pequena... No primeiro rascunho dela, era para ter no máximo 10 ou 11 capítulos, e olha só agora! Terminando no 29! Eu me diverti muito escrevendo-a e estou orgulhosa dela. E tudo graças à vocês, meus leitores maravilhosos. Poderia citar muitos nomes, mas acho que essa nota já vai ficar absurdamente grande sem isso. Alguns pararam na metade, outros acompanharam até aqui, muitos foram se revelando no decorrer dos capítulos, e cada review me incentivou a continuar e sentir a satisfação de ter o meu trabalho apreciado.
Desculpem-me pelas demoras, pelos reviews sem resposta, e por qualquer outra coisa que eu não lembre agora.
E por terem chegado até aqui, lido, comentado, odiando o Alex, ficando feliz pelos MM's e triste pelo Near, MUITO OBRIGADA!
~x~x~x~
Vishi, esse agradecimento acabou ficando muito sério, né? O_____O (-q)
Mas enfim.
Agora, se vocês tiverem paciência de continuar lendo essa nota monstra, eu gostaria de dizer só mais uma coisa.
Haverá continuação sim (*O*), eu vou tentar começá-la logo, e quando eu postar, avisarei a todos que comentaram neste último capítulo. Perceberam que este não teve qualquer relação com o outro? Então, os objetos que o trio encontrou e quem os deixou lá, já que o Alex está morto, é o que dará a brecha para a outra história ~
E quanto ao nome dele que aparece na primeira linha, não é de minha autoria. Minha melhor amiga leu essa fic (quase me matou...) e começou a escrever uma que conta o passado do Alex, então o nome foi ela quem criou (quem lê Tempos de Guerra sabe como ela escreve bem *¬*). Quando ela postar eu posso avisá-los também.
Então é isso. Novamente, muito obrigada, e espero vê-os de novo na continuação *-----*