Crazy escrita por Guardian


Capítulo 27
Inacreditável


Notas iniciais do capítulo

Pois é, gente... Próximo capítulo será o penúltimo da fic...



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– O que disse, Mello? – eu precisei perguntar, eu precisava conferir se eu realmente tinha ouvido certo. Era difícil de acreditar, considerando quem era na minha frente.

– Eu disse... Obrigado, Near – parecia que não era exatamente fácil para ele dizer aquilo, mas eu podia perceber pelas suas mãos que não paravam quietas e por seus olhos que pareciam recusar-se a encontrar os meus, de que era sincero – E... Desculpe.

Deu pra entender por que eu achava aquilo surpreendente demais para ser verdade?

Ele estava agradecendo. Ele estava pedindo desculpas.

O Mello.

Agradecendo e se desculpando pelo quê, eu não fazia ideia. Ou talvez fizesse e no momento estava surpreso demais para associar. Mas não importa.

Continuava sendo o Mello ali.




Pelo que parecia Matt não tinha dormido quase nada nesses últimos dias, e isso junto com o estado que as diversas ataduras pelo seus corpo escondiam apenas intensificava ainda mais o ódio que eu sentia por aquele doente. Eu chegava a desejar que ele tivesse conseguido fugir do L e viesse atrás de mim uma vez mais, só para desta vez eu poder fazer algo mais do que apenas quebrar uma cadeira na cabeça dele.

Claro que logo que esse pensamento nada saudável atravessava minha mente, eu tratava de me livrar dele o mais rápido que conseguia. Um, porque a diferença de força e tudo o mais não mudaria em nada. Mas nós dois estávamos machucados, acho que ele mais do que eu, então talvez... Ah, talvez nada. Posso ser orgulhoso, mas não sou burro. Dois, porque se ele conseguisse fugir, com certeza não viria só atrás de mim. E nem ferrando que ele chegaria perto do Matt e do Near de novo! E três, porque é impossível alguém fugir depois que o L o pega. Simples.

Mas enfim. Matt parecia exausto, e assim que nós... Conversamos no meu quarto sobre aquelas coisas, ele acabou adormecendo ali mesmo. Primeiro eu pensei que ele tinha desmaiado, mas não, estava só dormindo mesmo.

Deitei ele direito na minha cama, com certa dificuldade para mover minha perna machucada, o cobri, peguei um par de muletas que tinham deixado ao lado da cama, “caso eu precisasse”, e saí do quarto. Por quê? Porque eu tinha que falar com Near.

...

Nunca pensei que algum dia iria procurar ele apenas para isso.

Mas eu sentia que era o certo a se fazer, só isso.

Com sorte a enfermeira chata voltaria só daqui uma hora como sempre, e eu não levaria uma bronca por sair andando por aí sem avisar.



– Eu... Eh... – chegava a ser engraçado o modo atrapalhado que ele tentava falar o que quer que fosse que veio falar. Mello, assim que entrou no meu quarto (o que me surpreendeu muito), deixou as muletas que o mantinham em pé ao lado da grande poltrona ao perto da cama, a mesmíssima que Matt ocupava há pouco tempo, e sentou lá.

Será que Matt já tinha ido falar com ele?

Do jeito que Mello estava, ele parecia saber o que dizer, mas não como dizer, então eu tentei dar uma ajuda. De certa forma eu sabia que ele não iria ter nenhum dos seus ataques súbitos de mau-humor, então estava tudo bem. Não me perguntem como, mas eu sabia.

– Mello, primeiro, pelo que você está agradecendo?

Ele ainda não me encarava.

– Por... Near, você empurrou o Matt, você derrubou nós dois... Naquela hora. Por isso você acabou... – ele olhou pelo canto do olho para o local onde eu tinha sido atingido -... Obrigado.

Eu não sabia o que dizer.

Apenas fiquei olhando para ele, surpreso, impressionado, e com algo tentando chamar atenção dentro do meu peito. Duvido que minha expressão seja a mesma de sempre. Vai demorar um pouco para eu conseguir montar de novo a minha face desprovida de emoção, e até lá... Não tem jeito.




Eu sabia, eu tinha plena consciência, de que se não fosse por ele, Matt, e eu também provavelmente, não estaríamos vivos. E para minha surpresa, eu não estava tendo nenhuma dificuldade em aceitar isso.

Vamos acabar logo com isso.

Pela primeira vez desde que entrei ali, levantei o olhar e encarei diretamente os olhos escuros do pirralho, que ao contrário do que eu esperava, não se mostravam intransponíveis como de costume. Agora eram apenas... Olhos. Mostravam o que ele sentia, trabalho esse que eu só os tinha feito fazer uma vez antes. E não em um momento muito agradável.

– E... Desculpe, Near – se eu algum dia pensei que diria essas palavras justo para ele? Se hesitou em dar a resposta, então você obviamente não me conhece o suficiente – Eu não... Queria que você tivesse se machucado.

Nem eu mesmo entendia, mas eu meio que me sentia culpado por ele estar aqui. Eu não entendo. E pela expressão que ele fez, ele tampouco.

Era estranho, mas acho que não dá pra passar por isso tudo odiando alguém que também estava lá, certo? Quero dizer, alguém que não seja aquele pedófilo do inferno.



Sinto que estou sendo repetitivo, mas... Eu ouvi certo?

Era isso o que chamavam de efeitos colaterais pós experiências de quase morte? Sério mesmo?

Não consegui desviar o olhar dele nem quando pensei ter ouvido um barulho próximo à porta. Deve ter sido minha imaginação.

De alguma forma consegui encontrar minha voz, mas eu sinceramente não sabia o que falar. Que não precisava de nada disso? Que era estranho ele desse jeito? Que eu queria saber se as coisas mudariam a partir de agora? Porque eu não queria que mudasse. Eu tenho medo de mudanças. Quando ele chegava destruindo minhas construções, ameaçando me bater, gritando por eu não demonstrar nada, eu não fingia. Eu realmente não me importava, não ficava nem bravo nem chateado com aquilo tudo. Já tinha me acostumado, e não queria que mudasse.

Porque era isso que eu gostava no Mello. O jeito como ele sempre era... Ele mesmo. Sem se segurar, deixando claro quando estava irritado, animado, preocupado.

Ele não precisava mudar.

Por isso não consegui segurar um sorriso mínimo quando ele falou.




– Mas não pense que alguma coisa vai mudar, viu pirralho?! – levantei aos tropeços da poltrona que, caramba, era confortável! Peguei de volta as muletas de metal e me apoiei nelas, pronto para sair dali – Foi só dessa vez, ouviu bem? – era melhor que ele não se acostumasse - Eu ainda vou ultrapassar você.

E dito isso como final, fui devagar até a porta.

Hum? Eu não tinha fechado ela?

Ah, dane-se.



Continuava sendo o Mello, no fim das contas.



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Notas finais do capítulo

O Mello não podia depois disso tudo, ficar sem falar algo para o Near, certo? xD
Gente, um ANO NOVO MARAVILHOSO para todos vocês, que muitas coisas boas aconteçam nele *--------*
Até o ano que vem! ^o^/ -q