Não demorou para o monitor voltar para Matt.

 O ruivo se retraiu um pouco quando Alex se aproximou dele.

 - Pelo seu olhar eu posso dizer que você ainda está se peguntando " por que ele está fazendo isso?", "por que eu?", "onde estão Mello e Near?" - ele passou um dedo frio pela bochecha de Matt, por sobre o corte que tinah feito, limpando o sangue - Acertei?

 Matt apenas continuou encarando-o com medo. O que mais podia fazer?

 - Mello e Near estão em um quarto por aqui, e estão bem. Eu estou fazendo isso porque eu gostei deles e... - enfiou a unha no corte, fazendo-o arder e voltar a sangrar - Por que eu não gostei de você.

 Se afastou logo em seguida e foi até a única mesa que havia no quarto, pegando algo que inicialmente Matt não pôde ver o que era.

 - Eu disse para você tomar cuidado, não disse?

 - Hmmmmmm - Matt tentou gritar desesperadamente ao identificar o que Alex tinha em mãos. Ele não ia... 

 - Não precisa se preocupar, eu só farei isso com você. Mello e Near não precisam sofrer - foi o que ele disse antes de aproximar aquela chama quente do antebraço de Matt. 

 Ardia muito.

 O gemido de Matt ficou contido pela mordaça.

 Alex manteve o maçarico ali, com a chama encostando na pele do antebraço direito de Matt, até que uma dolorosa queimadura se formasse no local.

 Para quem acha que aquela bolha que é formada ao se encostar a pele em uma superfície quente já é suficientemente dolorosa, não sabe como é quando se aproxima o o fogo diretamente.

 A diferença é grande demais. Nem mesmo a bolha é formada.

 Depois de formada a pequena queimadura, do tamanho de uma moeda, Alex se afastou e sentou na cama sem falar nada.

 Apenas ficou olhando e sorrindo para Matt.

 Aquele sorriso que assustava mais do que palavras.

 Droga, ele tinha que se soltar de algum jeito!

 Vai saber o que aquele louco estava fazendo com Matt naquele exato momento?!

 Há quanto tempo estavam ali? Era difícil dizer, sua noção naquele lugar estava afetada, mas de uma coisa tinha certeza: fazia um bom tempo desde que o monitor os foi ver. Horas talvez?

 E durante todo o tempo Mello tentava soltar as mãos daquelas algemas, mesmo que tudo o que estivesse conseguindo fosse machucar seus pulsos. Se tivesse algo que pudesse servir de lubrificante talvez conseguisse passar as mãos...

 Olhava para o lado de vez em quando, e quando seus olhos finalmente se acostumaram com a ausência de luz, podia ver como Near estava assustado com aquilo tudo.

 Era a primeira vez que o via sem aquela máscara de indiferença. Era a primeira vez que via algo a mais em seus olhos.

 Medo. Era o que via ali. Medo.

 Tentava, tentava desesperadamente manter a calma e a lógica.

 Mas não estava conseguindo. Na verdade, não chegava nem perto de conseguir.

 Sempre se preocupou em se manter distante, em agir como um observador. Claro que algumas vezes não dava muito certo, especificamente quando havia certa dupla de amigos envolvida. Mas agora...

 As palavras de Corliss não saíam de sua cabeça. Não fazia idéia de como iriam sair desta situação.

 O que será que L faria?...

 Se sobressaltou ao ouvir um grito.

 Aquele grito... Era Matt?

 Silêncio.

 Foi um único grito, mas com certeza era Matt.

 Near procurou os olhos de Mello e eles se encararam por um momento, compartilhando o medo do que aquele grito podia significar.