A Imaginação de Um Romancista escrita por Chibi Midori


Capítulo 1
Crise Criativa


Notas iniciais do capítulo

Tive essa ideia boba logo que acabei de ler o terceiro volume de gravitation Já vi o anime todo, mas ainda tenho que encontrar os mangás. Lembrem de que eu fiz pra me divertir, não me responsabilizo se estiver ruim =P Peço perdão por qualquer erro e imploro que deixem suas críticas e - talvez - elogios. Vão estar ajudando uma autora a melhorar Essa é minha primeira fic de gravitation e... Essa nota está ficando longa demais @.@ Boa leitura!



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Não é necessário muito para levar Shuichi às lágrimas, assim como não exige muito esforço da minha parte deixá-lo completamente feliz. Pessoas bobas e sinceras como ele são incrivelmente fáceis de lidar... Não... Estou usando eufemismos desnecessários. Shuichi não é apenas bobo e sincero, é um idiota infantil. Tão difícil de lidar quanto uma criança. Foi para que me deixasse em paz que resolvi satisfazê-lo do seu jeito infantil: Aproveitei o seu dia de folga depois de intensas semanas de gravação para levá-lo à um passeio.

Também o fazia para ter uma desculpa. Aquela editora enjoada não poderia me cobrar o livro que já estava atrasado caso não me encontrasse em casa e ela certamente não iria me procurar num parque. Não era o meu tipo de lugar, mas Shuichi estava simplesmente maravilhado por poder ver as folhas de sakura caindo, pendurado no meu braço como um carrapato. 

Geez... Esse moleque faz com que eu me sinta seu pai e não seu namorado. 

Não parava de falar em nenhum instante e apontava outros casais que passeavam pelo lugar, barraquinhas de algodão doce, crianças que corriam soltas, tudo pelo que eu não me interessava. Apesar de tudo, não podia deixar de dar um sorriso mínimo frente à sua alegria excessiva. Irritante, eu sei. Mas kawaii de certo modo.

Não passavam das três da tarde quando ela apareceu. Estávamos andando a exatos dez minutos quando sua aguda e infantil voz soou:

- Shindou Shuichi-kun?

Ao me virar, deparei-me com a protagonista de um romance que eu devia escrever. A garota podia ter saído diretamente de Orgulho e Preconceito, com um toque da obra de Lewis Carrol... Uma versão japonesa de Alice. Seus cabelos sedosos tinham um reflexo castanho. Os grandes olhos da mesma tonalidade do cabelo brilhavam insistentemente. Sua pele parecia ter sido esculpida na mais fina e macia porcelana. Seu corpo em nada perdia para o rosto angelical, também. Usava um vestido rodado verde claro que destacava com leveza suas curvas sinuosas. Meu olhar recaiu em seu decote e pude definí-la em duas palavras: Bem. Dotada.

- N-Nanako-chan?! - Shuichi exclamou, incerto.

- SHU-CHAN!

A imagem de princesa foi completamente estragada quando a garota veio corrndo na nossa direção, destrambelhada, e pulou diretamente no pescoço de Shuichi, derrubando-o. Sem floreios, descrevo a cena: Shuichi caiu de bunda com uma garota bonita demais para existir em cima dele. Perdão, o que está acontecendo?

- Ah, desculpe, Shu-chan. Você está bem? - perguntou a garota e continuou sem esperar uma resposta:- Sou desastrada, não queria machucá-lo, mas precisava abraçá-lo logo que o vi! Há quanto tempo, Shu-chan!

 - Nanako-chan, você cresceu! - Shuichi a ajudou a levantar - Não nos vemos há... 3 anos?

- Você também cresceu! Sugoi, está mais alto que eu agora! Aaah mas ainda é fofinho, gosto de apertar você, Shu-chan.

Tossi discretamente. Shuichi pareceu lembrar da minha presença então. Shuichi esqueceu... de mim?!

- Aah Yuki! - abriu um sorriso - Está é Hiramaki Nanako, era minha amiga na escola, mas foi estudar no exterior antes de concluir o ensino médio. Nanako-chan, este é Yuki Eiri , meu...

- Yuki Eiri ? - repetiu Nanako, interrompendo Shuichi - Eu já ouvi esse nome em algum lugar... Ou seria Mizuki Erin , aquela cantora? Yuki... Yuki... Eiri... Eli...

- Ele é escritor, Nanako-chan.

- OOH! - Nanako cobriu a boca com as mãos ao gritar - Você deve ser o autor daqueles romances mela-cueca que minha nee-chan gosta de ler! Você deve ser muito bom e inteligente, ou minha nee-chan não leria. Ela gosta de coisas inteligentes.

Perdão... Isso foi um elogio? Olhei irritado para Shuichi. Ele sorriu bobamente como se estivesse se desculpando.

- Nanako-chan é otaku. - disse, como se isso explicasse tudo - Ela não costuma ler nada que não tenha figuras.

- Verdade, muitas palavras me deixam confusa. - ela concordou, animada. - Tive muita dificuldade para encontrar algo legal para se ler no país para onde fui. Eles também não tem casas de karaokê naquela cidade. Se chama Brasil.

- Que nome estranho. - Shuichi comentou - B... Bu-ra-zi-ru.

- Kyaaa! Shu-chan é tão fofo - berrou Nanako com os olhos brilhando - Eu estou feliz por tê-lo encontrado, Shu-chan. Que coincidencia legal. Aah! Shu-chan, vá a uma casa de karaokê comigo! Vou embora amanhã e não cantei karaokê ainda. 

Talvez seja impressão minha... Mas me sinto levemente deslocado nessa conversa. E sim, estou sendo sarcástico. Nanako começou a falar sobre como a vida era frustante sem karaokê enquanto corria ao redor de Shuichi. Já me disseram que o pirralho tem uma força semelhante à gravidade... Mas ter uma lua girando a seu redor já é ridículo. Mas não tão ridículo quanto Nanako tropeçando nas próprias sapatilhas de verniz e caindo de cara no chão.

Cheguei a ficar preocupado quando ela levantou com um filete de sangue escorrendo pelo canto da boca. Shuichi, por outro lado, não deu atenção ao fato, o que me leva a crer que quedas e ferimentos eram naturais na vida daquela garota. Confirmei minha suspeita ao examinar suas pernas bem torneadas... E extremamente feridas. Um dos joelhos tinha dois curativos. 

- Ah! Eu adoraria... - Shuichi se interrompeu - Yuki! Vamos, por favor!

- Ouvir suas músicas estranhas? Não, obrigado.

- Yuki, não seja mal. - implorou Shuichi - Nanako-chan era minha melhor amiga, tanto quanto Hiro. Preciso passar algum tempo com ela.

A ideia de ficar trancado numa sala apertada com Shuichi e sua amiga estranha enquanto os dois cantavam suas músicas modernas e de letra pobre me deixou apavorado. Mas talvez eu pudesse dispensar os dois... Voltar para casa, ter um pouco de paz para variar. Escrever o final do livro sem Shuichi falando ao meu lado e me tirando dos meus personagens.

- Shuichi, va passar o dia com a sua amiga. - sugeri. 

- Eh? Yuki... - Shuichi me olhou, surpreso.

- Eu preciso mesmo escrever um pouco, então é bom que você tenha algo para fazer.

- Vamos, Shu-chan! - insitiu Nanako - Por favor, não quero ir embora sem relembrar os velhos tempos. Oooh nostalgia! Idade que não voltará jamais! Minha juventude perdida! - dramatizou.

- Yuki, eu prometo não chegar tarde em casa! - gritou animado - Vamos, Nana-chan! 

Sem nenhum motivo específico, registrei o apelido carinhoso. Nana-chan, huh? E ela o chama de Shu-chan. Observei os dois darem as mãos e se afastarem correndo, como duas crianças. Yare, yare... Como esperado de uma amiga de Shuichi... Por outro lado, a única pessoa tão idiota quanto Shuichi é Ryuichi, e este sabe agir seriamente. Às vezes, quando está no palco. Shuichi não parece ter capacidade para tanto. 

Aquela garota se parecia tanto com uma boneca de porcelana ou no mínimo com uma personagem de romance épico que era difícil imaginá-la como uma semelhante de Shuichi.

 Meu caminho de volta para casa foi interrompido pelo sinal. Aproveitei para tirar um cigarro - o ultimo do maço - e acendê-lo. Com as mãos enfiadas nos bolsos, voltei a pensar na estranha amiga de Shuichi... Nanako. Como uma garota tão bonita e delicada poderia ter desenvolvido uma personalidade tão diferente? Contato excessivo com idiotas? Pancada na cabeça?

Atravessei a rua tentanto ter alguma ideia para o livro. Não caminhei muito e logo estava na porta de casa. Ou talvez... Shuichi comentou algo sobre ela ser otaku. Esses pirralhos tem alguns fetiches estranhos. Talvez ela acredite estar sendo kawaii agindo daquela maneira infantil. Só pode ser isso.


Nanako olha Shuichi pelo canto do olho. Quem diria que seu grande amigo de escola e por quem nutrira uma paixão platônica se tornaria.. Gay. Shuichi acabara de confessar seu verdadeiro relacionamento com o escritor. Que desperdício. Shuichi é bonito demais para ficar com homens. Reencontrá-lo depois de tanto tempo é uma oportunidade e tanto, então não deve ser desperdiçada. Nanako ouve tudo o que o rapaz diz com um sorriso bobo no rosto, pronta para por seu plano em prática.

Conhece seus pontos fortes. Se Shuichi está mesmo com aquele escritor há tanto tempo, deve estar com saudades de uma mulher de verdade... Afinal o cantor já havia namorado garotas. 

Num gesto natural, Nanako entrelaça os dedos das mãos e estica os braços, deixando em evidência o decote e os seios fartos. Boceja e observa a reação causada pelo canto do olho. Shuichi cora, definitivamente está olhando.

- Shu-chan, foi mesmo muito bom termos nos reencontrado, verdade? - pergunta sorrindo com doçura.

- Eh? - Shuichi pisca com força - Ah. Sim, sim. Muito bom, Nana-chan. 

Cobrindo a boca com a mão, Nanako ri da falta de jeito do amigo. Acelera levemente o passo, tomando a dianteira. Logo que seu rosto fica fora do campo de visão de Shuichi, o riso pueril transforma-se num sorriso safado. Aquilo era o seu jogo preferido. Ela ia se divertir.


Mas que... Isto definitivamente não tem nada a ver com meu livro. E esse tipo de mulher não existe na vida real. Tenho passado tempo demais mergulhado em dramas cheios de clichês e pouco inteligentes. Me senti tão idiota por ter imaginado esse tipo de bobagem que me atrapalhei com a chave ao abrir a porta. Não era correto me preocupar com algo assim. Era uma sorte ter essa garota para ocupar Shuichi enquanto eu podia escrever de uma vez por todas o estúpido romance que devia àquela mulher enjoada. Entregar o livro concluído e ficar em paz.

Ou tão em paz quanto alguém mora com Shuichi pode ficar. 

Deixei o notebook em cima da mesa do escritório e fui até a cozinha preparar uma xícara de café. Perdi tempo na cozinha, mexendo em algumas coisas no armário e anotando mentalmente o que precisava comprar. Mandar Shuichi fazer as compras estava fora de questão, pois, como o bom bebê de dezoito anos que era, ele sempre trazia coisas desnecessárias para casa.  Com o cigarro na boca enquanto ligava a cafeteira, não pude deixar de pensar em todas as diferenças entre mim, Shuichi e sua amiga boba. Não era tão mais velho que eles, contudo tinha uma alma velha, parecia ser mais velho e ainda era mais inteligente. Agradeço aos céus pela ultima diferença.

Apaguei o cigarro no cinzeiro que estava em cima da mesa quando o aroma de café recém-feito já havia se espalhado pela cozinha. Voltei para o escritório a passos preguiçosos, soprando fumaça da xícara e coçando a cabeça. Ah, a imagem de um romancista velho e decrépito. Em nada combinava com a minha aparência. Tão deprimente que chegava a ser clichê. Seria eu um personagem clichê? 

Perguntei-me vagamente o que em mim teria atraído o amor tão intenso de Shuichi. Alguém tão irritantemente feliz não deveria ser atraído por uma pessoa feliz? Como romancista, nunca gostei de física e acredito que opostos atraídos limitam-se a ímãs. Pessoas infantis e felizes deveriam se apaixonar por pessoas infantis e felizes. Pelos seus iguais.

Nanako abre um sorriso gigante ao ver a casa de karaokê. Seus olhos brilham de excitação e ela mal pode conter os pulinhos frenéticos. Havia tanto tempo desde que estivera num lugar como aquele que não podia evitar a nostalgia... E, quando nostálgica, a tendência de Nanako era ficar hiperativa. 

- Shu-chan, posso cantar primeiro? - pede enquanto Shuichi examina a lista de músicas - Soube que você é um cantor profissional, posso ficar com vergonha de cantar depois de você...

- Fique a vontade, Nana-chan. - Shuichi sorri.

Tão kawaii... Nanako com seus grandes olhos brilhantes parece um anjo ao pegar o microfone e escolher uma música. Os olhos do rapaz se arregalaram ao ouvir. Era sua música preferida do Nittle Grasper! Será possível? Além de linda, doce e engraçada... Ela ainda tem um bom gosto musical? Uma pessoa pode ser mais perfeita?

Conclui que sim quando os primeiros versos são cantados pela voz suave. Um pássaro invejaria a melodia daquela voz. Nenhuma outra cantora no japão poderia ter um timbre tão doce. Impossível. Quando a música termina, Shuichi está boquiaberto.

- Nanako-chan! Cante outra, por favor! - pede, animado.

- Ah... Estou com vergonha, Shu-chan. - adoravelmente, as faces colorem-se de rosa.

- Por favor, Nanako-chan. - insiste Shuichi, montando sua melhor expressão de cachorrinho sem dono - Você é muito boa.

- Bem... Está bem. - ela sorri, exatamente como um anjo o faria - Mas só por que é o Shu-chan que está pedindo.

- Vamos, Nanako-chan! - grita Shuichi quando a nova música começou - L-O-V-E! Lovely! Nanako! L-O-V-E! Lovely! Kawaii!


Impossível... Com aquela voz aguda, Nanako não conseguiria cantar uma nota. E tampouco deve gostar das mesmas bandas que Shuichi, seria coincidencia demais. Mesmo sendo os dois amigos de longa data, não podem ter tanto em comum. A tela do notebook ficou escura depois de tanto tempo sem que nada fosse digitado. Tomei alguns goles do café e recostei-me na cadeira. Se não tomasse cuidado, cairia de costas com a cadeira, a xícara de café fervendo e, dependendo da minha sorte, o notebook também. Mais uma hora se arrastou enquanto meu cérebro re-imaginava de várias formas Nanako e Shuichi escolhendo músicas, uma mais inverossímil que aoutra. 

Por que me incomodo em pensar nisso, me pergunto outra vez? É natural que Shuichi se sinta a vontade ao encontrar alguém no seu nível de inteligência. Deve ser exasperante estar o tempo todo cercado de pessoas que sempre sabem mais do que você. Isso não devia me incomodar. 

Percebi que tinha divagado o tempo todo e não escrito nada. O notebook continuava aberto sobre a mesa. O meu café já estava pela metade e o livro estava exatamente do mesmo jeito que da ultima vez que eu o tinha aberto. Apesar de imaginar Shuichi e sua amiga em tantas situações sem graça e sem o menor sentido, nada de interessante me vinha a mente para o romance que estava escrevendo. Então era isso que chamavam de bloqueio criativo? Era a primeira vez que tinha um, apesar de estar sempre adiando a entrega dos livros para o ultimo minuto. O motivo era descaso e não falta de ideias.

Maldito moleque... Me atrapalha mesmo quando não está em casa.

Perdi a noção do tempo. O resto do meu café ficou gelado e tudo o que fiz foi balançar na cadeira, para frente e para trás, fitando o teto. Não bastava ter uma imagem deprimente, eu tinha de agir patéticamente também... O que seria de mim se não tivesse uma boa aparência, com todo esse ânimo? O clima dentro de casa não era agradável e a tarde prometia arrastar-se de forma completamente monótona.

O sol está prestes a se por quando Shuichi e Nanako resolvem que é hora de voltar para casa. Para a sorte de ambos, a casa de Yuki fica no caminho do hotel de Nanako e os dois podiam desfrutar mais ainda da companhia um do outro. Shuichi larga numa lixeira a embalagem vazia do milk shake que haviam dividido.O sorriso sereno no rosto de Nanako é encantador. 

Pela primeira vez, o coração do cantor não dispara de alegria ao parar na frente da casa de Yuki. Queria afastá-la, queria passar algum tempo a mais com Nanako, sua melhor amiga. Como podia ter sobrevivido tanto tempo longe dela?

- Então é aqui que você mora, Shu-chan.- Não pode deixar de reparar que o sorriso dela diminui ao notar que a despedida está próxima.

- Nanako-chan... Você vai me ligar? Não quero perder o contato com você outra vez. 

- Sh... Shuichi-kun!

Nanako cede ao impulso que a domina desde a casa de karaokê e atira-se nos braços do amigo. Shuichi a recebe melhor do que ela esperava, aninhando-a junto ao peito e enterrando o rosto nos cabelos macios. Nanako exala um perfume gostoso... Como café. É tão bom, tão confortável tê-la ali em seus braços.

- Shu-chan... Pode me dar uma coisa? - ela pede aos sussurros

- Não nos veremos outra vez por algum tempo... Gostaria de levar uma lembrança sua. 

- O que quiser... Nana-chan. - sussurra Shuichi, de modo quase sensual.

Sem mais hesitações, Nanako põe-se na ponta dos pés delicados e cola os lábios nos dele. Foi maravilhosamente correspondida e logo Shuichi está pedindo passagem com a língua. O beijo aprofunda-se, não há espaço para uma única agulha entre os dois. Não querem se separar.


É isso, preciso muito de um cigarro. 

Ficar tanto tempo em casa sem nem um pouco de tabaco não me fez bem. Olhar para a tela do notebook com as luzes apagadas também não ajudou, afinal o sol já está se pondo. É verdade que fumei mais cedo, mas a tentativa falha de criar algo sem a companhia de um cigarro gerou um surto de histórias idiotas sobre uma Nanako inexistente e um Shuichi mais inexistente ainda.

Como se houvesse a menor possibilidade de um pirralho bobo como aquele ser seduzido por uma garota ou abraçá-la daquele jeito bem na frente da minha casa.Calcei os sapatos e enfiei a carteira dentro do bolso.

Tive esperanças de que o mercadinho da esquina ainda estivesse aberto.Desta vez não tive problemas com a fechadura, mas a cena com a qual me deparei ao abrir a porta me fez ficar paralisado: Exatamente como e havia imaginado alguns minutos atrás, Shuichi e Nanako estavam abraçados, tão grudados que não havia espaço para uma única agulha entre os dois. 

- Shuichi-kun! - exclamou Nanako apertando o rosto no pescoço de Shuichi.

- Nana-chan... - Shuchi murmurou, enterrando o rosto nos cabelos castanhos.

-Poderia me dar uma coisa? Vamos ficar sem nos ver por muito tempo, então gostaria de ter uma lembrança sua!

- O que quiser, Nana-chan.

Seria possível... ? Tudo o que e imaginei? Não era um delírio então? Teria acontecido de verdade? Eu estava... Com ciúmes daquele moleque infernal!?

- Shu-chan... ME DÊ UM AUTÓGRAFO!

... Eh? 

Os dois se separaram e Nanako já sacava um caderninho e uma caneta de dentro da bolsa. Estendeu os dois para Shuichi com uma expressão tão séria que qualquer um pensaria que ela estava pedindo-o que assinasse um documento importantíssimo. 

- Logo você será famoso em todo o mundo, Shu-chan, você canta muito bem! - Nanako fez um bico - Então não terá mais tempo para mim e eu poderei dizer a todos que conheço o famoso legendário fabuloso e DIVO Shindo Shuichi-sama! - completou cheia de orgulho.

Decididamente... Tudo o que eu imaginei aconteceu, mas de um modo totalmente diferente do que eu havia pensado. Apesar de tudo, estou muito longe de entender a cabeça dos idiotas. Com um suspiro, escondi o rosto com a mão. Mesmo sem compreender os idiotas, não podia negar que estava agindo como um. Depois de tudo, perdi até a vontade de fumar.

- Yukiiiiiiii!

 Logo Shuichi vinha correndo na minha direção com os braços abertos. Ele parecia tanto com um cachorrinho que eu quase podia ver seu rabinho abanando. Nanako já virava a esquina sorrindo e acenando para nós dois com um sorriso infantil no rosto. Ela andava aos pulos.

- Como foi sua tarde? Sentiu minha falta? Nee... Yuki, Yuu~ki? 

- Entre de uma vez, moleque. - ordenei lutando para desalojá-lo no meu corpo. - Saia de cima de mim. E vá tomar um banho, você está suado.

- Hmm... Você é tão mal, Yuki. - choramingou. - Neee! Então tome banho comigo!

Maldito moleque pervertido. Por outro lado... Os cigarros podiam esperar. Eu ainda não tinha nenhuma ideia para o livro então não estava sendo realmente negligente. Tecnicamente falando.

- Está bem, Shuichi-kun. Entre de uma vez.

Como sempre acontecia quando eu o tratava com um pouco mais de carinho, ele derreteu-se por inteiro. Passei a mão por sua cabeça e entrei novamente em casa junto dele, fechando a porta atrás de mim. O simples fato de tê-lo chamado pelo nome, o deixou com os olhos brilhando. Ele é idiota, verdade. Mas depois de tudo, é o MEU idiota. 


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado