Selene escrita por Tamires Vasconcelos


Capítulo 36
Uma deusa outra vez


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem por eu sofri com esse capitulo, eu o escreve ONZE vezes, isso mesmo eu contei, foram ONZE jeitos diferentes de escrever esse capitulo, mas no final acho que ficou bom kkkkk.



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Durante a noite tive sonhos horríveis, praticamente todos envolviam um mesmo lobo, um grosso pelo acinzentado e olhos castanhos que sempre me fitavam da mesma forma, como se estivesse feliz em me ver ou talvez triste. Seu feroz rosnado e uma posição de ataque sempre me acordavam com uma respiração ofegante. 

Era bem cedo quando desisti de dormir e fiquei sentada na cama apenas enrolando uma mecha do meu cabelo. Como se minha mão tivesse vida própria eu peguei um caderno de desenho e comecei a desenhar o estranho lobo. 

Depois de desenhar uma quinze vezes o mesmo desenho, escutei meu celular tocar.

- Oi - Eu atendi um pouco desanimada.

- Oi. Você estava dormindo?

Notei que era a voz de Cameron e como se ele fosse um antídoto para minhas frustrações abri um largo sorriso.

- Não, já acordei faz algum tempo.

- E está muito ocupada hoje?

- Não. Porque a pergunta?

- Porque eu estava pensando em te ocupar.

- Como?

- Isso mesmo vou te pegar daqui á meia-hora e não se esqueça de um biquíni.

- Como?

Repeti o que fez ele rir.

- Você está pretendendo nadar? - Perguntei com um pouco de medo da resposta.

- Vou te ensinar a nadar.

- Não acho que isso seja uma boa idéia.

Cameron pigarreou.

- Não se preocupe prometo que não vou deixar você se afogar. Deixei você se afogar quando caiu na piscina?

Lembrei-me da festa de Clhoe e quando o garoto me jogou na piscina.

- Tudo bem.

Concordei um pouco desanimada com a idéia, então acrescentei mais uma frase para parecer mais animada.

- Já que você promete.

Na minha mente imaginei aquele sorriso perfeito.

- Legal, então até mais.

- Até mais.

Levantei da cama animada e fui procurar o biquíni que Lauren havia me emprestado na festa do lago eu quase o joguei fora naquele mesmo dia, nunca achei que fosse usar outra vez. 

Tomei um banho gelado e por baixo de um vestido branco com pequenas flores azuis coloquei o biquíni, por ultimo calcei meu tênis All Star.

Cameron chegou logo depois que terminei de me arrumar como se ele tivesse cronometrado tudo.

- Esta preparada? - Ele perguntou enquanto eu caminhava em passos largos em sua direção.

Ele usava uma bermuda jeans com tênis e uma camiseta azul marinho que realçava bem seu bíceps.

- Não mesmo - Respondi rindo.

Ele me recebeu com um abraço longo e apertado, gostei daquilo, antes de me soltar me deu um beijo na bochecha.

- Senti sua falta - Ele disse.

- Nós nos vimos ontem - Eu disse sorrindo.

Ele deu mais um beijo em minha bochecha então entrou no carro.

Cameron dirigiu calmo de vez em quando soltava a mão da marcha e segurava minha mão. Eu podia sentir que ficava um pouco vermelha e cada vez que ele notava apertava um pouco minha mão.

Quando chegamos ao lago Cameron foi até o porta-malas e tirou algumas toalhas de lá assim como duas cadeiras de praia.

- Você planejou tudo - Eu disse enquanto sem sucesso tentava ajudá-lo com as cadeiras.

Ele sorriu e pegou uma cadeira que estava em minhas mãos.

- Não precisa carregar.

Cameron colocou as cadeiras lado a lado e sentei-me em uma enquanto ele tirava sua camisa e seus tênis. Antes de pular no lado ele olhou para mim e piscou.

- Vem entra - Ele disse fazendo um sinal.

Olhei para o lago e parecia fundo e medonho, mas ao mesmo tempo magnífico na forma como pequenos raios de sol iluminavam a aguá azul.

Tirei meu vestido e meus sapatos ficando apenas de biquíni, Cameron pigarreou um pouco enquanto eu me sentava na margem.

- É gelada - Eu disse balançando meus pés na água.

Cameron veio até mim e inesperadamente segurou na minha cintura me puxou para aguá. Ele ria enquanto me segurava junto ao seu corpo.

- Não faz isso de novo - Eu ainda tentava recuperar minha respiração ofegante.

- Não precisa ficar com medo.

Ele girou um pouco na aguá.

- Não é tão ruim assim - Ele disse tentando me convencer.

Cameron me levou para o outro lado do lago, com uma mão em minha cintura ele parecia me carregar facilmente.

- Aqui é melhor para você é mais raso.

Ele olhou para mim esperando que me desgrudasse de seus ombros.

- Pode por o pé no chão.

Estiquei meus pés procurando o chão, mas ainda assim estava segurando nos ombros de Cameron. Assim que encontrei o soltei, a aguá estava apenas um pouco abaixo do meu pescoço e tentei não me desesperar quanto a isso.

Fiquei apenas ali para olhando para ele, pude ver que Cameron queria rir.

- Isso não tem graça, você me assustou.

Ele assentiu ainda reprimindo um sorriso.

- Quer ter suas primeiras aulas de natação agora?

Cameron pegou um pouco de aguá e molhou meus cabelos.

- Quero aprender a boiar.

Ele me olhou confuso.

- A boiar?

- Isso, eu acho legal.

- Tudo bem. Então, primeiro respire fundo.

Respirei fundo.

- Agora relaxe bem o corpo e deite na água.

Cameron empurrou meu ombro de leve em direção a água enquanto ia explicando, eu me deitei na água assim como ele me disse. Cameron estava com uma mão em minha nuca e a outra nas minhas costas depois de alguns minutos desse dessa maneira ele retirou suas mãos me deixando sozinha.

Fechei os olhos e a sensação de estar na água era boa, mas ao mesmo tempo desconfortantes imagens daquele mostro marinho do qual me queria como sacrifício me vieram a mente então afundei. 

Cameron pegou meu braço e me puxou de volta. Ele tirou mechas dos cabelos que estavam em meu rosto.

- Você está bem?

Eu apenas fiz um sinal de estava tudo bem.

- Você tem mesmo medo - Ele disse praticamente para ele mesmo.

Cameron me analisou, talvez estivesse dizendo aquilo pela expressão do meu rosto.

- Eu tento outra vez - Eu disse tossindo um pouco de água.

- Acho melhor pararmos por aqui.

Cameron disse me ajudando a ir até a margem. Quando saímos do lago ele me entregou uma toalha para me secar, coloquei meu vestido e meus tênis. Ele também se secou mais continuou apenas com a bermuda, continuava sem camisa exibindo seus músculos o que me fazia ficar um pouco desconfortável.

Sente-me em umas das cadeiras e Cameron fez o mesmo.

- Você tem mesmo medo daquele monstro não é? - Ele me perguntou.

- Tenho eu quase morri.

- Quantas vezes você quase morreu?

Sua pergunta era séria mais ao mesmo tempo engraçada.

- Muitas. Mas essa foi à pior.

Ele colocou uma mecha do meu cabelo para trás e passou seu dedo pela cicatriz em meu rosto que eu tinha ganhado na luta contra Bóreas.

- Você nunca mais vai precisar quase morrer.

 Ele se inclinou para me beijar.

- Ai estão vocês - Disse uma voz feminina.

Cameron e eu nos afastamos no mesmo momento e olhamos para trás. Circe e Apolo estavam vindo para nossa direção, Circe vestia um longo vestido preto com uma manga longa de renda e seus longos cabelos castanhos estavam soltos ao vento. Apolo usava calça jeans pretas com botas coturno e uma camiseta também preta.

 Cameron se levantou e logo em seguida me ajudou a levantar, observei Circe e Apolo por trás de seus largos ombros já com uma mão em meu braço ele me mantinha para trás.

- O que vocês querem? - Ele perguntou.

De repente como um flash imagens do meu sonho me vieram à mente, foi tão forte que dei alguns passos para trás.

- Não - Eu sussurrei apenas.

- Você sabe o que acontece agora, não é? - Disse Apolo.

- Você não vai fazer isso.

- Você não pode me impedir e se tentar vai ter que te matar e matar se namoradinho.

Apolo soltou uma risada sinistra e então pela primeira vez vi um arco em suas mãos e em suas costas um tubo onde se guardam flechas.

- Nem pense encostar um dedo nela!

Cameron avançou furioso e com um só movimento Apolo sacou uma flecha e o acertou no peito.

- Cameron! - Gritei e corri em sua direção.

 Antes mesmo que pudesse chegar até ele Circe segurou em meu pescoço e me levantou do chão com um sorriso maquiavélico. Suas longas unhas negras me arranhavam de alguma forma fiquei fraca e sem energia suficiente para protestar.

- Onde você pensa que vai? 

Ela olhou o colar com um pingente de cavalo que Cameron me dera e o arrancou do meu pescoço com um só movimento.

- Acho que isso é meu.

Suas unhas apertaram tanto em meu pescoço que podia sentir o sangue escorrendo por minha clavícula, era como se suas longas unhas pretas penetrassem em minha pele e jogasse veneno em meu corpo. Ela sussurrou alguma coisa e por fim me jogou no chão.

Fiquei deitada imóvel, virei meu rosto e encontrei Cameron inconsciente. 

- Cameron - Sussurrei, mas no momento até falar doía.

Então meu pesadelo começou.

- O sol está quase no seu pico, temos que ir rápido - Disse Circe levantando as mãos para o alto.

Ela caminhou em passos largos até Cameron e fez um corte em sua mão e coletou seu sangue, colocando em um pequeno recipiente de vidro.

- Apenas isso faltava - Ela disse enquanto caminhava até Apolo.

Pegou um tipo de uma grande taça medieval e sussurrava alguma coisa cada vez que colocava um objeto dentro da taça, no total foram quatro incluindo um saco de couro, logo em seguida pegou o sangue e pingou três gotas.

Ela levantou as mãos para o alto e começou a falar em uma língua que nem mesmo eu conhecia.

O sol pareceu ficar mais quente e a brilhar mais, então um raio dourado atingiu o chão envolvendo Apolo. O brilho dourado o fez flutuar apenas alguns centímetros do chão, e logo em seguida ele caiu graciosamente, vestido como um deus grego, em sua mão direita agora portava um arco dourado. Ele parecia estar mais musculoso e alto, com um ar maior de superioridade.

Circe sorriu com o resultado então foi até Cameron e abaixou ao seu lago e sussurrou em seu ouvido.

- Vamos ficar juntos agora.

Não sei como foi possível eu ter escutado aquele sussurro, mas escutei. Minhas pálpebras ficaram pesadas e finalmente as fechei.

Na minha mente eu podia ver minha ilha, a muralha de bronze que a protegiam e em seu centro um palácio de mármore branco, podia sentir o cheiro das arvores e dos cavalos de vento, eles corriam tão rápido que pareciam flutuar.

A presença da ilha ficou tão forte que me sentia cada vez mais viva. Eu sabia o que estava acontecendo, estava me tornado uma deusa novamente. 

Respirei fundo e abri meus olhos eu podia sentir cada partícula de vento em minha volta, como se fossem parte de mim. Quando me recuperei levantei do chão, Circe e Apolo olharam confusos para mim.

- O que está acontecendo você deveria estar morta! - Circe gritou furiosa.

- Sinto muito não atender as suas expectativas - Olhei para Cameron que continuava descordado no chão, mas a flecha já não estava mais ali.

Então desviei meu olhar a Apolo.

- Você o matou! - Gritei furiosa fazendo com que o vento se agitasse a minha volta.

- Eu não o matei ele apenas está desacordado.

Olhei para ele de cima a baixo.

- O que você fez?

Apolo sorriu.

- O que você acha que eu fiz? Tornei-me o que eu realmente era.

Eu o continuei encarando então ele continuou.

- Você acha que só você foi punida? Zeus me tornou humano e me jogou na terra como se eu fosse nada. 

- Então ser acorrentada em uma rocha enquanto um enorme mostro quer te comer não é nada também - Eu disse ironicamente.

Apolo me olhou sério antes de responder rudemente.

- Você odiava os humanos tanto quanto e queria o poder tanto quanto eu.

- Você disse bem, eu queria, não quero mais e não os odeio mais.

Ele jogou a cabeça para trás dando uma gargalhada.

- Eu estou desde aquele dia como um humano

- Todo esse tempo? - Perguntei.

Ele sorriu.

- Nem mesmo você aguentaria. Faz quanto tempo que você está assim? Três meses talvez quatro.

Eu não disse nada apenas continuei a encará-lo, Apolo deu alguns passos para frente e continuou a falar.

- Então encontrei Circe há alguns anos e ele me ajudou.

- Qual é o preço?

Eu perguntei alternando os olhos entre Circe e Apolo.

- O que? - Apolo perguntou.

- Acha que eu sou idiota, ela deve ter cobrado alguma coisa para te ajudar.

Os dois riram, mas foi Circe que respondeu.

- O meu preço foi ele - Ela apontou para Cameron.

- Cameron? Isso é impossível.

- Não, não é

- È é sim, Apolo não pode te dar uma pessoa, ele não pode fazer isso - Olhei para Apolo - Você não tem poder para fazer isso.

Apolo deu mais alguns passos em minha direção.

- Na verdade eu posso sim. Cameron me pertence.

Olhei confusa para ele praticamente pedindo uma explicação.

- Como assim?

- Ele é meu filho.

De inicio não acreditei naquelas palavras, mas eu podia ver em seus olhos que elas eram realmente verdadeiras.

- Não ele não é!

- Sinto muito Selene, mas ele é sim.

- Eu vi o pai dele eu o conheci - Eu protestei praticamente para mim mesma, tentando me convencer daquilo.

 - Aquele não era o verdadeiro pai dele - Sua voz era calma - Cameron é um semideus.

Olhei para Cameron e em seguida para Apolo ainda tentando processar tudo aquilo.

- Foi por isso precisei do sangue dele para me tornar um deus outra vez.

Apolo deu alguns passos em direção a Cameron fitando-o.

- Vocês dois era os únicos que faltavam, e o engraçado é que você se apaixonou logo por ele. O que mostra que você ainda tem uma ligação comigo.

Vi Circe revirar os olhos com seu comentário.

- Você está mentindo, eles são proibidos não existem mais!

Circe deu alguns passos em minha direção sua voz era calma e sinistra.

- È por isso mesmo que estes semideuses são tão importantes, eles são muito raros existem apenas alguns no mundo.

- Mas que eu saiba eles não são de tanta... Serventia como antes, não nascem com poderes nem nada pra que você ia quere-lo?

- Não têm serventia para vocês deuses ignorantes que só os vêem como instrumentos mortais. Você imagina como seria um lobo semideus na minha lista?

Circe tinha como um hobby transformar homens em animais, principalmente lobos. Semideuses eram mais fortes, por isso ficavam como guardiões do seu castelo.

- Você vai transformá-lo em um cachorro? - Disse totalmente indignada.

- Cachorro não lobo.

- Tanto faz, eu não vou deixar você fazer isso!

- A decisão não é sua Selene - Disse Apolo sua voz continuava calma.

Olhei furiosa para ele.

- A decisão é minha sim! Ele é meu namorado!

- Ele não ama você! Eu amava.

- Você nunca me amou. Deixou-me para morrer.

Ele me olhou nos olhos e eu podia ver que as lembranças se passavam em sua mente.

- Você me traiu - Senti um frio na espinha com sua voz rouca e calma.

Circe levantou as mãos para o alto.

- Tantos anos e você ainda estão brigando por causa disso.

Ela foi em direção ao Cameron e acariciou seu rosto, passando suas longas unhas pretas sobre suas têmporas.

- Não! - Gritei.

Tentei correr em sua direção, mas no mesmo momento uma flecha com a ponta em chamas passou rente ao meu peito e parou na cachoeira fazendo-a explodir e milhares de pedras colidirem com a água.

Olhei para Apolo que estava preparando outra flecha, dessa vez fiz um escudo de vento ao meu redor, o escudo não anulou o poder da flecha apenas o reduziu, quando ela o acertou fui jogada alguns centímetros para trás.

- Minha vez - Disse me levantando.

Comecei a fazer círculos com a mãos, formou-se um pequeno furacão em volta de minhas mãos, então joguei com toda a minha força uma rajada de vento em sua direção logo em seguida o fiz ficar no centro de um furacão consigo mante-lo apenas por alguns segundos raios dourados destruíram o furação e Apolo caiu intacto no chão.

Minha espada de repente caiu no chão, eu a peguei e com uma agilidade incrível corri até Apolo. Ele se defendeu da minha primeira investida com uma lança feita de energia solar.

Começamos a lutar, Apolo era mais alto e mais forte que eu, mas não mais rápido o que dava vantagem em desviar de seus ataques. Apolo começou a brilhar e fiquei por um pouco desorientada ele aproveitou e cortou minha perna, gritei de dor e a senti queimar e adormecer então cai no chão.

- Não precisa lutar comigo você pode se juntar a mim - Disse Apolo estendendo sua mão.

- Nunca mais.

Sorri e então cortei sua mão com minha espada. Nunca fui muito boa com as espadas e o brilho que Apolo emitia estava cada vez mais forte o que me impedia de ve-lo claramente. Ele tentou acertar meu peito com sua espada, mas consegui me defender com a minha seu brilho se densificou ainda mais e tive que cobrir meus olhos com a palma da mão. Dei alguns passos para trás não conseguindo enxergar muito bem.

Com os olhos fechados ergui os braços e uma forte ventania começou a se formar ao nosso redor, com apenas um sobro consegui projetar uma nevoa densa.

Abri meus olhos, agora eu podia enxergá-lo muito bem, ver através de uma forte névoa era fácil para mim. Apolo estava desorientado, mas ainda emitia sua luz ela não me atrapalhava por isso consegui atingi-lo varias vezes. Apolo então inesperadamente começou a cantar, comecei a ficar confusa e não sabia mais o que eu estava fazendo via tudo ao meu redor girar, ajoelhei e coloquei a mão sobre a cabeça tentando me concentrar.

- Agora chega! - Gritou Apolo.

E ergueu sua lança para o alto, um jato de luz solar desceu até ele e começou a formar uma bolha de energia ao seu redor. Quando finalmente atingiu seu auge ele a lançou sobre mim. Com um pouco de força erguia mão em minha frente e consegui outra vez fazer escudo de vento. Fui jogada com uma força enorme para trás bati nas pedras da cachoeira e cai no lago.

Afundei no mesmo instante, tentei subir na superfície, mas não consegui me debatia de toda forma. Ficar sem ar não era o problema eu poderia segurar o fôlego durante horas, o problema mesmo é que meu medo fazia com que eu não conseguisse me concentrar o bastante para tentar subir até a superfície.

De repente senti alguém me segurar e me levar para a margem.

- Você está bem? Você esta bem? - Disse uma voz masculina.

Minha cabeça ainda estava um pouco confusa e mesmo com os olhos fechados senti o mundo em minha volta girar, respirei fundo e finalmente quando consegui voltar à realidade abri os olhos. 

Zelo estava a minha frente, seus cabelos loiros estavam molhados e pingavam em meu rosto. Levantei-me imediatamente e olhei em volta não havia nada, Apolo, Circe e Cameron não estavam ali, encontrei apenas alguns vestígios da minha breve luta com Apolo.

- Eles foram embora assim que cheguei - Disse Zelo em tom de desculpa.

- Cameron - Sussurrei.

Zelo colocou a mão em meu ombro.

- Eu sinto muito.

Eu assenti sabia que Zelo fez o possível para me ajudar e tenho certeza que se estivesse aqui também teria me ajudado. Ele segurou meus ombros e me girou com delicadeza para olhá-lo.

- Seus olhos. Eles estão acinzentados, você se tornou...

Interrompi sua frase.

- Isso mesmo. Mas eu Preciso voltar.

- Como?

Olhei para o céu e me lembrei o que meu pai me disse para fazer caso estivesse em uma situação dessa e quisesse voltar para casa.

- Uma ponte - Respondi.

- Uma ponte? - Ele perguntou confuso também olhando para o céu.

- Isso. Quer dizer, não é uma ponte literalmente é como uma conexão entre eu e a ilha. 

- E você pode fazer isso?

- Nunca fiz isso antes, mas posso tentar.

Ainda olhando para o céu fechei meus olhos, mas o abri em seguida olhando para Zelo.

- Você vem? - Perguntei.

- Claro.

Ergui minha mão para ele, que a segurou firme. Fechei meus olhos outra vez e me concentrei não no vento e sim na ilha, na minha ligação com ela e na minha mente imaginei uma ponte nos ligando.

Não demorou muito e senti o vento girar a nossa volta, cada vez mais rápido. Apertei mais firme a mão de Zelo quando me senti flutuar.

Nunca tinha feito aquilo alguma vez, mas devia estar dando certo então continuei o que estava fazendo, o vento ficou tão forte que tive que abraçar Zelo para que ele continuasse ali.

- Não abra os olhos - Eu disse em seu ouvido.

- Por quê?

Na verdade nem mesmo eu sabia o porquê apenas tinha uma certeza absoluta que tinha que manter os olhos bem fechados.

- Não sei, mas mantenha-os fechados. 


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Notas finais do capítulo

Como ficou? kkkkkk Quero que me digam sinceramente o que estão achando da história até aqui, tanto a escrita quanto ao enredo. Podem dizer tudo ok? Até o próximo capitulo