Que manhã linda é a de hoje! Estou megaempolgado! Levantei logo cedinho pra peparar algumas coisinhas especiais e gostosas, mas não são pra mim, são para minha mãe e, claro, pro meu irmãozinho!
         Finalmente vou conhecê-lo... o tão esperado dia é hoje, hoje, hoje, hoje(essa palavra está tão linda ultimamente)!
         Bom, voltando à cozinha, estou preparando algumas codornas(de uma em uma, claro!), bolinhos e... ahnn... fazendo uma receita nova. Eles serão os primeiros a provar.
         Enquanto eu deixava a codorna no fogo, o telefone tocara. Então limpei as mãos com um pano qualquer e fui atender.
         - Alô?
         - Oi, filho. Eu só liguei pra dizer oi. ▬ disse mamãe. Pela voz dela, parecia estar animada.
         - Só um oi, mamãe? ▬ perguntei, rindo.
         - Bah! Não, né? Já estou indo pra sua casa, vou chegar aí pelas... nove.
         - O quê? Vai demorar tanto assim?
         - É que seu irmão e eu fomos pro interior, então...
         - Ah, entendo...
         - E o que está fazendo? Mais de um dos seus pratos famosos? ▬ perguntou ela, rindo.
         - Sim, sempre estou fazendo. ▬ respondi, andando até a cozinha.
         - Estou doida pra prová-los! Bem, estou aqui dirigindo. Seu irmão tá aqui atrás, espera um pouco.
         - Esperar o q-
         - Sasuu, dá oi pro irmão Itachi. ▬ pediu ela.
         - Oi, irmão Tatachi! ▬ disse ele. Foi a coisa mais linda que eu já ouvi... Meu coração estava batendo mais forte...
         - O-Oi... Sasu...
         - Diz que já estamos chegando. ▬ disse mamãe, a voz dela estava distante.
         - Ahh, vergonha... ▬ disse meu irmão, rindo.
         - Bem, vou desligar, até as nove. ▬ disse mamãe.
         - Ok, até mais tarde! ▬ respondi, desligando o telefone.
         Não pude conter o sorriso em meu rosto. Fui trabalhar desse jeito, e ancioso para chegar em casa para recebê-los, especialmente meu irmão.
         - Que sorrisão é esse, Itachi? ▬ perguntou Mari, se aproximando.
         - É o meu irmão, vou vê-lo hoje. ▬ respondi.
         - Finalmente, né?
         - Claro. ▬ respondi, vendo o próximo pedido. - E a lagosta pra mesa doze? Onde está?
         - Tá aqui, chefe. ▬ respondeu um dos cozinheiros, passando a lagosta para frente.
         - Ahh, ótimo!
         O dia foi passando, a ansiosidade foi aumentando. Entretanto, eram dezenove horas ainda.
         Alguns minutos depois, o telefone da cozinha tocara, mas eu estava ocupado recheiando algumas sobremesas com chocolate ao leite.
         - Alguém atende o telefone! ▬ exclamei, derramando o chocolate sobre o prato enquanto uma das cozinheiras correu e atendeu.
         - Cozinha? ▬ perguntou ela. Ela demorou um pouco para falar novamente. - Ok. Itachi, é pra você... ▬ olhei pra ela. A mesma falou tão baixo, que me preocupou.
         - Quem é? Minha mãe? ▬ perguntei, limpando as mãos em algum pano.
         - Itachi, acho melhor atender... ▬ respondeu ela, saindo dali. E fiz o que ela disse: Cheguei ao telefone e atendi. - Alô? ▬ olhei para o lado. - Pode falar. ▬ ...
         Fui correndo pro hospital, e já cheguei perguntando onde estava o meu irmão. A atendente só apontou para trás, que era onde ele estava deitado.
         Entrei dentro do quarto lentamente. Ele estava dormindo... Ao redor do seu olho direito, tinha feridas e, um pouco de sua testa, também.
         Me aproximei bastante dele e, quando fui tocar em uma das mãos do meu irmão, o médico me chamou na porta.
         - Senhorito Itachi Uchiha, sou o doutor Adan Philips. Falei contigo no telefone. ▬ disse ele, enquanto me aproximei dele. - Ele vai ficar bem. ▬ suspirei.
         - Alguém já falou com ele? ▬ perguntei.
         - Não, achamos que seria melhor alguém da família falar. ▬ respondeu. - Onde podemos achar o pai dele? ▬ ao perguntar, olhei pra ele com um pouco de lágrimas nos olhos, porém, estas não caíram.
         - Eu pensei que ele... já sabia... Mas, ele nunca foi... um exemplo pro Sasuke...
         - Olha, eu sinto muito. Eu tenho que ir, mas eu volto para saber como ela está, tá bom? ▬ perguntou o médico, pegando em um dos meus ombros.
         - Ok.
         Passei a noite junto dele no quarto. Dormi a noite inteira sentado numa cadeira. Quando acordei já era de manhã, estava tudo um pouco embaçado, mas logo olhei pro Sasuke... Ele já estava acordado, olhando para mim.
         - Você é o enfermeiro? ▬ perguntou ele. Pelo jeito, mamãe nunca tinha mostrado foto minha para ele.
         - Err... so-
         - Cadê minha mãe? ▬ perguntou ele, olhando seriamente pra mim. - Ela morreu? ▬ a voz dele já estava trêmula, as lágrimas queriam sair. - Ela morreu, não foi? ▬ as perguntas dele me pegaram de surpresa. A tristeza, naquele momento, veio à tona. Não sabia o que exatamente responder, mas sabia que, qualquer tipo de resposta, daria no mesmo.
         - Foi... ▬ na mesma hora, ele começou a chorar, olhando pra mim. Foi então que aí... lágrimas escorreram pelo meu rosto.
         Um tempo depois, voltei pra casa para tomar um banho. Chegando lá, fui ver se o telefone tinha alguma mensagem.
         - Você tem uma nova mensagem. ▬ disse a voz.
         - "Ooooi, sou eeeu!" ▬ era a voz da mamãe.
         - "E eeeeu!" ▬ disse o meu irmãozinho.
         - "Só pra avisar que vamos nos atrasar, o trânsito está um horror, mas nós chegamos, tchaaau!" ▬ disse mamãe.
         - Fim da mensagem. ▬ disse a voz.










                                                       ...










         Um pouco mais tarde, pude pegá-lo para levá-lo até a mansão. E aproveitar para dar um soco no rosto do inútil do meu pai.
         Acho que levar meu irmão até o lar dele, não seria nada injusto...
         Contudo, ao chegar lá, alguns dos empregados dele estavam chorando e amontoados na sala de estar.
         Meu irmão e eu nos aproximamos dali, e não foi nada bom para os olhos do Sasuke...
         Nosso pai idiota, estava no chão... morto. Cometeu suicídio quando soube da tragédia.
         - Papai! ▬ exclamou Sasuke, com os olhos trêmulos. Já não bastava ter deixado seu rosto vermelho de tanto chorar pela nossa mãe...
         Simplesmente abracei ele forte, deixando que ele chorasse em meus braços.
         - Calma... seu irmão tá aqui. ▬ disse.
         - I-Ir..mão? ▬ perguntou, soluçando.
         - Sim, sou eu... Tatachi. ▬ ele não disse mais nada, apenas continuou chorando.










                                           ...










         Depois disso, pedi para os empregados deixarem ele comigo por um tempo. Pelo menos até que ele superasse tudo isso. E confesso que foi difícil convencê-los, mas consegui.
         O levei para minha casa.
         - A cozinha é logo ali. ▬ fui apresentando pra ele, enquanto o mesmo olhava em volta. - A sala... ▬ adentrei o corredor, enquanto ele me seguia. - Aqui é o meu quarto, aqui é o banheiro... e esse aqui vai o seu quarto. ▬ disse. Ele adentrou o quarto, olhando em volta, mas não dizia nada.
         No dia seguinte, acordei ele pra tomarmos café da manhã. Já estava tudo pronto na mesa: Leite com chocolate, junto de alguns biscoitos de chocolate.
         Eu já estava pronto para comer, mas ele só olhava o prato com uma cara não tão boa.
         - O que foi? ▬ perguntei carinhosamente. - Não tá com fome? ▬ fiquei olhando pra ele.
         - Posso voltar pro meu quarto? ▬ perguntou, me olhando.
         - Claro... ▬ respondi, desapontado.
         - Obrigado. ▬ disse ele, saindo da cozinha.
         Um pouco mais tarde, fui até o quarto dele. O mesmo estava sentado no chão, e brincando com um boneco.
         - Sasuke, eu preciso ir trabalhar. Você fica bem aqui sozinho? ▬ perguntou da porta.
         - Fico. ▬ respondeu ele, olhando pra mim.
         - Tá. ▬ adentrei o quarto. - Se precisar de mim aperte o um que é o meu celular ▬ ia dizendo, dando o telefone pra ele, agaixando. -, e o dois é do restaurante. ▬ levantei. - O restaurante fica só algumas quadras daqui, se precisar de mim eu chego bem rápido.
         - Tá bem.
         Logo saí, mas não estava nada bem.
         Ao entrar no restaurante, os cozinheiros e minha chefe estavam sentados na mesa rindo. Conversando sobre um tal vinho.
         - ... E ele está pronto para... ▬ dizia a chefe. Parou na mesma hora que me viu entrar. Todos os cozinheiros ficaram me olhando. - É... me dê três palavras para descrever esse vinho, três palavras. ▬ disse ela, enquanto me seguia pra cozinha. - Itachi, o que está fazendo?
         - Vou trabalhar. ▬ respondi bem baixo.
         - Achei que iria tirar uns dias de folga. ▬ disse ela.
         - Não. ▬ respondi, olhando pro nada.
         - Tem certeza? ▬ perguntou ela.
         - Tenho.
         Depois, todos começaram a trabalhar.
         - Me dá dois bifes mal passados e uma costela de carneiro. Ainda estou esperando os bifes de filé ningnon. ▬ disse, enquanto peguei dois pratos. - Servindo. ▬ coloquei na outra mesa. - Eu preciso de uma codorna e um linguado pra mesa nove.
         - Preparar codorna. ▬ disse Mari.
         - Vamos lá, gente. Mais rápido!
         - Anda pessoal, por que não tem nada no balcão? Anda, temos que servir! ▬ disse Mari, ela parecia querer me ajudar, mas estava tão pensativo naquele momento.
         - Cadê o suflê da mesa catorze? Gente, anda logo! ▬ disse outra cozinheira.
        






        "Querido filho Itachi,

       
        O bebê é lindo...
        Eu dei o nome de Sasuke, pois me lembra coragem, força, vida e confiança.
        Agora que ele está aqui, eu sei como é grande isso que eu estou fazendo sozinha(nem seu pai está me ajudando nisso).
        Então, eu quero que saiba que, se acontecer alguma coisa comigo, você é a única pessoa que eu gostaria que ficasse com ela. Eu sei que vai amar o meu bebê tanto quanto eu (risos).
        Me desculpe, acho que é depressão pós-parto.
        Amo você...
       De sua mãe...
                
                         
                                      MIKOTO"



         Estava lendo essa carta em um local escondido. Foi aí que não consegui me aguentar, e comecei a chorar... muito.
         Minha chefe me viu, e se aproximou de mim, pegando em meu rosto.
         - Itachi, quero que tire uma semana de folga. E não é uma sugestão, é uma ordem.
         O que acontecerá comigo daqui pra frente? Por que isso teve que acontecer?






CONTINUA...