Um ano se passou ligeiramente, hoje era o dia em que eu encontraria com Adrian e eu teria um filho seu. 

Estava preparada, minha mãe já sabia de toda a história e eu já sabia o que eu queria, viver com Adrian, demorou muito para que eu percebesse que um filho talvez pudesse fazer meu pai aceitar nossa relação. 

Talvez não fosse o bastante, mas eu rezava pra isso. 

Estava a caminho da pequena floresta, havia dito em casa que iria dormir na casa de Jane, odiava ter que mentir, mas eu teria se quisesse me arriscar a isso e de manhã contaria toda a verdade. 

Entrei na floresta bem onde nós ficávamos, uma pequena campina bem aparada, havia uma fogueira e lençóis. Logo avistei Adrian, ele me aguardava e vinha em minha direção. 

-Você veio!
-Claro, estou cumprindo minha promessa!
-Não sabe o quanto eu esperei por você, não sabe o quanto eu te desejei Violet!
-Você não sabe o quanto eu também o esperei e quero muito ficar com você. 

Ele me beijou violentamente e me deitou naquele lençol, o lençol em que se debruçava sobre meu corpo e retirava minha roupa. 

Não hesitávamos, queríamos um ao outro sendo errado ou não e alguns meses depois teríamos um bebe em nossas vidas.

-Se você quiser que eu pare me avise
-Não quero que pare Adrian, continue, quero ter um filho com você! 

Ele continuou sem hesitar, beijava todo o meu pescoço docemente enquanto eu o segurava no meio daqueles lençóis, onde a chama da fogueira testemunhava nosso pecado. 

*** 

Na manhã seguinte... 

Abri meus olhos com a claridade do amanhecer, Adrian já estava acordado e me olhava, os lençóis daquela noite enrolados em nossos corpos nus. 

-O que foi?
-Eu faria tudo de novo
-Eu também 

Ele se virou e me beijou no meio de todos aqueles lençóis, seríamos castigados pelo nosso erro, mas não encarava aquilo como um erro, mas sim como uma benção. 

*** 

Entramos pelos portões de casa onde nossos pais nos esperavam, minha mãe havia contado tudo como eu lhe pedi. 

-Como vocês podem fazer isso? Algo tão errado!
-Pai, nos perdoe, mas nos amamos muito e não podemos viver assim.
-Eu não os quero mais aqui
-Tudo bem, daqui nove meses eu terei um bebe vindo de Adrian, senhor Hanson, e eu tenho certeza que o senhor vai amá-lo mais do que a nós dois por que se nos amássemos como nossa mãe, aceitaria nossa relação! –Aumentei a voz.
-Cale a boca! –Tentei estapear seu rosto
-Não é justo bater numa mulher grávida, por favor, peço que não faça nada. –Soltei sua mão. 

*** 

Nove meses se passaram e lá estava eu, numa sala de parto tendo o meu primeiro filho, o filho que Adrian teve a oportunidade de me dar, o único filho que tive com o único homem que realmente existiu pra mim, que importou pra mim. 

Adrian havia falecido esta manhã e velado esta tarde e eu estava dando a luz a seu filho esta noite. 

-Adrian seu filho está nascendo! Seu filho Adrian! SEU FILHO ADRIAN! 

Eu gritava, rasgava minha garganta e fazia toda a força que podia para ter o bebê, um menino, seu nome seria Daniel, o nome favorito de Adrian. 

Alguns segundos depois pude ouvir os gritos de choro do bebê, ele havia nascido e toda a força que havia feito não havia sido em vão, havia dado a luz a um filho de Adrian, o meu Adrian, o único homem que fui capaz de amar e ainda amo, que há horas atrás ainda sorria pra mim dizendo que ficaria tudo bem, que ficaríamos juntos pra sempre e todas aquelas juras de amor que me importavam muito, que eu acreditava e era verdade. 

-Adrian você prometeu quando éramos pequenos que quando partisse iria me buscar, quando você vai me buscar meu amor? 

‘’-Quando Daniel estiver preparado para seguir sozinho minha amada Violet’’

Ouvi aquelas palavras entrando em minha mente e ecoando como um sussurro, como se Adrian estivesse lá sussurrando pra mim bem baixinho e vendo seu filho nascer, eu podia sentir que em qualquer lugar que ele estivesse agora ele estava sorrindo pra mim e para Daniel. 

-Um dia estaremos juntos meu amor, sempre estaremos juntos! 

*** 

Depois da morte de um ser e nascimento de outro, uma troca de vidas, uma luta para viver. Semanas se passaram e essas semanas se tornaram meses que se tornaram anos. Meu pai depois que Daniel nasceu se apegou ao menino e aprendeu a aceitar minha relação e de Adrian, mas já era tarde demais, isso não podia trazê-lo de volta pra mim e para o meu filho. 

Agora deitada na cama do quarto muito doente, todos me ajudavam, mas já sabia que Adrian estava lá, estava lá pra me levar. Conseguia imaginar suas asas de um anjo, tão brancas e macias. 

Daniel já tinha seus dezessete anos, pronto para fazer seus dezoito daqui há alguns meses, ele já estava pronto pra seguir seu caminho sozinho. 

-Mãe você está bem? –Entrei no quarto
-Daniel não devia ter saído da aula pra vir aqui
-Me disseram que você piorou e eu precisava vir vê-la –Me sentei ao seu lado na cama.
-Você se lembra do seu pai?
-Ele nunca veio, foi embora no dia em que eu nasci.
-Você sempre perguntava quando ele voltaria, lembra? Eu dizia que ele estava fazendo uma viagem pra bem longe e que quando voltasse ele me levaria com ele.
-Sim, eu me lembro!
-Então filho, ele veio pra me buscar!
-O quê?
-Estou partindo Daniel, pra junto do seu pai, sei que ficará bem e tomará o caminho que você deseja.
-Mãe...! –Lágrimas caíram violentas 

Eu o puxei o debruçando sobre meu corpo, beijei sua testa como um gesto de adeus. 

-Nos veremos novamente, algum dia! 

Fechei meus olhos deixando lágrimas escaparem de lado, abracei forte Daniel.

 -Agora estaremos juntos meu amado Adrian! 

Logo após não sentia mais meu coração bater e só o que conseguia ver era meu corpo sem temperatura e pálido repousando na cama, meus pais e Daniel chorando pela minha morte, mas estava feliz e sabia que isso iria acontecer. 

Senti toques em meus ombros, eram toques amigáveis e conhecidos, virei meu rosto e sorri para ele, meu irmão, ele estava ali comigo com as asas de um lindo anjo. 

Beijamos o rosto de nosso filho, ele ficou tenso, ele sabia que estávamos tocando seu rosto.

-Sei que você sabe que estamos aqui...
-E que o lugar que vamos não é corrupto como o mundo em que vivemos –Finalizei.
-Sempre te amaremos Daniel! –Falamos juntos 

Nos afastamos de nossos entes, demos nossas mãos bem forte e seguimos nosso caminho juntos para qualquer lugar que fosse, e sempre estaríamos juntos como há anos estivemos, somente eu e Adrian, juntos!

**********

FIM

**********