Ela pensou por mais alguns segundos, que pareciam horas para mim.

- Não vou te incomodar? – Perguntou insegura.

- Claro que não. – Respondi rápido.

- Tá, eu... eu vou sim.

E com aquelas simples palavras, meu peito se encheu de alegria, eu fui tomado pela esperança.

Eu e Bella fomos para minha casa. Chegando lá eu a mostrei todos os cômodos – que não eram muitos.

- Esse é o quarto em que você pode ficar – disse apontando o último cômodo do corredor. – É o antigo quarto do meu filho.

- Antigo quarto do seu filho? Aquele que você ia ver hoje?

- Sim. Ele tem 20 anos. Eu o tive muito jovem, e a mãe dele morreu faz dois anos. – Isso me levava de novo a idade dela. – Bella, você disse que morou com o Jacob desde o acidente, bem, isso me faz pensar: Você é maior de idade? – Eu acho que foi uma boa forma de perguntar.

- Sim, quando meus pais morreram eu tinha acabado de fazer 18. Na verdade, falta só um mês pro meu aniversario de 19. – A lembrança do acidente a deixou triste de novo. Mas ela parecia orgulhosa de esta ficando mais velha.

- Carlisle, eu realmente não sei o que seria de mim se você não tivesse aparecido hoje – Ela disse de modo doce – você realmente me salvou. Obrigada mesmo. – Ela me abraçou e me deu um beijo demorado na bochecha, que fez meu coração acelerar e me fez sentir coisas que eu não sentia desde que minha amada Esme tinha morrido.

Bella estava fazendo eu me sentir vivo, eu me sentir homem. E eu realmente não sabia se isso era bom ou ruim.

Tive uma noite de sonho tranqüila, sem sonhos. Quando eu acordei pensei brevemente que estava atrasado para o trabalho, até que lembrei que era domingo. De repente me lembrei do dia anterior e, como se para me lembrar de que não era um sonho, senti cheiro de comida sendo preparado vindo da cozinha.

Vesti uma roupa qualquer e fui para lá, onde meu prato – contendo ovos e bacon – já estava posto na mesa.

- Vai me acostumar mal. – Disse enquanto dava a primeira mordida. Ela se virou, como se só agora percebesse que eu estava ali.

- É o mínimo que eu posso fazer. – Disse sorrindo.

- Sabe, era o que a Esme me dizia.

É o mínimo que eu posso fazer por você ser o homem mais adorável do mundo.

- Me fale dela. – Bella pediu.

- Bem, ela era uma mulher adorável. Namoramos somente três meses antes de nos casarmos. E logo depois tivemos o Edward. Há dois anos, ela foi visitar uma prima na cidade vizinha, coisa que ela fazia com freqüência, mas não voltou. A policia ligou pouco tempo depois dizendo que ela tinha sofrido um acidente de carro, assim como seus pais. Eu fiquei quase um ano de luto, estava me tornando totalmente insuportável. Foi nessa época que Edward saiu de casa. – Eu nunca tinha feito um discurso tão grande sobre aquele assunto. Era muito doloroso para mim.

- Eu não sei o que te dizer. Eu... sinto muito. – Ela disse incerta.

- Bem, agora que eu já falei sobre mim. Por que não me fala sobre você?

- Minha mãe e meu pai discutiam muito. Era horrível. No dia do acidente eles estavam indo resolver alguma coisa sobre o divorcio, e eu tenho certeza que estavam discutindo no caminho. A policia disse que foi estranho ele não ter feito aquela curva. Meu pai não via mais nada quando estava discutindo com minha mãe. Apesar de tudo, eu os amava muito, e foi terrível para mim receber a  noticia de que eles estavam mortos. Nessa época eu e Jacob estávamos numa ótima fase no namoro então eu fui pra casa dele. Mas ele se mostrou extremamente ciumento e eu sempre gostei muito de liberdade. – Ela disse com um sorriso, que não chegava aos seus olhos.

- Vocês passaram a brigar muito. – Deduzi.

- Sim. Ontem ele estava chateado porque eu tinha saído sem avisar para ele. Discutimos e eu disse que era melhor morar na rua do que com ele. Acho que ele levou um pouco à sério demais. – Ela terminou, e parecia satisfeita por ter finalmente falado tudo.

Uma semana se passou, eu e Bella cada vez mais próximos, eu cada vez mais confuso sobre o que ela poderia sentir por mim e sobre o que eu com certeza sentia por ela.

- Carlisle, eu poderia arrumar um trabalho. Não é justo eu ficar aqui te explorando. – Bella disse docemente.

- Você não me explora. A casa nunca esteve tão limpa.

E era verdade. A casa estava minuciosamente arrumada, Bella fazia questão, e eu não podia reclamar. Apesar da presença dela ser todo pagamento que eu precisava.

- Mesmo assim, eu sei que você não é rico. Não é justo! Carlisle, por favor. – Parecia realmente importante para ela.

- Tudo bem, amanhã você vai para o supermercado comigo e eu vejo com meu patrão se tem alguma vaga.

- Obrigado.

A atitude dela só me deixou mais encantado. Ela era perfeita, por dentro e por fora. Eu não sabia mais o que fazer, estava apaixonado, não tinha a mínima duvida disso. Mas e ela?

Depois da nossa conversa ela foi terminar de arrumar a casa – que para mim já estava perfeita. Eu fiquei observando, cada movimento, cada gesto, sonhando, imaginando...

- Carlisle, Carlisle, você dormiu, vá pro quarto. – Bella sussurrava baixinho, perto de mim, perto demais.

Seu cheiro era maravilhoso, eu já havia reparado isso outras vezes. Mas agora estava mais perceptível que nunca.

Levantei rapidamente, agradecido por ela não poder ler mentes, e fui para o meu quarto. Dormi pensando naquele cheiro, naquela voz sussurrando no meu ouvindo.

Acordei cedo e fui acordar a Bella também. Quando terminei de me arrumar o telefone de casa tocou.

- Pai?

- Filho!

- Como vai o senhor?

- Bem. E você?

- Bem. Pai uma reunião minha foi cancelada, estou com um horário livre o resto do dia. Estou indo te visitar, mas provavelmente só vou chegar na hora do almoço. Tudo bem?

Edward era advogado, tinha a condição bem melhor que a minha. Varias vezes ofereceu ajuda, mas eu nunca aceitei. A única coisa que eu deixei foi que ele fizesse uma pequena reforma na minha casa, senão ela estaria caída há essa hora.

 - Claro filho. Eu te encontro no meu horário de almoço, e te apresento a Bella. – Já tinha falado sobre a Bella para ele, quando tinha ligado para explicar porque não tinha ido encontrar ele. Mas não tinha contado sobre a minha paixão por ela, é claro. – Onde?

- Naquele restaurante, enfrente ao supermercado.

- Tudo bem, nós vemos lá.

- Quem era? – Bella perguntou, entrando na sala já pronta e linda, é claro.

- Meu filho. Vamos nos encontrar na hora do almoço. Eu falei que você também ia. Algum problema?

Eu já sabia da resposta antes mesmo dela falar:

- Não.

Eu dirigi até o meu trabalho e fomos logo falar com meu chefe.

- Paulo!

- Hã? Ah, oi Carlisle. – Disse ele sorrindo.

- Oi! Essa é a Bella. Bella, esse é meu chefe.

Eles apertaram as mãos gentilmente.

- Então, ela está desempregada. Você sabe se tem alguma vaga pra ela?

- Hum... Eu acho que temos um lugar no caixa, eu vou conferir.

Quando ele saiu, a Bella não conseguia ficar parada no mesmo lugar tamanha era a sua ansiedade.

- Sim, nós temos uma vaga... – Ele disse quando voltou.

Então começamos a falar sobre pagamentos, condições de trabalho, horário, etc.

- Então? Aceita? – Perguntou Paulo.

- É claro! Eu posso começar hoje? De qualquer forma eu vou ter que ficar por aqui. – Explicou ela.

- Ah, se é assim, pode. – Ele disse, e a conduziu para o seu caixa. Ela acenou e eu fui fazer minhas obrigações.

Na hora do almoço eu e ela fomos para o restaurante e meu filho já nos esperava lá.