Earring escrita por Kisa


Capítulo 1
Único




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A realidade é que parecia muito mais fácil enfrentar dez Homúnculus do Vidro do que aquela barulhenta mecânica de automail. Mas era algo que eu não poderia evitar. Era necessário enfrentar a fera e dizer-lhe o que aconteceu com aquilo que havia dado a mim, para que eu protegesse. Acho que ela queria realmente dizer: "cuide bem dos meus brincos... cuide deles como se estivesse cuidando de mim".

 O que ela faria se eu lhe disse que seus brincos se perderam em meio aquela luta de vida e morte? Eu pensava, pensava, e a única conclusão que chegava era...

 - Seria melhor ter morrido naquela batalha...

 Por algum motivo Al olhou pra mim com cara de quem realmente queria matar alguém. Será que eu falei essa última frase em voz alta?

 - Se você quer morrer, pode deixar que eu resolvo o seu problema, nii-san. - Realmente, falei em voz alta.

 - Não é nada disso Al. É que eu perdi os brincos da Winry...

 - VOCÊ PERDEU OS BRINCOS? - Ele me olhou com incredulidade - Você não precisa morrer.. apenas chegue lá e ela vai te matar com algum chave inglesa...

 Tá, ele precisava mesmo berrar e tornar a situação ainda pior? Acho que cada passo que eu dava naquela viagem de volta eu diminuía uns dois centímetros. Se eu realmente tivesse sorte, até lá eu já teria desaparecido, assim eu não precisaria enfrentá-la.

Se por um lado eu estava feliz por tudo ter acabado e meu coração transbordava paz, pelo outro a preocupação me consumia. Se eu ainda tivesse algum poder alquímico, poderia refazer os brincos tão perfeitos que ela nem saberia a diferença. Isso!

 - Al, irmão... você está mesmo bem? Precisa de ajuda? Não quer fazer um favor pra mim?

 - Hã, eu estou bem, gosto de poder caminhar e... ei, que tipo de ajuda você poderia querer?

 - Nada, é só que.. se você puder... refazer... sabe, os brincos... - tentei falar o melhor que pude, tentando me convencer que ele se convenceria que eu precisava mesmo de ajuda.

 - Hum... não! Você perdeu, você se vira.

 - Ah, Al, anda, me ajuda. Você sabe fazer, vai, me quebra esse galho?

 - Ed, não. Ela iria perceber. E, além disso, eu não sei bem como são os brincos, não me lembro. Não poderia fazer iguais.

 - Tsc. Será que ela vai ter misericórdia de mim?

 - A Winry? Realmente, eu duvido muito.

A caminhada de volta a nossa cidade natal não demorou tanto quanto imaginávamos. Chegamos à vila antes do esperado e em frente à casa, lá estava Den a nos receber com alegria.

 Veio correndo em nossa direção e pulou em Al. Num primeiro momento ele não o reconheceu, pois mal o vira na forma humana; mas depois, ao ouvir a voz de Al, foi instantâneo.

 Acho que foi o barulho da festa que os dois faziam deitados no chão que chamou a atenção do restante dos habitantes da casa. Mal tive tempo de respirar quando a vi saindo pela porta, correndo, e literalmente se jogar em cima de Al e eu, fazendo-nos cair. Pude ver lágrimas de alegria brotando dos seus lindos olhos azuis e de seus lábios pude ouvir as palavras que finalmente diziam que eu havia retornado ao lar...

 Claro que tudo isso só aconteceu porque ela ainda acreditava que eu estivesse com seus brincos. Quando ela descobrisse, o que faria? Matar é muito pouco, acho que partiria meu  corpo em pedacinhos e me jogaria para os lobos.

Demorei um bocado até encontrar o momento perfeito para lhe dizer a verdade, pois toda hora surgia alguém querendo nos cumprimentar, nos dar as boas vindas e ver com seus próprios olhos que Al estava alí, em carne, sangue e ossos.

 Esse momento demorou até demais. Apenas cinco dias depois de nossa chegada, pude estar a sós com ela. Estávamos na varanda, sentados com os pés no degrau da escada, relembrando todos os momentos que vivemos, tudo o que passamos para agora sermos capazes de desfrutar dessa paz tão almejada.

 - Ed.. você se lembra que deixei algo para que você guardasse? - Tão direta... essa era Winry.

 - Nham... me lembro sim... mas é que... - Agora que o momento chegou, não sabia como falar, que palavras usar exatamente. Minha vontade mesmo era me teleportar daqui, ir pra algum lugar ermo, pra ela não me achar mais...

 - Bem, pelo que eu percebo, não estão mais com você. - Direta de novo. Nunca me acostumarei com isso.

 - E por quê acha isso?

 - Porque, se estivesse com você, certamente teria me devolvido no primeiro momento em que me viu. - Ela lia minha alma como se estivesse lendo um livro aberto. Desde quando ela me conhecia assim, tão bem? Ah, claro, desde sempre.

 - Me... não, digo... - Queria pedir desculpas por ter perdido seus brincos, mas o que eu fazia era só olhar um cisco no chão.

 - Você está aqui, não está? - Ela perguntou, cobrindo minha mão pousada no chão da varanda com a sua.

 - Sim, estou – Encarei-a ante essa pergunta. Seus olhos azuis pareciam mais vibrantes, num tom que eu nunca vira antes.

 - Brincos são apenas brincos. Por mais que eu gostasse deles, não eram tão importantes quanto poder tocar a mão que um dia guardou-os para mim.

 E pensar que ela realmente havia me matado...

 Em breve, Al e eu partiríamos em uma jornada que poderá demorar algum tempo. Não poderei partir sem antes dar a ela metade de quem sou...


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Notas finais do capítulo

Me sinto cheia das dorgas vendo essa história aqui shuashaushua.

Simplesmente havia pensado em escrever algo em relação a entrega dos brincos da Winry há um tempo, mas não vinha a idéia pra estória em si. Hoje resolvi por a preguiça de lado e escrever, e então a história está aqui xD

Deve ter ficado muito louco isso, mas enfim, espero que gostem *-*

Bjos a todos =**