Diário da Sally escrita por Bardo Maldito


Capítulo 1
Primeiro Mês


Notas iniciais do capítulo

Aqui vai.
Coisas que estranharem,explicarei no final =]



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/126566/chapter/1

Querido Diário

Estou iniciando agora essas anotações.

O Doutor disse que era importante que eu anotasse tudo que acontecesse comigo,pois meu cérebro,que ainda é muito novo,podia não reter tudo.

Muito novo?É...eu nasci há mais ou menos um mês.

Lembro exatamente como foi.A primeira coisa que me lembro foi de abrir os olhos...e estar deitada em uma cama com amarras.O Doutor estava inclinado na minha frente,e,assim que abri os olhos,vi um sorriso largo se espalhar pelo rosto dele.Em seguida,ele começou a gritar “Está viva!!Está viva!!”,e,se não fosse a cadeira de rodas,com certeza ele estaria pulando feito um macaco por todo o laboratório.

Eu ainda não sabia de nada,pois havia acabado de nascer,mas gostei do som daquelas palavras e aprendi em um segundo a pronunciá-las.Então,animada,comecei a gritar junto com ele: “Está viva!!Está viva!!”.Ele percebeu,veio até mim e mandou que eu calasse a boca,que eu não sabia do que estava falando.Na hora eu também não entendi nada do que ele falou,pois,pra mim,as palavras ainda não faziam sentido.Mas gostei muito mais do som da voz dele quando estava gritando de alegria do que quando ele parou e assumiu seu tom normal,irritadiço e resmungão.

Acho que quando eu nasci foi a única vez que eu vi o Doutor Finkelstein verdadeiramente feliz.

Em seguida,ele começou a me ensinar.Ele literalmente me fez engolir o dicionário (o gosto não era tão ruim,pra falar a verdade...com um pouco de sangue de morcego,era até gostoso),e aprender uma porção de palavras novas,e o significado delas.Mas eu gosto mais do som das palavras.Minhas favoritas são “Testículo”, “Percevejo”, “Mastodonte” e “Pneu”.

Eu não gosto muito do som do meu nome.Sally...acho muito simples e sem muito divertimento.Curto e grosso.Gostaria que o Doutor tivesse me dado um nome parecido com o dele. “Sallilstein” já seria muito melhor do que apenas Sally.

Aprendi ainda muitas outras coisas.O Doutor também me fez ler um livro de receitas,para aprender a cozinhar pra ele.Ele sempre diz isso,que ele é meu amo e que é meu dever obedecer a ele.Na verdade,eu não me importo tanto com isso.Quer dizer,ele me deu a vida.Se ele quer me ensinar coisas novas,o que custa eu aprender?E eu até gosto de aprender...

Por exemplo,semana passada aprendi a costurar.Eu vivia andando e tropeçando nos equipamentos do doutor,e umas três vezes eu me descosturei.Não dói,mas,da primeira vez,eu fiquei apavorada,pois não conseguia mexer meu braço,e ele estava ali na minha frente,solto do meu corpo.Comecei a chorar,e o Doutor veio irritado.O Doutor é um homem importante,vive fazendo coisas novas,e fica irritado quando tem que interromper suas invenções para qualquer coisa.Então,me ensinou a costurar para que eu pudesse me costurar sozinha.

Só depois que eu aprendi a mexer as partes do meu corpo mesmo quando estavam descosturadas de mim.Gostei disso,e comecei a brincar de descosturar meu corpo.Por exemplo,pra poder coçar as costas em qualquer ponto,ou encostar no ombro do Doutor à distância,só pra ele virar a cabeça e não ver ninguém (eu sempre dava um jeito de sumir com minha mão da vista dele antes que ele a visse,ao virar a cabeça).O Doutor não gostou disso,pois eu gastava mais e mais linha,e ele berrava que não era de graça.Bom,pelo que eu entendi,quando acabava,o corcunda assistente dele,o Igor,ia buscar mais nas teias de aranha do laboratório.Como aranhas e teias são as duas coisas que mais existem por aqui,não entendo porque ele ficava bravo.Mas não tem importância.Parei com isso e comecei a aprender a cozinhar.

Estou escrevendo aqui enquanto o guisado de camarão podre com pé de defunto cozido termina de cozinhar.O cheiro está ótimo...acho que o Doutor vai gostar,também.Ele normalmente só reclama de tudo,mas eu espero poder agradar ele.Afinal de contas,ele faz de tudo por mim.

Bem...quase tudo.

Eu estou muito curiosa pra saber o que existe do lado de fora da porta da frente.Igor sempre sai por lá pra conseguir tudo que o Doutor pede,e volta com bastante coisas,desde material pras invenções como ingredientes pra eu poder cozinhar...imagino como deve ser lá fora.O Doutor apenas fala que o nome é Halloween Town,o nome do lugar aonde estamos.Só isso que ele me disse sobre o mundo lá fora.Nada mais que o nome.

Halloween...eu gostei bastante do som dessa palavra,e fiquei ainda mais curiosa pra poder sair e ir pra lá.

Agora que eu paro pra pensar...existem apenas nós?Eu,o Doutor e Igor?Será que lá fora existem outros como nós?E como será que são?

Mas,mesmo que eu fique muito curiosa,o Doutor não me deixa sair.Sempre fala que eu ainda não estou pronta.Eu aceito,mas fico sempre curiosa...

Bom,estou sentindo o cheiro de queimado,o que quer dizer que o guisado já está quase pronto.Só vou ter que deixar queimar mais um minuto e ele já vai estar prontinho.Espero que o Doutor goste.

Tchau,Diário.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Deixa eu explicar:
"Como assim,a Sally toda fascinada pelos sons das palavras?Aprontando com o Doutor?"
Eu tentei imaginar o nascimento dela,e,no momento,embora em corpo ela já seja a Sally que conhecemos e amamos,na mente ela ainda é uma criança.Só vai amadurecer mais pra frente.
Espero que tenham gostado.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Diário da Sally" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.