Rock Model escrita por lua_gaga


Capítulo 26
Capítulo 26 - BRAZIL




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/126465/chapter/26

Eu tinha tantas, mais tantas coisas pra me preocupar agora e a única pessoa do mundo que eu precisava ficar longe resolve roubar todo meu dinheiro.

Minha raiva atingia níveis tão extraordinários que eu achei que fosse retornar, matar e voltar pro avião. Edward ressonava calmamente do meu lado, tá, tudo bem. São 11.090 km de Seattle até o Rio de Janeiro, e ainda mais uns 1.000 km de Rio Janerio até Porto Alegre. Eram cerca de 12 horas de viagem internacional e mais umas... Hm... Duas horas por aqui?

Eu não fazia idéia.

E não me importava também. Eu estava paranóica, neurótica, não conseguia dormir, pensar ou respirar direito.

Phil e a noite anterior estava comendo meu cérebro. Renesme simplesmente já o havia digerido. Eu não tinha mais o que chorar. Eu estava tão seca quanto à cara de Phil ficaria quando eu me livrasse dele.

Eu acho que tudo, mas absolutamente tudo mesmo, que podia dar errado acabou dando hoje. Como se a corda que me sustentasse rompesse eu estivesse caindo infinitamente em uma escuridão sem fim, sem apoio e sem necessidade.

Afinal, por que minha irmã tinha que ficar doente? Por que ela não podia ter só uma vida normal, como qualquer outra criança da idade dela merecia?

Por que os Swans não podiam só... Ser felizes?

Eu não podia entender as pessoas que gostariam de ser famosas. Eu não conseguia ver cabimento e verdade nesse desejo absoluto. Claro, eu admito, tem lá suas coisas boas.  Mas e o resto? E a privacidade?

Tem milhares de cantoras que dão piti, bebem, estão sempre drogadas, brigam com os fãs e fazem um fiasco ridículo. E daí, xingam paparazzis e repórteres como eu mesma já fiz, só que, Deus! Foi escolha deles! Eles abriram mão pra isso.

Edward se mexeu ao meu lado, acordando. Ele me encarou suavemente.

“Como você está?” perguntou, baixo. Muita gente ainda dormia aqui.

Eu dei de ombros. Eu não sabia bem o que responder.

“Eu tive um sonho estranho...” ele disse, “Sonhei que eu estava dopado, que Gregory e Peter tinham trocados socos no meio do casamento, Jasper apareceu com um vídeo e Peter agarrou Anne... E eles fugiram com meu volvo? Não posso ter certeza.”

Eu ri de canto, sem vontade. Ele suspirou e agarrou minha mão sobre minha perna. 

“Vai dar tudo certo, Bella. Eu juro.” Prometeu.

Meu lábio inferior tremeu e eu voltei a chorar, me agarrando a ele com todas as minhas forças.

“Não vai, Edward!” eu gemi, choramingando. “Não vai! Mesmo que ela se cure, mesmo que dê tudo certo... Que o transplante de medule seja realizado... Edward! Ela vai ter a vida dela limitada! Ela vai ter que tomar remédios até o último dia que ela viver, ela vai ser mais sensível a doenças...”

Eu suspirei profundamente.

Edward não falou nada, ele só me abraçou mais forte. Eu sabia que ele ia me xingar se falasse algo, diria que eu estava sendo pessimista, que era melhor ela tomando remédios pro resto da vida do que morta.

Eu calafrio tomou conta do meu corpo, enquanto meu coração gelava em finalmente considerar essa possibilidade.

Eu não podia perder minha irmã.

*

Eu saí do avião da Tam, as quatro horas da tarde. Exausta e muito cansada da viagem, por sinal. Meu corpo estava doido de eu ter ficado tanto tempo sentada e praticamente me pedia arrego.

“Vamos pegar um táxi.” Edward falou.

Eu podia ver em seus olhos – e possivelmente nos meus – a mudança de ambiente nos afetando. Era tão estranho voltar ao Brasil depois de vários anos nos Estados Unidos. Era como se isso aqui, e eu estava no aeroporto internacional de POA, fosse pequeno.

Não em tamanho, mas em riqueza.

Nos Estados Unidos era tudo mais organizado, mais limpo e eu via isso enquanto passeava com o taxista barrigudo que me levaria até o bairro do meu pai. Da minha antiga casa. Como será que eu reagiria?

Eu lembro de um parque que tinha próximo a minha casa... Como será que ele está?

Eu mordi o lábio inferior, ansiosa. Que Charlie faria quando me visse em sua porta?

O taxista passava pelas casas de meu bairro e Edward olhava tudo com curiosidade.

“Já estamos chegando.” Eu o avisei.

Era verdade. Edward pagou o taxista em dólares, o cara olhou pro dinheiro com uma cara suspeita, mas quando ele me olhou duas vezes disse mil coisas rápidos demais e pediu um autógrafo. Dei de mal grado.

Carregamos nossas malas até o portão de ferro, o qual eu apenas empurrei e notei estar aberto. Revirei os olhos, ele não era muito cuidadoso.

As casas antigas do bairro deixaram Edward maravilhado, por alguma razão estranha ele parecia estar aproveitando a viagem.

Eu suspirei fortemente antes de forçar a porta.  Inteligente. Estava trancada.

Chateada eu toquei a campainha cinco vezes. Seguidas e rápidas. Ouvi movimento lá dentro, pessoas caminhando e vozes exaltadas.

“A campainha funciona do mesmo jeito se tu apertares uma só vez.” Anunciou, uma mulher loira toda embecada.

“Essa é a casa do Charlie?” perguntei, desconfiada.

“É por causa de Charlie que estás aqui?” ela me olhou de cima abaixo. O choque do reconhecimento bateu nela, pra depois em mim. “Isabella?”

“Claudia?” eu me choquei.

“Isabella!” ela repetiu outra vez. Eu não sabia se ficava feliz em vê-la por aquela ser mesmo a casa do meu pai, ou brava por ela não me deixar entrar e estará toda arrumada. Por que a babá estaria vestida desse jeito?

“É.” Eu sorri, de canto. “Dá pra eu...?” apontei pra porta.

“Sim, claro!” ela disse, dando um sorriso sem graça. “A casa é tua.”

“É.” Eu sorri e passei. Edward me seguiu.

A mobília da sala estava toda mudada. Não apenas os lugares dos móveis, mas... Os moveis! O sofá que antes era centralizado na frente da lareira estava no canto esquerdo, atrás da porta. A mesa de centro que não existia antes estava na frente do sofá e perto de algumas poltronas mal localizadas.

Os tapetes – todos! Inclusive o persa da minha mãe – tinha sido retirados e trocados por outros mais novos e feios. A cristaleira de mogno antiguíssima da avó de minha mãe havia desaparecido de seu pedestal próximo a mesa de jantar. A mesa, que era de mogno, era de vidro agora. A casa estava moderna. E eu detestei cada pedaço de madeira e pano dali.

“O que Charlie fez aqui?” perguntei.

Ela ficou sem me responder, ainda pasma. Isso estava me irritando. “Onde está Charlie?” perguntei.

“Bella...” Edward advertiu, tocando meu ombro.

“Onde está meu pai? Será que é tão difícil me responder, Claudia? Cadê o meu pai?!” eu estava ordenando uma resposta, eu estava gritando com minha ex –babá. Mas porcaria! Ela não respondia, eu estava nervosa.

“Ele...Ele-Eu.” Ela gaguejou.

Eu passei as mãos pelo roto, puta.

Edward encarou a mulher, meio desconfiado. Ele não falava português, não entendia nada. Mas sabia que eu estava irritada e que ela gaguejava.

“O que aconteceu?” perguntou em inglês.

“Ela não fala.” Explique.

Claudia ficou apara e pr trás quando eu fui até o escritório de Charlie. Ele não estava ali.

“Eu te juro, Edward, eu vou matar aquela mulher se ela não responder onde está o meu pai.”

“Claudia, eu não acho ele em lugar nenhum! Onde ele está?”

Ela mordeu o lábio inferior, temerosa. “No hospital. Com Renesme. Ela passou mal.”

Eu arregalei os olhos, em choque. “Que hospital?”

“No Moinhos de Vento...” eu sai antes dela terminar. Edward me seguiu, meio – ok, totalmente – perdido.

“O que houve?” perguntou, me parando. “Bella, me fala!” ele exigiu.

Eu vi naquele momento que trazer Edward foi uma droga. Ele ia me atrasar, estava sem entender nada e aquele era um momento meu.

Eu expliquei pra ele brevemente a história do hospital enquanto caminhávamos algumas quadras atrás do edifício branco.

Eu cheguei na recepção, e corri até a enfermeira que estava ali.

“Onde está Renesmee Swan?” perguntei, sem rodeios.

Ela me olhou por sobre os óculos, metida, mascando um chiclete.

“Você é parente?”

“Sou irmã.” Bufei. “Serve?” fui maleducada.

“Tem mais de treze?” perguntou. Tinha batom em seu dente e ela estava me deixando muito brava.

“Sim!” eu rosnei. “Eu tenho dezessete! Me diz logo o número do quarto!”

Ela fez uma careta e de muito malgrado disse o número do quarto e como eu faria pra chegar lá.

“Tem batom em seu dente.” Disse, antes de ir. “Bitch.” Xinguei em inglês, sem nem ao menos saber se ela entenderia.

Edward me olhou e eu ri um pouco, indo pro corredor esquerdo e depois até o quarto 100-A.

Eu encarei a porta na minha frente, Edward agarrou minha mão com força e eu suspirei fundo antes de bater e deslizar pra dentro da sala.

Charlie estava sentado, agarrando a mãozinha de uma quase neném de olhos fechados e rostinho abatido. Ela estava sem cor alguma no rosto, o rosado das bochechas era inexistente e a boca parecia quebradiça.

Eu precisei me segurar em Edward pra o meu coração voltar pro lugar e minha cabeça parar de girar.

“OH, meu Deus!” eu quase gritei. “Charlie, o que aconteceu com ela?” eu inquiri.

Charlie estava surpresíssimo por me ver aqui e eu estava sem um pedaço de mim em ver minha irmã daquele jeito.

“Ela passou mal, Bella. Tivemos que trazer ela pra cá.” Ele disse, me dando um longo abraço.

Eu o abracei de volta.

“Charlie, eu não quero que ela fique mal...” choraminguei.

“Ela vai ficar bem, Bella, eu prometo.” Ele disse.

Eu chorei um pouco mais ali, indo cuidadosamente pra perto dela e segurando sua mão. Charlie cumprimentou Edward com um Cortez aperto de mão.

“Olá, meu bebê.” Cumprimentei, ela não respondeu, estava dopada.

Eu suspirei, cansada.

“(...) Que você acha, Bella?”

“O que?” perguntei.

Edward me olhava preocupado, Charlie estava perguntando alguma coisa.

“Vamos pra casa, Bella.” Charlie disse. “Eu levo vocês e volto pra cá.”

“Não, eu quero ficar aqui com ela.” Resmunguei.

“Você passou quase um dia dentro de um avião, Isabella. Você vai pra casa.” Brigou.

“Eu não quero deixar ela sozinha...”

“Ela não vai.” Charlie prometeu. “Renato vai ficar com ela e eu volto em alguns minutos. Vamos?”

“Mas pai, quando ela volta pra casa?” perguntei.

Ele suspirou e me guiou pra porta. Isso seria um... Nunca?

(...)

Eu quase vomitei a comida que eu jantei. Claudia estava caprichando nas porcarias que ela colocava ali. Eu não quis comer nada.

Edward chegou e foi direto pro banho, cansado. Eu acho que ele dormiu no quarto dele sem nem reclamar.

Charlie já havia ido pro hospital outra vez, Claudia estava na sala de estar falando no telefone e eu estava descendo as escadas com um short curto e uma regata branca, eu estava sujando despreocupadamente minhas mias soquetes brancas.

“Não! Eu falei que ela era-“ ela foi cortada. Um espaço a ela falou outra vez. “Como eu ia saber? Fazia uns três anos que eu não via ela!”  outra pausa. Ela quase espumou pra responder. “Quer saber? Vai tomar no teu cu! De qualquer jeito ela não tem direito, não é filha, não é problema.”

Eu recuei dois passos, tomando cuidado pra não bater em nada. Ela estava falando de mim?

Horrorizada subi as escadas de volta, tentando não tropeçar nos degraus. Que essa louca pensa que está fazendo afinal de contas?

Mordi a minha bochecha por dentro, entrando no meu quarto.  Eu suspirei encarando a antiga overdose de rosa familiar. Agora ela era só uma overdose de rosa e eu sentia falta do meu quarto.

Como isso era engraçado.  Eu sentia falta até do frio de Forks, dos primeiros dias que estive em Forks... Eu estava tão acostumada com esse quarto, mas agora... Ele não era nada além de um inferno pink pra mim.

Eu deitei na minha cama, imaginando com Carlisle não deveria estará em pânico em Forks. Isso me fez lembrar do meu celular desligado, fui até minha bolsa imediatamente, o tirando de lá.

Abri o flip e o liguei. Haviam 15 mensagens não lidas. Todas do Carlisle e havia mais umas três mensagens de voz do Emmett. E Talvez umas cinqüenta do Carlisle.

Eu mordi o lábio inferior com força antes de ouvir a última.

“VOCÊ...ESTÁ...DE...CASTIGO...PRA...SEMPRE!” ele berrava. “TER FICADO BÊBADA ONTEM, GRITADO COM GREGORY E INICIADO UMA BRIGA DE COMIDA NÃO FOI NADA PERTO DE FUGIR DE CASA!” eu arregalei meus olhos. Por surpresa e por nunca imaginar ele tão furioso. “ASSIM QUE VOCÊ OUVIR ISSO, LIGUE!”

Eu não podia acreditar que iniciei uma guerra de comida... Não, em um casamento, não. 

A segunda era dele também. “Desculpe por ter gritado com você... Bella, onde você se meteu? Estou preocupado!”

Ok, peso na consciência.

“RETIRO AS DESCULPAS! EU QUERO VOCÊ EM CASA AAAAAAGOOOOOOOOOOOORA!” depois do berro eu ouvi um gritinho assustado de Esme e a ligação teve uns chiados e caiu.

“Eu, hein?”                

A outra era do Emmett. “Bella, onde Raios você se meteu? Carlisle está tendo um AVC! Volte pra casa agora!”

Eu enruguei o cenho. Não era pra ele estar na universidade?

“ISABELLA SUA SEM CORAÇÃO!” Que Alice queria com o celular de Carlisle? “COMO VOCÊ FOGE COM O MEU IRMÃO E NÃO ME-.” A ligação caiu.

Eu quase ri quando vi que era outra ligação de Carlisle. “VOCÊ FUGIU COM EDWARD?” ok, agora eu tinha certeza que ele estaria sem voz. “VOOOOCÊ ESTÁ DE CASTIGO ETERNAMEEEEEEEEEENTE!”

Eu estava ferrada.

Suspirei ruidosamente antes de desistir de ouvir as chamadas. Tinha algumas mensagens também, quase todas de Carlisle. Uma de meu avô chamou minha atenção.

Isabella, sua pequena irresponsável! Onde você pensa que se meteu? Volte pra casa.

Com amor, vovó.

Vovó? Como assim vovó? Esse era o telefone de Peter? Erro na acentuação? Mas, como? Meu avô nem sabe usar mensagens!

Eu fiquei meio incomodada com isso, mas ignorei.

As prateleiras que eu tinha certeza de ter deixado vazias, estavam novamente cheias. Eu não tinha deixado nenhum enfeite ali, entretanto meus porta-retratos estavam todos posicionados do jeito que costumavam ficar.

O meu tapete cor-de-rosa continuava no meu quarto, assim como minha estante com alguns livros que eu havia deixado.

Eu levantei da cama e toquei a marca que o café havia deixado no meu tapete.

Minha mãe havia derramado.

Eu suspirei pesadamente, endurecendo meu maxilar. Eu lembro de como ela costumava vir conversar comigo a noite, de como ela gostava de me beijar antes de dormir e de como ela reclamava por passar tanto tempo longe de mim.

Eu lembro das caminhadas idiotas que fazíamos antes de o sol nascer no parque, geralmente quando eu estava de férias. Das inúmeras brigas que tivemos por nossos gênios serem tão incompatíveis, das discussões que eu tinha com ela por não saber quem era meu pai.

Por ela nunca me falar de meus avós – que agora eu sei, nunca terem aceito o namoro deles – de porque ela nunca quis me levar a Nova Iorque.  Eu havia nascido em Nova Iorque e havia sido enxotada pra o Brasil quase no mesmo dia.

Agora eu estava aqui. De volta onde eu pensei ser o lugar mais doloroso pra mim, mas não.

Ele só não era mais a minha casa.

Eu estava mexendo em meu armário outra vez. Ele estava intocado, todas as roupas que eu havia deixado ali, permaneciam ali. E isso era divertido, revirar e re-descobrir.

Vi algumas blusas que eu gostaria de usar, apesar de agora eu ter mais peito e elas não caberem. Vi algumas maquiagens que eu costumava adorar, inclusive um estojo que se abria em flor em mais ou menos umas três camadas de sombra, duas de blush e pó facial e mais alguns tons de batom. Tinha rimel, delineador e lápis labial e para olhos também. Que diabos eu tinha na cabeça quando deixei o meu precioso pra trás?

Eu ouvi barulhos no corredor, era Claudia. Ela continuava batendo boca no celular. E as coisas que ela falava eram.... Estranhas.

E então, como se eu tivesse sido estúpida durante todo o tempo uma coisa caiu sobre meus olhos, dentro do cérebro.

“Renesme está sendo envenenada!” disse Renée, apavorada. “Estão envenenando sua irmã!”

Horrorizada e paralisada, o entendimento me assombrou com mais intensidade que o fantasma de minha mãe. Claudia era uma assassina.  Ela estava envenenando meu bebê.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Rock Model" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.