Salem, Oregon

Dois anos após o acidente

11h30min da manhã

Sally estava deitada no seu quarto, tão concentrada nos seus pensamentos que nem percebeu quando sua mãe chegou em casa. Megan estava alegre por reencontrar suas velhas amigas. Velhas amigas por que eram em sua maioria mães de colegas de Sally. Megan estava se acostumando á vida que estava construindo. Ela e Sarah, mãe de Brit eram muito próximas, devido à amizade entre Brit e Sally.

Sarah e Megan tinham ido tomar um café juntas depois do julgamento, proposta que Megan fez para distrair a amiga do assassinato da filha. Além disso, tinham muito para por em dia. Megan tinha se separado, e praticamente se tornado outra pessoa, e Sarah tentava superar a perda da única filha que teve, devido á problemas de saúde.

No café, encontrou a Sra. Dawson, mãe de Matt, que, devido ao relacionamento firme do filho com Sally, conhecia Megan muito bem. Jennifer, a mãe de Matt, aceitou se juntar na conversa e mandou o marido ir ao supermercado fazer as compras sozinho. Afinal, não é sempre que três velhas amigas conseguem se encontrar e ele tinha a lista do que comprar, não tinha como se esquecer de algo importante.

Megan contou que havia conhecido Brandon Parker e que tinham saído um par de vezes juntos. Jennifer disse que o conhecia muito bem e que seria melhor tomar cuidado com o filho dele, Lucca, pois o menino era um encrenqueiro e tinha tornado uma simples festa entre amigos que Matt tinha feito num escândalo envolvendo uma ambulância. Disse que Lucca tinha entrado em coma alcoólico após beber demais na festa e que culpa Matt por isso, sendo que o menino não tinha feito nada. Pobre e ingênua mãe.

Megan ficou chocada e desapontada, pois Lucca lhe parecia ser um menino muito educado e tímido. Além disso, era muito amigo de Sally. Disse que tomaria as devidas providências para manter o histórico escolar da filha em ordem.

- Sally! Filha, onde você está?Precisamos conversar. – disse Megan.

- Aqui em cima mãe, já vou descer. - disse Sally

Sally desceu as escadas e quando chegou em baixo encontrou com sua mãe, que estava sentada no sofá, admirando suas unhas pintadas de vermelho pela manicure.

-Filha, eu sei que você é amiga do Lucca, mas... Parece que ele não é uma boa companhia para você. Ouvi coisas sobre ele que não gostei nem um pouco. - Megan sabia que não era o melhor exemplo de mãe coruja, mas quando se tratava de manter as aparências, era uma expert.

- Como assim? Mãe, o Lucca é o menino mais tímido que já conheci na vida. Ele tem vergonha até de dizer presente na chamada, não me parece que ele tenha aprontado algo muito ruim na vida. – disse confusa com o que a mãe dizia e com o que ela mesma tinha visto. Seria possível Lucca ter mudado em um ano?

Era de se estranhar Sally estar admirada, afinal, não havia sido ela a menina que em dois anos mudou a personalidade, a aparência e o jeito de ser? Mas Lucca encrenqueiro era algo estranho até mesmo para Sally. Afinal, quem era Lucca? O encrenqueiro, o ignorante, ou o fofo? Sally estava quase convencida de que ele era bipolar. Era a única explicação plausível.

-Bom, pelo que me disseram ele não é nada tímido, muito menos comportado. Filha, o que eu quero dizer é que, você não deve andar com o Lucca. Ou senão, vou-me sentir obrigada a tomar sérias providências.

- Mãe, tudo bem. Só quero saber o que te disseram dele. Por que provavelmente deve ser mentira.

- Filha, não me parecia mentira. Além do mais, se seu amigo não te contou não vou ser eu a primeira a abrir a boca. - disse Megan, fazendo como se estivesse fechando sua boca e trancando com um cadeado. Ela olhou no relógio e já eram 12 horas. – O que você acha de sair para almoçar? Tem um restaurante aqui perto que tem umas massas deliciosas.

- Massas? Eu estava com vontade de comer um cheeseburger. - disse a loira tentando ao máximo afastar as lembranças de coisas da Itália.

- Ok, então. Vamos para aquela lanchonete na Liberty Street. Acho que já fomos lá uma vez com o seu pai.

-Só vou me trocar e já podemos ir.

Sally estava subindo as escadas e quando chegou ao andar de cima, viu a porta de seu quarto entreaberta. Ela podia jurar ter visto um vulto com cabelos ruivos lá. Sally congelou. Não podia ser quem ela pensava ser. Em nenhuma hipótese poderia ser essa pessoa. Ela estava morta. E quando ela morreu todos seus segredos morreram junto. A única que poderia dizer algo era Sally, logo o que ela dissesse se tornaria verdade. Sally ainda estava parada na escada. Estava com medo de subir. ‘Não tem como ser ela. Ela está morta. Fui eu quem a matei. ’pensou a loira. Desta forma, tomou coragem suficiente para subir as escadas e entrar no quarto. Ao entrar viu ‘Você vai pagar pelo que me fez. ’ Escrito com sangue nas paredes e no segundo seguinte aquela medonha frase havia desaparecido. Sally se trocou o mais rápido possível tentando afastar o pavor que a tomava e não parava de repetir para si mesma que estaria tudo bem. Ao descer viu a mãe sentada no sofá. Megan ao notar a presença da filha rapidamente se levantou e disse:

-Vamos?

- Claro. Você já pegou as chaves do carro? –disse a garota.

- Sim, você já pensou no que vai pedir? Assim a comida não demora tanto a chegar.

- Não, depois eu decido. – disse Sally olhando fixamente para frente. Ela parecia hipnotizada.

- Ok. - disse Megan por último entrando no carro e ligando- o.