Love Song escrita por Lonely Looney


Capítulo 1
Capítulo 1




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Capítulo 01 –

Sem dinheiro para o almoço novamente. “Desse jeito,”, pensava Yumi, “vou continuar magra e com esse corpo de garoto.”

A banda da qual ela fazia parte, Garage Sale, já estava há várias noites sem tocar em algum bar. Quando já estavam quase se tornando regular no Kinky’s, seu amigo, Kiyoshi, arrumou uma briga e eles perderam o emprego. Ele sempre tinha que fazer isso. Tanto cigarro e bebidas davam esse resultado. Por isso Yumi não fumava nem bebia.

Sua mãe sempre soube o que era melhor. Nunca quis que ela tocasse baixo. Ou qualquer instrumento. E então, ela largou os estudos para se dedicar à banda. Se soubessem que isso se tornaria mais que um capricho, que era mais que uma fase, com certeza seus pais jamais a teriam deixado ter aulas de música.

Yumi sabia também tocar violão. Mas sua especialidade, sua paixão, era o baixo. Apenas quatro cordas eram capazes de criar um milagre chamado música.

Yumi ligou seu iPod em qualquer música do L’Arc~en~Ciel (eles sempre a inspiravam) e começou a andar em direção ao McDonalds mais próximo. No meio do refrão de Flower ela estava tão mergulhada na música que nem viu a pessoa na sua frente e deu um encontrão.

– Desculpe. – disseram os dois ao mesmo tempo.

Ela já o vira antes. Tinha certeza, mas só não sabia onde. Era um garoto com cabelos castanho-avermelhados e usando óculos escuros, o que era estranho o suficiente, já que estavam dentro da lanchonete. Alto, muito bonito. E ele parecia analisá-la. Yumi sabia o que ele via. Uma garota de cabelos pretos e longos, dolorosamente magra, em jeans rasgados nos joelhos e uma camiseta listrada.

Mas não era para ela exatamente que ele estava olhando. Era para o estojo que continha seu baixo.

– Você toca guitarra em alguma banda? – ele perguntou.

– Hm... Não, isso é um baixo. Eu não toco guitarra. Eu larguei meus estudos para trabalhar e pagar minhas aulas de música. Minha mãe queria que eu fosse médica ou dentista. E por sorte, hoje ainda tenho algum dinheiro para um cheeseburguer, já que meu amigo nos fez perder o emprego. Mas não sei por que estou contando minha vida triste a um estranho. Acho que é por falta de dinheiro para ir a um psiquiatra. Com licença, antes que a fila aumente.

– Espere – ele segurou o braço fino da garota, gentilmente. – Eu pago seu lanche. Venha se sentar comigo e meus amigos.

– Não faça isso, não quero a piedade de um estranho.

– Na verdade não é só isso. É seu instrumento. Eu toco guitarra numa banda. Talvez o líder esteja interessado num novo membro. Um baixista seria uma aquisição preciosa. Se você se provar boa o suficiente...

– Uma banda...? – Yumi perguntou com uma fagulha de interesse em seus olhos castanhos. – Mas onde vocês costumam tocar?

– Calma, primeiro vamos conversar todos juntos.

Os amigos do garoto, sentados à mesa eram dois: um de cabelo espetado, num tom rosa, e o outro, que não parecia muito simpático, também tinha cabelo curto, preto.

– Olá, pessoal. Eu tenho uma convidada hoje. – disse o garoto que conduzia Yumi, já se sentando à mesa junto com ela e tirando os óculos.

O de cabelo rosa pareceu espantado.

– Hiro... Quem é essa? Mas e a.--

– Shuichi, não é o que está pensando. Essa é...?

– Yumi Kojitaka – respondeu Yumi.

– Sim, e ela carrega um baixo. Um baixo, Shuichi! Imagine o que um instrumento como esse faria pela nossa banda? Você mesmo disse que estamos precisando de algo original, novo.

– Eu discordo – protestou o de cabelo preto, mal-humorado – Nossa banda já está completa e ela nem sequer participou de uma audição. Você conhece as habilidades dessa garota, Hiro, ou há algum motivo especial para querer contratá-la?

Yumi agradeceu por não ter nem mordido seu cheeseburguer, que ela teria regurgitado de indignação. Ela se levantou para ir embora, mas Hiro a deteve segurado-lhe a mão.

– Fujisaki, eu sei que você acha que a banda já está completa, mas poderíamos dar uma chance a ela. Eu não a conheço, mas sinto que é uma oportunidade de algo bom acontecer.

– Bem, Hiro geralmente tem razão... – falou Shuichi. - E depois, o baixo iria muito bem com a guitarra e o sintetizador... Mas não sei, o que Fujisaki está dizendo faz todo sentido. Como podemos colocar uma estranha na banda? Nós nem sabemos as suas conexões nem nunca a vimos tocar. Tenho certeza de que Touma nos indicaria um baixista se precisássemos de um.

– Acontece, Shuichi, que ela precisa--

– Esperem. – interrompeu Yumi. – Mas onde vocês tocam? Qual o nome da banda? Eu não sei nada.

Fujisaki riu sarcástico.

– Ela nem sequer sabe quem nós somos.

– E deveria? – perguntou Yumi, séria.

– Yumi-san, somos a Bad Luck. Não sei se já ouviu falar de nós, mas somos relativamente famosos. – disse Hiro, paciente.

– Espera aí... – Yumi se levantou da cadeira parafusada o mais rápido que pôde. – Bad Luck? Aquela banda pop comercial? Eu nunca nem ouvi a guitarra em nenhuma das poucas músicas que consegui suportar, nem sabia que tinha guitarrista! Letras insípidas, melodias confusas...

Foi a vez de Shuichi se levantar.

O quê?! Como ousa dizer essas coisas absurdas! Nós somos queridos por todo o Japão! Se você fizesse melhor não se vestiria como uma mendiga!

Yumi arregalou os olhos de susto com a resposta tão incisiva. Mas ela nunca conseguia gritar ou ser muito expressiva.

– Eu posso não ter sucesso porque as pessoas não conseguem distinguir um machado de uma foice, mas o mundo não está tão perdido a ponto de eu me corromper desta forma. Obrigada pelo lanche.

E Yumi se foi, sem tocar no sanduíche.

– Eu diria que ela não passou no teste. – disse Shuichi, emburrado.


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