XI.

A morena gargalhou com a empolgação de sua irmã conforme ela contava como havia ganho de Jasper no Vídeo Game e como ele ficara irritado pedindo revanche. Isabella então deixou que o riso morresse sem acreditar no que Alice havia feito.

- Então eu disse que minhas tardes são vazias de compromissos e ele poderia vir me visitar, digo, jogar comigo quando quisesse.

- Você não toma jeito fadinha!

Finalmente a mais velha deixou-se rir mais uma vez. A empolgação da adolescente era tão grande que contagiava a todos, mas também preocupava a irmã. Jasper era seu primeiro amor e ela estava se jogando de cabeça nesse sentimento, se caso algo de errado - Deus queira que não - Alice sofreria de mais e Isabella não suportaria tal fato. Mas ela não tinha mais nada a fazer além de orientar a mais nova. Existem coisas na vida que devemos passar por nós mesmos para aprender e seguir em frente. Ter pela primeira vez um coração partido é algo que pouquíssimos conseguem fugir durante a vida.

A morena lembra-se com exatidão de seu primeiro amor, nunca irá esquecer. Foi muito especial para ela e mesmo que tudo tenha acabado mal eles tiveram bons momentos juntos. Se conseguisse apagar de sua memória o último mês de seu primeiro namoro poderia dizer que foram os melhores seis meses de sua adolescência.

- Eu ganhei de todos os agentes, até mesmo do grandão e do ruivo! – se gabava Alice.

- Quem são esses dois?

- O grandão é o Emmett McCarty, Bel você tinha que conhecê-lo! O cara é gigante de mais! Mas ele é muito legal!

A morena assentiu, já havia escutado o nome do outro agente muitas vezes em sua casa, mas aparentemente para seu pai ele não era homem certo para ela já que fazia questão de focar em Edward.

- E o ruivo é o seu amado nerd.

Dessa vez Isabella revirou os olhos. Alice sempre dizia que ela tinha um amor profundo pelo espinhento e quando os dois se conhecessem seria arrebatador. Para ela aquele ditado Quem desdenha quer comprar se encaixava perfeitamente no caso da irmã.

- Ele é ruivo?

A voz da mais velha soou um tanto quanto histérica em quanto seus olhos se arregalavam e balançava a cabeça tentando dissipar a idéia completamente absurda que surgiu em sua mente.

- Sim, por quê? Interessou-se, é? – provocou a baixinha.

- É claro que não Alice! Não fale asneiras! Só perguntei por que me lembrei de um cara que vi na rua que era ruivo. – deu de ombros como se a informação fosse o que comera no café da manhã.

A garota prendeu o riso em sua boca. Se sua irmã não lhe perguntasse como Edward era fisicamente não seria ela a dar esse gostinho. Ela queria estar por perto quando os dois se vissem pela primeira vez.

- Vamos sair Bel?

- Aonde quer ir?

- Ah! Hoje é domingo, dia ensolarado... Algo que combina com natureza!

- Estamos no meio de uma selva de pedras Lice.

- Ah! Não seja ranzinza! Ainda temos algumas opções em Nova Iorque. Que tal um piquenique no Central Park?

- Mamãe vai azucrinar minha vida se eu não te der um almoço descente.

- Podemos almoçar lá. Por favor... – choramingou.

- Ok sua chantagista!

*/*/*

Não era possível que aquela maldita patricinha estivesse o ignorando tanto quanto ele a ignorava! Quem ela pensa que é para chamá-lo de NERD? Ela nem se quer o conhecia. Sua consciência gritou-lhe com a menção deste pensamento, afinal ele também tirara conclusões precipitadas ao seu respeito. Mas o fato dela ter colocado apelidos nele confirmava o fato dela ser uma garota mimada e que pensa ser superior a todos, ou seja, patricinha!

O agente Masen bufou para o céu azul acima de seu corpo. Estava deitado na grama do Central Park em pleno domingo ensolarado de seu dia de folga e apesar de sempre apreciar este dia da semana e adorar quando o tempo está bom... Hoje ele estava - como diria seu amigo Emmett - com o cu virado. E o que o deixava ainda mais irritado era o fato de nem conhecer pessoalmente a causadora do seu gritante mal-humor. Se pelo menos soubesse como é a cara da infeliz teria um rosto para se concentrar.

- Você sabe que se deixasse de putaria e conhecesse logo a garota isso não estaria o chateando tanto.

Edward revirou os olhos para a doutora que estava sentada ao seu lado esperando Emmett trazer seu suco. McCarty ligara mais cedo para Masen arranjar um encontro com a loira, mas como ele sabia que ela não aceitaria ir sozinha com ele - já que o conhecera há apenas dois dias - pediu para o amigo ir junto como se aquilo fosse uma saída entre amigos.

O ruivo ainda se xingava por ter aceito aquela merda. Se insistisse no telefone a doutora com certeza teria aceitado sair com Emmett e ele não precisaria segurar vela agora. Tudo bem que seus amigos não tinham feito nada além de conversar e se conhecer, mas porra, ele preferia ter ficado em casa assistindo qualquer porcaria que estivesse passando na TV a escutar as frases de duplo sentido que os dois empregavam na conversa. Diabos, por que não vão para um quarto de uma vez?!

*/*/*

Estendeu a grande toalha xadrez branca e vermelha na grama. Ajoelhou-se depositando a grande bolsa ao seu lado e então tirou de dentro o grande recipiente lotado com sanduiches caseiros. A garota que a observava atentamente deu um largo sorriso e juntou-se a irmã sentando-se ao seu lado lhe dando um apertado abraço de agradecimento.

Isabella deitou cruzando seus tornozelos e colocando seus braços atrás da cabeça. O céu azul demais fez seus olhos arderem, os espremeu até acostumar com a claridade para depois de um suspiro fechá-los. Com a mente limpa de pensamentos indesejados e as orelhas captando apenas o som de risos e gritos de crianças, latidos de cachorros e cantorias de alguns pássaros. Deixou-se relaxar e pouco a pouco uma imagem foi surgindo em sua mente. 

A imagem de um homem que apesar de ter o visto somente uma vez, nunca mais o esqueceu.

Não diferente da irmã Alice também viajava em pensamentos para um país não muito distante chamado Jasper Halle. Os hormônios não a deixaram relaxar e apenas a menção de seu nome em sua mente a deixou com a boca seca. A garota sonhava acordada com a possibilidade de sua paixão a encontrar por acaso no parque.

- Bel, estou com cede. – disse espantando as fantasias que começavam a ficar quentes.

- O que quer tomar? – perguntou a irmã ainda de olhos fechados.

A adolescente soltou um risinho. A mais velha abriu somente um olho para constatar a vermelhidão no rosto de Alice.

- Ok. Não responda senhora mente poluída!

Isabella conhecia bem demais a irmã. Leu suas expressões tranquilamente e preferia não imaginar o que a baixinha estava fantasiando. Levantou-se e avisou que iria comprar um suco para apagar seu fogo. Alice gargalhou sem graça e observou a irmã correr até o carrinho de cachorro quente a alguns metros de distância. Seu riso aumentou ainda mais quando a viu tropeçar nos próprios pés e ir diretamente ao chão.

Com três latas de suco na mão Emmett se virou para saber o porquê do riso do homem que vendia cachorros quentes e bebidas. Suas sobrancelhas se ergueram ao perceber uma mulher ajoelhada no chão e com os longos cabelos castanhos cobrindo sua face. Sem se conter o agente deu três passos e se agachou na frente da mulher.

- Você machucou alguma coisa? – perguntou McCarty preocupado, mas então riu com a resposta da desastrada.

- Somente meu orgulho. Mas tenho certeza que algum dia ele ficará curado.

Alice abandonando suas coisas correu até o casal. Emmett ajudava Isabella a se levantar quando a adolescente os alcançou.

- Grandão! Você por aqui!

- E aí baixinha?

O homem sorriu largamente para sua parceira de Vídeo Game, mas não pode esconder sua curiosidade ao vê-la enganchar um de seus braços na moça que acabara de se estatelar no chão.

Quando a ajudou a levantar não conseguiu deixar de notar a beleza da jovem. Uma beleza doce e ingênua. Esse não era seu tipo de garota, preferia aquelas como Rosálie, mas não quer dizer que ele não a tenha achado uma linda mulher.

- Vejo que acabou de conhecer minha irmã. Bel esse é o agente McCarty, o cara que perdeu feio para mim no vídeo game.

Isabella sorriu gentilmente para o homem. Já McCarty arregalou seus olhos e sua boca abriu levemente. Sua língua não se conteve e exclamou catatônico.

- Edward é muito otário!

- Oh não! Você também? – gemeu a morena em meio a um suspiro cansado.

Emmett gargalhou juntamente com Alice.

- Não se preocupe, prometo não enumerar as qualidades de meu irmão.

- Muito obrigada mesmo!

- Credo mana, até parece que ele tem alguma doença contagiosa!

- Nerdisite é contagioso? – perguntou a morena arregalando seus olhos em falsa preocupação.

Alice revirou os olhos em quanto McCarty gargalhava alto. Não era possível que seu melhor amigo se recusava a conhecer a mulher. Em poucos minutos ele já percebera como ela era. Uma mulher de uma beleza exterior de se admirar e uma beleza interior que exalava charme por conta da sua personalidade divertida. Emmett foi altamente treinado para ler expressões mentirosas e Isabella tinha algo impressionante em sua expressão, algo que era quase impossível encontrar nos dias de hoje no rosto de uma mulher bonita.

Ela possuía verdade. E mesmo que tentasse mentir seu rosto a entregava. Exatamente como o fez quando o agente as convidou a se juntarem a eles.

- Vamos lá Isabella. Eu garanto que eles vão gostar de você, além do mais é uma ótima oportunidade para você e Edward se conhecerem.

- Ele está aí?

- Sim. Ele e Rose.

- Oh, não obrigada. Tenho um projeto para terminar ainda. Cliente importante na segunda.

- Mentirosa. – disfarçou Alice em uma tosse inventada.

A morena fuzilou a mais nova com os olhos.

- Você e Edward combinam muito mais do que pensam. Somente o fato de estarem fugindo desse primeiro encontro prova o que acabo de dizer.

Isabella fez uma careta com a imagem mental que se formou em sua cabeça. Um homem completamente cheio de acnes a abraçando e a partir do lugar em que suas peles se tocavam espinhas começavam a nascer em sua própria pele até que ela mesma estivesse transbordando pontinhos vermelhos e amarelos.

- Por mim esse primeiro encontro nunca acontecerá. – sussurrou baixo o suficiente para que nem o agente e nem a irmã escutassem.

- Por favor, Bel!

- Lice desculpe. Se quiser ficar tudo bem, eu te busco mais tarde, mas eu vou voltar para casa.

A imagem em sua mente estava fazendo seu estômago embrulhar. Alice suspirou e a olhou tristemente.

- Eu volto com você. Hoje foi o único dia na semana que eu pude te ver quero aproveitá-lo ao seu lado.

- Ah fadinha! Não faça essa cara. – a adolescente sabia exatamente como quebrar o coração da irmã. – Sei que fazia tempo que nos víamos, mas estou sempre falando contigo pelo telefone.

- Não é a mesma coisa.

Emmett observou a cena com um sorriso tristonho. O amor entre as duas era praticamente palpável e a inveja queria entrar em seu peito. Queria uma irmã também.

- Marcamos outro dia baixinha. Quem sabe nós não conseguimos armar algum esquema para os dois teimosos? – o agente mandou uma piscadela para ela que deixou para trás sua feição triste e sorriu largamente assentindo com agilidade.

Isabella iria pedir para não dar idéias a sua irmã, mas decidiu não interferir no lindo sorriso animado que a baixinha dava. Afinal, sentia-se culpada por não estar mais tão presente na vida de Alice. Elas geralmente só se viam nos finais de semana em que a morena não estava trabalhando.

Durante as manhãs e boa parte da tarde Alice estava no colégio em quanto sua irmã dormia. À tarde Isabella ia para o trabalho e saía só à noite. Nesta hora do dia ela ligava para a família e falava um pouco com os pais e depois boa parte do tempo com a irmã. Quando desligava o telefone as únicas coisas que tinha vontade de fazer era tomar banho e dormir.

Emmett despediu-se das duas e voltou para junto de seu amigo e sua futura namorada.

- Eu estava prestes a ir atrás de você. – disse Edward assim que avistou o amigo.

- Então eu deveria ter demorado mais. – sorriu largamente o mais alto.

Rosálie franziu a testa.

- Por que diz isso?

- Acabo de conhecer a filha mais velha do chefe.

O agente Masen bufou e sentou-se novamente ao lado da amiga que ria levemente.

- Eu estou impressionada que você ainda não tenha ficado curioso Edward, por que até mesmo eu que nada tenho a ver com ela já estou me mordendo! Como ela é Emm?

McCarty sorriu e sentou-se ao lado da doutora e disse entregando os sucos aos amigos.

- Edward está sendo muito idiota por não querer conhecê-la. Isabella é uma mulher muito bonita e pelo pouco que conversei com ela e a vi interagindo com a irmã me parece ser muito doce. E Edward, você sabe que doçura está longe de combinar com patricinhas. Ela realmente não tem nada de patricinha.

Masen bufou revirando os olhos sem querer escutar.

- Vou para casa. – anunciou sem querer mais ouvir aquela merda.

Seu domingo virou um inferno graças a maldita Isabella Swan.

O casal ficou de boca aberta com a atitude do ruivo e em quanto ele se afastava Emmett murmurou.

- Sabe a ironia de toda essa história?

- Não.

- Isabella é exatamente igual a morena que Edward descreveu que viu na rua.

- Longos cabelos castanhos, intensos olhos verdes, nariz pequenino e delicado, boca bem desenhada...

- Ele a descreveu com mais detalhes para você.

A loira riu levemente.

- Se Isabella for a mesma garota por quem Edward se apaixonou apenas de olhar pode ter certeza que essa história está longe de acabar.

*/*/*

O dia amanhecia em Nova Iorque. A grande selva de pedras despertava para mais uma longa semana de trabalho. Na cede do FBI não era diferente. Agentes andavam de um lado para o outro, elevadores subiam e desciam sem parar, telefones tocavam a cada 30 segundos, bandidos eram levados algemados para interrogatórios e Edward estava puto da cara com o mundo.

Ficou com mais raiva ainda quando Rosálie veio com um papinho pentelho - que ele odiava - sobre suas atitudes passadas. Nesses momentos ele simplesmente odiava o filho da puta que inventou a psicologia.

Alguns quarteirões de distância dali Alice chegava ao colégio de carona com sua irmã mau-humorada por ter acordado cedo. Mas a adolescente já estava acostumada e sabia lidar exatamente com isso. Despediu-se beijando as bochechas de Isabella e logo correu para se juntar às amigas.

A morena retornou para seu apartamento, mas algo não a deixou dormir novamente. Estranhando o aperto no coração ligou para a mãe.

- Olá meu bem, como você está? – perguntou Renée assim que colocou o parelho na orelha.

- Estou bem mãe, acabei de deixar Lice no colégio. Você e papai estão bem? – perguntou ainda com aquela sensação estranha no peito.

- Estamos sim querida, seu pai está prestes a sair de casa. Aconteceu alguma coisa?

- Não, não aconteceu nada. É que estou com um aperto no peito. Deve ser besteira minha. Tenha um bom dia mãe e o pai também.

- Claro meu bem, e você também. Se cuide. Amo você.

- Também amo você.

Isabella guardou o parelho na bolsa e tentou acalmar seu coração que já pressentia o que estava para acontecer.

Não muito longe de onde a morena estava seis homens se preparavam para a primeira ação de seu tão arquitetado plano.

James bateu levemente na lataria do velho carro. Era roubado e um modelo muito popular. Seus vidros foram propositalmente protegidos com um filme extremamente escuro. A placa obviamente trocada.

- Sabe o que fazer não é Amun? – sorriu o dos longos cabelos loiros.

- Essa primeira etapa não depende mim James! – retrucou o piloto. – Não preciso ser rápido agora. O problema será se o cara não tiver coragem.

- Relaxe. Vai dar tudo certo.

Os dois então olharam para os outros quatro homens. Um deles não era bandido, era somente um homem sem esperanças. Seu coração batia rápido no peito, a adrenalina subia-lhe em quanto Caius ajustava o colete em seu corpo e Aro o provocava.

- Você sabe o que fazer, aqui está a foto da garota. O seu ato será lembrado pelo mundo. Será importante pelo menos uma vez na vida! – dizia R. J. Fernandez como se o que o homem fosse fazer fosse algo de extrema honra.

O pobre apenas assentiu e segurou com mais firmeza o revolver que Aro lhe deu caso algo desse errado.

Não demorou muito para que estivesse tudo pronto para a primeira faze do plano do GTCCS. O homem entrou na porta de trás. Amun seguiu para a porta do motorista e antes de entrar perguntou.

- E se ele amarelar?

- Mostre esse envelope. – respondeu Fernandez dando de ombros.

Dentro do envelope estavam fotos e informações sobre a filha e a mãe do pobre homem. Após a morte da esposa ele entregou a criança para os cuidados da avó. E agora se ele não cumprisse o que fora mandado teria sua família morta.

Aquela bomba grudada em seu peito teria que explodir.