A Rosa Azul - HIATUS escrita por Zá Sartori


Capítulo 2
Capítulo I




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            Jake, meu amor...Não...      

           

            Do mesmo modo que surgira, sua serena voz esvaia-se de minha mente outra vez. Correndo pela floresta enegrecida, eu tentei de todas as formas alcançar-lhe. Procurei entre as travessas árvores seus louros cabelos cacheados, que destoavam da escuridão da noite. Procurei então seus olhos chocolates, aqueles doces olhos marrons, que herdara tão lindamente de sua mãe, mas com seu toque especial.

            Jake, por favor...

            Ouvir outra vez meu apelido ser clamado, daquele jeito que apenas ela sabia falar; soterrou meu coração. Corri novamente, dessa vez com o anseio de poder tocar sua pele branquinha, lisa e macia como pêssego. A névoa que transitava entre as gigantescas árvores impedia de me localizar, e de localizar ela. Renesmee, aquela que eu tanto amei e amava, e que sem dó nem piedade foi arrancada de mim. Forcei meus olhos por entre a neblina, conseguindo enxergar seu cabelo voando junto com seu vestido rosa antigo. Segurando a parte da frente do longo vestido, minha pequena corria para longe de mim. Sem pensar duas vezes, corri alucinado atrás dela, e por mais rápido que parecesse que eu estava; eu nunca conseguia lhe alcançar. Por dentro eu rezava para que ela falasse outra vez, que me agraciasse com sua melosa voz, mas ela não o fazia. Havia apenas o silêncio vazio, e os sons das minhas pesadas pegadas abafadas pela macia relva.

            Jacob, eu te amo.

            E com essa ultima frase ela sumiu. Continuei correndo sentindo as lágrimas se espalharem pelo meu rosto. E por fim, terminei na escuridão total, sem vestígios da luz das estrelas e nem da lua. Sem sentir a leve brisa da mata, o aroma inebriante de sua pele. Sem sentir ou ouvir nada. Eu estava no vazio, novamente sozinho.

            Levantei sentindo meus olhos pesados, e meus músculos quentes. Troquei a roupa de cama, que estava suada - devido os torrenciais sonhos que eu tinha durante a noite -  e a joguei no cesto de roupas sujas, certo de que Carye as pegaria mais tarde. Fui até o banheiro e fiz minha higiene matinal como de costume. Escutei o fritar de ovos e bacon vindo da cozinha, o que só aumentou minha repulsa por comida. Coloquei minha bermuda de corrida, e fui até o encontro de Carye.

            Carye era uma velha senhora de aproximadamente 65 anos. Logo que cheguei aos Alpes Suíços há exatamente 15 anos atrás, ela bateu á porta da minha humilde casa, oferecendo-se como “governanta”. Eu sabia que não tinha necessidade daquela mordomia toda, e que também não tinha condições de lhe pagar o devido. Porém ao notar a angustia e dor que se passavam dentro de mim, prontamente me reconfortou e me acolheu em seus braços fofos – mesmo sem saber o motivo. Depois daquele dia, Carye viveu mais na minha casa do que na sua. Fazia de tudo para mim, e me chamava de filho, um direito que não foi lhe concedido. Depois que seu marido faleceu – cedo demais – ela mudou-se lá para casa, e disse que não aceitaria mais meu dinheiro. Tentei argumentar inúmeras vezes, dizendo que era errado, mas eu já devia saber que com Carye discutir era a mesma coisa que falar com uma parede. Conforme os anos iam passando, eu me vi na necessidade de dar uma explicação a ela, sobre porque eu ainda tinha aparência de um cara de 25 anos. Novamente minha bondosa “mãe” me surpreendeu dizendo que sabia que eu era diferente, e que não queria saber o motivo daquilo tudo. Grato por ter recebido alto voto de confiança, senti que aquela era à hora de lhe contar sobre minha vinda para os Alpes; algo que foi sempre questionado, e nunca respondido. Comecei sorrateiramente contando sobre Renesmee – omitindo os fatos sobrenaturais – não queria lhe assustar, ou empertigar com meus problemas. Com o rosto inexpressivo, Carey ouviu tudo e mais do que devia; e por fim afirmou algo que até mesmo para mim – que estava acostumado a pensar – soou como uma obrigação:

            - Você irá se vingar.

            Agora, após longos e dolorosos anos – e depois dos últimos sonhos – eu tinha certeza, que minha caçada final aos Volturi se iniciava hoje.

            - Bom dia filho. – Carey colocou o café da manhã na mesa, e esperou eu me sentar – como de costume. O que não aconteceu, pois me senti na necessidade de lhe dar um abraço e um beijo na testa. Acolhi a pequena e rechonchuda senhora em meus largos braços, enquanto notava que ela aos poucos molhava meu peito com suas lágrimas. – Eu não acredito que esse dia chegou.

            - Infelizmente ele chegou.

            - Dês do primeiro dia em que pisei aqui, rezo todas as noites para que seus demônios interiores se acalmem, e você perceba que vingança não é a melhor solução.

            - Não é a melhor solução Carey. Mas é a única coisa que aliviará meu coração.

            - Como pode saber? – ela sentou-se numa cadeira, ainda segurando minhas mãos – Você não sabe o que lhe espera lá. Jacob, eu sei que a dor da perda de alguém é enorme, mas não acabe com sua própria vida.

            - Desculpe Carey, mas você nunca entenderá o que eu sinto.

            Deixei-a sentada a mesa, enquanto arrumava as coisas que eu levaria para Volterra, nem me dei o esforço de checar duas vezes, pois o item mais importante era algo que já estava cravado em mim, como uma cicatriz de batalha; o plano. Plano que arquitetei quando a palavra  vingança começou a habitar minha mente e meu coração. Desci as escadas, e encontrei Carey com as mãos juntas encima da mesa, o olhar perdido e a expressão do rosto contorcida. Sabendo que aquela poderia ser a última vez que veria Carey, beijei-lhe a testa demoradamente, e antes que pudesse me dirigir a porta, ela puxou minha camiseta e me olhou tristemente.

            - Por favor, Jacob, apenas volte para casa.

            Confirmei com a cabeça, andei até a porta fechando-a atrás de mim, sabendo que aquele era um pedido que talvez nunca se realizasse. Não levei roupas, comida nem nada do gênero, carregava comigo apenas o gosto amargo de uma perda. Peguei o primeiro vôo para Volterra, na Italia e durante todo o percurso não conseguia me decidir qual seria minha primeira reação após ver aqueles olhos vermelhos, assassinos. Ponderei milhares de vezes se deveria entrar rasgando corpos – o que consequentemente seria meu passaporte para o inferno. Por isso, cheguei a conclusão que a melhor saída era fingir-me de amigo, mais precisamente eu seria um escravo e então obter  a minha tão esperada vingança.

           

            Parei em frente aos portões do inferno, e toquei a campainha. Imediatamente a porta abriu-se e fui sugado para dentro da escuridão. Minhas mãos rapidamente foram amarradas e um saco colocado em minha cabeça. Caminhamos por alguns metros e até aquele momento ninguém havia dito sequer uma palavra, notei que haviamos saído do corredor escuro e agora estávamos numa ampla sala. A sacola que vendava meus olhos foi retirada e por alguns segundos não enxerguei muita coisa devido as fortes luzes. Fui atirado de joelhos ao chão e esperei por minha sentença. Na verdade eu já esperava aquele tipo de tratamento, e por ainda estar vivo, isso era uma raridade. Quando consegui finalmente enxergar, vi que estava no grande salão onde três cadeiras eram ocupadas po Aro, Marcus e Caius. Com um olhar de superioridade e nojo Caius facilmente teria me matado se Aro não tivesse soltado um alta gargalhada.

            - Caro amigo, há que devo a honra de sua visita? – disse Aro irônico.

            - Chega disso irmão, vamos matá-lo logo! – retrucou Caius impaciente.

            - Não tenha tanta pressa meu irmão, ainda não sabemos ainda o motivo dessa visita inesperada. Então cachorro, porque está aqui?

            - Estou aqui para serví-los.

            - Mas isso era só o que faltava, pensar que somos adestradores de cães. – debochou Marcus entediado na sua cadeira.

            - Mas eu acho isso magnífico! – Aro levantou-se e andou  incansávelmente de um lado para o outro. Caiu voou de sua cadeira e agarrou meu pescoço, cravou as unhas em meu pescoço me fazendo sentir o sangue escorrer. Não gritaria de dor, aquilo seria uma vitória para ele. Então apenas o encarei.

            - Vou matá-lo com minhas próprias mãos seu pulgento. Como se atreve a vir aqui? – disse ele com repúdia.

            - Eu estou dizendo a verdade, quero apenas ajudar. Minha vida não tem mais sentido.

            - MENTIROSO! – gritou Caius, cravando mais fundo suas unhas em meu pescoço, me impedindo de respirar corretamente.

            - JÁ CHEGA CAIUS! – vociferou Aro, irritado com as ordens Caius gritou e voltou à sua cadeira, afundando nela – Se ele diz que está aqui para nos servir, quem irá decidir isso será eu.

            Droga. Eu havia me esquecido completamente do poder de visão de Aro. Agora certamente meu plano seria descoberto e me matariam. Mas não antes sem lutar, Aro aproximava-se calmamente de mim com a mão esticada, e quando chegasse perto o suficiente eu me transformaria, arrancando seu pescoço. E claro, sendo morto em seguida. Meu corpo começou a tremer a cada passo que Aro dava, e a cada risada aguda que saia de sua boca, meu ódio aumentava também. Aro estava prestes a tocar em meu ombro quando uma voz doce interviu.

            - Ele não está mentindo. – Aro imediatamente retirou sua mão, mas pareceu repensar e voltou a querer tocar em meu ombro novamente – Não acredita em mim Aro?

            - É claro que acredito minha cara! – disse ele irônico – Mas como tem tanta certeza disso?

            - As flores não mentem meu senhor! – a voz aproximou-se de mim, ficando em minhas costas. Um cheiro inebriante de rosas invadiu o local, e por um segundo me permeti pensar em Renesmee viva, e não na sua imagem morta. – Ele está aqui para serví-los.

            - E nem você mente, não é querida? Tome, está aqui seu presente de casamento.

Aro me pôs de pé, e pude enfim encarar a mulher que havia salvado minha vida. Seus olhos chocolate encaravam os meus de forma cativante. Naquele momento senti toda a vontade de viver retomada, minhas pernas tremeram e quase fui ao chão. Eu não sabia dizer se estava respirando ou não, algo me dizia que eu havia sido morto e ido para o paraíso pois Renesmee estava parada à minha frente. Não era ilusão de ótica, sonho ou miragem. 

            Renesmee estava viva. 


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Notas finais do capítulo

Daeeee lindchas :D
Como assim Renesmee viva? Mas ela não havia sido morta? Pois bem, para obter essas respostas, apenas acompanhando a fic ;)
Obrigada a todas que comentaram, agradeço do fundo do coração!
Espero que tenham gostado desse cap, e pleasee, comentem *O*

Beeijoos, até a att das próximas fics!

Isa Sartor



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