Atlantis - os Dois Reinos escrita por LadySpohr, Tay_martins


Capítulo 4
Dante


Notas iniciais do capítulo

Conheçam...o Dante.



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E eu não soube o que fazer

quando tudo me confundiu

e agora estou preso na

armadilha das emoções

como sempre estive desde

que meu toque a conheceu

Eu não sou um cara agressivo. Pelo menos não enquanto não me provocam. Sério, eu tento ser uma boa pessoa, e ficar na minha sempre, ser invisível o máximo que posso, mas isso é impraticável quando algum estúpido cisma em me irritar. Talvez eu pudesse dar uma lição ao Gustavo, porque eu podia, embora ninguém soubesse disso. Mas eu prefiro me fingir de morto. Porque se eu fizer o que quero, talvez eu me enrole.

E não, eu não preciso de meninas me defendendo, não preciso que ninguém me defenda.

Rabisquei a folha de trás do meu caderno e relanceei uma olhada para Ariana, uma das primeiras em sua fila. Ela claramente estava furiosa comigo, porque a primeira coisa que fez ao entrar na sala, foi me lançar um olhar dos mais venenosos, sentar em sua cadeira e me dar as costas orgulhosamente.

Eu só ergui as sobrancelhas diante disso. Não pedi para ela e sua amiga se intrometerem na briga, que aliás acabaria em segundos, afinal eu podia manipular o Gustavo assim que enconstasse nele.

É. Manipular. Eu não sei de onde veio isso, acho que simplesmente nasceu comigo, e como não faço ideia de quem são meus pais, visto que estou aqui desde que me entendo por gente, não posso formular teoria alguma. A primeira vez que isso aconteceu eu tinha uns cinco anos, eu tinha uma colega, que estava chorando sem parar, porque os pais tinham sofrido um acidente, quando coloquei a mão no ombro dela, e disse que ficasse calma...ela ficou. No exato segundo. Como era muito pequeno me assustei comigo mesmo e tentava ao máximo não chegar perto das outras crianças quando estavam tristes. Mais tarde, porém eu vi que podia manipular qualquer tipo de emoção, desde que eu tocasse na pessoa. Foi o que aconteceu na ocasião do misterioso incêndio que envolveu Úrsula. Todo mundo entrou em pânico, e tinha uma garota que não parava de tremer e gritar de horror, ela nem sentiu meus dedos tocando sua nuca, mas ficou tranquila no mesmo instante. E também...

Meus pensamentos foram interrompidos por algo leve que bateu em minha cabeça. Quando ergui a cabeça vi Ariana voltando à sua posição ereta na cadeira.

Apanhei a bolinha de papel que caíra em cima do meu caderno e a desamassei:

Você é um grosso sabia? E além do mais, esquisito, o que você fez pra mim ficar calma daquele jeito? Ou acha que não notei? Afinal, de calma eu só tenho a cara.

Senti meu sangue gelar, e engoli à seco. Ninguém nunca notava. Jamais. As pessoas sempre achavam que eram suas próprias emoções. Como ela tinha...Suspirei, irritado e peguei a caneta:

Não sei do que está falando Ariana. Pode me explicar?

Joguei a bolinha de volta, quando a professora virou de costas pra passar mais dever no quadro. Ela caiu certeira à frente de Ariana. Às vezes ser solitário é uma boa coisa, eu passava muito tempo no ginásio treinando basquete.

Vi que ela já estava escrevendo, e quando se virou discretamente, seus olhos castanhos estavam céticos.

Bom, eu não podia fazer nada se ela não acreditava, a verdade é que eu não ia dizer. E além do quê, Ariana não tinha nada a ver com minha vida, portanto não lhe devia satisfação alguma.

A resposta dela foi irônica:

Ah, claro, você não sabe do que estou falando, porque obviamente não fez alguma coisa que deixou a mim e Úrsula calmas, claro que você não sabe de nada, imagina.

p.s: não me faça de otária garoto, porque eu não sou.

Eu dei uma risadinha:

Tem certeza de que não é?

Quando ela recebeu isso jurei que ela se levantaria e viria direto com o punho no meu rosto, porque ela me dirigiu um olhar que era puro ultraje e seu rosto ficou em brasas, e sua vista foi para a nossa professora e voltou a mim. Sim, eu tinha acertado, ela me mostraria o quanto era otária se não houvesse público. Eu mordi os lábios pra não rir.

Ainda estava rindo por dentro quando uma das noviças entrou na sala com o rosto branco feito cera. Opa. Eu podia às vezes, captar emoções de longe, mas isso era muito difícil de fazer e me cansava, então não me forcei muito a evoluir nessa área, e preferi ficar somente com a manipulação quando me era necessário. E eu pude sentir à distância a nuvem negra e apavorante que emanava da irmã Andréia, que se apressou em falar:

  • Irmã Daniela, aconteceu algo horrível, a madre diz para todos os         alunos serem levados ao salão!

Todo mundo se entreolhou, espantado. Até mesmo eu me surpreendi. Convocações de emergência geralmente não anunciavam boas notícias. E provavelmente meus colegas concordavam comigo, já que os múrmurios começaram a percorrer a sala de imediato.

  • Acalme-se irmã, me diga, por que a madre está tomando essa decisão         tão repentina, o que aconteceu?

  • Uma catástofre – ela estava a beira de lágrimas, mas irmã         Daniela, como sempre não perdia seu foco, não é à toa que seu         apelido era Rainha de Gelo.

  • Vamos menina, pare com essa frescura e diga logo o que houve.

  • Um dos internos foi assassinado.

Silêncio. Foi como se tivessem desligado o som de todo o lugar.

Gelado, tudo ficou frio, e veio como uma onde e me atingiu, era um sentimento coletivo de choque.

E então tudo virou de pernas pro ar no segundo seguinte. Todos começaram a exclamar em voz alta, e irmã Daniela teve de erguer a voz para manter a ordem, e fazer todo mundo obedecer e se dirigir ao salão principal da escola.

No caminho percebi que Ariana observava todos os lados, preocupada. Com certeza com sua amiga.

Eu eu também estava sentindo um nó na garganta e uma sensação ruim, que me embrulhava o estômago. Eu só não entendia porquê.


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Notas finais do capítulo

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