Perspectiva escrita por mamita


Capítulo 21
Despedidas


Notas iniciais do capítulo

Esero que gostem. Primeiro PDV de Alice. Boa leitura Beijos.



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PDV Edward:

Não sei porque, mas minha respiração parou, ela ia sim anunciar sua deserção de nossa família. E o pior, Emmet iria com ela, eles nos deixariam. Sei que fui um pouco egoísta, mas só conseguia pensar na injustiça de perder meu amado irmão. Ela nos olhou solene e depois disse sem pestanejar:

- Bem, fico feliz que estejam tão felizes. Assim posso ficar tranquila quanto à minha decisão.

Dizendo isso ela olhou para Alice, mas não foi uma indireta. Ela se interrogava se a clarividência de Alice só diziam respeito a decisão, ou se estendia aos motivos que nos levavam a ela. Ao pensar se Alice podia precisar os motivos que a levaram desejar abandonar sua única referência de segurança é que pude perceber o real motivo.

Foi rápido e muito mais assustador do que havia experimentado com qualquer outra mente que li. A imagem de Esme bailando no quarto com uma calça para apreciação de uma Alice sorridente, contrastava com a feição estarrecida de Esme a repreendendo por desejar que ela incorporasse tal peça a sua indumentária. Ela obviamente percebeu o que eu havia visto e me olhou de solsaio. As palavras que se seguirem foram duras e eu soube que não era uma ameaça vã:

- Se contar a alguém eu vou te caçar e te desmembrar. Nem que para isso eu tenha que percorrer o mundo inteiro e levantar cada pedra. Não se atreva Edward Cullen.

Mas o assustador mesmo foi o que se seguiu, o medo esmagador, a sensação de injustiça e ciúme, a noção de perda irreparável e a consciência de que não era intencional.

 Foi assustador porque sempre consegui distinguir minha “opinião pessoal” daquela que eu lia nas mentes alheias. Mas Rose havia maximizado tanto sua reação que eu sentia como ela, pensava como ela, pude enxergar claramente sua luta interna. Sentir-se profundamente lesada do amor de Esme e ao mesmo tempo saber que não era o que minha mãe queria, que foi apenas um amor espontâneo por Alice. Se fosse um plano maquiavélico de nossa nova irmã, ela podia lutar, resistir. Mas era só o curso natural das coisas e contra isso não há nada o que se possa fazer. Sobre meus ombros pesavam suas culpas e eu tive a certeza de que ela tinha a clara noção de como era sua personalidade e de como isso afastava as pessoas a seu redor. Mas ao mesmo tempo pude sentir sua enorme carência. Não, minto. Era uma necessidade irracional de ser aceita, amada, validada.

 - Decisão? Esme indagou olhando inquisidora para Alice.

- Nossa decisão. Emmet a corrigiu.

Esme sentiu o clima tenso no ar e se desesperou, perder um filho era seu maior medo. Completamente justificável, obviamente. Carlisle prontamente conseguiu se aperceber do estado de sua companheira e brincou tentando amenizar as coisas.

- Se acostume Jasper. Dizem que a última palavra é do homem. E é mesmo. Passo a maior parte do tempo encerrando a conversa com a sentença: “O que quer mesmo que eu faça querida?”. Na maioria das vezes elas é que nos comandam.

Jasper sorriu, mas ele estava tão consciente quanto eu de tudo que se passava ao redor. O desespero de Esme, o medo de Alice, a mágoa de Rose, o senso de responsabilidade de Carlisle, a tristeza de Emmet. Pude ver claramente que Emmet não sabia de nada até aquele momento, mas como conhecia a esposa sabia que esse momento de ruptura estava latente desde que nosso clã aumentou.

- Eu desejo passar um tempo longe, espairecer. Emmet insisti em ir comigo. Por isso nós nos ausentaremos por um tempo.

 - Um tempo? Esme perguntou tristonha.

E ficou um pouco pensativa, ela estava tentando associar este novo acontecimento ao que conversávamos antes de Jasper pedir a mão de Alice. Depois, ao encaixar as peças, perguntou muito aflita para Rose:

 - Quanto tempo?

Minha irmã podia ter todos os defeitos do mundo, mas amava muito Esme. No entanto isso não era o suficiente para que fosse demovida de sua decisão. Por isso se convenceu que dizer a verdade em doses homeopáticas ou deixar que Esme percebesse que ela jamais retornaria com o tempo seria o melhor.

 - Ainda não sei. Preciso de um tempo sozinha. Pode ser um ano, pode ser mais.

- Mas vai voltar não vai?

Minha mãe perguntou tentando não parecer desesperada. Esme havia desenvolvido uma maternalidade absolutamente humana, algumas atitudes suas lembravam muito a minha mãe Elizabeth. A preocupação excessiva, o cuidado, a implicância, o senso de proteção e especialmente a capacidade de saber como o filho se sentia. E ela sabia que Rose estava sendo muito vaga sobre o tempo, ela pressentia a debandada da filha, o distanciamento.

 - Assim que puder. Rose deu uma meia verdade como resposta.

 - Ficará para meu casamento? Alice enfim se pronunciou.

E isso surpreendeu muito Rose, ela não esperava pelo quase convite de permanência, ainda que fosse por um curto período de tempo.

- É claro. Emmet respondeu.

Ele sabia que Rose implicaria, mas cederia a seu pedido e achava que de alguma devia isso a nossa família.

- Então será minha dama de honra. Alice disse empolgada.

- Desculpe Alice, mas não posso aceitar. Não nos conhecemos o suficiente para que me sinta à vontade com o posto. Talvez uma das Denali aceite. Rose disse muito fria.

- Denali?

- Nossos parentes, ou o mais próximos disto, por assim dizer. Carlisle explicou.

- Parentes? Jasper indagou incrédulo.

- Sim, as irmãs Denali e o casal Eleazar e Carmem, utilizam a mesma fonte de alimentação. Os conheci alguns meses depois da transformação de Edward.

- Vocês são vampiros muito, muito diferentes mesmo. Jasper concluiu baixinho.

- Estranhos, ele quis dizer. Mas é muito sulista para cometer este tipo de gafe. É um cavalheiro. Pois não madame, me desculpe pela demora madame...

Emmet imitou o sotaque carregado de Jasper ao reproduzir suas frases, deixando tudo mais ameno e desviando completamente o assunto. No fundo ele esperava que Rose se distraísse e desistisse da idéia. Mas ela era obstinada demais para isso, ou teimosa como dizem.

Esme e Alice logo começaram a planejar o casamento, mesmo que Esme olhasse a cada milésimo de segundo para se certificar que Rose permanecia conosco. Nos dias que se seguiram Rose passou quase todo o tempo em seu quarto e isso incomodava muito Esme. Minha mãe por sua vez estava dividida entre os cuidados com sua filha que logo iria se casar e com a que logo iria partir. Ela não queria que Rose pensasse que a estava menosprezando e a cobria de mimos. Mas ao mesmo tempo queria que o casamento de Alice fosse muito especial, já que a nossa vidente havia se esforçado muito para fazer parte de nossa família.

 Emmet se esforçava para manter o clima brincalhão em casa, mas sempre se desdobrava em cuidados e conversas com Rose a fim de fazê-la desistir da idéia. Jasper, no entanto não conseguia ajudar muito na manipulação de Rose, pois estava cada vez mais nervoso. E Carlisle como sempre mantinha sua calma, agora satisfeito como o pai de uma numerosa família.

Mas o mais interessante era vasculhar a mente de Alice, a noivinha estava radiante como sempre. Em sua mente cenas de casamentos nos filmes da década passada se misturavam a arquitetura de nossa casa e às suas próprias visões. Para ela tudo era uma fascinante descoberta, e em alguns momentos isso chegava a ser emocionante. Lembro-me dela descobrindo a arte do disfarce e de seu próprio relacionamento com nossa mãe.

 FLASHBACK:

 Esme estava se arrumando para um coquetel promovido pelo hospital que Carlisle trabalhava. Minha mãe era muito bonita e em ocasiões assim era verdadeiramente desumano para as outras mulheres o quanto sua beleza se destacava. Alice já havia trocado pela quarta vez as flores da casa para conter a enorme vontade de admirar Esme se arrumando. Mas enfim a sua vontade dominou seu constrangimento e ela bateu na porta da maior suíte da casa.

- Esme?

- Pode entrar Alice.

- Será que eu posso ficar um pouco aqui?

- Claro, eu já ia mesmo pedir uma opinião.

Esme disse saindo do closet com dois vestidos nas mãos.

- O verde ou o terracota?

- O terracota. Combina com seus olhos hoje.

Esme assentiu e entrou no closet, mas voltou para o quarto ainda de roupão. Depois sentou-se em frente de sua penteadeira e abriu um valise de maquiagem.

- O que é isso? Sempre vejo nas lojas, as mulheres humanas usam muito. Alice perguntou já sabendo do que se tratava.

- A mágica do disfarce. A resposta de Esme surpreendeu Alice.

- A mágica do disfarce? Ela perguntou com a curiosidade à flor da pele.

- Sim. As humanas usam para disfarçar as marcas do tempo, o cansaço ou apenas para destacar seus atributos. Mas nós vampiras usamos para disfarçar quem somos.

Ela mirou Alice através do espelho, os olhinhos brilhando de expectativa e a enorme vontade de tocar em todos aqueles potinhos. Esme pensou:

- Como uma criança, minha criança. Minha menininha sapeca. Mas disse apenas:

- Quer sentar aqui comigo? Eu posso te ensinar. Rose usa também, depois de seu primeiro casamento ela aderiu à mágica.

Alice quicou até a cadeira e se espremeu ao lado de Esme. Minha mãe sorriu carinhosa para sua “menininha sapeca” distraída com tantas informações e carinhosamente pegou o rosto dela em suas mãos. Depois colocando um produto em baixo dos olhos disse:

- Isto é corretivo, serve para disfarças marcas de expressão e olheiras. O que é muito interessante para nós, se estivermos com sede. Precisa ser um pouquinho mais claro que o tom de sua pele, e isso é complicado.

Alice sorriu e brincou:

- Então esse é o branco muito pálido?

 Esme riu e passou em Alice e nela, depois pegou um bisnaga e disse:

- Isto é a base. Serve para que a pele tenha uma só tonalidade. Em nosso caso, para que fiquemos mais coradas. Eu sempre compro uns dois tons a mais que minha pele.

E repetiu o ritual. Então Alice pegou um potinho parecido com tinteiro só que dentro de sua tampa havia um pincel bem fino.

- E isso?

- Delineador, mas é depois. Antes o pó. Esme explicou.

 Ela pegou o maior dos potes, dentro havia uma almofadinha com um material parecido com pelúcia e explicou:

- Este é o pó do arroz. Seu objetivo é que toda a pele tenha a mesma textura. Por isso passamos no rosto e no colo. Eu também compro esse em tom mais escuro que minha pele.

Alice bateu no rosto com a almofadinha com vontade, espalhando pó para todo lado. Depois tossiu um pouco, fazendo Esme gargalhar e ela lhe olhar ofendida:

- Eu não sabia, nunca usei isso. Disse fazendo biquinho.

- Sei amor, não faz mal.Agora cores.

- Cores?

- Sim, o que fizemos foi preparar o rosto, a moldura. A obra de arte mesmo, a mágica é o que faremos agora.

Ela pegou um estojo onde havia pózinhos de todas as cores. Depois se virou para Alice e disse:

 - Feche os olhos.

Esme pegou um pincel e usando três tons de azul, coloriu as pálpebras de Alice. Então pediu que Alice visse o que havia feito, a baixinha abriu um enorme sorriso. Ela queria colorir os olhos de Esme, mas minha mãe disse que primeiro ela precisava ver para aprender e coloriu os próprios olhos.

 - Delineador. Disse como um comando para Alice.

Ela o passou e depois em Alice. Minha adorável irmã comentou:

- Parece o olho de Cleópatra. Sabe? Do filme.

- Sim. Mas, mais discreto.

- E isso?

 Ela perguntou segurando um tipo de lápis.

- Cajal.

- Caja o quê?

- É uma pintura para a parte de dentro do olho. Não demora muito, pois o veneno destrói o pigmento. Você precisa retocar. Assim como o batom, mas isso é no final.

- Então vampiro não pode fazer tatuagem?

- Acho que não. Por quê? Você queria fazer uma? Esme a inquiriu com um olhar reprovador.

 Para minha mãe tatuagem era coisa de gente proscrita. Extremamente condenável.

- Não. Só fiquei curiosa. A baixinha respondeu de pronto, sem deixar dúvidas.

Esme passou um pouco na extremidade do olho e passou novamente para os potinhos.

- Rouge. Agora com as modernidades do cinema, chamam de blush. Serve para dar um ar saudável à aparência. Ou disfarçar as bochechas mais rechonchudas.

Esme passou nas duas e disse:

- Perfeito. Nada de palidez vampiresca.

Então continuou:

- Finalmente o batom. A gente passa nos lábios. Dá mais cor e destaca a boca.

Pegou um pincel e passou em Alice. Depois entregou o pincel à filha e pediu para que ela lhe ajudasse. Ela percebeu que Alice queria muito mexer nas coisas, fazer algo. Quando enfim as duas estavam devidamente maquiadas, Esme voltou ao closet e Alice se sentou na cama do casal. Ao voltar Esme percebeu que ela estava chorando. Preocupada perguntou quase em desespero?

 - O que foi? A maquiagem está te machucando?

Só mesmo uma mãe para achar que um monte de pozinhos e pastas poderiam ferir um vampiro, quando nem mesmo um tanque de guerra pode fazê-lo.

- É. Eu não sei bem o que é. Sabe quando você sente saudade de uma coisa que nem conheceu, ou não se lembra? Eu sentia falta disto o tempo todo.

Vaidosa como ela era, minha mãe supôs que Alice estava tendo uma lembrança de sua vida humana, quando ainda usava maquiagem. Achou até engraçadinho.

- Tinha saudade da maquiagem, minha menina vaidosa.

Esme disse se sentando ao seu lado. Mas Alice se agarrou a ela em um abraço que transmitia desespero. Esme se assustou, mas acolheu sua “menina sapeca” em seu colo. Depois fez carinho em suas costas e disse:

 - Me explique Alice. Do que sentia saudade?

- De você. Ela disse fechando os olhos.

- De mim? Esme a acalentou mais.

 - Sim, disto. De ter mãe. Eu nunca soube o que era, mas agora sei. Sentia falta de ter quem me ensinasse sobre o mundo, quem cuidasse de mim, me mimasse, me desse bronca. E o cheiro.

 Ela falou rápido, demonstrando sua momentânea instabilidade emocional.

- Cheiro, que cheiro?

- O Cheiro do frasco.

- Que frasco?

 - O verde. Alice apontou para um perfume.

 - Alfazema?

- Sim, alguma coisa me diz que sinto falta desse cheiro. Especialmente quando abraço, sinto falta de sentir o cheiro quando te abraço. Mas só agora entendi.

- Não amor, não é do cheiro. É da sua mãe, sente falta dela.

 - Mas não me lembro de nada, eu tento e nada. Ela falou engasgando-se com o choro.

- Um dia se lembrará. O cheiro foi só um indício que está tudo guardado aqui e aqui coração. Esme colocou a mão sobre a cabeça e o coração de Alice consolando-a.

- Alfazema é uma fragrância que é muito usada em crianças. Gosto de ter sempre uma por que me lembra o cheiro de meu filhinho. Sabe que eu tive um menino? Morreu com poucos dias de vida o pobrezinho. Foi por isso que tentei me matar. Esme não disse com tristeza, apenas explicou para ela.

- Sinto muito Esme.

 - Eu também. Ela disse sem tristeza, mas com muita emoção.

 - Mas algumas mulheres colocavam um pouco de alfazema na água de enxágüe das roupas. Deve sentir saudade por que sua mãe devia fazer isso. Então quando te abraçava, você podia sentir o cheiro da alfazema na roupa dela.

Ela explicou para uma Alice atenta. Esme era mesmo um gênio. Ela sabia cada coisa, coisas que eu jamais imaginaria. Alice ficou abraçada mais um tempo com ela, tentando se controlar. Depois suspirou alto e disse:

- Não sinto mais falta.

 - Não? Esme perguntou confusa.

- Tenho você. Tenho uma mãe de novo. Uma mãe muito especial que me ensinou a fazer “a mágica do disfarce” e me sentir mais humana do que nunca.

Agora era Esme que chorava e Alice é que estava confusa.

 - Se a senhora quiser, é claro. Eu não queria ser inconveniente.

 Ela disse tristonha. Esme entrou novamente no closet e voltou com um estojo nas mãos. Se demorasse mais um pouco não encontraria mais Alice, pois ela havia entendido que Esme não queria ser sua mãe, apenas permitiu que ela fizesse parte de seu clã.

- Alice espere.

 - Sim.

Ela disse e se virou.

 - Sente-se. Esme ordenou.

 Abriu o estojo onde estava abrigada uma gargantilha cujo pingente era o brasão de nossa família. Abriu e colocou nas mãos de Alice, depois explicou:

- Ganhei isto de seu pai (ela usou a palavra pai propositadamente), era da mãe dele. Rose usa a outra jóia da família, dei a ela. A de Rose é um camafeu, ela colocou uma foto nossa e gravou o sobrenome Cullen. Está é mais delicada é uma gargantilha com um pingente, combina com você. Sempre tão delicada. Agora ela é sua, deve usá-la sempre, seu pai ficará feliz.

Alice sorriu e se virou para que Esme colocasse nela. Depois que a gargantilha estava em seu pescoço, Alice beijou Esme e se levantou aos pulos para se olhar no espelho. Ficou admirando sua imagem refletida (bem ao estilo Rose) até que percebeu a imagem de nossa mãe sorridente atrás dela:

- Ficou lindo em você filha. Eu disse, combina com você.

 - Obrigado. Foi o que Alice conseguiu dizer, mas ela pensava em como sua vidência havia sido generosa com ela. Ser uma Cullen era tudo que podia desejar.

 - Agora vai procurar o que fazer.Preciso terminar de me arrumar.

 - Carlisle vai se atrasar 15 minutos, ele decidiu refazer a ronda antes de voltar. Ela anunciou sorridente.

- Tudo bem. Então me ajude com o cabelo.

Quando começou a ser penteada Esme lembrou de uma propaganda de cosmético em que uma menina aparecia usando as roupas e acessórios da mãe, até mesmo seu penteado. Ela usava um vestido rosa, um scarpin, e um colar de perólas, ela quase era engolida pelas vestimentas da mãe. Ela olhou para Alice e sorriu, guardadas as proporções era mesmo muito familiar. Minha nova irmã agia como se fosse uma menina brincando com o mundo feminino e adulto da mãe. Esme olhou satisfeita para a imagem de Alice penteando os cabelos e se sentiu agraciada:

- Minha filha, mais uma filha. Minha menina sapeca. Foi o que ela pensou.

FLASBACK OFF

Ainda bem que Rose estava caçando, ou ela faria as malas na hora. Claro que ela viu o colar, mas fingiu que não viu. Na verdade ela pensou: “O meu é bem maior”.

 Elas conseguiram providenciar o casamento em quatro semanas. Alice foi com Esme as Alaska e convenceu as três “Denali” a serem suas madrinhas, e Carmem e Eleazar a serem padrinhos. Meu pai iria entrar com ela, eu tocaria e Rose e Emmet seriam os convidados. Bem no final ela convenceu Carlisle a convidar alguns colegas (que trabalhavam no hospital e aceitaram por ansiarem conhecer a nossa casa).

Entramos na semana do casamento e eu fui massacrado por um Emmet pelas brincadeiras do Emmet. Ele prometeu um Kamasutra em meu nome para Jasper e disse que eu era ótimo em orientar casais prestes a selarem o matrimônio. E o pobre Jasper acreditou. Obviamente eu desmenti e pedi que ele se aconselhasse com Carlisle, pois temia uma orientação vinda de meu outro irmão.

No entanto o aconselhamento feminino teria que vir mesmo da Esme, pois Rose não parecia muito entusiasmada em colaborar.

A despedida de solteiro de Jasper foi mais animada, depois de caçarmos Emmet disse que ele precisava aliviar a tensão e organizou um torneio entre os homens da casa. Carlisle nos fez jurara que Esme jamais tomaria conhecimento de nossa travessura. Depois Emmet apresentou Jasper ao volume comentado do Kamasutra, ele o rebatizou como: “kamasutra, edição para vampiros”. Obviamente ele gozou bastante de mim pelo presente, foi humilhante. Ele havia feito anotações no livro que eu lhe dera, Carlisle passou o olho no exemplar e sorriu muito. Mas antes de chegar em casa perguntou:

- Emmet a posição Kilamanjaro realmente funciona se você deslocar o peso do corpo?

- Não tem erro. Mas Carlisle, por favor, nunca mais me pergunte uma coisa dessas. Você toma intimidades com minha mãe. Eu deveria te bater só em ouvir a pergunta. Ele respondeu com cara de asco.

Eu e Jasper rimos da careta dos dois.

Como de praxe Esme proibiu o noivo de ver a noiva antes do casamento e Emmet enfim pode se vingar de alguém.

PDV Alice

Os rapazes saíram para a despedida de solteiro e nós (as meninas) ficamos em casa em nossa própria comemoração. Não sei se Esme falou com Rose, mas diferente dos outros dias ela se juntou a nós.

Primeiro fomos caçar, depois Esme nos conduziu a uma pequena queda d’água nos arredores de nossa propriedade. Fiquei um pouco chocada quando ela ficou em trajes íntimos e mergulhou na pequena lagoa que se formava. Rose sorriu quando ela fez isso e repetiu seu gesto. Logo eu percebi que devia ser uma rotina para elas. Eu também fiz o mesmo e mergulhei.

Pela primeira vez pude perceber que Esme era jovem. Desde que cheguei, ela age como uma matriarca e talvez por isso eu a enxergue como alguém muito madura. Ela espirava água em nós, sorria, ajeitava os cabelos e mergulhava com tamanha diversão que até mesmo Rose sorria abertamente.

A sensação da água na pele com roupas era muito diferente de quando você mergulha despida. Me lembro de meus primeiros dias como vampira, eu adorava tirara a roupa e depois mergulhar. Com o tempo fui entendendo um pouco dos ditames culturais e percebi logo que a nudez era mal vista pelos humanos.

Os Cullen vivem sob a rígida égide dos costumes humanos, eles são tão hábeis nisso que se não fora o tom característico de nossa pele e a beleza sobre humana passariam como eles sem dificuldade. Esme então é uma típica mãe de família. Depois de nos divertirmos muito Esme me perguntou muito solene:

- Alice, sabe o que é o amor físico?

- Sim. É o que os casais fazem, como os bichos. Só que quando são bichos, dizemos acasalar. Vi um pouco entre nós quando Jasper decidiu conversar com Carlisle.

- Sim, quando são humanos se chama sexo. Rose disse sem pudor algum.

Mas notei que ela não queria me ofender, ela disse de forma muito natural, como se dizer essa palavra não lhe causasse nenhum mal estar social. As humanas quase nunca usavam essa palavra.

- Gostaria de tirar alguma dúvida? Esme me perguntou um pouco envergonhada.

Eu ponderei um pouco, na verdade eu queria sim, mas não sabia se devia. Depois de um tempo em silêncio eu fiz a pergunta que mais me inquietava:

- Vi num livro, uma imagem. Era um livro da sessão proibida da livraria. Mas ninguém ficava de noite, então eu vi. Só que estava escrito em uma língua que eu não sabia ler. Era um homem com um negócio bem grande e parecia rígido, ele estava de frente para a mulher com as pernas abertas e colocava o negócio dentro dela. Era grande o suficiente para sair de seu corpo e adentrar o dela. Fiquei um tempo observando os humanos, não parecer ser daquele tamanho, não vejo um volume como aquele nos humanos, nem em Jasper.

 - É porque o pênis não fica daquele jeito o tempo todo. Rose se adiantou na resposta e pude sentir que Esme ficou surpresa.

 - Como? Resolvi demonstrar minha curiosidade.

- O pênis normalmente é flácido e menor, mas quando o homem quer fazer sexo ele tem uma ereção. É um sistema hidráulico bem interessante. Vi um professor falando sobre isso. Bom, dentro do pênis é como uma esponja. Quando o cérebro avisa para o resto do corpo que ele precisa se preparar para o sexo, ele envia um líquido que nós gostamos muito para o pênis.

- Sangue?

- Sim. O sangue fica pressionado nas paredes do pênis e ele começa a absorver esse sangue.

 - A esponja absorve? Esme perguntou.

- Sim, mas ela não pode inchar para sempre. Quando a esponja não suporta mais absorver ela pressiona-se contra a pele. Por isso cresce e fica rígido, duro. É um sistema hidráulico perfeito.

- E nos vampiros? Não temos sangue. Não tem como mandar nada para o pênis. Esme também estava curiosa como eu.

 - Sei lá. Deve ser outro líquido, ou até mesmo o veneno.

- Ah! Disse, mas sem entender muito.

- Dói? Quis saber.

- Se você nunca fez antes, sim. Mas, só nas primeiras vezes, depois as sensações são outras. Ela disse sem me olhar.

- Depois é maravilhoso. Tudo é potencializado com esse novo corpo que recebemos. É semelhante a beber sangue humano Alice. Esme disse meio constrangida.

- Sério? Perguntei olhando para Rose.

Mas ela deu de ombros:

- Não sei, nunca bebi sangue humano.

Eu a olhei assustada. Como era possível jamais beber sangue humano? Mas deixei a pergunta para um momento mais oportuno. Esme se vestiu e nós fizemos o mesmo, depois fomos para casa.

Algumas horas depois Jasper também chegou com os meninos, ele estava com uma cara que misturava ansiedade e vergonha. Aposto que Emmet havia aprontado alguma coisa. Talvez o livro que ele resolveu dar a meu futuro maridinho. Senti que foi uma decisão maliciosa.

Esme me raptou e antes mesmo que os milhares de banho e massagens que ela inventou terminassem nossos parentes chegaram. Eu amei todos os mimos que recebi e fui surpreendida quando Rose entrou deslumbrante em seu vestido azul e disse a Esme que faria meu penteado. Ela e Tânia conferiram os itens para a boa sorte de meu matrimônio. Rose colocou em mim o véu que Esme e ela usaram, uma coisa velha. Tânia me deu um anel com uma pedra de safira e me fez jurar que eu devolveria assim que voltasse da lua de mel, uma coisa emprestada e azul ao mesmo, tempo. Mas não recebi a coisa nova, Rose disse que era uma tradição familiar.

Carlisle veio me buscar quando estava pronta, ele estava visivelmente emocionado. Assim que me viu abriu em enorme sorriso e disse:

- Já fiz isso várias vezes, mas ainda assim fico nervoso. São minha filhas, ora essa. Esme se juntou a nós e pigarreou:

- Ah! Sim. Que esquecimento.

Ele retirou uma caixinha de dentro de seu paletó e disse:

- Esse e um presente meu e de sua mãe pelo casamento. Dentro da caixa havia um belíssimo brinco de pérolas, que combinava perfeitamente com meu vestido. Esme retirou a jóia da caixa e com a voz embargada disse:

- Uma coisa nova. Seja muito feliz minha menina sapeca!

 Carlisle tomou meu rosto em suas mãos e disse:

 - Sei que acredita que é uma afortunada por ter sido aceita em nossa família, filha. Mas eu queria que soubesse que somos nó os agraciados por termos você e Jasper conosco. Você trouxe alegria e brilho a nosso lar. E Jasper tem sido um companheiro muito generoso. A jornada de vocês será longa e difícil. Mas estou certo de que vocês serão muito felizes. Quem teve coragem e força para esperar um amor tanto tempo, será capaz de fazê-lo durar a eternidade.

Dizendo isso ele beijou minhas bochechas e perguntou:

- Pronta querida?

Eu respirei fundo, queria dizer que estava nervosa, mas a clara visão de meus dias felizes ao lado de meu amado, me deram coragem para dizer:

- Sim, papai.

As irmãs Denali foram impecáveis na entrada, assim como Carmem e Eleazar estavam bonitos compondo o altar. Eu me agarrei ao braço de Carlisle e esperei ouvir a marcha nupcial. Edward tocou divinamente para a minha entrada. Mas tudo perdeu a importância quando o vi, senti que ia flutuar. Foi tão maior do que eu havia projetado como felicidade que eu achei que meu corpo ia explodir.

- Cuide bem dela ou eu te coloco de castigo. Carlisle disse fazendo cara de mal.

Ouvi Emmet resmungar:

- Esta piada está vencida pai. Irina nem riu.

Não conseguia me concentrar em nada, não me lembro da roupa de ninguém. Mas posso jurar que senti meu coração bater forte quando ele me jurou amor eterno.

 Eu quase não consegui falar mas também fiz minha jura:

- Sempre soube que você era meu destino.

Quem conhecia meus talentos riu.

- Quero te prometer que nosso destino começa agora e não importa para onde nos leve, vou te amar, te respeitar e te fazer feliz enquanto existir.

Quando a cerimônia acabou e a festa também. Esme e Carlisle nos deram o segundo presente: Lua de mel em Paris.

 Apesar de saber desde quando se decidiram eu vibrei como se fosse uma surpresa sempre quis ir a Paris. Emmet consolou meu marido:

- Já esperou tanto, mais um pouquinho não vai fazer mal. Não vai matar não.

Rimos da piada sem graça dele.

- Emmet já te disse que não sou Edward. Não preciso de seus conselhoe e nem de livros.

Ele e Emmet riram muito e Edward fez cara de raiva. Não entendi a piada. Mas Rose sim, e sorriu.

Mas a grande surpresa da noite foi o carro que nos seguiu. Rose e Emmet partiram na mesmo noite rumo a sua milésima lua de mel. África.

 Ao sair Esme perguntou à filha:

- Quando vai voltar, amor?

- Quando puder.

- Eu te amo tanto. Nossa mãe também.

- Eu mais. Ela respondeu sincera.

Será mesmo que ela retornará?


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Notas finais do capítulo

O danado do Nyah agora come todos os meus espaços e eu tenho que reeditar.

Espero que tenham gostado. No próximo capítulo veremos quanto tempo ela vai levar para voltar?