The World Behind My Wall escrita por Ruuh


Capítulo 38
Capítulo Trinta&Sete - Pìada de mau gosto


Notas iniciais do capítulo

AEAEAEAEAEAEA oioi amoridas de minha barriga!
Como cês tão? Ah to tão feliz de estar postando
Porque, adivinhem? Hoje (30/05) é meu aniversário de 19 aninhos, e estou me sentindo muito velha pra falar a verdade!
Enfim, eu to sem internet... mas a boa noticia, é que é por tempo limitado, ja to preparando tudo para a minha volta ao mundo virtual e finalmente os capitulos da fanfic estão prontos para serem postados!
Vamos lá, sem mais delongas, boa leitura ;**



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Nenhuma verdade me machuca
Nenhum motivo me corrói
Até se eu ficar só na vontade já não dói
Nenhuma doutrina me convence
Nenhuma resposta me satisfaz
Nem mesmo o tédio me surpreende mais

Pitty - Dejávù

Alley’s P.O.V

– Oh meu Deus! – Eu gemi alto jogando-me no sofá – Não posso acreditar que ainda estamos vivos!

– Ah, para de choramingar, não foi tão ruim assim – Bill desabou ao meu lado e o olhar em seu rosto contrariava tudo o que acabara de dizer.

– O inferno não é tão ruim! – Rolei no sofá de modo que pudesse ver melhor seu rosto – Estou contente que consegui escapar ilesa, sinceramente eu estava achando que iria ter que agredir alguém!

Bill e eu finalmente havíamos chegado em casa após uma viagem alucinante de cinco horas no shopping, que resultou em muito poucas compras por sinal, considerando todo o tempo que passamos ali e todos os idiotas que tivemos que lidar. Ah, sem contar que o Bill se perdeu mais uma vez, parece que isso tem se tornado uma rotina todas as vezes que vamos a algum lugar muito cheio. E depois de toda essa luta as únicas coisas que Bill tinha comprado eram umas camisas novas da A&F e alguns CD’s. Bem, esclarecendo, eu comprei essas coisas.

– A que horas vamos sair para comer? – Bill perguntou olhando pela janela, aparentemente para algo que só ele podia ver.

– Oito horas vamos encontrar ela lá. Louise me mandou uma mensagem.

– Hum... – Ele balançou a cabeça lentamente – Então, o que vai dizer a ela?

Ele estava, naturalmente, falando sobre sua condição. Ambos tinhamos esperanças de que toda essa bizarrice fosse, de algum modo, finalmente se normalizar, mas infelizmente não era pra ser, ainda não. Nossa viagem de hoje, nos confirmou esse medo. Por alguma razão desconhecida, Louise agora foi “abençoada” com a capacidade que só era compartilhada por Chester e por mim. No entanto, ao que parece, ela foi a única pessoa que recebeu esse dom. O que nos deixou com esse tremendo problema de ter que explicar tudo. Bill, que primeiramente já teve que explicar para mim sua situação, não estava muito ansioso para ter que fazer isso de novo. E se eu estava com dor de cabeça no começo do dia, agora então nem se compara. Eu não queria nem pensar sobre isso.

– Eu não faço a menor idéia – Murmurei – Mas te digo uma coisa, pelo tempo que conheço Louise é bem provavel de ela ligar pra o Sanatório e dar meu endereço para eles.

– Bem... – Bill lutou com as palavras, claramente procurando por algo positivo a dizer. Fazer o que se ele era assim? – Ouvi dizer que eles permitem alguns privilégios, como assistir Tv e passeios a luz do dia... acho que não vai ser tão ruim afinal.

Eu não pude deixar de sorrir com esse comentário.

– Você é um idiota! Mas sabe, se eu for internada você vai ter que vir junto comigo!

– É claro! Eu não teria nenhuma outra opção – Ele bateu em minha cabeça sorrindo. Eu estava feliz que ele era capaz de manter seu senso de humor mesmo apesar de tudo isso. O meu estava lentamente se esvaindo.

– Acho que é melhor irmos logo. Não sei como vai estar o trânsito – Eu disse olhando para o relógio.

– Para onde vamos?

– Applebee’s – Eu disse num bocejo – Vem, vamos logo – Me levantei esticando as costas.

– Tudo bem – Ele disse levantando-se do sofá enquanto se espreguiçava e me seguia de volta ao carro.

Fizemos nossa viagem de forma silenciosa pelas ruas de Lexington. Quando entramos no estacionamento, Bill me lançou um olhar nervoso.

– Então, você já pensou no que vai dizer a ela?

– Não Bill, não pensei em nada! – Eu praticamente rosnei.

– Desculpe – Disse ele, meio dolorido encolhendo-se contra o banco. Merda, quando foi que eu me tornei tão babaca? Ele era o único com problemas aqui.

– Pronto – Eu disse desligando o motor do carro. Andamos pelo estacionamento até chegarmos a porta, felizmente o lugar não parecia estar muito cheio. Chequei as horas em meu relógio – Olha, estamos adiantados pela primeira vez!

Adentrei o lugar e Bill correu para me alcançar, ele não queria ficar para trás. O cheiro de diversos tipos de comida encheu nossas narinas.

– Que cheiro bom!

– Eu vou na frente para conseguir uma mesa – Murmurei para ele enquanto nos aproximavamos da Hoster do local. – Me segue – Parei de frente para a jovem que recepcionava – Oi, estou esperando uma amiga, mas eu queria saber se já posso entrar pra guardar uma mesa?

– Ah claro! Fumam ou não?

– Não.

– Mesa para duas pessoas, você e sua amiga, certo?

– Resisti ao impulso de olhar para Bill logo atrás de mim.

– Sim, só nós duas, no entanto será que pode nos conseguir uma cabine?

– Claro, siga-me.

Um minuto depois, Bill e eu sentamos do mesmo lado de uma cabine vermelha de canto. Fiquei grata pela localização, que era no local mais isolado do lugar. Onde poucas pessoas teriam oportunidade de ouvir alguma coisa. Ajustei-me em minhas almofadas e tirei meu casaco, uma jovem garçonete se aproximou.

– Posso oferecer alguma bebida para a senhorita?

– Sim ... só uma Coca-Cola. Quero dizer... me traz duas, estou esperando uma pessoa.

– Claro, só um minuto.

Suspirando, eu coloquei os dois cotovelos em cima da mesa e deixei minha cabeça cair sobre eles. Eu deveria estar muito satisfeita com o rumo dos acontecimentos – afinal, isso significava que eu realmente não estava louca. A aparência de Bill não era apenas um colapso mental exclusivamente meu. Mas tudo estava se tornando cada vez mais complicado, e eu não tinha certeza do que eu estava fazendo. Eu não gostava de incerteza na minha vida. Deixava-me nervosa, agitada e inquieta. E tudo que eu queria fazer agora era dormir...

– Sinto muito – Bill murmurou melancólico – Eu realmente sinto – Apertou os braços em torno de si com força, olhando para a mesa. Seu cabelo caiu sobre ele, criando uma cortina negra para que eu não pudesse ver seu rosto. Eu engoli em seco, sentindo-me um lixo. Deus, do que eu estava reclamando? Eu tinha conseguido um amigo novo maravilhoso fora dessa situação toda... Eu o amava, mesmo com todos os agravantes que ele poderia ter. Nós havíamos nos tornado muito próximos, melhores amigos praticamente, e aqui estou eu reclamando e gemendo porque as coisas estavam ficando um pouco complicadas? Egoísta? Sim, há uma foto minha ao lado dessa palavra no dicionário...

Abri minha boca para protestar e tranquilizá-lo, mas ele me cortou.

– Eu sei que você nunca pediu por isso, já fez tanto por mim. E talvez eu não tenha sido tão legal quanto eu deveria ser...

– Bill – Eu disse muito gentilmente, interrompendo-o – Nós não precisamos passar por esse argumento de novo. Não, eu não pedi isso, mais do que você pediu. Sim, você quase me deixa louca por várias vezes. Mas você não pode me dizer que eu não tenha feito o mesmo com você. – Ele levantou a cabeça e olhou para mim, com um pequeno sorriso se formando em seus lábios e eu continuei – Peço desculpas por ter agido tão rude hoje. Porque ao contrário do que eu possa ter mostrado, eu gosto muito de ter você por perto.

Seu sorriso aumentou, atingindo seus olhos... Sempre seus olhos.

– Sério?

Eu ri baixinho.

– É claro! Eu te amo seu bobo. Você está mais proximo de mim agora do que qualquer outra pessoa que eu já conheci – Parei refletindo sobre essa afirmação. Bem, era verdade mesmo – Mais até do que Louise.

Seus olhos castanhos se arregalaram.

– Sério? – Ele perguntou de novo, timidamente.

Eu tive que rir de sua infantilidade. Subitamente tive a vontade de abraçá-lo, envolver seu corpo magro em meus braços o confortando e dizendo que tudo ia acabar bem.

– Sério!

Ele não disse nada, apenas limitou-se a olhar para mim, com um sorriso nos lábios.

– Seus olhos são tão bonitos – Uma coisa estúpida para se dizer eu sei, mas bom para quebrar o silêncio.

– Não tanto quanto os seus – Respondeu ele, quebrando o olhar e voltando por cima de meu ombro – E aí vem Louise.

Olhei ao redor e pude vê-la entrando com as bochechas rosadas pelo frio. Enquanto nos procurava, acenei minha mão e seus olhos brilharam, vindo diretamente em nossa direção.

– Oi meninos! – Ela disse ofegante caindo do lado oposto da cabine. Ela riu tirando o casado. – Vocês são engraçados, sentaram do mesmo lado da mesa!

– Bem – Eu disse pausadamente – Na verdade-

– Aqui estão suas bebidas – A garçonete me cortou – Querem fazer o pedido agora?

– Não – eu disse rapidamente – Precisamos de alguns minutos.

– Certo, com licença.

Louise estava folheando o cardápio distraidamente.

– Eu já sei o que vou pedir, pensei nisso o dia todo – Ela sorriu – Só falta voces escolherem. Ah, ela esqueceu de trazer sua bebida... – Disse ela, olhando para Bill.

– Não, ela não esqueceu – Bill disse calmamente.

Meu Deus... aqui vamos nós. Por baixo da mesa apertei sua perna com firmeza, para me dar segurança.

– Louise – eu disse – Temos algo muito importante para explicar. Por favor apenas escute e não discuta ou interrompa até eu acabar – Tomei uma respiração profunda, que por mim poderia ter durado para sempre – Este é Bill Kaulitz. O Bill Kaulitz. E tem mais... nós somos as únicas pessoas nesse restaurante capazes de vê-lo.

Bem, isso foi contundente. Pensei, surpreendida com a forma como essas palavras saíram de minha boca. A expressão de Louise não mudou.

– O quê? – Ela perguntou sem rodeios.

– Ninguém mais nesse restaurante pode vê-lo. Droga, ninguém mais, ponto final. Só nós duas. – eu parei, sem saber como continuar – É uma situação estranha, eu sei. Muito sobrenatural, eu vou tentar te explicar tudo-

– Prontas para fazer o pedido agora? – A garçonete me interrompeu. Maldita, eu não disse que precisava de uns minutos? Porque ela estava metendo o nariz de volta aqui tão rápido?

– Hum, tá – Requisitei rapidamente meu bife com salada e Louise optou por costela. A garçonete anotou o pedido e saiu.

– Ué, por que ela não anotou seu pedido? – Louise perguntou para Bill.

– Louise, eu já disse-

– Você não acha que está levando essa piada um pouco longe? – Ela me interrompeu – Você acha que eu realmente vou acreditar que este é Bill Kaulitz sentando aqui com a gente? Honestamente Alley... – Ela revirou os olhos – Eu esperava mais de você. Além do mais, o tal do Bill não está num hospital ou coisa assim? Lembro de ter ouvido falar isso na MTV não faz muito tempo, que ele está em coma faz tempo e sei lá mais o que. Você não deveria brincar com essas coisas, isso é sério!

– Olha, me escuta! – Eu implorei – Eu vou te contar tudo! – E assim eu o fiz, começando com o incidente dos cookies estragados e terminando com as travessuras da noite anterior. Detalhei todos os incidentes e acidentes que Bill e eu vivemos juntos, incluindo a ida ao shopping, quando ele se perdeu na UK e toda a saga “Jay” e coisas pequenas a respeito da convivencia em casa. Falei sobre o acidente de Bill, como ele havia me contado. Expliquei até a absurda teoria do “homem interior e exterior” de Saint Augustine. Demorei mais de trinta minutos em meu relato. Bill se manteve calado a maior parte do tempo, apenas confirmava de vez em quando.

Ela permaneceu em silêncio. Eu não sabia mais o que falar e Bill obviamente não tinha nenhuma informação para oferecer. Ficamos sentados na quietude que parecia durar uma eternidade, até que nosso pedido chegou.

Eu mergulhei em meu prato, faminta do jeito que estava. Louise tambem provou do seu, embora com muito menos entusiasmo, e continuava calada. Bill olhava para minha comida com um olhar tristonho e cheio de fome.

– Eu vou pedir um prato pra viagem ta bom? Assim você pode comer quando chegarmos em casa. – Sussurrei para ele, que assentiu com tristeza – Aqui – Enfiei um canudo em minha Coca-Cola e coloquei quase debaixo de seu nariz – Se você ficar com sede, pode beber a minha – Sorri – eu não acho que vão reparar nisso.

– Obrigado Alley Kat – Ele riu e tomou um gole.

Louise olhava para nós com um olhar surpreendente no rosto. Então limpou a garganta para finalmente falar

– Bem, eu devo admitir que essa é a história mais bem elaborada que você já inventou Alley. Todos os detalhes, a forma como subornou a garçonete para que ela fingisse que não o estava vendo. Quanto tempo você levou planejando isso? Levando em conta todos os detalhes... – Ela balançou a cabeça em admiração – Criativo. De mau gosto, talvez, mas muito criativo.

Eu estava boquiaberta, com meu garfo suspenso no ar, incapaz de me mover. Eu até esperava uma resistência de sua parte, mas ela ainda achava que era tudo uma grande piada? Ela havia experimentado a abundância de minhas travessuras durante nossa vida toda, mas ela realmente achava que eu era louca?

Aparentemente, a resposta era sim. Senti meu sangue ferver com isso.

– Louise – Eu disse muito calmamente – Você me conhece desde que eu nasci, eu já menti pra você antes?

Ela parou, parecendo estar indecisa entre me esfaquear com a faca de steak ou cair na gargalhada.

– Bem, na verdade, sim.

– Quando? – Eu exigi.

– Bem, teve uma vez que você e John me convenceram de que você tinha amnésia, então quando estava na quinta série eu ia convidar o Daniel King para sair, porque você disse que não gostava dele, mas na verdade gostava e tinha se ‘esquecido’ e acabamos brigando... e quando você pegou minha blusa emprestada e perdeu, depois não quis me contar dizendo o tempo todo que estava na casa da Heather...

– Ah isso não vale! – Eu disse acenando minhas mãos impaciente. – Isso tudo foi há séculos, e não passavam de bobagens! E eu estou falando muito sério aqui... – Trouxe minha mão para baixo e segurei a de Bill, implorando novamente. – Você tem que acreditar em nós Louise!

– Brincadeira tem hora pra começar e hora pra terminar Alley.

Suspirei irritada. Eu não sabia mais o que dizer, então esfaqueei com raiva a carne em meu prato. A garçonete voltou e eu pedi o jantar de Bill, na verdade ele pediu e eu repeti para ela o que ele estava dizendo para mim.

– Vou embrulhar o prato pra você – A garçonete disse sorridente enquanto se retirava. Olhei para Louise, que estava de olho em mim. Seu semblante ficando cada vez mais escuro.

– Pára com isso Alley.

– Parar com o que? – Retruquei irritada – Parar de vez com essa semi existência dele? Com essa invisibilidade? Desculpe mas não posso fazer isso, gênio!

– Sabe de uma coisa? Eu estou começando a ficar seriamente irritada com isso! Já foi longe o bastante. Parabéns pra você e sua imensa capacidade de fantasiar, mas já acabou!

Eu bati meu punho na mesa com força, surpreendendo a todos.

– MERDA! – Xinguei alto, chamando a atenção das mesas ao redor.

– Ei, ei meninas – Bill disse nervoso – Calma!

– Bill – Eu lati – Levanta agora e vai até aquela mesa ali, aquela com o cara de camisa listrada.

– O quê? Por quê?

– Só faz isso. Vá até lá e fale algo com ele, mas fale em voz alta!

A compreensão amanheceu eu seu rosto e ele obedeceu, caminhando até o casal da mesa.

– Com licença, senhor! – Ele disse.

Nada.

– Olá, pode me ouvir? Pode me ver? – Perguntou mais alto.

Ainda nada.

– Viu? – Eu disse olhando para ela.

– Pra mim já chega! – Ela revirou os olhos e levantou-se pegando seu casaco e sua bolsa, atirando um pouco de dinheiro em cima da mesa. – Vou pra casa, falo com você mais tarde, quando você parar de agir feito uma aberração.

– Mas... - Eu gaguejei olhando fixamente para ela. Isso definitivamente não estava saindo como planejado.

– Adeus – Com isso ela foi embora, atravessando a porta com seu casaco flutuando atrás de si. Afundei no banco, olhando para a mesa e Bill deslizou para perto de mim.

– Acho que ela não acreditou em nós – Ele tentou manter seu tom leve.

– Jura?

– Eu não entendo... – Continuou ele – Ela viu o que eu fiz, que o homem não pode me ver e a garçonete...

– Eu sei. Acho que algumas coisas são tão ímpares que nem vendo dá pra acreditar. – Inclinei minha cabeça para olhar pra ele – Agora eu não sei mais o que fazer.

– Eu menos.

– Vamos pensar em alguma coisa.

– Eu sei – Disse ele com um pequeno sorriso – Afinal você é mesmo cheia de idéias nesse cérebro de lebre.

Dei um tapa nele e permanecemos em um amistoso e pensativo silêncio. Momentos depois o prato de Bill chegou, embrulhado em sua embalagem para viagem.

– Aqui está senhorita, há mais alguma coisa que eu possa oferecer? – A garçonete perguntou.

Um pouco de sanidade seria bom.

– Não – Respondi finalmente – Só a conta por favor.

Ela assentiu com a cabeça e saiu, voltando um minuto depois com a nota que eu paguei em dinheiro. Logo depois saí com Bill do restaurante, entrando no carro e ligando a ignição, deixando o motor se aquecer. Olhei para Bill, que estava olhando fixamente para fora da janela.

Peguei meu encarte de CD, folheando despreocupadamente.

– Então, qual é o seu humor musical no momento?

– Algo forte e otimista por favor – Ele exigiu.

Assentindo, eu escolhi LA Woman dos Doors. Enquanto nos dirigíamos para casa, baixei os vidros do carro, embora o ar estivesse frio, e nós cantamos juntos com o som abafando nossas vozes.

***

Abri a porta de casa, notando o Corolla de Louise estacionado na calçada. Que maravilha! Pensei melancólica. Eu estava até esperançosa de que ela fosse para a casa de Steve e passasse a noite por lá, já que eu aparentemente havia me tornado uma aberração. Bill e eu adentramos e nos sentamos à mesa da cozinha. Felizmente ela estava longe de ser vista, então tivemos um pouco de privacidade. Ele comeu – bem, deixe-me esclarecer que ele devorou – seu jantar enquanto eu olhava perdida pelo espaço pensando se Deus já teria rido o suficiente da minha cara. Como se todos os disparates que aconteceram em minha vida antes de 25 de junho já não foram entretenimento suficiente para qualquer um.

– Mmmm – Bill murmurou com a boca cheia de comida – Isso tá muito bom!

Eu balancei a cabeça distraidamente.

– Sim...

– Quero dizer, o tempero, a textura. Isso tá perfeito!

– Sim...

– Temos que ir lá de novo.

– Uhum...

– Acho que você deveria tingir seu cabelo de loiro e virar uma stripper.

– Sim.

Epa! Peraí um minuto...

Olhei para ele com raiva.

– Seu bastardo!

– Tive que chamar sua atenção de alguma forma – Ele deu de ombros.

Levantei-me retirando seu prato da mesa e indo até a pia para lavá-los, mas parei percebendo que não tinhamos mais detergente.

– Droga.

– Que foi?

– Acabou o detergente – Eu disse mordendo os labios pensativa – E acho que to sem shampoo tambem... sem contar que os cookies acabaram... Hum... – Peguei minhas chaves que estavam em cima da mesa – Vem, vamos lá na loja comprar... eu tenho que sair de casa de qualquer jeito mesmo.

– Mas já está muito tarde, são quase meia-noite!

– Essa é a melhor hora pra ir. Não vai ter ninguém lá.

– Tudo bem então. – Ele concordou. Fui em direção a porta e ele me seguiu. – Não vai dizer a Louise onde estamos indo? Ela pode ficar preocupada, ou talvez tambem queira alguma coisa do mercado.

– Ela precisa é de um bom chute na bunda, isso sim! – Respondi com raiva – Nah! Não acho que ela esteja precisando de alguma coisa, além do mais duvido muito que ela se importe com o que estamos fazendo do jeito que ela está.

– Bem, acho que você está certa – Ele jogou um braço sobre meus ombros. – Vamos lá, eu sei o que vai fazer você se sentir melhor. Vamos comprar uma porrada de porcarias para comer que estragarão nossos dentes antes de completarmos 25 anos de idade e refrigerantes tambem, e ficar acordados até tarde assistindo filmes antigos como Spaceballs e Monty Python.

– Então, basicamente, nada de diferente? – Eu bufei.

Ele fingiu esfregar o queixo, pensativo.

– Hum... acho que não.

Eu ri e ele gritou.

– Veja! Sorrisos, esse é o melhor remédio! Você já não está se sentindo melhor?

– Um pouco. – Coloquei meu braço em torno de sua cintura, me inclinando em seu abraço. – Mas vou me sentir muito melhor quando encher minha boca com Twinkies.

– Essa é a minha menina! – Disse ele e tentou beijar minhas bochechas, mas eu me abaixei em tempo, fazendo com que ele beijasse a parede ao invés. Ele gritou em protesto e tentou agarrar minhas pernas para me fazer cair. Eu gritei pulando de um lado para o outro tentando manter o equilíbrio com Bill agarrado em minha perna esquerda. Nós lutamos pelo caminho até o carro, rindo e gritando, eu já me sentia muito melhor... E não me importava se alguém estava me observando ou não, eles que pensassem o que quisessem sobre mim, falando sozinha e tudo o mais.

– Entra no carro, trapaceiro! - Eu disse sem fôlego, depois de Bill finalmente ter desistido de tentar me fazer cair.

– Arregou?

– Não, só quero bagunçar seu cabelo de princesinha! - Pulei dentro do carro antes que ele me atacasse novamente.

– Você vai se arrepender por isso mais tarde – Ele disse entrando pelo lado do passageiro.

– Duvido! – Provoquei sorrindo para ele, colocando o carro em marcha ré para sair da calçada. Ele não respondeu, apenas olhava fixamente para fora da janela. – Que foi? – Eu perguntei.

– Ela está nos observando. – Disse ele, num cruzamento de confusão e admiração na voz. – Eu posso vê-la na janela.

– Então? – Eu bufei.

– Sei lá... ela ta me olhando de um jeito estranho...

– É porque você é estranho, Bill.

– Cala essa boca e dirige.

– Como quiser, sua alteza! – Pisei no acelerador. Bill ligou o rádio e nos preparamos para o nosso curto passeio.


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