Moonlight escrita por Ukisame


Capítulo 2
Capítulo 2 - Inimigo Oculto


Notas iniciais do capítulo

A autora agradece os reviews recebidos. xD



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Capítulo 2 - Inimigo Oculto

Jacob não apareceu no dia seguinte.

No lugar de sua ensolarada e estonteante presença, recebi um telefone enquanto ainda dormia. Demorei alguns segundos para conseguir correr a mão até a cabeceira da cama, pegando o pequeno aparelho branco, que servia somente como despertador. Meus olhos se estreitaram ao ver o visor piscar com o nome de Jacob.

Billy havia piorado e pela voz de Jake, ele passaria o dia ao lado da cama do pai. Apesar de a minha voz estar rouca pelo sono, eu precisei repetir umas dez vezes que estava tudo bem, e que ele não deveria se preocupar. Eu podia sentir a angústia em sua voz, imaginando que para ele não deveria ser fácil ficar longe, assim como era extremamente difícil para mim.

A ausência de Jake se seguiu por mais dois dias, e teria se estendido para mais um, se na manhã do terceiro dia, Bella não corresse para o quarto, atendendo ao telefone. Não que eu fosse tentar fazer uma disputa, isso estava completamente fora de questão. Sentada na pequena cozinha de casa, senti o estômago afundar ao ouvir o toque do celular, apertando o garfo com força. Eu sabia que era Jake. Eu sabia que ele iria implorar como implorou no dia anterior. Eu sabia que ia ter de fingir uma falsa animação, enquanto meu peito ficava cada vez mais apertado, dividindo a saudade que eu sentia com a minha preocupação pessoal com o pai dele. Billy não estava melhorando, e mesmo Jacob dizendo que não era necessária uma visita de Carlisle, eu começava a ter minhas dúvidas.

"Hey, Jake", Bella voltou para a cozinha com o aparelho no ouvido, e eu cravei meus olhos no prato de panquecas. "Sim, ela está comendo no momento, mas que bom que você ligou, eu estava pensando em você nesse mesmo instante", ela riu enquanto colocava uma mecha de cabelo atrás da orelha. "Ela está bem, Jake, e claro que eu não estou mentindo!"

Meus lábios formaram um sorriso, e eu ergui meus olhos para Bella.

Algumas vezes quando os dois conversavam, eu tinha a impressão de que ela falava com uma espécie de irmão mais novo, exceto nos momentos em que parecia o contrário, que ela era uma irmã mais nova. Inconscientemente eu agradecia por essa relação de parentesco ser apenas fictícia.

De onde eu estava, era fácil ouvir a voz de Jake, que insistia para que Bella passasse o telefone, mas minha mãe não parecia muito animada para realizar esse desejo. Por mais que eu tentasse parecer o mais normal possível nesses últimos dias, tenho certeza de que no fundo ela percebeu. Quando Jacob não estava perto, eu sentia como se de repente tudo passasse a ser monocromático. Não importava a direção, tudo era preto e branco, sem brilho, sem luz, sem som. Eu sabia que no fundo eu estava fazendo mais drama do que o necessário, mas somente aqueles que possuem o mesmo tipo de relacionamento que eu possuo com Jake poderiam entender.

Então eu não estava chateada por Bella estar tentando ludibriar o meu arco-íris pessoal, porque eu realmente não queria ouvir que não poderia vê-lo novamente, e que teria de passar mais um dia me sentindo incompleta.

"É o seguinte, Jacob Black", havia autoridade na voz de Bella. "Eu sei que você tem que ficar com Billy, então pensei em passar ai e deixar a Nes... Renesmee para te fazer companhia, se não for atrapalhar, claro."

"É SÉRIO?!?!?"

A voz de Jacob havia subido algumas notas, e Bella afastou o telefone da orelha, fazendo uma careta para o aparelho antes de voltar a colocá-lo perto do ouvido, pedindo que Jake não gritasse.

Eu olhava para Bella com uma expressão atônica, e sabia que minha boca estava meio aberta, mas não conseguia encontrar forças para fechá-la.

Em que dimensão eu estava, onde eu havia conseguido permissão para visitar Jacob em La Push, depois da cena que Edward havia feito na cozinha dias atrás?

"Ta certo, ela vai terminar o café e eu a levo até ai. Sim, sim, a pego novamente antes de anoitecer". Uma piscada na minha direção fez com que eu enfiasse um pedaço grande de panqueca na boca. "Bom, ela acabou de devorar o café da manhã, então estamos saindo daqui agora, até mais, Jake."

Bella desligou o telefone e soltou uma gargalhada musical, que fez com que eu sentisse o rosto ficar levemente quente. Em seguida eu pude sentir sua mão delicada em cima da minha cabeça, e um meio abraço. Eu agradeceria o que Bella havia feito por mim, mas minha boca estava cheia de panquecas, e eu tentava mastigá-las e engoli-las o quanto antes.

"Mastigue devagar, Renesmee", eu podia sentir o queixo dela no alto da minha cabeça. "Eu não vou mudar de idéia, você pode passar o dia com Jacob."

"Mesmo?", eu havia conseguido abrir a boca alguns segundos depois, virando a cabeça para poder olhá-la. Era bom demais para ser verdade.

"Claro, querida. Jake não pode deixar Billy sozinho, então não tem problema você ir fazer uma visita."

"Mas está tudo bem... bem mesmo?"

Bella entortou a cabeça para o lado, visivelmente confusa com a minha pergunta. Segundos depois um sorriso estampou seus lábios e ela riu baixinho, entendendo o sentido da minha pergunta.

"Sim, seu pai tem conhecimento, por isso ele não está aqui agora."

Engoli seco, sentindo o gosto de manteiga e geléia de framboesa na garganta.

Edward havia saído assim que eu entrei na cozinha, me dando um beijo estalado na testa e me desejando um bom café da manhã, apontando para as panquecas que ele mesmo havia feito. Talvez por ainda estar zonza de sono, eu não havia percebido nada de anormal no comportamento de meu pai, que evidenciasse alguma conversa anterior que ele tivesse tido com a minha mãe. Mas eu podia imaginar que para Edward, não era tão fácil me ver saindo para passar à tarde com alguém que iria se tornar meu namorado futuramente. Mesmo eu sabendo que atualmente sou tratada como a melhor amiga, eu sabia que um dia Jacob olharia de outra maneira para mim. Não é à-toa que dizem que as garotas amadurecem mais rápido.

Sai da cozinha e troquei de roupa, voltando com um casaco em uma das mãos e um sorriso tolo nos lábios. Eu não conseguia disfarçar minha animação, não quando eu sabia que em minutos estaria olhando para os olhos mais brilhantes e o sorriso mais acolhedor que eu conhecia.

Bella havia lavado a louça do café, e me esperava na porta para que fossemos até a casa dos Cullen pegar o carro.

"Bom Dia", cumprimentei o belo par de pernas vestido com um jeans surrado, embaixo do jipe de Emmet.

"Nessie!"

Rosalie deslizou por debaixo do jipe em segundos, ficando de pé e me abraçando forte, enquanto segurava uma ferramenta que eu não fazia idéia para que servia. Sua blusa estava cheia de manchas escuras, e seu cabelo preso em um desleixado rabo de cavalo, mas mesmo assim Rosalie continuava perfeita.

Eu havia retribuído o abraço, sorrindo largamente para ela. Não importava que tivéssemos nos visto em menos de 24hs, para Rosalie, todo encontro comigo era motivo para abraços e beijos. Era acolhedor, eu gostava do mimo que recebia, o único que não era fã de Rosalie era... Jake!

"Vocês vão sair?", Emmet que estava do outro lado do jipe havia se aproximado, afagando minha cabeça com sua enorme mão, fazendo com que minha tentativa anterior de manter o penteado falhasse completamente.

"Vou levar Renesmee à La Push", Bella tinha um dos braços envolta da minha cintura, e eu senti meu corpo vibrando quando ela riu ao ver a expressão de horror no rosto de Rosalie. "Sim, Edward sabe."

"Mas Bella...", Rosalie me olhava com assombro, enquanto encostava a estranha ferramenta no queixo. "Nessie, querida, podemos passear se você estiver se sentindo sozinha, Alice adoraria", essa última parte havia sido dita com a voz um pouco mais alta, e eu nem precisei virar o rosto para ver a figura pequena de Alice ao meu lado.

"Alguém falou em passear?", Alice balançava em cima dos pés, para frente e para trás, enquanto suas mãos batiam juntas.

"Hoje não, Alice, mas amanhã quem sabe", Bella trouxe minha cintura para perto dela.

"Isso explica porque não consigo ver o seu futuro desde ontem", a voz de Alice havia se tornado séria e profunda.

"Meu futuro vai estar de volta logo, não se preocupe, poderá se deleitar com cada detalhe novamente, mas agora vamos."

Eu acenei para os três que haviam ficado para trás, tentando disfarçar o largo sorriso que teimava em continuar no meu rosto, pelo menos até que eu me afastasse de Rosalie.

A aversão de Jacob por ela era recíproca, e eu tentava evitar que os dois tivessem de passar mais tempo do que o necessário juntos, e isso inclua a menção da existência um do outro.

O Volvo prateado estava parado em frente à entrada da casa, e eu desconfiava que aquela facilidade havia sido trabalho de Edward. Sentei no banco do passageiro e corri para colocar o cinto de segurança, percebendo que minha mãe já estava sentada, de cinto colocado e começava a dar partida no carro.

Mesmo com as novas habilidades que Bella havia ganhado após se tornar uma vampira, certos costumes ela mantinha, como o cinto de segurança, por exemplo. Esse hábito era motivo de gozação para Edward, que não perdia uma oportunidade para contar a Emmet, que por sua vez, sempre tinha uma piada na ponta da língua.

Enquanto pegávamos a rodovia, eu podia sentir minha respiração descompassada, e desconfiava que meu coração batia mais alto do que o motor do Volvo. Levei uma das mãos para o peito, ouvindo a risada baixa de Bella, que provavelmente estava me olhando há algum tempo sem que eu pudesse ter notado. Esse tipo de situação era mais comum do que eu podia imaginar. Os olhos de Bella eram sempre vigilantes em relação a mim, como se eles estivessem sempre nas minhas costas, zelando e cuidando de mim.

Eu sorri tímida e desviei os olhos para o meu lado da janela, mas sabia que era uma questão de tempo até Bella iniciar uma conversa.

As palavras vieram como esperado, mas seu contexto me pegou totalmente de guarda baixa.

"Como estão as coisas com Jake?"

Se eu não estivesse com os olhos cravados do lado de fora da janela, certamente ela teria visto a forma como aquelas palavras me pegaram de surpresa. Lentamente, virei à cabeça e sorri, fingindo não ter entendido o que ela queria realmente dizer.

"Jake não tem te visitado, eu sei o quão difícil tem sido para você, Renesmee", havia preocupação e solidariedade na voz dela, como se ela realmente entendesse como eu me sentia. "Mas não se esqueça de agradecer seu pai, foi idéia dele tudo isso", Bella bateu de leve a ponta dos dedos no volante.

"A tarde com Jake foi idéia de Edward?!"

A pergunta saiu dos meus lábios sem que eu tivesse tempo de reformulá-la. Minha mente não conseguia assimilar que meu pai poderia ter permitido livremente que eu passasse um dia longe de seus olhos, ainda mais com meu protótipo de namorado lobisomem. Edward sabia que Jacob nunca me machucaria, e após o incidente com os Volturi, os vampiros e os lobisomens tinham uma trégua permanente, que eu tinha certeza de que era ainda mais forte por causa da impressão entre Jacob e eu. O trato sobre o território havia sido suspenso, então era bem comum encontrarmos os irmãos de Jacob no quintal de casa, da mesma forma como Edward e Emmet de vez enquando caçavam com Seth.

Mas aliança nenhuma poderia diminuir a rixa entre Edward e Jacob. Eu entendia o senso paternal de Edward, afinal de contas eu era filha única, e as coisas para ele eram bem mais complicadas por causa de sua habilidade especial. Por esse motivo, eu nunca esperei nenhuma espécie de facilidade em meu relacionamento com Jake, mas ouvir que ele havia sido a pessoa por trás da incrível sugestão me deixou extremamente agradecida.

"Eu irei, não se preocupe, eu realmente estou muito agradecida", sorri sincera e encarei os olhos cor de caramelo de Bella. "Estamos bem, mas eu não sei se agüentaria ficar mais tempo longe dele. E obrigada por atender ao telefone, eu não sei se teria atendido..."

"Eu sei", Bella encarava a rodovia, e eu tinha certeza que não era por estar prestando atenção na estrada. Seu belo rosto estava sério, e eu sabia que ela estava ponderando o que iria dizer. "Você cresceu, Renesmee, eu e Edward não vamos poder impor nossas vontades por muito tempo. Não foi fácil para ele me dizer isso, e confesso que eu mesma fui contra a idéia quando ouvi pela primeira vez, mas como eu disse, você cresceu."

"Mãe, eu..."

Bella virou o rosto e eu me calei.

Havia um sorriso torto nos lábios dela, mas seus olhos estavam brilhantes e intensos. Se ela pudesse chorar, tenho certeza de que estaria fazendo isso nesse instante.

Meu peito se apertou e minha mão esquerda tocou seu braço frio inconscientemente. Bella retirou a mão do volante e segurou meus dedos, mantendo o mesmo olhar, mas desmanchando o sorriso. Seus lábios se tornaram uma linha fina e eu sabia que ela estava angustiada, mesmo tentando disfarçar.

A intensidade da minha ligação com Bella poderia ser comparada com a que tenho com Jacob, mas de forma diferente. Estávamos sempre em sintonia, como uma estação de rádio que funciona perfeitamente bem, enquanto toca sua canção favorita.

Ver os sentimentos de Bella expostos, seus medos e anseios me deixavam inquieta, e a última coisa que eu queria era vê-la sofrer.

"Eu estou bem, mãe, não se preocupe, você não vai me perder porque vou passar uma tarde em La Push", eu sentia minha voz baixa, como se eu mais implorasse do que falasse.

"Eu sei, querida, desculpe", os dedos gelados de Bella tocaram meu rosto, mas eu ainda podia ver a angústia em seus olhos.

A conversa com Bella me distraiu o restante do caminho, e se não fosse a figura alta e morena de Jake na entrada da casa, eu certamente não teria percebido que havíamos chegado.

Quando meus olhos o viram, foi como se qualquer tipo de tristeza e preocupação sumisse da minha mente, varridos para algum lugar escondido. Meu coração chegava a doer dentro do peito, enquanto eu sentia minhas mãos tremendo, esperando Bella parar o carro.

Eu não esperei o motor do Volvo ser desligado, abrindo a porta e me jogando nos braços de Jacob, como uma criança que fica muito tempo longe dos pais. Os braços longos, quentes e fortes me receberam em um forte abraço, e eu não sentia mais o chão embaixo dos meus pés. Tudo o que eu via era Jacob.

"Nessie, que saudades", eu ouvia sua voz rouca no meu ouvido, fazendo com que eu apertasse ainda mais os braços envolta de seu pescoço.

"Eu também, eu também, Jake", minha voz estava chorosa, mas eu não podia evitar. Meus olhos estavam úmidos, e eu sentia um turbilhão de emoções diferentes girando em meu estômago.

Jacob repetiu mais algumas vezes o quanto havia sentido minha falta, até ambos percebermos que não estávamos sozinhos. Bella limpou a garganta para se fazer presente, apoiando-se no Volvo.

Devagar, Jake me colocou de volta ao chão, e eu me recompus, encarando a expressão séria de Bella com o rosto extremamente vermelho. Era tão fácil esquecer do mundo naqueles braços.

"Olá, Bells!", Jake acenou para Bella, passando um dos braços envolta do meu ombro, me trazendo para perto.

"Olá, Jacob", Bella o olhou rápido, mas voltou a me encarar, com os mesmos olhos intensos.

"Não se preocupe, não vou tirar os olhos dela", ele tinha um sorriso tão largo e brilhante, que parecia ter sido esculpido em madeira.

"Eu realmente espero que não, Jacob Black", as mãos de minha mãe estavam em sua cintura, e ela parecia estar se controlando. "Fique de olho em Renesmee, não a deixe sozinha e que ela esteja inteira quando eu voltar para buscá-la. Ouça bem garoto, se algo acontecer com a minha filha você terá sérios problemas".

A risada de Jacob ecoou pelas árvores envolta da casa, e eu não pude deixar de sorrir. Eu havia esperado tanto para ouvir novamente meu som favorito, aquela risada que vinha de dentro e enchia o ambiente, como um raio de sol entrando em uma sala escura.

Bella havia relaxado e expressão, e eu tinha certeza de que fora por causa da risada. Era difícil manter alguma tensão quando Jacob estava por perto.

"Ok, eu prometo que ela vai estar inteira", Jake tentou manter a seriedade, mas era quase impossível. "Venha o mais tarde possível, eu senti muita falta da Nessie, e mesmo que você a deixasse aqui por meses, eu ainda não teria recompensado o tempo perdido."

Corei.

Meu coração pareceu ter pulado uma batida, recomeçando em um ritmo totalmente alucinado. Eu sabia que Jacob de vez enquanto tinha uns momentos desse tipo, mas aquela era a primeira vez que essa sinceridade me pegava desprevenida.

E lá estava meu coração, se enchendo de esperança.

Se meu rosto estava tão vermelho quanto fogo, o de Bella parecia ter ficado tão transparente quando gelo. Seus olhos haviam se estreitado, e ela apareceu na minha frente sem que eu notasse, empurrando Jacob com mais força do que o necessário, me envolvendo em um abraço possessivo.

Eu passei timidamente os braços pelos ombros de minha mãe, beijando sua bochecha e sorrindo confiante quando ela se recompôs. Com um suspiro fundo, Bella lançou um último olhar ameaçador para Jake, antes de seguir em direção ao Volto prateado, cujo motor ainda estava ligado.

"Venho antes do jantar, e não se esqueça de que Renesmee precisa almoçar", Bella parecia mais ordenar do que lembrar, se atrasando o máximo para sair dali.

"Bella, por favor, eu vou cuidar dela", Jake havia diminuído um pouco o sorriso, e eu desconfiava que ele se sentia ofendido pela falta de credibilidade de minha mãe.

Bella não argumentou. Sua resposta foi uma cantada de pneu deixada pelo Volvo, conforme ela acelerava e se distanciava.

Eu acenei até que o carro não fosse mais visível, e até que Jacob me prendesse novamente em seus braços para mais um abraço.

Dessa vez eu pude aproveitar mais o meu arco-íris pessoal. Os braços de Jacob me envolveram de uma forma mais casta, mas com a mesma intensidade de antes. Eu sentia a respiração dele próxima ao meu ouvido, arrepiando todo meu corpo. Era uma sensação ótima, principalmente porque o calor de sua pele não deixava que o frio do nervosismo me fizesse tremer.

Quando nossos braços se desvencilharam, ele segurou minha mão e sorriu, fazendo com que eu me sentisse um cubo de gelo exposto ao Sol de verão.

"Não acreditei quando Bella disse que você viria, eu estava com tanta saudade, Nessie", as mãos dele seguraram meu rosto como se fosse algo extremamente precioso. "Se você não viesse hoje eu iria te visitar de qualquer forma".

"Sério?". Eu arregalei os olhos, surpresa e feliz ao mesmo tempo.

"Claro, você não sabe o que eu tenho passado sem você, é ridículo, mas eu definitivamente não lembro como costumava ser minha vida antes de você aparecer".

Se Jacob pretendia fazer com que eu me apaixonasse ainda mais, ele estava tendo sucesso. Meu rosto que ainda estava corado pelo abraço inicial, parecia prestes a entrar em erupção, e eu sabia que se não tomasse cuidado teria meu coração saindo por detrás de meus dentes.

"E... eu também senti sua falta, você não faz idéia do quanto, Jacob", tentei colocar em palavras pelo menos um terço do que sentia, mas era inútil. O que eu realmente queria dizer para Jake ainda eram palavras que não poderiam ser ditas.

A felicidade de Jacob era algo tão visível que chegava a ser quase palpável.

Assim que entramos na pequena casa, a realidade retornou devagar, e eu corri os olhos para a porta do quarto de Billy. A sala estava vazia, a tv estava ligada em algum programa que eu desconhecia, e parecia ter algo sendo feito na cozinha.

"Como está o seu pai?"

"Dormindo, está melhor", Jake tinha um sorriso no rosto, e eu tive certeza de que Billy havia realmente melhorado. "Mas o que você quer fazer? Temos a tarde toda para fazermos o que você quiser".

"Bom...", tentei pensar em alguma resposta que não fosse a verdade direta, de que eu faria qualquer coisa, por mais estúpida e idiota que parecesse, desde que isso significasse ficar ao lado dele o máximo de tempo possível. "O que você estava fazendo antes?"

"Filmes", ele disse apontando o pequeno aparelho portátil de DVD que estava escondido no hack. "Peguei alguns emprestado com Jared, Kim está viciada em romances antigos".

"Isso parece promissor."

Caminhei até a pilha de DVDS que estavam no sofá, e meus olhos se fixaram automaticamente na versão cinematográfica de Orgulho e Preconceito. Eu já havia visto o filme duas vezes com Bella, Alice e Rosalie, e ele estava na lista de filmes que eu gostaria de ver com Jacob. Não que eu me identificasse com nenhuma das irmãs Bennet, mas eu adorava ver a forma como a jovem Srta. Bennet e o Sr. Darcy se apaixonavam.

"Quer assistir isso?", Jake me olhava com certa incredulidade e eu desconfiava de que a pilha de DVDS do sofá eram os que ele não pretendia assistir.

"Se você não se importar. É um bom filme, Jake".

Jacob riu e pegou o pequeno DVD, que parecia ainda menor em suas mãos grandes. Eu esperei sentada no sofá, me encolhendo quando ele voltou ao meu lado, passando um dos braços envolta do meu ombro, fazendo com que eu apoiasse a cabeça em seu peito. Os músculos do peito de Jake eram firmes, e eu sentia meu rosto se aquecer pelo calor de sua pele, vindo debaixo do tecido da camisa azulada que ele usava.

Foi bem difícil se concentrar no drama das irmãs Bennet, quando minha companhia ria dos problemas que em outros momentos me fizeram verter em lágrimas. Jacob não entendia porque Lizzie e o Sr. Darcy não eram claros um com o outro, alegando que não havia como um relacionamento funcionar se você não era comprometido e sincero. Eu tentei não trazer a opinião pessoal dele para o meu drama real, mas foi difícil ouvir aquilo quando horas atrás ele havia feito meu coração dançar tango dentro do meu peito.

"Não é falta de sinceridade, Jake, mas às vezes, você não consegue dizer claramente o que sente", rebati a crítica dele enquanto os créditos subiam na tela, enxugando discretamente uma lágrima no canto do meu olho direito.

"Eu entendi os motivos dela, Nessie", ele levou um dos dedos delicamente até meu rosto, enxugando outra lágrima, agora no meu olho esquerdo. "Mas tirando o seu pai, não conheço mais ninguém que possa ler mentes, então se você não transformar o que sente em palavras, fica mais difícil para a outra pessoa perceber", seus olhos vagavam para o teto, para depois pousarem nos meus. "Algumas coisas devem ser confirmadas, mesmo que no fundo você apenas desconfie".

O silêncio que sucedeu aquela afirmação foi mais longo do que nós dois esperávamos.

Estávamos sentados lado a lado, mas virados um de frente para o outro. Eu não conseguia ver nada além dos olhos negros na minha frente (um pouco mais altos, eu diria), e a expressão confusa que parecia ter se formado no rosto de Jacob. Uma de suas mãos tocou meu rosto e então ele se aproximou.

Eu estava pronta para qualquer coisa, menos para o que viria em seguida.

Recuei. Não um simples movimento para trás, mas ao vê-lo se aproximar, meu corpo ficou de pé automaticamente, mantendo uma distância razoável entre nós.

A reação de Jacob foi imediata.

A expressão em seu rosto fez com que eu me arrependesse de não ter controlado o impulso de me afastar. Havia uma certa contrariedade em sua face, e seus olhos se abaixaram, encarando algo que estava no sofá e que somente ele conseguia ver.

Eu não conseguia formar uma sentença completa, mesmo minha mente trabalhando mais rápido do que nunca. Jacob permaneceu em silêncio por alguns segundos, até balançar um pouco a cabeça, ficando de pé e me olhando com um sorriso enorme e falso.

"Então, você deve estar com fome, Nessie", ele se afastou, passando por mim e mantendo uma boa distância entre nós. "Eu preciso te alimentar ou a Bella não vai te deixar voltar mais".

A voz de Jake seguiu em direção a cozinha, mas eu permaneci parada, estática no mesmo lugar. Minhas sobrancelhas estavam juntas, e eu tentava entender o que havia acontecido e o que estava acontecendo.

Como eu pude ter tido tal reação se tudo o que eu mais queria era que ele tomasse alguma atitude?

Será que ele realmente pretendia fazer o que eu achava que ele fosse fazer? Ou ele pretendia fazer algo completamente diferente, que não tinha nada a ver com as minhas ilusões amorosas?

Não importava qual era a real intenção de Jacob, mas eu sabia que a minha reação tinha atingido alguma coisa dentro dele naquele momento.

Eu podia ouvir os passos dele voltando para a sala, mas parando na divisa entre o pequeno corredor e a entrada. No mesmo instante, novos passos eram ouvidos, e isso chamou minha atenção, fazendo com que eu me virasse.

Nossos olhos se encontraram, e naquele momento eu desejei ser capaz de voltar no tempo, por cinco minutos, o suficiente para que eu pudesse congelar no sofá e ver o que teria acontecido se eu não fosse tão idiota. Pela primeira vez, havia dor em seus olhos.

O contato visual durou segundos, até ele abrir a porta para que a figura esguia de Leah aparecesse ao lado de Seth, que parecia mais alto do que da última vez que eu o havia visto.

Eu ouvi o cumprimento dos dois, mas fui incapaz de responder.

"Enfim, Sam precisa falar com você", a voz de Leah parecia mais alta do que nunca, e ela falava apontando para fora.

"Agora?", Jacob tinha a voz arrastada, balançando a cabeça em negativa. "Não posso ir agora, avise que vou à noite".

"Acho que você devia ir, cara".

Foi a voz ainda infantil de Seth que me despertou de meus devaneios. Seth era o meu irmão lobisomem favorito, uma espécie de primo que eu nunca teria. Eu lembro de raros momentos em que ele havia falado sério, então o que quer que fosse que Sam queria falar com Jacob, não era algo que poderia esperar.

Jacob era naturalmente o Alpha do bando, característica que despertou pouco antes de eu ter nascido. Eu sabia que ele não gostava de ser líder, de ter de dar ordens, e foi esse o motivo principal que fez com que ele continuasse a deixar Sam com a liderança do bando após todo o incidente com os Volturi.

"Leah, não da!", Jake encarou a garota de cabelos chanel e deu de ombros.

"Jacob, você precisa ir falar com Sam, você tem responsabilidades".

Certo, definitivamente a voz de Leah estava mais alta.

"Eu sei das minhas responsabilidades, ok? E não sei o que Sam quer, mas ele vai entender".

"Ele sabe que ela está aqui". Leah não me olhou enquanto falava. "E mesmo assim ele disse que você tem que ir."

A expressão de Jacob mudou radicalmente a menção da última frase dita por Leah. Seus olhos se tornaram pesados, seus lábios pareciam ter desaparecido, e eu poderia jurar que ele parecia mais velho do que antes. Era a responsabilidade de líder falando mais alto.

A sala voltou a ficar em silêncio, e eu sabia que era a hora que eu precisava falar. E não sabia o que Sam tinha de tão importante para dizer, mas não seria eu que prenderia Jacob quando ele precisava ir.

"Jake, pode ir, eu vou ficar bem", minha voz estava tão baixa que eu não tinha certeza de que ele havia me ouvido.

"Nós ficaremos aqui, não se preocupe", Leah enfatizou, mas sem me encarar diretamente.

Eu senti quando Jacob me encarou, mas eu não consegui olhá-lo diretamente. Fixei meu olhar na altura do peito dele, pelo tempo que ele permaneceu na sala.

As últimas palavras dele foram para que eu almoçasse, e que Leah e Seth cuidassem de mim e de Billy.

Enquanto saia da sala em direção a cozinha, levei minha mão até a testa, sentindo falta do beijo de despedida.

Particularmente eu não chegava a detestar Leah.

Era uma espécie de aversão recíproca, menos intensa do que Jake e Rosalie. Eu tinha pleno conhecimento que muito do antagonismo que sentia por ela era ciúmes. Patético, reconheço, mas era real. No dia que Jacob me contou que se não fosse por mim, ele teria ido embora de Forks e que Leah era a companhia, um rosnado fundo saiu da minha garganta, e se fosse possível eu teria caçado Leah naquele exato momento.

Foram precisos meses até que eu pudesse encará-la novamente, da maneira como eu estava fazendo nesse exato momento.

Estávamos sentados os três na pequena mesa dos Black, degustando o ensopado que Jacob havia preparado. Seth estava perdido em seu mundo particular, faminto, devorando o terceiro prato, sem perceber o clima pesado que havia se formado por eu e Leah estarmos sentadas uma de frente para a outra. Eu não estaria me importando tanto com a presença dela, se as coisas entre eu e Jacob não tivessem ficado estranhas, e eu sabia que ela tinha percebido.

Havia um sorriso estranho em seus lábios, e seus olhos negros não perdiam um movimento meu, como se ela fosse um cão de guarda, pronto para avançar a qualquer movimento que eu fizesse e que ela julgasse errado.

"Isso está uma delícia", Seth levantou-se para se servir novamente, e sorriu na minha direção. "Quer mais, Nessie?".

"Estou satisfeita, obrigada", tentei sorrir para a gentileza dele, mas tenho certeza de que meu rosto deve ter mostrado alguma expressão estranha.

"Jacob cozinha muito bem". Leah entregou o prato para que o irmão a servisse.

Meus olhos se estreitaram, e eu podia sentir algo quente na altura do peito. Minhas mãos se fecharam em punhos, apoiadas em meus joelhos, e não pude evitar um rosnado involuntário.

"Uau, acho que mexemos com o lado sanguessuga dela!".

"Leah, por favor", Seth tinha novamente a voz séria.

"O que foi? Eu não estou mentindo, Seth", Leah ergueu uma sobrancelha fina enquanto falava. "Mesmo que ela seja humana e a impressão de Jacob, uma parte dela é igual aos outros Cullen."

"Isso foi uma crítica?", eu podia ouvir o rosnado saindo de dentro do meu peito. A oscilação no humor era algo herdado de Edward.

"Não, foi apenas a verdade, você deveria estar acostumada com isso".

"Por que você está falando da minha família? Eu tenho certeza de que o assunto não envolve nenhum dos Cullen, Leah".

Leah riu alto, agradecendo Seth ao receber novamente o prato, mas sem tirar os olhos de mim. Aquela era a típica reação que ela tinha e eu detestava. As poucas vezes que conversamos, Leah parecia estar sempre escondendo algo, como se houvesse alguma coisa que eu não sabia, mas que fazia com que ela tivesse uma vantagem imaginária nas circunstâncias.

Dificilmente eu caia na provocação, mas claro, em todos os momentos eu tinha Jacob comigo, essa era a primeira vez que eu ficava a “sós” com Leah.

"Os assuntos sempre envolvem os Cullen. Tudo gira em torno de vocês".

A voz de Leah havia se tornado afiada, e eu sabia onde ela queria chegar. Eu conhecia a história quileute de trás para frente, sabia que a razão para os lobisomens terem voltado foi a mudança dos Cullen para Forks, então diretamente falando, a razão para Leah ser o que é, era minha família. Não que eu me sentisse culpada. Se nada disso tivesse acontecido, se os Cullens tivessem migrado para outro lugar, eu não teria nem ao menos nascido, então não havia possibilidade de eu me sentir mal com toda aquela história. Eu tinha o direito de ser egoísta quando envolvia as pessoas mais importantes da minha vida.

"Leah...". Seth colocou a mão sob a da irmã, mas Leah retirou a dela, me olhando com os olhos apertados.

"O que foi? Eu não estou fazendo nada, estou? Só porque ninguém diz diretamente as coisas não significa que eu tenha de fazer o mesmo. Se você quer ser amigo desses parasitas o problema é seu, mas eu apenas a suporto porque ela é a impressão do Jake, se não fosse isso eu jamais estaria dividindo a mesma mesa com um erro da natureza".

De tudo o que Leah havia dito, eu não ouvi metade.

Minha mente havia apenas fixado a maneira como ela havia chamado Jacob. Jake, Jake, Jake, Jake, Jake.

Um rosnado ainda mais alto saiu do meu peito através da minha garganta, fazendo com que eu me levantasse e me projetasse para frente, apertando os dentes na direção dela.

Leah levantou-se no mesmo instante, batendo uma das mãos na mesa, fazendo com que quase seu prato caísse no chão, se não tivesse sido salvo antes por Seth, que havia se encolhido perto da pia. O corpo de Leah tremia, eu sabia que ela estava se segurando para não se transformar, da mesma forma como eu tentava manter minha outra natureza sob controle.

"O que você quer com ele? Por que não o deixa em paz de uma vez?", eu sabia que só havia uma coisa capaz de fazer Leah sair do sério, e eu também sabia que era um golpe extremamente baixo e covarde, mas eu precisava colocá-la em seu lugar. "Só porque você não pode ser feliz, não significa que as outras pessoas tenham de seguir o mesmo caminho".

Então, tudo aconteceu bem rápido.

Como esperado, minhas palavras acenderam o fogo, e Leah soltou um rosnado alto que fez a pequena cozinha dos Black parecer ainda menor. Seu corpo se agitava violentamente, e uma onda de pânico fez com que minhas pernas se movessem sozinhas.

Antes que eu pudesse perceber, havia saído da casa dos Black e corria em direção a floresta, sem saber ao certo a direção que tomava. Tudo era muito verde, e tudo passava muito rápido por mim: troncos, pedras, alguns raros animais que se aventuravam a permanecer no caminho. Nada merece ser levado em consideração, quando tudo o que você tem em mente é correr.

A casa dos Black já estava longe quando meus passos diminuíram, e eu me apoiei em um tronco de árvore. Meu estômago girava, e eu sabia que aquela corrida não faria bem logo após ter comido. Olhei envolta para me situar, mas não tive tempo para pensar. Minha visão não era tão boa quanto à dos Cullen, mas eu sabia muito bem qual era a silhueta de um lobisomem na floresta, e definitivamente minha companhia não estava longe.

Prendi a respiração e comecei a correr.

As árvores se tornaram apenas borrões na paisagem, e o fato de não conseguir sentir o cheiro do caminho tornava as coisas um pouco mais complicadas. Eu não conseguia cheirá-lo, mas conseguia ouvir claramente o barulho que suas patas faziam ao tocar as folhas no chão. Aquele som eu conhecia. Era um dos meus favoritos.

Pulei o pequeno riacho e pude ouvir o barulho das águas sendo espirradas atrás de mim. Ele estava perto, muito perto.

Quais os tipos de pensamentos que passam por sua mente quando seu inimigo natural está poucos metros de distância, sedento pelo sabor da sua pele? Eu não conseguia pensar em nenhum arrependimento. A única coisa que minha mente mostrava era um rosto moreno e sorridente, onde um par de olhos negros brilhavam como duas estrelas no céu. Fechei os olhos e pude ouvir claramente o barulho de sua risada, era a melhor música, a melhor melodia.

Abri meus olhos e parei. Meu perseguidor parou junto comigo e recuou quando eu me virei bruscamente. Eu menti. Eu tinha um arrependimento.

O lobo cor de cobre estava a poucos metros de distância de onde eu estava. Seus enormes dentes pareciam ainda maiores daquele ângulo, e eu podia sentir o quanto minhas pernas vacilavam. Era a primeira vez que eu me confrontava seriamente com um lobisomem, e o sentimento não era nenhum pouco agradável. As brincadeiras com Jacob eram diferentes, eu jamais pensei que um dia teria de enfrentar um de seus irmãos, e a idéia de machucar Leah de repente me parecia extremamente absurda. Além do mais, existia a chance real dela me machucar, então tudo ganhava uma nova perspectiva, pois eu não podia simplesmente deixar de existir. Havia tantas coisas que eu não tinha feito, e muitas outras que eu ainda faria, sem contar o motivo principal: Jacob.

Era completamente insano e bizarro, eu tinha conhecimento de que minhas prioridades eram completamente estranhas, mas eu não conseguia conceber o fato de morrer sem que ele soubesse dos meus sentimentos. Sem que ele ouvisse o meu pedido patético de desculpas.

"Leah, eu sei que você não vai aceitar minhas desculpas, mas é tudo o que eu tenho", arrisquei o diálogo. Edward havia me ensinado desde pequena. Até hoje eu tinha bastante confiança em seus ensinamentos paternos.

A resposta do lobo foi um rosnado, enquanto Leah se apoiava nas patas traseiras, abaixando a cabeça. Eu conhecia aquela posição, e sabia o que vinha em seguida.

Então o diálogo não havia funcionado, me deixando apenas com uma única opção. Minhas chances eram bem pequenas, praticamente mínimas.

Enquanto eu me abaixava para me preparar para atacar, minha atenção foi completamente despertada por outra coisa.

Os rosnados de Leah estavam mais altos, e então percebi que ela não estava tentando me atacar, mas sim se comunicar. Quando nossos olhos se encontraram, o lobo se aproximou e eu me virei, encarando o que antes era a visão das minhas costas. Havia algo ali, algo se aproximando em uma velocidade absurda.

Devagar, meu corpo se abaixou no mesmo instante em que Leah fez o mesmo. Nossos rosnados pareciam um só, uma única voz. Nossos corpos tremiam como se estivessem ao ritmo da mesma música.

Meus olhos se apertaram e eu trinquei os dentes. Estava vindo.

Continua...


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