Uma semana depois...

Eu já havia me recuperado e tirado a tipóia do braço. E adivinhem como eu estava comemorando isso?

Acertou quem disse que eu estava aos beijos com Romeu!

Meu braço recuperado estava em volta de seu pescoço puxando seu cabelo enquanto ele me pressionava contra a parede do meu quarto e me beijava com fervor.

Interrompi nosso beijo colocando o dedo no meio de nossos lábios e perguntei, arfando:

- Você não acha que isso já foi longe demais? O que está acontecendo com a gente? Aonde isso vai dar? Uma hora, alguém vai descobrir.

Romeu me encarou por um segundo e, de repente, começou a gargalhar.

- Do que você está rindo? Eu to falando sério aqui! – Falei, o encarando com cara de poucos amigos.

- Ok, ok. – Ele parou de rir. – Você ta muito preocupada, Julieta. Para com isso e me responde uma coisa: Você está gostando do que a gente ta fazendo?

Assenti.

- Então, se nós dois gostamos do que estamos fazendo, vamos deixar rolar. E o pessoal não vai descobrir se a gente esconder bem, certo? – Ele falou e me mandou um sorriso malicioso.

Concordei com ele e, de repente, ouvimos a porta de casa se abrir.

No começo, ficamos assustados sem saber o que fazer, mas depois simplesmente fizemos o que fazemos de melhor.

- O QUE VOCÊ TA FAZENDO? SAI DAQUI, GAROTO. ME DEIXA EM PAZ PELO MENOS UM MINUTO! – Eu gritei e ele estava se segurando para não rir.

- DEIXA DE SER MIMADA, JULIETA. PELO AMOR DE DEUS, VOCÊ SÓ ME IRRITA CADA VEZ MAIS. – Ele fingiu também e saiu do quarto, batendo a porta.

Eu saí do quarto um tempo depois e me sentei do lado de Helena no sofá.

Estava passando o jornal e, como não tínhamos nada para fazer, estávamos assistindo.

- Ai, chega pra lá, Romeu. – Gabe reclamou.

Então me veio a curiosidade.

- Sério, o que a mãe de vocês tinha na cabeça quando botou o nome do filho de Romeu? – Perguntei para Helena.

- Bom, minha mãe sempre foi muito fã de Shakespeare. E, como seu livro preferido era Romeu e Julieta, ela jurou para si mesma que iria colocar o nome do primeiro filho de Romeu “para ele poder achar sua Julieta e viver seu verdadeiro amor” – Ela fez aspas com os dedos. Todo mundo me olhou, mas eu olhei para Romeu que fingia não prestar atenção enquanto se remexia na poltrona, desconfortável com a nossa conversa. – Aí, eu como filha mais nova, fui sortuda e recebi o nome de Helena, personagem de Sonho de Uma Noite de Verão.

- Peraí, você é irmã mais nova? – Perguntei. – Mas, você não é da nossa série?

- Pois é. Eu sou um ano mais nova, apesar de não parecer por causa da minha inteligência. – Ela explicou. – E eu to na mesma série que ele porque esse neandertal aí repetiu o 1º ano.

Romeu a encarou, irritado.

Logo, pedimos uma pizza e, aparentemente, todos esqueceram do assunto Romeu e Julieta, mas eu não.

Mais uma semana se passou comigo e Romeu naquela situação.

Estávamos no sofá. Todos haviam saído e Romeu havia fingido que também tinha saído, mas depois voltou para ficar comigo.

Ficamos dando uns amassos no sofá mesmo, achando que ninguém iria aparecer. Mas, logo ouvimos alguém bater na porta:

- Julieta, abre logo! Eu preciso pegar minha bolsa que eu esqueci aí! – Joanna gritava.

Arrumei meu cabelo, minhas roupas e fui abrir a porta. Ela olhou para Romeu no sofá, estranhando:

- O que você ainda está fazendo aqui?

- Ah, eu esqueci que o compromisso que eu tinha era mais tarde... – Ele deu uma desculpa.

Ela assentiu, pegou sua bolsa e depois foi embora. Suspirei aliviada.

Dois dias depois, fomos todos jantar juntos, como sempre.

- E então, Romeu? Como foi a festa dos populares ontem? – Helena perguntou.

Ele olhou para todos nós e falou:

- Foi... Mais ou menos... Olha gente, eu queria chamar vocês, mas a festa não era minha e tals...

- Tudo bem, Romeu. A gente entende. – Gabe disse.

- Mas então, conta pra gente o que aconteceu ontem à noite. A escola inteira ta dizendo que você se deu bem... – Rafa comentou, piscando para ele.

Nesse momento, comecei a prestar mais atenção.

- Ah, não aconteceu nada não... – Ele falou.

- Ah qual é, Romeu. – Helena falou. – Todo mundo sabe que você ficou com a Caroline.

Eu estava bebendo coca nesse instante e me engasguei. Precisei de uns bons tapas nas costas para voltar ao normal.

- Ah, ela sempre me encheu o saco para namorar com ela e ontem eu tava meio bêbado, então... – Ele explicou.

- Peraí, vocês estão namorando? – Rafa perguntou.

- Mais ou menos... Ela tava meio desesperada hoje de manhã e me pediu em namoro. Fez até umas pulseiras com nossos nomes gravados nelas. – Ele falou.

- Hmm, eu to meio sem fome. Então, eu vou pro meu quarto, ok? – Falei e saí daquele lugar. Não agüentava ouvir mais nenhuma palavra.

No dia seguinte, cheguei no colégio e lá estava Romeu e Caroline se beijando. Uma mistura de agonia, tristeza e raiva percorreu dentro de mim. E, mesmo não querendo admitir, eu sabia que aquilo era ciúme, só não sabia porque eu estava sentindo isso.

À tarde, todos nós fomos à praia.

Joanna logo foi exibir seu corpo enquanto deitava na canga para tomar um banho de sol. Helena nem tirou a roupa, pegou seu laptop e não saiu debaixo da barraca. Gabe fez o mesmo e Rafa não tirava os olhos de Joanna, quase babando nela. Eu tirei o short, mas não tive coragem de tirar a camiseta.

- Ué Julieta, vai ficar de camiseta? – Rafa perguntou.

- De jeito nenhum! Pode ir tirando a camiseta que você vai comigo no mar. – Joanna falou.

Envergonhada, tirei a camiseta. Logo, senti os olhos de Romeu em cima de mim. Senti minha bochecha corar e, querendo sair dali, fui logo para o mar.

Quando voltei, Rafa e Romeu estavam falando sobre Caroline.

- ...Ela é muito gostosa cara, você devia investir nisso. – Disse Rafa.

- Ah, eu não sei. – Romeu respondeu.

- Eu tenho pena dela. Acho que já deveria saber que daqui a pouco vai ser trocada por outra. Ela não devia pôr muita fé nesse relacionamento, não. Porque, afinal, todo mundo sabe o cafajeste que Romeu é. – Me intrometi na conversa.

- Uuui. – Gabe falou baixinho.

Rafa olhou para Romeu esperando que ele se defendesse, mas ele fez o contrário disso:

- Eu concordo com você, Julieta. Eu acho que ela deveria saber que eu não sou um homem exclusivo. Não consigo ficar preso em uma mulher só. – Ele falou.

Eu o encarei com nojo.

- Você é ridículo, Romeu. Eu acho que você deveria perceber que nós, mulheres somos muito mais inteligentes que os homens e devíamos ser tratadas com muito mais respeito. – Falei e me deitei na canga junto com Joanna que fez um hi-5 comigo.

Mais tarde, eu estava no computador quando Romeu entrou no meu quarto.

- O que você quer? – Perguntei, irritada.

- Eu terminei com a Caroline. – Ele falou.

- E por que você faria uma coisa dessas?

- Eu não sei... Eu não sentia nada quando eu beijava a Caroline, mas sentia quando beijava você... E era isso que me fazia querer por mais toda hora. Com você era diferente. Então eu pensei: Por que eu namoraria uma pessoa pela qual eu não sinto o menor interesse? – Ele se explicou. – Você me desculpa?

Eu sorri, assenti e ele chegou mais perto. Logo, sua boca estava na minha num beijo intenso.

Porém, fomos interrompidos:

- AI MEU DEUS!