Ponto de Vista: Dakota

Eu não acreditava. Esse era o Cérbero? O cão de Três Cabeças, denominado Demônio, por quem o visse?

- Este é Cérbero. – Nico me confirmou. Nooossaaa!

 -Tem certeza? – Apontei para o cão a minha frente, minha sobrancelha se ergueu em forma de duvida. Será que essa era a irmã de Cérbero? Ou era a sua mãe? Que porra, vou te enganar não, tava muita esquisitice pro meu lado, mano.

 - Sim... Bem, é que... Macária esteve por aqui... Resolveu mudar o visual dele. – Respondeu risonho.

 - Mercaria? Que droga é essa? – Perguntei com mó cara de "Esse cara me xingou, ou é o nome de um indigente?”.

- Macária! – corrigiu. – Ela é minha meia-irmã. É filha de meu pai e Perséfone. Ela é uma deusa, acho que não gostaria de ser xingada por uma mortal.

- Ah... Como se eu me importa-se – Eu disse. – Bem,  o que eu devo fazer com a Cérbera?

- Tirar toda essa tinta rosa – Eu já tinha dito que Cérbero estava pintado de rosa? – E também tirar esses laços roxos – Já falei que ele tinha laços roxos?

 - Como eu não percebi que ele estava assim quando eu cheguei? – Perguntei.

 - Cérbero só pode ser visto como realmente é de perto. Então, só pode ser visto desse jeito quando se chega perto dele.

-Tá. Ok. Você fingi que o que disse faz sentido, que eu finjo que entendi, ok? – Disse.

- Bom, ok!Pode começar a trabalhar. – Ele agitou a mão e apareceu um banquinho no chão. Sentou-se e sorriu. 

- E você? – falei. 

- Você que é a Aprendiza de Hades, não eu. Vou ficar olhando, não é obvio pequena Aprendiz? – Disse ele dando um sorriso sarcástico para mim. Sorriso sarcástico, mas sedutor, pensei. Arregalei um pouco os olhos com esse pensamento, mais logo o expulsei. Bufei. Porque ele é tão perfeito? Não se parecia nada, NADA, com o pai.

Ok, momento romântica off. Do meu lado apareceu um balde com água e sabão. Huum. Isso me deu uma grande idéia.

 - Nicoo? – Chamei enchendo a mão de espuma.

 - Sim?

- O que acha de um banhozinho? – Disse chegando perto dele devagar, quando ele se tocou do que eu ia fazer já era tarde demais. Muahahahhahaha. Eu o peguei (N/a: sem segundo sentido para as mentes mais pervas).

Seu rosto estava com a barbinha do Papai Noel, o cabelo com espumas. E, bem, seu rosto estava hilário. Eu tinha que tirar uma foto. Peguei meu celular do bolso. 

- Diga "Xis"!

Essa foto iria para a internet. Cai de rir. Meu deus. Era normal meu estomago doer tanto assim? Eu estava praticamente chorando de rir.
Só que de repente, eu fiquei um, um pouquinho de medo da cara dele. Aquela cara, tipo, "EURECA! JÁ SEI O QUE FAZER! TÁ FUDIDA BAIXINHA!"

- Dakotaa? – Ele me imitou. 

- Sim? 

- O que acha de um banhozinho? – Sorriu perverso.

Não deu tempo de correr. Meus olhos ficaram que nem duas bolas de basquete, quase quiquando para fora das orbitas. Antes de ele dar o bote. Eu tive um misero tempo de abrir a boca, para não sair nenhum grito.

Cara, prefiro nem contar meu estado. Certo, sim, foi tão pior quanto o dele. E para estragar o meu dia, um beijo molhado e nojento do Cérbero. Eu tinha uma pequena vontade de chorar. 

- Nicooo! – Pulei em cima dele. - O-O que você fez comigo? 

 Nossos rostos estavam tão próximos que podia sentir sua respiração...Seu hálito doce...

- O mesmo que você fez comigo, Pequena Aprendiz. - Disse ele com um pequeno sorriso. Nossos rostos estavam tão próximos, quase nos beijando. Só que... O MALDITO CÃO DOS INFERNOS TEVE O PRAZER DE DEITAR UMA PATA EM CIMA DA GENTE, DEPOIS LAMBER A PATA, CONSEQUENTEMENTE, NOS LAMBENDO!

 Lá se foi o meu beijo. Sério. Daqui a pouco eu ia realmente chorar.

- Ah, Cérbero! – Gritou Nico. Ouvi uma risada atrás de nós. 

- Desculpe irmãozinho, mas não pude resistir. 

- Macária! – Nico se levantou rápido. Deixando-me lá pra variar! Hmpf! Ô homenzinho imprestável, nem pra me ajudar.

- Poderia me ajudar, ou vai ficar me olhando com cara de drogado? – Disse fechando a cara. Quem ele pensava que era? Porra, eu sou uma dama, e ele um brutamontes que nem me ajuda.

Macária explodiu em risadas. Nico correu e me deu a mão. Hmpf. Peguei a mão dele a contra gosto, e olhei para Macária

- Então foi você que pintou o Cérbero? – Perguntei cruzando os braços.

Ela assentiu, com o rosto ainda risonho. Ótimo. Há-há. Vou ter minha vingança.

- Então vai nos ajudar! – Joguei água nela, encharcando sua roupa perfeita. 

- Por papai! – Ela bufou. – Ótima companhia Nico!

Ela me olhou. E invés de ficar puta comigo, somente riu.

- O que deu em você? – Perguntei já irritada. – Não vai parar de rir?!

- Desculpe, mas seu gênio é hilário. – Ela pegou um balde de água com sabão. – Isso vai ser divertido!

Nico pegou uma barra de sabão com cheiro de flores.

- Dúvido que Cérbero vá gostar disso – Falei.

- Ele não tem que gostar, Pequena Aprendiz. – Respondeu ele.

Macária pigarreou.

- Vão ficar de papo, pombinhos?

- Não, Macaquinha. – Falei fazendo bico.

- Pode me chamar assim. Não é tão fácil estragar meu humor, querida. Meu pai já me informou sobre você. – Ela sorriu.

- Olhaa a patada! – Nico riu.

- Cala a sua boca, ô projeto de EMO. – Joguei água com sabão nele.

- Ah! Meus olhos! Merda, Dakota! Tem sabão nos meus olhos! – Ele começou a gritar feito louco.

- Ah! Meu deus! Chamem a ambulância! Um médico! Help-me! – Gritei largando o balde com água.

Macaquinha pegou um balde com água limpa e jogou no rosto de Nico, que teve um ataque de tosse.

- Melhor? – Ela perguntou.

- Muito!

Desliguei meu telefone.

- Vocês me fizeram perder tempo ligando para a ambulância! – Bati o pé.

- Ah, é, claro. E quando eles pedissem a localização, o que você diria? ‘No reino de Hades, por fazer, tem uma pessoa morrendo!’ – Ela disse, tentando, mas tentando imitar minha voz. Pois é, não tinha me dado conta disso...

- Pooxa, não precisava humilhar. – Disse.

- Queridos! Como vão? – Pepê chegou.

- Quase no fim, mamãe. – Macária sorriu. Nem tinha me dado conta que só faltava limpar a barriga do cãozinho.

- Dakota, já conheceu Macária, não é? – Perséfone disse.

- É...Foi uma bela primeira impressão. – Respondi sarcástica.

- Papai não exagerou nenhum pouquinho sobre o humor dela. – Macaquinha disse. – Eu até já ganhei um apelido.

- Querem tomar alguma coisa? Não está enfeitiçado. – Pepê brincou. Ho-ho. Lembrei da lenda sobre Perséfone e Hades, e foi tudo por causa de um romã.

- Uuh, tem certeza? Sabe, sem querer ofender, mas não quero ficar pelo resta da minha eternidade aqui.

Pepê acentiu.

- Tenho certeza.

Um fantasma trouxe coquetéis de frutas

- Não tem álcool. – Respondeu.

- Tem certeza? Absoluta certeza? Olha, eu teria muuita certeza se fosse você. Essa é a sua resposta final? – Disse eu, pegando um copo – Quer saber? Não importa.

Macária revirou os olhos.

- Se não importa, por que pergunta?

- Para gastar saliva. – Falei.

Pepê e Nico riram.

- Do que vocês estão rindo? Parecem retardados.

- Estão se divertindo? – Suco velho chegou; fim da festa.

- Se, com ‘se divertir’ você quer dizer: ‘ Gostaram da minha chegada?’, então, eu prefiro morrer.

- Aqui o trabalho sai mais rápido. – Nico falou.

- Te perguntei? Acho que não, Suco-filho.

- Olha a patada. – Macária riu.

- Há-há, também estou morrendo de rir. Entenderam? Morrendo... Hades... – Ades como é chamado por mim e só falou.

- Nãoo. – Respondi séria.

- Olha a...  – Nico começou.

- Não, senhor! – Tapei a boca nele. – Então, Adeees, o que você tem para mim?

- Ah, é, estava esquecendo. Sua próxima tarefa.