Capitulo cinquenta:

Só tome cuidado que esses também tem uma dieta especial, como a sua. Afala de Isa ficou me corroendo pelo resto da tarde e tinha a impressão que ela continuaria por muito mais tempo. Rezava para que a dieta que ela dizia era a que eu havia citado para ela, do porquê nem a Rose ou a Alice comeram quando vieram aqui em casa. Eu havia dito a ela que elas e o resto da familia Cullen seguiam uma dieta especial e não podiam comer ou tomar nada que não estivesse dentro dela, pois era ela que os deixavam forte. Afinal eu nem sabia porque eu estava me preocupando, ela era uma menina de quatro anos, com certeza ela estava se referindo a essa dieta, como ela poderia saber da verdadeira?

Essa seria a única resposta plausível, isso se minha intuição não me disesse ao contrário.

Ouvi uma batida em minha janela olhei para ver quem estava vindo me visitar.

Jasper… estranho ele nunca vinha até minha casa assim como eu não ia a dele para nós conversarmos, sempre marcavamos em algum lugar onde ninguém nos interromperia.

- olá – disse abrindo a janela para ele – o que faz aqui? – perguntei curiosa

- oi – ele disse entrando no quarto. – estou aqui para conversar com você – ele parecia decidido quanto a sua opinião. Indiquei para ele começar a falar. – eu falei com Edward depois que você saiu sobre… bem, vocês dois. – lancei um olhar desconfiado a ele. – não falei nada sobre você, na verdade, não falei nada de importante. Porém a conversa que eu quero ter com você é, e muito.

- já vi que será longa – sentei em minha cama de pernas trançadas e indiquei para ele sentar a minha frente. Ele tirou os sapatos e imitou minha posição de frente para mim.

- eu vim reparando em seus sentimentos a um tempo – abri a boca para falar, porém ele me impediu – sem interrupções. – o que você sente pelo Edward? – ele perguntou rapidamente, várias respostas passaram pela minha mente.

- nada – foi a única que eu consegui pronunciar.

- exatamente, o que você sente pela Isa? – ele continuou o interrogatório

- é óbvio que eu amo ela – respondi sem pensar duas vezes.

- não, sua mente diz que você ama ela e que sempre amou, mas quero saber o que você sente no momento. – fiquei sem fala. Pensei na Isa, aquela baixinha linda, a minha baixinha linda. – exatamente, seus instintos maternais florencem quando você pensa nela e toda essa proteção e carinho que você quer dar a ela não importa o custo é uma, péssima, porém continua sendo, uma definição para o amor. O amor em sua forma básica se resume nisso. E é por isso que você diz que ama ela.

- como eu havia dito. – respondi

- havia dito, mas não havia explicado isso sequer pensado sobre isso. Uma vez que você ama verdadeiramente é impossível deixar de amar esse é o motivo do seu conciente já ter imposto que você ama ela e pronto. Agora, o que você sente sobre o Matt é amor, porém desta vez é um amor fraternal, entre irmãos, a mesma coisa com o Jake. Agora, o que você sente pelo seu pai?

- eu o amo – dessa vez eu pensei antes de responder, porém tentei não pensar no que nós estavamos fazendo aqui, parecia uma análise psicológica.

- e por fim, mas não quero que responda verbalmente. O que você sente pelo Edward? Ele é um vampiro, tecnicamente seu inimigo natural, se ele estivesse prestes a morrer o que você faria? Se fosse qualquer outro vampiro na mesma situação o que você faria? Se você fosse salvá-lo, até onde iria para que tivesse sucesso em sua ação? Até onde você foi para que tivesse sucesso? – aquilo era pressão psicológica, era isso que ele estava fazendo comigo, ele sabe minhas emoções, sabe meus pontos fracos. Ele apenas havia pego uma vareta para cutucá-los até que tudo se tornasse uma grande ferida. – a que ponto você chegou para tirá-lo de lá? – a conversa com Aro surgiu em minha mente. – o quanto você mentiu por ele? E lembre-se, você sabe ler mentes e prever o futuro, ler emoções já não é nada para você, por que não consegue enchergar o que você própria sente? O que as pessoas a sua volta sentem?

‘Eu não estou dizendo que os sentimentos fazem com que todos os fatos desapareçam, mas, com certeza, eles fazem com que sua vida seja o que tenha que ser, eu sei que você tem sua promessa, porém eu não estou incluido nela, gostaria de ouvir o nosso lado da hisotória? – não respondi nada a ele apenas abaixei minha cabeça. Ele se levantou colocando seus sapatos novamente e foi para perto da janela. – xingue o tanto que tiver, porém ouça tudo até o fim, de mais uma chance a ele, não aguento mais ficar sentindo essa agonia. – ele disse e subiu no parapeito da janela – andei reparando em suas emoções e além do que nós citamos aqui, o amor pelas pessoas próximas, você não está sentindo mais nada - e por fim e saiu do quarto.

Sequer me movi depois da conversa com Jasper, deitei na cama e fiquei lá até o ‘sol’ nascer. Infelizmente, tinha aula. Fui até meu banheiro para analisar o meu estado e levei um grande susto ao notar as lágrimas secas em meu rosto. Lavei-o eliminando qualquer traços humanos. Fui até meu closet  e peguei uma roupa para o meu dia de aula, apesar de tudo que eu havia passado no dia anterior eu estava num estado de graça inquebrável. Fui para escola a uma velocidade que eu nunca andaria normalmente, não estava com pressa, não precisava fazer as coisas rapidamente.

Um vulto apareceu acompanhando-me pela floresta, desta vez não era Jasper, um lobo, ou qualquer outra pessoa que eu conhecesse.

Seria possível que meu amigo perseguidor tivesse voltado das cinzas? Ou era apenas outro fantoche perseguidor semelhante ao último.

- olá Bella – Alice saltitou para o meu lado assim que sai do meu carro.

- oi Alice, oi Edward – ambos me olharam como se eu fosse um E.T. Era a primeira vez que eu cumprimentava o Edward.

- olá Bella – ele abriu um sorriso timido.

Até onde iria para que tivesse sucesso em sua ação? As falas de Jasper repetiam-se em minha mente.

- vocês tem aula de que agora? – perguntei enquanto caminhávamos para os prédios da escola.

- história americana. – ambos responderam ao mesmo tempo.

- boa sorte para vocês – dei uma leve risada - e tentem não parecer que sabem mais do que o professor, tenho que ingles, até o intervalo. – disse me despedindo e fui para a minha aula. Pouco menos de meio ano e eu estaria livre de tudo isso.

Eu simplesmente não prestei atenção em nenhuma aula, porém se me perguntassem sobre o que eu fiquei pensando também não saberia responder. Ficava olhando para algum ponto fixo e viajava para qualquer outro mundo que não fosse o meu, despertando toda vez que ouvia o sinal e voltando toda vez que eu entrava em outra sala de aula.

Durante o intervalo eu sentei em minha mesa usual, junto com Angela, Ben e Mike. Neste dia, porém, os Cullen resolveram sentar conosco, agora que apenas  os dois estudavam ali a presença deles não causava tanto impacto. O único que mantinha uma oposição a presença dos Cullen era o Mike, contudo, este era fácil de ser ignorado.

Ao bater o sinal caminhei, sem esperar pelo Edward, para a aula de biologia, repeti a minha rotina de dormir acordada. Não saberia dizer o momento que Edward havia entrado na sala ou se ele havia me dado oi ao fazer. O meu penúltimo sinal bateu indicando o final da aula e novamente eu sair sem olhar para trás.

- espere Bella! – ouvi Edward me chamar da porta da sala de biologia, ignorei-o como sempre e continuei andando. Não iria disperdiçar o meu estado de paz com uma conversa que provavelmente levaria-o embora – espere Bella – Edward disse levantando o braço para colocar a mão em meu ombro, porém desistindo no último segundo, acho que ele havia se lembrado da vez em que fez isso na campina. – eu só quero lhe fazer uma pergunta. – ele continuou andando atrás de mim.

- você já teve sua chance de conversar Edward. – lembrei-o sem parar para olhá-lo.

- eu fiz besteira daquela vez, não vou te pedir uma outra chance para conversar só quero que responda uma dúvida minha. – ele insistiu. Suspirei cansada e virei-me para ele sem nem mesmo saber porque eu fiz aquilo.

- diga. – falei meio sem paciência.

- por que me odeia? – ele perguntou. Suspirei mais uma vez, por algum motivo aquelas palavras não estavam certas vindo de sua boca, optei por mudar a estratégia.

- reflita, você me deu motivos para odiá-lo? – retruquei erguendo uma sobrancelha.

- teria… antes, mas eu já te pedi desculpas e já expliquei porque fiz aquilo. – sua voz parecia de dor. Pisquei os olhos lentamente sem controlar muito bem meus atos.

- algumas feridas precisam mais do que um pedido de desculpas para ficarem totalmente curadas. – deixei minha frase no ar e sai, indo para minha aula de Educação física.

- algum dia farei essa ferida desaparecer – ele disse com a voz triste e foi para junto da Alice.

Durante todo o resto da aula e o meu trajeto para casa não consegui me concentrar muito bem em nada,  fazia os meus movimentos como se fosse programada para aquilo. Preparei um almoço simples para Charlie e subi para o meu quarto, se eu não soubesse que seria impossível, diria que eu estava cansada. Taquei-me em minha cama por alguns segundos imaginando o que meus amigos estariam fazendo no Canadá naquele momento. Levantei-me indo para o meu closet, ficaria na banheira até o dia acabar. Peguei uma roupa qualquer e saindo do closet observei meu frigobar, ele parecia tão convidativo… cheguei a abrí-lo e a admirar as garrafas plásticas lá dentro - melhor não, disse para mim mesma e fui para o meu banho.

Mal entrei na banheira já cheia e ouvi a viatura de Charlie estacionando a frente de casa. Acompanhei seus passos pela cozinha, rezava para que ele conseguisse esquentar seu almoço sem queimar o resto da casa… ou a comida. Ele mal colocou o prato sujo dentro da pia quando outro carro estacionou a frente de casa, em poucos segundos tocaram a campanhia.

Seria possível?!

- Bella visita para você – Charlie gritou do andar de baixo com mau gosto. Sai da banheira e me arrumei mais rapidamente, em dois minutos estava saindo descendo as escadas.

- olá Bella. – Edward disse com um sorriso envergonhado.

- Edward – comprimentei-o com um aceno de cabeça.

- você poderia me acompanhar em uma caminhada? – Edward implorava-me com os olhos para que eu aceitasse. Dei uma passo involuntário em sua direção e seus olhos brilharam.

- quatro horas Bella. – Charlie disse e saiu dali com uma carranca.