Capitulo XV 

O toque do telefone soou tão alto que Bella abriu os olhos em um pulo.

Com o som estridente atingindo seus ouvidos em cheio, levou a mão a cabeça tentando a todo custo achar o maldito aparelho sem fio.

Saiu dos braços quentes de Edward para rolar até o outro lado da cama e tatear o criado mudo. Encontrou o relógio, o celular, um par de brincos e enfim o maldito telefone...

Edward olhou a escuridão do quarto com seu coração aos saltos. Quando o telefone tocou a àquela hora da madrugada, seu coração já batia acelerado...

Tinha conseguido dormir por apenas algumas horas, pois enquanto dormia ouvia alguém lhe chamar, ele acordava e via que não tinha ninguém ali, somente ele e uma Bella adormecida em seus braços...

Prendeu a respiração ao vê-la encontrar o telefone e o levá-lo ao ouvido.

Apertou os olhos, cerrando os punhos e travando o maxilar quando a voz dela deu o primeiro sinal de vida...

Algo tinha acontecido, e ele não precisava ser a morte para saber disso!

Bella – Alô?

Bella bocejou cobrindo a boca com a mão, quem seria àquela hora da madrugada?

Bella– Alô?

Disse novamente, com o sangue começando a ferver de raiva por um maldito trote àquela hora da noite.

Bella– Alô?

Repetiu uma última vez e finalmente um sinal de vida soou do outro lado da linha, um suspiro, acompanhado de um soluço. Seus instintos se colocaram em alerta rapidamente, levantou-se com o coração batendo cada vez mais rápido.

Alice - Bella?

Seu coração deu um salto ao ouvir a voz abafada da irmã, franziu a testa com sua respiração levemente alterada.

Alice- Bella é você?

Bella – Sim querida, sou eu, o que foi? O que está acontecendo? Porque está chorando?

Uma nova pausa foi feita antes que ouvisse para seu cruel desespero, Alice cair em um choro completamente descontrolado.

Arregalou os olhos com o corpo tremendo da cabeça aos pés, olhou Edward nos olhos e ele sentou-se na beirada da cama, abaixando a cabeça.

Bella – Oh Meu Deus! Alice, o que aconteceu minha irmã?

Começou a se desesperar, Alice chorava compulsivamente.

Alice – Oh meu Deus Bella! Oh meu Deus Bella...

Ela repetia, entre soluços descontrolados.

Alice– Papai, papai...

Bella – PAPAI O QUE?

Bella elevou umas cinco oitavas o tom de voz, colocando Edward em alerta.

Bella– PAPAI O QUE, ALICE? O QUE HOUVE COM O PAPAI?

Caminhou de um lado para o outro chegando até a janela.

Bella– ALICE, AINDA ESTÁ AÍ? FALE COMIGO, ANDE LOGO FALE COMIGO.

Mais alguns segundos de choro compulsivo até que o barulho sumisse por completo.

Jass – Bella, querida?

Bella – JASPER, PELO AMOR DE DEUS, QUE DIABOS ESTÁ ACONTECENDO?

Edward se levantou, caminhando até Bella, observou ela ficar pálida feito uma folha de papel e com as mãos trêmulas cobrindo os lábios em quanto seus olhos se arregalavam de par em par, numa fisionomia de horror e pânico. Deu um passo para frente dela com seus próprios olhos se enchendo de lágrimas.

http://www.youtube.com/watch?v=J507sLelq9A

Bella– OH MEU DEUS JASPER.

Deixou um grito de desabafo ecoar pelos quatro cantos do quarto.

Bella– OH MEU DEUS JASPER, OH MEU DEUS!

Ela repetiu enquanto fazia toda força do mundo para se manter de pé e respirando.

Bella– NÃO FALE, NÃO FALE ISSO! POR FAVOR, NÃO ME DIGA ISSO, DIGA QUE É MENTIRA, ANDA... FALE QUE É MENTIRA JASPER! NÃO FAÇA ISSO POR FAVOR...

Soluçou alto, levando as mãos para cabeça, com os olhos ainda arregalados, deixando o curso livre para que as lágrimas de dor deslizassem por sua bela face.

Edward travou o maxilar e apertou os olhos antes que visse o telefone ser arremessado contra o abajur e partir tanto o telefone, como o abajur em vários pedaços. Seu coração pareceu se partir quando ouviu Bella gritar com todas as forças para então cair num choro descontrolado.

Abriu os olhos vendo ela ajoelhada no chão, com as mãos cobrindo o rosto.

Bella – OH MEU DEUS EDWARD, OH MEU DEUS!

Ela gritava, repetidamente, segurando os próprios cabelos em busca de qualquer salvação.

Bella– OH MEU DEUS EDWARD!

Repetiu e então olhou nos olhos dele e aquilo pareceu ser o fim para Edward Cullen. Os olhos horrorizados e tomados por uma dor imploravam para que ele dissesse qualquer coisa que pudesse confortar ou desmentir o que de certo ela tinha escutado de seu cunhado. Em passos lentos Edward se aproximou mais de Bella, ajoelhando-se bem na frente do seu anjo, ouvindo mais um grito na busca desesperada por ajuda. Com os olhos fechados a trouxe para um abraço forte e acolhedor, tentando acalmar aqueles soluços tão profundamente doloridos.

Bella– MEU PAI ME DEIXOU, OH MEU DEUS! EDWARD MEU PAI ME DEIXOU... ALGUÉM, PELO AMOR DE DEUS ME AJUDE... DEUS, POR FAVOR...


Edward apertou Bella ainda mais em seus braços, sentando-se ao chão junto com ela, beijando-a na testa, nos cabelos, nos olhos, tentando com toda força que ainda restava em seu interior, amenizar a dor que Bella sentia naquele instante.
Poderia ele, que um dia teve por missão ser a morte, naquele momento amenizar a dor de uma perda?

Poderia ele, agora um homem, naquele momento amenizar a dor de uma morte que fora sua única chance de amar e ser amado com toda a intensidade existente na humanidade?

Edward sabia que ambas as respostas eram negativas. Ele sabia que jamais poderia abandonar aquela mulher, estavam ligados por laços incontestáveis que fugiam dos limites do amor e da existência humana.

Mais uma vez, naquele quarto escuro, Edward chorou com Bella...

Bella entrou na casa de seu pai com as pernas caminhando roboticamente. Seus olhos se fecharam e sua cabeça rodou por alguns instantes, procurou por algo e ali estava Edward, ao seu lado, no mais profundo silêncio, segurando em seu braço, dando a ela algo seguro para se apoiar.
Olhou nos olhos dele e mais uma vez o choro veio compulsivo, as lembranças de seu pai assaltavam sua mente. Edward voltou a abraçá-la, acariciando os cabelos, dando ela um pouco de calor, um pouco de calor de quem acabara de começar a viver.
A casa se encontrava com vários empregados espalhados em rodinhas com os rostos avermelhados e os olhos a ponto de trasbordarem lágrimas. Edward guiando Bella entrou na grande sala vendo sua irmã.

Alice olhava um ponto fixo com os olhos tão vermelhos quanto à blusa que vestia apoiada em seu marido que se controlava para não se mostrar fraco e partir rumo ao choro descontrolado junto a sua esposa.

Délia encontrava-se na outra poltrona, com a cabeça já grisalha abaixada, com um lenço picotado entre e os dedos e os soluços engasgados na garganta.
As pessoas pareceram notar sua presença, Edward deu um passo para trás quando Alice viu Bella:

Alice – Oh minha querida.

Se levantou correndo abraçando Bella, Délia finalmente liberou o choro ao ver as duas irmãs tão ligadas e amadas se abraçando e soluçando como duas crianças.
Jasper chorou ao ver a delicadeza e o cuidado de sua mulher, ao agir como a irmã mais velha, tentando consolar a inconsolável caçulinha que Bella sempre fora.

Charlie tinha partido pela madrugada enquanto dormia, com os lábios tranqüilos e os olhos relaxados. E nada que qualquer um naquela sala pudesse fazer, mudaria isso.

Alice – Oh! Minha irmã...

Segurou o rosto de Bella com as duas mãos, olhando nos olhos.

Alice– Não chore... Não chore assim, pois papai jamais nos perdoaria!

Bella assentiu apertando os olhos com força, voltando ao conforto dos braços de sua irmã.
Nada poderia ser mais doloroso, as leis da vida poderiam ser tão perversas a ponto de alguém em pleno desespero, procurar um culpado para o que tinha acontecido o percurso natural da vida?

Jasper observou Edward, o arquiteto, dar um passo para trás, com os olhos avermelhados, olhando para Bella com um misto de incapacidade e tristeza.
Sua mente rapidamente se perguntou o que ele fazia ali? Seus pensamentos logo foram substituídos por sua mulher que novamente caminhava até ele, viu Bella abraçar com grande afeto e admiração Délia, mulher cujo carinho e responsabilidade tinha ajudado a criar um ambiente tão simples e afetuoso naquela grande casa.

Délia cujo sentimentos por seu pai ultrapassavam há vários anos o limite de patrão e empregada, eram mais que isso, eram amigos. Jasper voltou a olhar sua mulher, beijando-a na testa carinhosamente. Jamais em vida poderia imaginar que Charlie se encontrava tão doente como o médico tinha descrito.

Um infarto fulminante pela madrugada tinha lhe tirado a vida, mas não a expressão afetuosa e tão tranqüila no rosto frio e sem cor. Muito menos a honra de um homem que tinha seu lugar ao céu reservado ao lado dos anjos e de Deus.
Bella limpou as lágrimas não conseguindo fazer com que elas parassem, sentou-se ao lado de sua irmã enquanto Jasper com toda a calma e ternura lhe contava o que tinha acontecido.
Um soluço escapou de seus lábios quando o cunhado, numa tentativa de consolo, disse da calma e da tranqüilidade do semblante de seu pai morto.

Segurou firme a mão de Alice, nunca tinha visto a irmã tão debilitada.
Sua mente viajou até algumas horas atrás, quando seu pai que agora dormindo em um sono profundo, muito sutilmente tinha lhe avisado que seu tempo tinha acabado.

Longe do que Jasper falava Bella olhou o homem, no canto da sala, fazendo o mínimo possível para que não chamasse a atenção ou que atrapalhasse o momento que unidos tentavam suportar a perda.

Bella soltou um soluço seguido de um suspiro quando os olhos dele novamente se conectaram com os dela, mordeu os lábios para segurar o queixo trêmulo e estendeu a mão chamando ele... Precisava de Edward, precisava de uma parte de seu coração ainda batendo, Edward era essa outra metade.

Alice viu Edward Masen, mas com sua cabeça tão alheia, apenas deixou escapar um soluço quando sua frágil irmã o abraçava com força e o forte homem retribuía, sussurrando-lhe coisas no ouvido que faziam com que os soluços de Bella se tornassem menos dolorosos.

Ed – Eu sei querida, eu sei...

Era o que Edward sussurrava.

Ed– Eu juro, eu juro pra você que essa dor vai passar. Acredite-me meu amor, essa dor vai passar...

Bella o olhou nos olhos limpando mais uma vez as lágrimas.

Bella – E como sabe disso?

Perguntou em um fio de voz, Edward abriu um fraco sorriso acariciando a bela e pálida face.

Ed – Eu apenas sei.

Respondeu-lhe dando um selinho delicado nos lábios.

Ed– Eu apenas sei. – Lhe beijou novamente nos lábios e logo em seguida na testa.

Após Edward cumprimentar Jasper e com um abraço tranqüilizador, confortar Alice, sentou-se ao lado de Bella. Entrelaçando mais uma vez seus dedos em silêncio.
Nenhuma pergunta fora feita.
Nenhum olhar acusador foi lançado.

Bella apertou os olhos ouvindo Jasper tomar as rédeas da situação e recebendo uma equipe que com certeza era do seguro funerário de seu pai.

Bella – A que horas aconteceu?

Alice – Os paramédicos não souberam dizer. Daqui, o levaram para... – calou- Apertando os olhos e Bella entendeu, sabia qual era o processo quando alguém morria em casa, mas sabia também que com o seguro que seu pai tinha há mais de cinco anos, não precisavam se preocupar exatamente com nada.

Alice– Délia me ligou. Disse que foi acordar papai para lhe dar os remédios que tomava, os remédios que caiam no horário da madrugada... Oh Bella eu não sabia que algo estava errado com ele, muito menos que tomava qualquer tipo de remédio, que papai não era mais nenhum garotão nós já sabíamos, mas jamais pensei que...

Abaixou a cabeça e Bella a segurou com firmeza pelas mãos.

Ed – Há coisas que acontecem porque tem que acontecer Alice. De nada adiantará culpar a Deus ou procurar possibilidades de ter feito algo para remediar tal situação. Era hora de seu pai ir embora e nada que você ou Bella fizessem poderia mudar tal fato. Acredite quando eu digo que seu pai está em um lugar magnífico, cercado de pessoas de alma pura... Acredite que seu pai está de mãos dadas com sua mãe neste momento, que estão olhando para vocês agora e sentem um certo pesar por tantas lágrimas derramadas. As Leis da vida são incontestáveis, acima de nós ou da morte há Deus e esse ninguém deve questionar.

Alice e Bella pareceram absorver tais palavras porque finalmente foram convencidas de tomar algo para se acalmarem. Quando Jasper deu um remédio mais forte que somado com o cansaço as fizeram dormir, Edward sentou-se na grande sala e em absoluto sentiu a presença de alguém...

Jasper – Acho que tudo está ajustado.

Jasper entrou no ambiente tão silencioso completamente exausto, já tinha amanhecido e não haviam pregado o olho um só minuto.

Jasper- Graças a Deus que conseguimos colocar elas para dormir. Alice não consegui evitar, mais Bella... Bella ainda não podia ver Charlie.

Ed – Bella com o tempo ficará bem. Alice também, mas será mais difícil para sua mulher sentir mais saudades do que dor. Sendo a primeira menina de Charlie é natural que sinta grande falta do pai.

Jasper assentiu levando as mãos sobre o rosto.

Jasper – Eu ainda não posso acreditar. – negou com a cabeça – Eu estava com ele há pouco, falando sobre negócios, comentando sobre a festa e agora. – emocionou-se – E agora ele se foi dormindo e jamais voltará...

Edward soube que o homem realmente sentia muito, estava estampado em sua testa o amor e devoção tanto por sua delicada mulher quanto por Charlie.

Jasper – Quando Délia nos ligou eu atendi. Quando ela começou a falar eu desconfiei que fosse algo com Charlie, que ele estava mal que ele... Mas quando cheguei aqui, e subi com Alice no quarto, jamais poderia imaginar que encontraria aquela fortaleza sem vida na cama... Eu, eu não sabia como agir, um homem que eu admirava tinha ido embora e a mulher para quem dedico minha vida toda estava paralisada, em choque! Eu tive que sacudi-la até que ela voltasse a respirar, tive que acalmá-la e... – engoliu a saliva – E tive que mostrar a ela que seu pai tinha ido em paz.

Ed – Você é um bom homem Jasper. É um ótimo homem, tenho certeza que Alice e Bella lhes serão gratas por ter resolvido a maioria das coisas com rapidez poupando-as de um momento a mais de dor.

Jasper – Charlie tinha um bom seguro, cuidaram de tudo, não quero que esse velório se prolongue muito, hoje à tarde estaremos é... Estaremos...

Edward assentiu batendo com firmeza no ombro de Jasper, lhe passando conforto e força.

Jasper– Tivemos sorte da remoção do corpo ter sido rápida e Bella ter chegado depois que ele já tinha deixado a casa. Algo simples, rápido e terno, assim que Charlie gostaria... E é isso que ele terá! Vá para casa, tome um banho, Bella não acordará agora. – Edward assentiu. – Aliás, Edward?

Ed – Sei sobre o que vai perguntar e antes que faça a pergunta saiba que eu amo sua cunhada e que estarei com ela pelo resto da vida.

Jasper assentiu e calou-se, em cinco minutos Edward entrava em um táxi e o mais rápido que podia se aprontava para voltar para perto de Bella.

Quando o relógio bateu 11:00 horas, Jasper e Alice sentaram-se na sala, na espera de que Bella descesse e fossem todos para Santa Capela onde Charlie e Renee se casaram, onde depois de se despedir de sua mãe, agora Alice iria despedir-se de seu pai. Amigos e familiares já tinham sido avisados.

Uma manhã tão bela... O céu tão azulado...

Délia e as funcionárias da grande casa já se encontravam na grande limusine para conduzi-las até a capela, só faltava Bella.

Edward sentou-se na beira da cama observando Bella ainda adormecida, passou o dedo pelo rastro das lágrimas para depois acariciar vagarosamente o rosto dela, apoiou-se com o cotovelo plantando um pequeno beijo nos lábios e logo após na bochecha.

http://www.youtube.com/watch?v=4RWMzcRgYsc

Ed – Meu amor.

Acariciou-a com ternura em sua cintura.

Ed– Bella?  

Chamou mais uma vez e então ela abriu os olhos, um suspiro de alívio saiu de seus lábios quando em um sorriso se levantou e o abraçou.

Bella – Eu tive um pesadelo horrível! Sonhei que meu pai...

Olhou o quarto a sua volta notando que não se encontrava em seu quarto, que estava vestida e que Edward também se encontrava vestido, com um terno bastante elegante na cor preta, seus olhos voltaram a se encher de lágrimas e o soluço brotou na garganta.

Bella– Eu não tive um pesadelo, não é?

Ed - Oh minha querida. – voltou a abraçá-la – Você tem que se aprontar, Alice está lá em baixo, está esperando por ti.

Bella – Eu quero meu pai. – Edward a beijou na testa. – Eu quero ver meu pai, que horas são?

Ed – São 11:00 hs

Bella limpou as lágrimas e assentiu.

Bella – Tenho que cuidar de...

Ed – Não tem não. Tudo está preparado, você não tem que fazer nada Bella.

Bella – A capela... – Edward assentiu.

Ed – Ele já está na capela, Jasper decidiu que o melhor era não prolongar, à tarde o deixaremos partir, ok?

Bella assentiu levando as mãos sobre os olhos.

Ed– Não se torture Bella, um banho e iremos descer ta bom?

Ela voltou a assentir e com a ajuda de Edward se levantou no mais puro silêncio, caminhou para o banheiro e lá se trancou, mergulhando de cabeça na sensação de acordar e saber que realmente seu pai não estava mais ali.

“Charlie – Siga sempre firme.
Falou com convicção e autoridade.
Charlie – Sua mãe foi firme, seu pai foi firme. Seja forte, seja inteligente, seja capaz! Seu destino está em suas mãos, basta você se guiar até ele.
Abraçou Bella com vontade, apertando-a em seus braços carinhosos, acariciando os cabelos compridos, deixando-a calma e confiante para que ela não imaginasse que era seu último encontro.

Charlie – Eu te amo Bella, sempre amei, sempre amarei...”

As pessoas abraçavam as irmãs com o visível pesar e surpresa, a capela decorada com rosas de cores vivas se encontrava cheia de familiares e amigos que vinham dizer seu Adeus a Charlie. Alguém naquele instante tinha acabado de dizer palavras lindas que tinham emocionado Alice e todos os que ali de coração se encontravam...
Bella não as ouviu.
Bella permaneceu ali ao lado de seu pai olhando, adorando seu semblante calmo e tranqüilo, lhe acariciando o rosto... Amava aquele homem. Do fundo do coração amava aquele homem.
Seu interior estava atento para cair na gargalhada quando Charlie abrisse os olhos e lhe dissesse que tudo não passara de uma brincadeira.

Após mais alguns minutos tocando a pele sem calor...
O peito sem batimentos...
Bella teve a certeza que não se tratava de uma brincadeira.
Alice se aproximou ao lado de Bella.

Alice - Parece que ele está rindo para nós.

Bella engoliu o nó em sua garganta e apenas assentiu.

Alice– Acho que a mamãe o fez rir quando o chamou... Sabe Bella, ela sempre o fazia rir... E acho que certamente estão rindo agora.

Bella olhou a irmã e para gravar na emoção de todos os presentes, Alice falou:

Alice – Eu cuidarei de você mi amor, mas prometa que também cuidará de mim!

Bella – Eu prometo Alice. Eu prometo!

Bella olhou os olhos da irmã tão emocionados e suplicantes quanto os seus, não tinha nada que pudesse consolá-las naquele momento de dor.

Alice – Eu sei que não é o melhor momento, mas eu preciso te falar, preciso dizer ao papai... Estou grávida Bella!

Olhou seu pai, ali deitado, alisando seus cabelos grisalhos...

Alice- Estou grávida papai, você vai ser avô!

– Bella abriu um sorriso e foi em vão tentar ser forte, abraçou a irmã novamente com ambas caindo em um choro de tristeza e dor.

Quando o último adeus foi dado, antes que a terra fosse jogada sobre o leito no qual seu pai repousaria eternamente, nem Bella e nem Alice conseguiram segurar o pranto e o gemido de tristeza e saudade.
Flores de diferentes cores foram colocadas sobre o leito de seu pai, até que finalmente sobre o gramado tão verde, olhando na lápide o nome tão belo de seu pai, elas colocaram também flores logo ao lado, de frente ao nome de sua mãe, que agora guiava Charlie em algum lugar do céu.
Com mais abraços e sentimentos, familiares e amigos começaram a caminhar para seus carros, o silêncio que se fez por um instante foi o suficiente para que Bella se concentrasse e pudesse enxergar no meio de tantas pessoas que tinham assistido a cerimônia.

Edward.


Ali parado, com alguns metros de distância, olhando Bella nos olhos e dizendo numa mensagem muda, que em uma rápida corrida a alcançaria se ela quisesse.
Com seus misteriosos olhos brilhando sobre o sol, levava uma mão no bolso e uma mexa do belo cabelo desalinhado lhe caindo sobre a testa. Bella abaixou-se colocando a mão sobre o nome de seu pai, onde as inúmeras flores se mantinham vivas e perfeitas.
Viu sua irmã no outro lado a esperando, abraçada a Jasper.
Fechou os olhos levando a outra mão sobre o coração...
Bella - Eu te amo pai. - sua voz emocionada chegou a falhar– Sempre amei, e... Por todo o sempre amarei...






XXX - Acha que ficará tudo bem com elas?
XXX - Tenho olhado elas daqui de cima querido, acredite ficará tudo bem.
XXX - Tem a certeza Renee?
XXX - Sim, já não estarei sozinha olhando por elas...
XXX - Eu quase morri de saudades de ti.
XXX - Então vem, eu tenho tantas coisas para te mostrar!

Bella sentou-se ao lado de Alice e Jasper no agora tão frio escritório de seu pai.

Faziam mais de duas horas que havia chegado do enterro e por este mesmo fato, Bella tinha a sensação que seu coração havia sido roubado de seu peito e agora no lugar do mesmo batia algo que ela desconfiava não ser real.

Seus olhos cansados ardiam, seu nariz avermelhado encontrava-se completamente fechado, derrubava lágrimas sem perceber, gemia em voz baixa com o misto de desespero e tristeza sem sequer notar.

Mirou o advogado de seu pai que se encontrava bastante emocionado...

Ruan – Primeiramente, eu gostaria de dizer que seu pai não foi só meu cliente, mais sim meu amigo. E que eu sinto muito, tanto por você Bella, como por você, Alice.

Alice agradeceu ao carinho de Ruan enquanto Bella permanecia muda, em uma luta constante consigo mesma...

Alice – Bella?

Chamou a irmã que também não respondeu.

Alice – Bella, querida?

Bella - Onde está o Edward?

Alice molhou os lábios, tocando carinhosamente nos cabelos presos num coque da irmã.

Alice – Edward foi para a casa dele querida, pediu que lhe dissesse isso...

Bella olhou Alice e assentiu.

Bella – Depois poderia ligar e dizer que quero ele aqui comigo?

Alice engoliu a saliva, com a cabeça mais arejada e em sua razão se lembrou que Edward Masen era casado com a mulher que tinha acabado de ligar oferecendo seus pêsames há apenas alguns minutos.

Alice – Sim querida, eu ligarei para ele.

Bella assentiu novamente, respirando fundo finalmente olhando o advogado que lhe sorria tristemente.

Ruan – Com a urgência que me foi pedida pelo seu pai se caso ele viesse falecer, lerei o testamento que recentemente foi modificado.

Alice pediu para que o advogado prosseguisse, o mesmo abriu um papel e iniciou a leitura...

http://www.youtube.com/watch?v=4RWMzcRgYsc

As Mulheres de minha vida,

Não direi que sinto muito, pois minha consciência se encontra calma e em paz.

Não farei sermões e não direi palavras que as façam chorar de forma que sei, que nesse exato momento estão fazendo.

De onde estou, posso ver você Bella, e se não quiser que lhe dê uma boa bronca, suba esses olhos, erga esse queixo e diga para mim que sente saudades e nada mais.

Cumpram ambas as promessas que me fizeram, lhes dou o direito de passarem uma ou duas semanas chorando por mim, mais as proíbo que continuem a sofrer além desse prazo. Recomecem suas vidas de onde pararam, isso é uma ordem!

Ansioso estou para encontrar com a mãe de vocês, ansioso posso estar para dizer não pela última vez, mais por todo o sempre que as amo com toda a força que a vida pode me proporcionar.

Bella, minha princesa, meu sol...

Já te disse tudo o que eu poderia querer lhe dizer. Disse e já me fez promessas que aumentam o meu sono eterno e o conforto da minha alma na minha viagem. Se não se lembra, prometeu a mim que seria forte, que seria inteligente, e que seria capaz...

Digo-lhe agora sobre uma conversa que tivemos há alguns meses atrás, pode ser que não se lembre, então eu mesmo relembrarei: disse-me coisas que um pai ficaria feliz em ouvir, eu estou comovido por sua simplicidade e por sua intensidade em amar, por isso te digo que antes de pensar em desistir de qualquer coisa em sua vida, de qualquer coisa por eu não estar ao seu lado, lembre-se que estou aí, com a diferença que sua mãe está comigo, caso desista de suas paixões... O sermão será em dobrado, puxaremos o seu pé e te colocaremos de castigo até que volte a razão.

Oh Bella, minha princesa, meu sol.
Se soubesse o que os Homens são capazes de fazer somente por te amar...

Alice, minha rainha, minha estrela maior.

Espero em breve ver seu rosto inchado e seu corpo redondo, Oh eu mal posso esperar para rir de suas crises nervosas quando não encontrar uma posição adequada para dormir!

À você minha estrela, já te disse tanto que prefiro me calar aqui, antes que a emoção seja tão mais forte do que a coragem de partir. Cuidarei de ti assim como cuidará de sua irmã, quando se esquecer de que há alguém olhando por você, veja os milhares de retratos que compõe meu quarto estando neles eu você e sua mãe.

Lembre-se que foi planejada e nasceu de um amor intenso e proibido, lembre-se das tardes de sol, na qual corria pelo campo somente pelo prazer que eu corresse atrás de você. E eu continuo correndo querida, mais agora ao seu lado sempre!

Jasper, a ti deixo meus negócios, minha empresa e tudo o que nela conter. Administre como se eu mesmo estivesse fazendo, faça com que ela cresça e entre na era na qual jamais poderá ser derrubada por interesseiros. Confio a ti minha filha mais velha, minha maior estrela. Confio a ti que cuide do que com tanta dificuldade e prazer consegui erguer, é um bom homem Jasper, é um bom homem...

Deixei uma grande quantia conquistada há muito tempo para meus netos, só deve ser exclusivamente usada por eles. Minhas casas estão no nome de Alice e Bella, todos os meus bens estão em nome delas também.

Doem livros, roupas, e por nada desse mundo se desfaçam dessa casa na tentativa de imaginar que seria insuportável para vocês entrarem aí. Entrem nela com a certeza de que estarão seguras e acolhidas.

À casa de praia deixo para Délia, uma boa quantia também deixo para ela, e jamais permitam que ela volte a trabalhar. Façam com que ela descanse, pois ela merece depois de tanto tempo de dedicação e responsabilidade para comigo e com vocês.

Mais abaixo deixo outras coisas a outras pessoas...

E para o homem que seguirá com você Bella, deixo a responsabilidade de te aquecer e de te amar incondicionalmente pelo resto de sua vida!

Ele sabe sobre anjos, ele sabe sobre vidas... E cabe a você lhe fazer saber sobre amor...

Nada mais, nada menos que isso.

Charlie, Papai...

Bella olhou Alice que se encontrava num estado deplorável. Sua irmã soluçava com tanta força que Jasper apavorado tentava a todo custo lhe dar um bom copo de água com açúcar.

Sua cabeça rodou várias vezes e as palavras de seu pai ecoavam desorganizadas e altas em sua cabeça. Ouviu seu próprio soluço e antes que seu chão sumisse Bella se levantou.

Ouviu seu nome ser chamado por Jasper, mas correu...

Continuou a correr, passando pelas enormes portas que ligavam uma habitação à outra, até chegar aos fundos da casa no enorme jardim de seu pai. Apoiou-se na parede tentando a todo custo respirar, mas não conseguia.

Não conseguia...

Outro soluço chegou e com ele uma torrente de lágrimas que tinha feito o possível para segurar durante o velório desabou... Seus joelhos se afrouxaram fazendo com que ela caísse ao chão no gramado.

Seu peito doía, sua cabeça latejava... Desconfiava que aquela dor dilacerante jamais iria passar...