O Pequeno Lord escrita por TassyRiddle


Capítulo 5
Capítulo 5




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/120325/chapter/5

O primeiro dia de aula amanhecera ligeiramente nublado, mas com a expectativa rondando toda a escola. Pelo caminho que levava das masmorras ao salão principal, Harry, Draco, Pansy e Blaise seguiam tranquilamente com aquele andar naturalmente superior, conversando sobre banalidades. Nenhum outro aluno se atrevia a obstruir a passagem deles, a maioria se contentava em observar o herdeiro do Lord e cochichar em voz baixa coisas do tipo: "Ele não parece tão mal"... "Sim, mas aquele olhar dá medo"... "Será que ele conhece as maldições imperdoáveis?"... "Com certeza"... E Harry fazia jus aos ensinamentos de seu pai, caminhando com a cabeça erguida e o característico ar imponente dos Riddle.

- Ah, mas é verdade, eu adorei a decoração! – Pansy comentava animada – Aqueles tons de verde e prata caíram como uma luva!

Os quatro já trajavam o belo uniforme Slytherin e agora seguiam para um merecido café da manhã. A herdeira da família Parkinson, ao contrário da maioria das alunas, conservava um "look" impecável logo cedo com seu cabelo chanel perfeitamente arrumado e uma suave maquiagem em tons discretos adornando suas pálpebras, bochechas e lábios. A animação de Pansy era sempre contagiante mesmo quando seu melhor amigo caminhava ao seu lado debatendo-se entre continuar andando até o salão principal ou voltar para a cama, pois o "pobre" Blaise Zabini sabia que mais umas horinhas de sono não fariam mal algum.

- Não sei... – a voz sonolenta de Blaise parecia mais um bocejo. Apenas parecia, pois Slytherins sangues-puros como ele não bocejavam frente aos demais – Achei aquelas masmorras meio frias.

- Mas assim que é melhor! – Harry sorri.

- Nem todos são pingüins igual você, Harry – o herdeiro dos Malfoy replica, sob o olhar divertido dos outros dois.

- Como se você não gostasse...

- O QUE?

- ...De frio também.

- Ah, sim! – "tosse" – É bem mais agradável mesmo.

- E nem são tão frias, o sistema de aquecimento até que é muito bom.

- Isso é verdade – Pansy concorda.

- Mas Draco, você não acho... – Porém, antes que pudesse continuar, Harry sentiu "algo" se chocar contra si. Algo mais ou menos da altura de Draco e com expressivos cabelos ruivos.

Rony Weasley, que parecia ter levantado da cama e esquecido de acordar, caminhava ao lado do irlandês, Seamus Finnigan, e do garoto que vivia perdendo o sapo, Neville Longbottom. Estes dois últimos ficaram em estado de choque quando viram contra quem Rony havia colidido.

- Oh, desculpe – o ruivo murmura, bocejando.

- Tudo bem.

Ao ouvir aquele tom desprovido de emoções, Rony logo arregala os olhos e levanta a cabeça, fixando-se finalmente no lindo menino à sua frente. Harry, por sua vez, apenas arqueia ligeiramente uma sobrancelha e se coloca a caminhar novamente, sem nem olhar para trás. No entanto algo o detém, ou melhor, alguém:

- Olhe por onde anda, pobretão! – A voz arrastada e cheia de veneno de seu melhor amigo logo faz Harry suspirar e se voltar para encará-lo. Afinal, era obvio que Draco não perderia uma oportunidade como esta para se meter contra um Gryffindor, ainda mais sendo um Weasley.

- Não enche, idiota.

- Hum! Não se atreva a replicar, Weasley! Olhe só para você: Cabelos ruivos, expressões vazias, vestes surradas e de segunda mão... Você não é nada perto de nós.

- Ora seu...

- Não ouse encostar ou chegar perto do Harry outra vez, pode contaminá-lo com seus germes nojentos.

Rony inconscientemente desvia o olhar, sentindo suas bochechas adquirirem um leve tom avermelhado.

- Isso mesmo, pobretão, não olhe para nós. Você não é digno o bastante para isso.

- Draco... – Harry intervém já se cansando de tudo aquilo. Queria tomar café da manhã logo.

Pansy e Blaise, no entanto, apenas observavam a cena, com aquele olhar superior cheio de diversão.

- Não se preocupe, Harry – o loiro comenta com seu característico e maldoso sorriso Malfoy nos lábios – A escória tem que aprender onde é o seu lugar...

O herdeiro do Lord apenas revira os olhos, suspirando. Draco não podia se divertir outra hora? De preferência depois do café? Porém, antes que pudesse expressar esse pensamento, Rony toma a palavra:

- Pelos menos meu pai não é um maldito Comensal da Morte que segue as ordens de um maníaco!

Choque.

Os alunos que passavam por ali ficaram assombrados.

Silêncio.

Absolutamente ninguém se atrevia dizer uma palavra.

Medo.

Na mesma hora todos olharam para Harry...

E como se tratasse de um daqueles filmes de terror muggles, um sorriso cruel apareceu nos suaves lábios do menino de olhos verdes. Olhos estes que se estreitaram perigosamente. O que fez todos que observavam a cena darem um passo para trás, amedrontados.

- Então essa é a visão que você tem do meu pai, Weasley? Um maníaco?

Aquele tom de voz gélido e ligeiramente sarcástico faz o ruivo engolir em seco, esquecendo-se de Draco – que agora o encarava com pura malícia – para voltar-se, temeroso, ao herdeiro do Lord.

- Er... Eu... Eu não... Eu...

- Se eu fosse você tomaria mais cuidado... – à medida que falava, Harry se aproximava perigosamente do jovem Gryffindor, até chegar à altura de seu pescoço e sussurrar: -... Afinal, nunca se sabe o quão parecidos podem ser pais e filhos, não é?

Para incrementar ainda mais aquele agonizante momento, Rony sentiu algo gelado e escamoso rodeando seu braço por dentro da túnica.

- Quem sabe uma trágica fatalidade pode acontecer e um de vocês, Gryffindors, aparecerem envenenados em sua torre... - Harry continua, sorrindo internamente ao ver a palidez do ruivo, enquanto uma divertida Morgana cumpria suas ordens -... Então sugiro que tome mais cuidado e pense duas vezes antes de insultar Lord Voldemort.

Com a menção daquele temível nome todos estremecem e Rony tem que ser sustentado por Seamus e Neville, pois sentia que suas pernas cederiam a qualquer instante de tão trêmulas, enquanto observava Harry adentrar no Salão Principal com seus amigos e com a imperceptível serpente escondida de volta sob a elegante túnica Slytherin.

- Por... Por Merlin, Ron!... Você está bem? – Seamus pergunta ao sair do choque, encarando o ruivo com preocupação.

- Aham... – apenas consegue murmurar, pois as palavras de Harry ainda rondavam sua mente.

O restante dos alunos que estavam ao redor, apenas encarava o menor dos Weasley com pena, alguns com advertência do tipo: "pense antes de falar!" e outros, a maioria Slytherins, com diversão e burla. Enquanto isso Harry acabava de sentar-se à mesa Slytherin e começava a saborear suas apreciadas panquecas com mel tranquilamente.

- Harry, querido, você deu uma lição naquele Weasley! – uma sorridente Pansy servia-se de uma generosa taça de morangos com creme de leite enquanto falava com o moreninho sentado à sua frente. Este, no entanto, apenas deu os ombros sem o menor interesse.

- Só dei um aviso, Pan – comenta, bebendo um pouco daquele delicioso achocolatado – se fosse uma lição ele não estaria mais em sã consciência para contar.

Os risos maldosos de seus amigos logo são ouvidos.

- Hehehe, lembre-me de nunca provocá-lo, Harry – Blaise sorri divertido, sentado ao lado de Pansy, enquanto se deliciava com aqueles bacons sequinhos de Hogwarts.

- Engraçadinho.

- Mas aquele pobretão mereceu!

- Draco...

- O que? É verdade, Harry, ele deve aprender a respeitar seus superiores.

Harry revira os olhos, balançando a cabeça e encarando o loiro sentado ao seu lado.

- E você deveria ignorar mais esse tipo de gente, Dra, e não perder seu tempo provocando-os.

- Mas o idiota tocou em você!

- Ele só esbarrou...

- Quem tocou no Harry? – uma voz perigosamente séria é ouvida à suas costas e Harry apenas suspira, vendo como Draco fechava a cara.

Blaise, temendo uma possível guerra, toma a palavra:

- O Weasley mais novo esbarrou sem querer no Harry, mas já foi posto em seu devido lugar.

- Exato. Não comece você também, Theo.

- Não falei nada... – comenta com falsa tranqüilidade, lançando um perigoso olhar à mesa Gryffindor. No entanto, ao perceber que o tal Weasley mais novo não estava ali, Theo se permite relaxar e se senta ao lado de Harry para acompanhá-lo no café. Não importava o fato de já ter tomado o seu, não poderia deixar Harry comendo "sozinho".

Dessa forma os cinco Slytherins continuaram a saborear aquela deliciosa comida tranquilamente, entre conversas amenas e discussões agradáveis sobre as aulas que teriam naquela manhã, sem muitos problemas. Algumas alfinetadas entre Theo e Draco, olhares temerosos provenientes das outras casas, mas nada fora do comum. Nada que diminuísse a animação de Harry para aquele dia. E após o apetitoso café da manhã, os Slytherins do primeiro ano seguiram, então, para a primeira aula do dia. Transfiguração. Com a professora de aspecto severo que os escoltara no primeiro dia, Minerva McGonagall, chefe da casa Gryffindor.

- Nada como começar bem o dia, não é? – Draco sussurra ao amigo com burla e este sorri, concordando com a cabeça discretamente. Afinal, Transfiguração? Não podiam ter colocado uma aula mais interessante como vôo ou Poções?

Porém, seus pensamentos são interrompidos pelas palavras da professora que começava a explicar sobre técnicas necessárias para transfigurar um objeto sem comprometer sua essência. Oh, por favor! Há mais de quatro anos que o jovem herdeiro de Voldemort aprendera essas banalidades, como podiam ensinar algo tão bobo assim na escola? Era absolutamente deprimente. Entretanto, para sua total frustração, a aula continuou no mesmo ritmo "intenso". E o pior de tudo foi que apenas algumas pessoas conseguiram realizar o encantamento, entre elas o próprio Harry – que fora o primeiro, sem nem se esforçar muito, para total espanto da professora – Draco, Theodore e a sabe-tudo Granger. Esta ultima pareceu descobrir o segredo do universo quando conseguiu de tão eufórica que ficara.

Por sorte, a próxima aula levou Harry de volta ao aconchegante cenário das masmorras.

Poções.

Finalmente uma aula que ele pudesse considerar decente.

- Meu pai disse que não existe ninguém melhor que o professor Snape em poções.

Harry apenas arqueou uma sobrancelha, encarando o amigo sentado ao seu lado.

- Quero dizer... – Draco se apressou a corrigir-se -... Fora o Lord, é claro.

- É claro – o moreno sorriu.

Severus Snape, então, logo fez sua entrada impactante, assustando a maioria com aquele andar altivo e o semblante mal-humorado.

- Não permito brincadeiras inúteis com a varinha em minha aula – sentenciou com a voz gélida – vocês estão aqui para aprender a ciência sutil e a arte exata do preparo de poções. Como aqui não fazemos gestos tolos, muitos de vocês podem pensar que isto não é mágica. Não espero que realmente entendam a beleza de um caldeirão cozinhando em fogo lento, com a fumaça a reluzir, o delicado poder dos líquidos que fluem pelas veias humanas e enfeitiçam a mente confundindo os sentidos...

À medida que falava, os olhos negros do professor percorriam com puro desprezo cada rosto da sala. Contudo, o próprio adulto estremeceu ao deparar-se com um semblante igual ou pior que o seu em uma bela face juvenil. Mas sem demonstrar o desconcerto, continuou falando da mesma forma fria:

-... É claro que posso ensinar-lhes a engarrafar a fama, cozinhar a glória e até despistar a morte... – os olhos de Draco brilharam naquele momento, como os de muitos, Harry, porém, continuava impassível -... No entanto, acredito que alguns aqui já dominam tais preciosas técnicas – olhava de esgueira para Harry -... Só espero que não subestimem o que esta aula pode oferecer-lhes se tiverem capacidade o bastante para acompanhá-la como se deve.

Nesse precioso instante, os olhos negros do adulto se fixaram diretamente nas belas e desconcertantes esmeraldas de Harry.

Desconfiança.

Ceticismo.

Análise.

Foi o que Severus distinguiu naquele profundo olhar. O jovem Slytherin encarava-o com evidente frieza e atenção, ao contrário da maioria Gryffindor que parecia receosa e da maioria Slytherin que se mostrava interessada, Harry, na verdade, avaliava cada milimétrico movimento do professor, como se buscasse qualquer falha ou desvio de ideais. Um olhar minucioso que Snape só observara antes no próprio Lord das Trevas.

- Hoje vocês farão uma poção básica de cura... – O professor finalmente volta suas atenções à aula e com um simples movimento de varinha escreve algumas instruções na lousa - Os ingredientes estão no armário, cuidado para não destruírem nada com suas asneiras.

Assim, sem mais delongas, a aula tem inicio. E mais uma vez Harry suspira. Poções de cura? Achou que fariam "Veritaserum" para testar nos Gryffindors, "Felix Felicis" para ele próprio, é claro, pois seria o único a conseguir fazê-la, ou algo desse tipo. Mas não... Lá estava a tediosa grade curricular impedindo o aprendizado novamente.

- "Este será um longo ano" – pensa consigo mesmo, colocando-se logo a trabalhar sob o atento olhar do professor, até que...

BUUUUUUUUUUM!

- Longbottom! – Snape grita furioso. O aludido, por sua vez, apenas se encolhe em seu assento, encarando o docente com puro temor enquanto sentia sua poção escorrer bancada abaixo – Será possível que sua idiotice o impeça até de fazer uma simples poção como esta?

Os Slytherins davam discretas risadinhas cheias de malicia e Harry perguntava-se se aquele problemático garoto não era, na verdade, um Squib como o inútil selador Filch.

- Sin..Sinto..Muit...Muito..Senh...

- Silêncio! Menos 15 pontos para Gryffindor.

Diante do taxativo tom do professor, nenhum Gryffindor se atreveu a replicar e apenas olharam com reprovação para Neville, voltando à suas poções. Naquele instante Harry agradeceu pelo medroso Weasley ter sentado no outro extremo da sala, bem longe de sua mesa, pois a mal feita poção de Longbottom acabara ensopando várias mesas ao redor. Este e o menor dos Weasley, agora, limpavam toda a sujeira sem o auxilio de magia enquanto agüentavam os comentários mordazes do professor e as risadinhas da maioria dos Slytherins.

Poucos minutos depois, todos já estavam concentrados de volta em suas respectivas poções e Snape caminhava pela sala avaliando o trabalho de cada um. Quando chegou ao lado de Harry, porém, o professor arqueou uma sobrancelha e logo tentou falar com a mais convincente calma que não possuía:

- Por que está colocando o Acônito Lapelo antes do Asfódelo em pó? E ainda por cima mexendo no sentido ante-horário? Não é o que está na lousa.

- Eu sei, professor – o menino responde com tranqüilidade diante do atento olhar de toda a sala – É mais prático desta forma, pois garante o dobro de eficiência com a metade do tempo. Algo básico que imagino que o senhor já saiba.

Aquele olhar arrogante fez o sangue do Comensal ferver.

O sorrisinho sarcástico no canto dos lábios. O cabelo rebelde que caía pelos olhos acentuando o gracioso aspecto de rebeldia. O ar superior de uma das mais antigas famílias de magos da história. O tom desdenhoso característico de seu eterno rival. Eram tão parecidos! Aquele menino era praticamente a cópia da fisionomia de seu falecido pai. Tão idêntico ao odioso Potter!...

- Hum! Igual ao pai! – murmura irritado sem se dar conta de suas palavras.

Mas na mesma hora os belos olhos verdes ganham um perigoso brilho e logo os alunos começam a cochichar entre si, até serem interrompidos pela melodiosa voz que parecia fria e cortante como um cristal de gelo:

- Acredito que evidentemente eu esteja enganado, professor... – aquele perigoso tom fez muitos estremecerem e se encolherem nas cadeiras -... Mas o senhor tem algo conta o meu pai?

Touché.

O sangue do adulto pareceu congelar em suas veias.

- "Por que não fiquei de boca fechada? Maldito Potter!" – Mas fazendo jus ao talento nato de espião, Severus permaneceu imutável e respondeu com um ar tranqüilo e completamente impassível: - Parece que você não entendeu jovem Riddle, eu quis dizer que você possuiu a mesma perícia em poções que seu pai.

- É claro... – o tom do menino deixava claro que não acreditava em uma vírgula sequer das palavras do professor. Mas, por sorte, o sinal tocou antes que Harry atravessasse o mais velho com a profundidade de seu olhar.

E para alívio do Comensal, logo o jovem Malfoy já puxava o herdeiro do Lord para fora da sala, não querendo se atrasar para o almoço. Harry, por sua vez, deixava-se arrastar tranquilamente, mas não sem antes lançar um ultimo olhar de aviso a Snape que deixava claro:

"Não admito deslealdade com o meu pai!"

O que fez o adulto suspirar profundamente, pensando nos problemas que podiam surgir ali.

-x-x-x-

Agora, seguindo pelo caminho que levava das masmorras ao Salão Principal, Harry, Draco, Pansy e Blaise conversavam tranquilamente entre si sobre a reação do moreninho na aula de poções.

- Mas por que essa desconfiança toda com o professor Snape?

- Muito simples, Blaise. Está na cara que ele esconde alguns segredos, e esses segredos não devem ser bons para os interesses do meu pai.

- Relaxa, Harry, o professor só deve ter essa cara mal-humorada porque não tem nenhuma namorada ou coisa do tipo...

- Até parece, Pansy – o herdeiro do Lord sorri divertido – aquele ali tem cara de não... – mas antes que pudesse continuar, Draco o interrompeu, segurando seu braço e apontando para o semi-gigante que saía da gárgula de pedra que levava ao escritório do diretor.

Por sorte, os quatro Slytherins estavam ocultos pelas armaduras onde rapidamente se esconderam e puderam ouvir as animadas palavras de Hagrid ressoarem em meio ao corredor aparentemente vazio:

- Sim, sim, um grande homem o professor Dumbledore! Grande homem...

Harry e os demais reviraram os olhos com estas palavras.

-... Com certeza ele sabe que só eu poderia tomar conta de um objeto tão importante como esse.

Ao ouvir aquilo Harry imediatamente sente sua veia Gryffindor aflorar e a curiosidade não demora a falar mais alto que a razão:

- Encontro vocês no Salão Principal daqui a pouco – sussurrou aos amigos, apressando-se em seguir o meio gigante que já ia em direção ao jardim.

Pansy e Blaise diante da cena, apenas concordaram em silêncio, surpresos de mais para dizerem alguma coisa. Mas sabiam que Harry era assim, a desconfiança Slytherin e a curiosidade Gryffindor nunca o deixavam parado. E Draco obviamente não pensou duas vezes antes de seguir atrás do moreno, pois mesmo imaginando que se arrependeria depois, jamais deixaria seu melhor amigo se expor sozinho a qualquer perigo. Não quando era um Malfoy e um dos lemas desta prestigiosa e antiga família é sempre proteger aqueles que lhes são queridos.

Por esse motivo, agora os dois se encontravam escondidos nos fundos da cabana de Hagrid – porque, de acordo com Draco, aquilo não podia ser considerado "casa" – e ouviam o guarda-caça conversar com um de seus nojentos animais que se assemelhava quase a uma salamandra crescida:

- Pois é, Mary Ann, o professor Dumbledore sempre acreditou em mim, mesmo quando ninguém mais acreditava...

Draco revirava os olhos com puro desdém, perguntando-se porque tinha que ouvir aquele monólogo ridículo. Enquanto Harry arqueava uma sobrancelha, não conseguindo acreditar que aquele bicho estranho tivesse um nome.

-... Por isso ele confiou só a mim a tarefa de ir buscar a pedra...

"Pedra?" – Harry e Draco pensam ao mesmo tempo, trocando um significativo olhar.

-... Oh sim, porque se a pedra filosofal cair em mãos erradas será um grande problema para todos nós...

"Pedra Filosofal?"

Draco estava prestes a sussurrar alguma coisa para Harry, quando um grande cachorro preto, de orelhas caídas e expressão sonolenta se apoiou na janela farejando bem na direção em que eles estavam. Dessa forma acharam melhor voltar antes que o guarda-caça desconfiasse.

Pelo menos já tinham conseguido uma importante pista.

Agora só precisavam saber o que significava.

A Pedra Filosofal...

Por que Dumbledore a queria?

- A pedra o que? – Pansy os encarava sem entender nada.

- Pedra Filosofal! – Harry repete um pouco mais alto, mas ainda em sussurros, pois todos já se encontravam reunidos na mesa Slytherins desfrutando daquele maravilhoso almoço.

- Certo... – Blaise murmura, colocando sua mente perspicaz para funcionar – Seja lá o que for já está no poder do velhote, mas ele ainda não utilizou. Então a questão é: O que ele quer com isso?

- Boa coisa não deve ser.

- Com certeza não, Dra... – Harry suspira e o loiro continua:

- Primeiro precisamos saber quais as funções que essa tal pedra possui.

- Isso não será problema... – ao ver o sorriso nos lábios de Harry, os três Slytherins arqueiam uma sobrancelha, mas logo o moreno indica a resposta de suas perguntas apontando para a janela onde dezenas de corujas cruzavam em direção aos seus donos, pois já era hora do correio.

Na mesma hora Harry pôde distinguir Edwiges e Edward voando lado a lado, em direção à mesa das serpentes. Obviamente cabe dizer que no momento em que sua bela coruja deixou os pacotes perfeitamente embrulhados na frente de seu prato e pousou em seu ombro, vários olhares temerosos vieram em sua direção.

- "Oh, que exagero! Não é como se eu fosse receber uma bomba de destruição em massa ou coisa do tipo" – revirava os olhos, mas logo deixou um lindo sorriso adornar sua face quando abriu os pacotes. Lá estavam suas guloseimas favoritas! Desde as maravilhosas varinhas de alcaçuz produzidas pela Dedos-de-Mel até seu precioso chocolate importado que seu pai mandava vir das fábricas mágicas da Suíça. E é claro, uma carta elegantemente lacrada com o selo do Lord que na mesma hora o menino abriu e se pôs a ler, notando a delineada caligrafia escrita em Parsel para garantir a privacidade dos dois.

Pequena serpente...
Vejo que tenho mais motivos para chamá-lo assim agora. E como já lhe disse ontem, fico contente em saber que os onze anos de ensinamento serviram para você ver que o seu verdadeiro lugar é em Slytherin, pois apesar do seu lado Gryffindor que deixa louco às vezes, você é e sempre será um filhote de serpente.

Harry sorriu ainda mais. Podia ver claramente a satisfação nos olhos de seu pai ao escrever aquela linha: "Filhote de serpente".

Eu adoraria ter visto a cara do velhote maluco quando o Chapéu Seletor anunciou: Slytherin! Oh, sim, ele deve ter se sentido pisoteado por uma manada de hipogrifos. Com certeza, hilário! Espero poder ver essa cena quando você vier para o Natal, pois já tenho um presente esperando. Em todo caso, aproveite bem as guloseimas – mas não as coma antes das refeições! – e delicie-se com esses benditos chocolates suíços que sempre me dão trabalho de conseguir.

Divirta-se na estadia em Hogwarts e estude bastante, pois mesmo com essas matérias inúteis do primeiro ano você não deve deixar de se esforçar e é claro, conseguir a Taça das Casas para Slytherin como seu pai sempre fez. Tente não arrumar muita confusão – exceto para deixar o velho gagá com problemas, aí pode ficar a vontade – e não dê confiança a qualquer um. Como você já deve ter notado esses estúpidos Weasley-lambe-botas-do-Dumbledore estão por todos os lados e tentarão encher seus ouvidos de bobagens, assim como os outros filhos de sangues-ruins que sempre serviram de capacho para o velhote, então tenha cuidado e não saia de perto do garoto Malfoy e dos outros Slytherins.

O moreno apenas suspira ao ler aquilo. Seu pai podia ser tão repetitivo às vezes...

E não é ser repetitivo, moleque! É questão de bom senso. Imagino que esses magos e bruxas de quinta estão se contorcendo de medo enquanto você lê essa carta, pois pensam que são instruções para que você destrua a escola. Hum, como se você precisasse de instruções para isso... Mas enfim, Nagini está quase me mordendo aqui para dizer:

- Harry, trate de tomar cuidado com esse velhote! E não se meta em encrencas, pois eu não estou aí para cuidar de você e tenho certeza que esse filhote de minhoca que você chama de guardiã não consegue nem encontrar a própria cauda! Ah... Volte logo, Harry! Essa mansão não é a mesma sem você! -

Em todo caso, estamos esperando sua resposta, pois se lembre que você me fez comprar essa coruja para isso. Então trate de escrever se não quiser ganhar um crucio de Natal quando vier!

Harry balançava a cabeça negativamente, divertido. Seu pai tinha um jeito tão interessante de dizer que estava com saudades e que era para ele escrever.

Já sabe filho, qualquer coisa abra imediatamente a conexão.
Agora vá estudar e humilhar alguns Gryffindors.

Seu pai.
Tom. M. Riddle.

Após dobrar a carta e guardá-la impecavelmente de volta no envelope, Harry percebe que, de fato, os estudantes das outras casas ainda o encaravam como se temessem o pior.

- "Por que ele está sempre certo?" – suspira mentalmente, sem conseguir conter um sorriso. Em seguida, volta suas atenções ao loiro que falava animadamente com ele.

- Meu pai mandou dizer que está orgulhoso de você também Harry – Draco sorria ao amigo – e pediu para você não se esquecer de seu padrinho e escrever para ele.

- Hehehe... Pode deixar, Dra, hoje mesmo já vou mandar uma carta para ele e para o meu pai. Assim aproveito e pergunto sobre essa tal Pedra Filosofal.

- Genial Harryzito! – Pansy sorria animada, desfrutando das diferentes essências de perfume que sua mãe mandara.

Dessa forma, desfrutando de um de seus deliciosos chocolates: "Lindt – avelã mágica das ninfas" Harry ouviu o sinal que indicava a próxima aula. A tão esperada aula de vôo.

-x-x-x-

- Bom dia, classe.

- Bom dia – responderam em coro.

- Muito bem, muito bem, cada um ao lado de sua vassoura. Isso mesmo.

Logo todos já estavam devidamente acomodados ao lado de suas vassouras, em meio ao límpido gramado, esperando as instruções de Madame Hooch. Esta, ao passar por Harry, lançou-lhe um profundo olhar que foi igualmente correspondido e em instantes todos já começavam o treinamento.

- Certo, agora coloquem a mão sobre a vassoura e digam alto e claro: Suba!

- Suba!

Na mesma hora a vassoura de Harry foi parar em sua mão e até a professora pareceu assombrada. O moreno, porém, permaneceu indiferente e logo viu mais duas vassouras atendendo ao chamado de seus mestres. Sorriu. Agora Theo e Draco já estavam com suas vassouras nas mãos e se encaravam com ódio, pois, pelo jeito, não conseguiram ver quem foi o primeiro a convocá-las.

Assim os minutos iam passando e aos poucos o resto dos alunos já conseguia convocar suas vassouras e Harry e os demais Slytherins observavam, divertidos, os falhos intentos de alguns. O jovem Weasley, por exemplo, quase perdera o nariz quando sua vassoura foi direto ao encontro de seu rosto sardento. Mas o melhor era ver a expressão frustrada da "sabe-tudo-Granger" que não conseguia sequer mexer a vassoura no chão.

- "Hum! Sangues-ruins..." – Harry pensa com desdém, mas seus pensamentos logo são interrompidos pelos gritos da professora e pela agitação que se formava ao redor.

Lá estava o problemático Longbottom se metendo em encrencas de novo.

- Senhor Longbottom! Senhor Longbottom! – a professora gritava tentando alcançá-lo. Mas Neville já subia pelos ares agarrado a uma vassoura que parecia descontrolada.

- Socorro! Socorroooo!...

Harry observava intrigado como o garoto se segurava para não ser lançado dolorosamente no chão e se perguntava até quando ele poderia agüentar. Os outros Slytherins e até muitos Gryffindors, diante da cena, apenas riam e apontavam para Neville que era rodopiado freneticamente no ar. Até que a vassoura se chocou fortemente contra uma das torres e o azarado Gryffindor foi lançado para baixo. Enroscou em algumas grades e estátuas, mas finalmente foi parar no chão.

- Deixem-me passar! Deixem-me passar!

Logo Madame Hooch estava agachada ao lado dele e verificava o estrago.

- Ai... Ai... Ai...

- Oh, não... Você quebrou o pulso – suspirou, ajudando o menino a se levantar – Venha, vou levá-lo a enfermaria.

A maioria dos alunos pareceu animada ao ver a possibilidade de voar sem a professora por perto, mas logo mudaram de idéia ao ouvir as severas palavras da mulher:

- Se alguma vassoura for pega no ar até eu voltar, o responsável será expulso antes que possa dizer: Quadribol.

Em poucos minutos a professora e Neville já sumiam em direção à enfermaria. Draco, que sorria com pura malícia pela má sorte de Longbottom, notou então uma estranha esfera de vidro em meio ao gramado onde o Gryffindor caíra e sem pensar duas vezes a apanhou. Um Lembrol. Sua mãe lhe dera um no natal passado, pois achava que a fumaça combinaria com a decoração, mas de qualquer forma não eram muito úteis.

- Se aquele idiota tivesse usado isso talvez se lembrasse de não cair... – comenta com sarcasmo conseguindo alcançar seu objetivo, ou seja, adquirir a atenção de Harry que conversava com Nott, mas antes que o herdeiro do Lord pudesse falar alguma coisa a "sabe-tudo-Gryffindor" já o interrompia:

- Devolva isso, Malfoy! Não é seu!

- Quem você pensa que é para falar comigo, sujeitinha de sangue-ruim?

Diante dessas palavras todos os Gryffindors pareceram chocados, enquanto os Slytherins riam com puro desdém.

- Não fale assim com ela, Malfoy! – o pobre Weasley tentava fazer jus à coragem Gryffindor, mas nem se atrevia a olhar para Harry – E devolva o Lembrol do Neville!

- Venha buscar, pobretão... – a essa altura Draco já subia habilidosamente com a vassoura e ficava a mais de dois metros do chão.

Hermione, no entanto, segurava firmemente o ruivo para que este não desobedecesse à ordem da professora.

- Qual o problema, sangue-ruim? Venha buscar você então!

- Ela não poderia, Draco... – Harry comenta e para surpresa de todos, em poucos segundos, já se encontrava no alto ao lado do amigo -... Esses sangues-ruins medíocres não conseguem nem tirar uma vassoura do chão.

Hahahahahahahahahaha...

Hahahahahahahah...

Hahahahahaha...

As risadas maldosas dos Slytherins ecoavam por todo campo, mas nenhum Gryffindor se atreveu a contradizer o filho do Lord. E Hermione, por sua vez, apenas abaixou a cabeça sentindo as lágrimas querendo aflorar, enquanto Rony apertava os punhos com força, sentindo-se completamente impotente.

- Então, Harry, como nos velhos tempos? – o loiro sorriu ao amigo.

- Como nos velhos tempos! – Harry correspondia ao sorriso.

- Muito bem, agarre o pomo!

Todos ficaram chocados ao ver Draco arremessar a pequena esfera com toda sua força – que não era pouca mesmo para um menino de onze anos – e Harry sair atrás dela como uma verdadeira flecha. O moreno parecia voar mais rápido que o vento e com um lindo sorriso nos lábios não demorou a aprisionar o Lembrol em sua habilidosa e pequena mão. Do gramado, os Slytherins e até vários Gryffindors aplaudiam cheios de entusiasmo, e Harry acenava indo se juntar aos amigos. Tão absorvido estava que nem deu conta que agarrara o Lembrol em frente a uma torre e que dentro desta um par de olhos azuis o observava interessados, ao lado de um par de olhos negros indignados.

- Pelo visto não perdeu a forma, hein? – Draco sorria, já de volta ao chão, bagunçando os cabelos indomáveis do amigo.

- Hei! Pára, meu cabelo! – Harry sorria também, correspondendo aos cumprimentos dos outros Slytherins enquanto a maioria dos Gryffindors apenas aplaudia de longe.

- Bela pegada, Harry. Mesmo com um péssimo arremesso.

- Ora seu...!

- Obrigado, Theo – o moreno sorria, segurando Draco para que este não fizesse nenhuma besteira.

- Harryzito, foi incrível! Você parecia o próprio vento!

- Hehehe... Não exagere, Pan.

- Er... Parabéns... Foi... Foi incrível mesmo... – um jovem Gryffindor se atreveu a dizer, mesmo temeroso.

- Obrigado – Harry respondeu educadamente e acenou com suavidade, o que fez o Gryffindor que o cumprimentara e as meninas Gryffindors que estavam em volta quase desmaiarem de emoção, pensando: "Ele falou comigo!" "Até Acenou!" "Oh, é tão educado! Tão fofo!" "Que lindo! Um verdadeiro Lord..."

Mas antes que pudessem continuar com os aplausos e felicitações, uma profunda e conhecida voz os interrompeu:

- Senhor Riddle?

- Professor Snape? – Harry arqueou uma sobrancelha ao ver quem acompanhava o professor de poções – Diretor?... – dirigindo-se ao ultimo com tanta frieza que os outros alunos até ficaram em silêncio.

- Senhor Riddle, o diretor me obrigo...digo, sugeriu, que... - mas antes que um indignado Snape pudesse continuar, o sorridente diretor já o interrompia:

- Oh! Que performance excelente, jovem Harry! O professor Snape estava comentando que é exatamente o que o time Slytherins precisa!

"Claro..." - O professor de poções revirou os olhos internamente, contendo a vontade de desmentir o maluco diretor.

- Time? – os belos olhos verdes de Harry estavam inundados de tamanha frieza que Dumbledore até sentiu um calafrio.

- Exato! O time de Quadribol da escola!

- Mas os alunos do primeiro ano não jogam no time! – uma assustada Hermione Granger parecia em choque com a possibilidade de se quebrar uma preciosa regra.

O diretor, no entanto, apenas a encarou de soslaio, evidentemente irritado com a interrupção da menina.

- Obviamente será feita uma exceção para o senhor Potter – falou sem pensar.

Tarde de mais.

Os olhos de Harry se estreitaram perigosamente.

Um sorriso cruel apareceu em seus belos lábios rosados.

- Potter irá ressuscitar para jogar no time?

Choque.

Aquilo acertou diretamente o estômago tanto de Dumbledore quanto de Snape, que jamais presenciara palavras tão frias vindas de um menino. Apenas um menino.

- Err... Sinto muito, jovem... Riddle... - só Merlin sabia o quão difícil era para o diretor associar o sobrenome de seu pior inimigo à criança que um dia poderia "salvá-los" – Em todo caso, espero que aceite, Severus não poderá achar um apanhador tão bom quanto você.

Os outros alunos, tanto Gryffindors quanto Slytherins, pareciam entusiasmados com a notícia. Mas Draco, Pansy, Blaise e Theodore olhavam com pura desconfiança para o diretor. E após alguns segundos com seus olhos fixos nos brilhantes olhos azuis escondidos pelos óculos em formato meia-lua, Harry finalmente se pronunciou:

- Claro, velhot... digo, diretor – sorriu com malícia, mostrando que errara propositalmente – por que não jogaria?

Diante disso todos aplaudiram novamente e voltaram a parabenizá-lo, mas um pensamento não saía da mente do jovem e talentoso herdeiro de Voldemort:

- "Não sei o que você está tramando velhote, mas vou descobrir!"

Continua...


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "O Pequeno Lord" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.