Hidden escrita por jduarte


Capítulo 52
Conturbada


Notas iniciais do capítulo

Bem, postarei mais um capítulo, e espero que vcs gostem!
Beijoooos,
Ju!



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    Eu corria. Corria mais do que minhas pernas podiam. Precisava sair dali. O mais rápido possível. Não poderia ficar ali nem mais um minuto. As palavras de King ainda ecoavam em minha cabeça: “Se você o beijar, poderá colocar a vida de ambos em risco.” Isso foi o que bastou para eu olhar pro meu grande amor, e fugir. Ouvia os passos dele atrás de mim, mas não podia parar.

   Meu coração dizia para eu parar, mas minha mente e meu corpo diziam para eu continuar. Já estava camuflada, então, não poderia fazer diferença nenhuma, afinal, Bernardo era um humano.

   Olhei novamente para trás, e constatei que Bernardo não parava. Sua camisa estava mal colocada, o que sugeria uma troca de roupa muito rápida.

   Porque diabos será que ele ficou seguindo-me? Porque será que eu continuava correndo, mesmo sabendo que ele nunca iria me alcançar? Coloquei Rubens em minhas costas, e Lonlye em meus braços, dizendo para que eles se segurassem.

   Senti sua aproximação, Bernardo urrou fazendo com que Lonlye se remexesse em meus braços fracos pelo choro constante e a dor nas pernas.

   Ele esticou os braços passando de raspão em minhas costas, quando um clique se estalou em minha mente: Burra, você tem asas! O que faz ainda no chão?

   Dei um salto alcançando alguns centímetros do chão, e sentindo a roupa ser rasgada pelas penas praticamente novas e fortes que havia adquirido há pouco. Meu irmão, com o susto, quase caiu. Parei no chão, e gritei com as penas pretas e fortes protegendo meu corpo, e se postando, sem eu querer, em minha frente.

- Vá embora!

   As asas o empurraram para trás, com um só encontrão em seu corpo.

- Vá embora! – repeti algumas vezes, antes de virar-me e sair do chão, com força.

- Camila! – Bernardo berrou fazendo com que eu pusesse mais velocidade em minhas asas.

   Enquanto subia cada vez mais, olhei novamente de relance para ele e percebi que havia jogado a arma no chão, e se preparava para fazer algo quando de repente Norbert o segurou pelos braços, fazendo com que ele berrasse.

- Camila! – Bernardo gritou novamente com algumas lágrimas cristalinas em seus olhos. Alguma coisa, como se fosse uma áurea azul, piscou rápida e repetidamente em cima de sua cabeça.

- Bernardo, fique quieto! – revidou Norbert. – Você quer ser morto? – perguntou o chacoalhando.

   Podia sentir as lágrimas queimando meus olhos e minha face. Ele chorava, eu chorava, parecíamos estar ligados de certa forma, e isso não era muito bom para nenhum dos dois.

- Eu desisto! – disse ele berrando mais grosseiramente, fazendo com que Norbert se sobressaltasse, e retirando o quepe com tanta brutalidade, que pensei ser algo muito mais sério do que um romance proibido e ridículo em um lugar onde se você respirar errado é mandado para a solitária.

- Deixa de ser idiota, Bernardo. Fique aqui, deixe a ir! – gritou Norbert.

   Bernardo soluçou uma vez, e ajoelhou no chão. Enquanto eu, a insensível, apertava meu irmão contra meu corpo e fungava cada vez mais.

   Você sai, voa, mas nem em um milhão de anos ficará livre da culpa que carrega por não saber de seu passado, ressoou uma voz oca em minha cabeça.

   As asas praticamente encostavam uma na outra, por causa da minha pressa de sair dali rápido. Qual é o problema dele? Eu não significo nada para ele!

   Bernardo apertava a carta que eu havia escrito, no coração. Ele ficou desfocado pelas minhas lágrimas, e ai lembrei de que tinha duas crianças que estavam desprotegidas comigo.

   Voei mais um pouco, até que comecei a ver algumas luzes de o que parecia ser uma cidade e parei, planando até tocar o chão. Parei em uma rodoviária e sentei em um banco. Atravessei um dos ônibus que tinha destino para NY, e me acomodei em um dos bancos. Deixei meu irmão e Lonlye deitados em um banco, e fiquei de pé. Uma senhora de uns oitenta anos sorriu quando viu Lonlye e Rubens olhando pela janela, quietos demais.

   Será que ela não ligava pelas roupas maltrapilhos que usávamos?

- Já é mãe? – perguntou.

- Ah, não. Meus irmãos. – respondi.

- Ah! Que susto! Não vai sentar querida?

- Não comprei passagens o suficiente. – disse.

   Ela riu me entregando uma das dela.

- Comprei para meu marido, Sheldon, mas parece que ele não vem.

- Desculpe, mas, onde estamos? – perguntei.

- Ora, querida, em Washington. – respondeu caridosa, dando seu assento para eu ficar mais perto dos meninos.

- Nossa! Estou muito longe de casa. – murmurei.

- E onde mora, querida?

- New York. – menti.

   Não fazia idéia do que iria fazer em New York. Meus pais nem ao menos se encontravam em New York.


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Notas finais do capítulo

Continuaa...