Era de noite. E estava chovendo.

Eu passei o dia trancada em meu quarto. Como sempre.

Eu não vivia mais. Não comia, não andava, não ria. Eu apenas bebia, ria, e ficava na cama. Mas não fazia isso por minha vontade. Eu tinha que viver. Então, acho que sobrevivo com água. As risadas eram apenas parte de minha concha. Eu fingia ser algo que não era. Por fora, eu era normal. Por dentro, eu estava morrendo.

Já havia três anos que meu pai havia me mandado para cá. Três anos sem ele. Três anos esperando que ele venha me buscar. E nada.

Passei três anos em Hogwarts. Três belos anos. Até aquele dia.

Flashback on

- ROSE JANE GRANGER WEASLEY! QUEM VOCÊ PENSA QUE É? - Disse meu pai.

Eu já estava chorando.

- Você não acabou de dizer? Sou Rose Weasley! E já que você sabe agora, o que vai fazer? - Eu disse.

Lágrimas corriam pelo meu rosto e eu lutava para falar.

- Vou te mandar para outra escola. Trouxa. Ele está totalmente de acordo comigo. Longe. Um do outro. E assim, poderão viver. Nós poderemos viver. – Disse meu pai. E eu sabia quem era ele. O pai de meu amado.

- Não pode me mandar para outra escola! Ainda mais trouxa! – O que ele estava dizendo?

- Mas eu vou. E já mandei. Sua mãe mandou as coisas por rede flú. Agora, você também irá para a escola por rede flú. A diretora foi uma bruxa, entende disso.

Flashback off

E hoje estou aqui. Numa escola trouxa do Brasil. Laura e Helen são minhas melhores amigas, e não me arrependo de tê-las conhecido. Porém seria melhor se eu estivesse lá. Ao seu lado. Ele não foi se despedir. E eu não esperava que fosse. Ele não mandava cartas. E eu não esperava recebê-las. Meu pai achou que eu o esqueceria. Mas a distância só aumentou meu amor.

Era noite. E chovia.

Eu estava trancado no quarto como normalmente.

Alvo me ouvia. Era o único que eu conversava. Não deixava ninguém se aproximar.

Já fazia três anos. Três anos que ela partira. Três anos esperando ela voltar. E nada.

Eu havia passado três belos anos em Hogwarts. Agora já é o sexto. E ela nunca voltou. Desde aquele dia, eu nunca mais vivi direito.

Flashback on

- Você não verá mais a garota. Ela irá para a escola trouxa. O Weasley concordou. Não mandará cartas para ela. Não irá procurá-la. Irá esquecê-la. – Disse meu pai. Lágrimas insistiam em cair. Mas eu não deixei. Era um sonserino e um Malfoy. Iria honrar minha casa e meu nome. Mas eu tinha certeza que se isso estiver acontecendo com ela, ela não agüentaria. Estaria se banhando em lágrimas agora. Como eu queria fazer. – Você entendeu?

- Entendi pai. – E foi assim. Porém, nunca voltei para casa. Recebia cartas de meus pais e as respondia. Mas eu não voltei para casa. Nem no natal. Nem nas férias. Fiquei com Alvo. Os Potter’s gostavam de mim.

Flashback off

E hoje estou aqui. Em Hogwarts. Alvo é meu único e melhor amigo. Não me arrependo de tê-lo por perto. Mas se fosse para tê-la aqui, eu aceitaria qualquer coisa. Eu sabia do que acontecia em cada lugar. As mulheres das casas estavam brigadas com os maridos. Não aceitavam nossa separação. Elas gostavam de nós dois juntos. Eu não mandava cartas. Era proibido. Mas ela também não mandava. Eu não fui me despedir quando ela foi. Meu pai não deixou. Meu pai disse que com ela longe eu esqueceria ela. Mas isso apenas aumentou o amor. E a saudade.

- Scorp?

Era o Alvo. Toda noite, quando ele não conseguia dormir, ele me via e começávamos a conversar. Não que eu quisesse, mas eu queria deixar o Alvo feliz. Ele era meu único amigo.

- O que foi?

- Você ta pensando nela né?

- O que você acha? É óbvio que to.

- Desculpa cara. Mas já faz três anos. Acho que devia fazer o que eles pedem. Esqueça ela.

- NUNCA!

Eu gritei. Eu acho. Porque foi um sussurro gritado. Não queria acordar ninguém. Mas eu não poderia fazer aquilo. Afinal...

- Ela é minha vida. Eu quero tê-la novamente Al.

- Scorp mano, a garota foi embora. Ela é minha prima e nem tenho notícias dela. Eu acho que ela esqueceu da gente cara.

Eu ia gritar com ele. Eu ia. Mas não deu tempo. Porque uma coruja azul chegou. E eu conhecia bem ela. E tentei falar alto, mas a única coisa que saiu foi aquele sussurro:

- Aqua...

Era ela. A coruja de minha amada. Com apenas um cartão. Era o bastante. Eu abri e li as poucas linhas que a carta continha:

Eu te amo.

Não posso escrever muito, apenas lembre: Eu te amo e sempre vou amar.

De sua Rose.

Apenas aquelas três linhas eram suficiente. Ela ainda me amava. E eu ainda a amava.

- Você viu Al? Ela ainda me ama.

Foi um sussurro. Que ele ouviu.

E então, eu resolvi dormir sossegado. E dormi. Sonhando com ela.

- Rose?

Era Laura. Às vezes ela me pegava acordada esperando ele. Vendo a noite.

- O que?

Eu estava um pouco mais satisfeita. Havia acabado de mandar a carta para Scorpius. Ele poderia me responder pela manhã. Provavelmente ele não estava acordado.

- Por que não esquece ele logo?

- Nunca.

Olhei uma última vez para as estrelas, para a lua, para o céu, e fui dormir.

Amanheceu. E eu precisava dar uma resposta para ela. Ou ela acharia que eu não a amava.

Resolvi dar uma resposta mais curta. Não era o bastante. Mas era o mais simples. E eu ainda não sairia do quarto. Era domingo. Meu dia favorito. Não tinha aula. Peguei Aqua, que havia dormido aqui, e dei a ela a carta. E ela se foi.

Passei o dia no quarto. Sai apenas para comer.

Quando eu acordei, vi que já eram 11h00min. E vi Aqua ao meu lado. Ela trazia um bilhete. Abri e li aquelas quatro palavras:

Eu também te amo.

Foi o suficiente. Passei o dia no quarto, esperando o futuro.

(Rose\Scorpius)

E assim o ano passou, até que chegou o natal. Era dia 24.

Eu estava na casa de Alvo. O senhor e a senhora Potter foram muito gentis comigo. Mas faltava algo, e decidi que iria atrás do que faltava.

- Senhor Potter, qual o endereço da escola de Rose?

- Sinto muito Scorpius, não posso dizer.

- Senhor, já se passou três anos. Se eu esperar mais sete dias, será quatro. Por favor!

- Tudo bem. Rose está na escola trouxa de IAPA (inventado ok? É pra significar Instituto de Aprendizado Para Adolescentes. Tudo bem, foi a pior coisa que já inventei, mas foi a única coisa que veio na minha cabeça).

- Muito obrigado, senhor Potter! O senhor é demais!

Ele riu, e eu corri para uma rede onde eu pudesse usar flú. Peguei o pó, gritei “Escola trouxa de IAPA!” e eu estava lá. Era uma salinha, e eu corri para fora. Estava com o uniforme de Hogwarts, para Rose me reconhecer.

Quando eu estava indo para fora, ouvi duas garotas conversando:

- Você viu Débora? Aquela esquisita da Rose não quer nem sair do quarto.

- Não se preocupe Luana. A garota é assim desde que chegou. Todos dizer que Rose Rezende é assim desde que os pais morreram. Nunca viveu de verdade. Ri falsamente, não come nada, coisas do tipo.

Como assim? Rose Rezende? E desde quando os pais dela morreram? E minha Rosinha não come nada?

- Mas Débora, essa garota não morre?

- Não. Nem fica doente. Não sei como. Não come nada nem bebe. Deve sem alguma coisa que ela tem. Pura sorte, óbvio.

- Déb, eu acho que deveríamos ser amigas dela. Talvez por isso ela não fala com ninguém. Tímida, e como ninguém quer se aproximar dela...

- Quem ouve percebe que é nova viu Lu! A garota tem amigas. As idiotas Laura Silva e Helen Storn são amiguinhas daquela excluída. As únicas que conseguem convencê-la a fazer algo. Pelo menos eu, a Rosana e você não precisamos nos preocupar com isso.

Não quis ouvir mais. Fui para o quarto, e ouvi uma garota chorando.

- Olha aqui Rosemary Rezende. Você vai esquecê-lo ouviu bem?

- Não! Não vou esquecer o garoto que amei por seis anos seguidos!

Então, era a hora. Cheguei por trás dela e tapei seus olhos.

- Eu estou sonhando. Diz-me que eu estou sonhando, porque eu sei que estou.

- Ãn... Rose, como é esse garoto que você ama?

- Loiro, de olhos cinza-azulado, com um sorriso incrível e lindo. Por que?

- Então você realmente me acha assim? E se lembra de mim tão bem depois de quase quatro anos? - Eu sussurrei em seu ouvido.

- Então você realmente me acha assim? E se lembra de mim tão bem depois de quase quatro anos? - Uma voz sussurrou em meu ouvido.

- Scorp? - Que foi gente? Escapou! Foi um sussurro, mas com certeza ele ouviu.

- Eu mesmo minha ruivinha. – Ele disse, e se afastou.

- SCORP! – Eu gritei, com certeza de que era ele. Selei nossos lábios num momento único. – Como chegou aqui?

- Passei todos os natais na casa do Alvo. Então, Harry deixou escapar o nome da escola, então eu vim para cá minha Weasley.

- WEASLEY? - Gritaram as outras duas. Oops. Eu lembrei que eram trouxas, e eu, Rezende. E acho que Scorp também percebeu.

- Longa história garotas. Aonde vamos Scorp? - Disse, me virando para ele. Ele se aproximou, e sussurrou em meu ouvido:

- Para casa.

Eu sorri e me virei para as garotas.

- Me esperem. Eu volto. Algum dia. Ano que vem talvez. Vocês estarão aqui?

- Claro Rose. Iremos te esperar. Assim como sempre estivemos com você, sempre esperaremos você.

- Scorp, pode tirar uma foto?

Ele tirou nossa foto, que eu guardaria para sempre, e fui para a sala da diretora. Expliquei tudo e ela me deixou partir.

Quando chegamos aos Potter’s, a alegria foi imensa. Harry e Gina nos abraçaram, Alvo pulou em cima da gente, chegando a nos derrubam, e passei o melhor natal do mundo. Então chegou a hora. Fui falar com meus pais. E Scorp foi junto. Falei com minha mãe, que por acaso estava com Astoria. Elas nos receberam bem, e voltamos para a escola.

Passei o melhor ano da minha vida, quando fiquei com Scorp.

Hoje, doze anos depois, estou casada, cuidando de meus filhos. E tenho certeza, que qualquer família que eles escolherem, para mim estará bom. Não farei o mesmo que meu pai. E hoje, eu estou feliz. Ainda visito Laura e Helen, que hoje sabem de tudo. E aquele retrato que tiramos, treze anos atrás, ainda está perto de minha cama, me fazendo lembrar o ano mais feliz da minha vida.