– Ah, que tédio… - reclamava um garoto de cabelos verde-água. Estava sentado em uma cadeira no canto mais afastado da festa à fantasia de sua amiga, Luka. Mexia no celular, mandando mensagens para pessoas aleatórias. Mas com isso, apenas queria esconder a ansiedade.

– Mikuo-nii-san...vem se enturmar, não fique todo emo aí! – uma menina, idêntica ao garoto sentado, aparentando ter uns 16 anos vestida de princesa aproximou-se. Vinha acompanhada de um outro rapaz de cabelos azuis, que usava uma fantasia de príncipe. ‘Kaito-san já chegou? Então...A-Akaito-san também está aqui...?’ Akaito era o irmão de Kaito, e por quem Mikuo ficava corado só em pensar que ele estaria ali. ‘Com qual fantasia ele viria?’, sentiu um arrepio em pensar nas possibilidades.

– E-etto, já estou indo, Miku-nee-chan...K-Kaito-san, A-A...

– Acho que ele quer perguntar se seu irmão está aqui. – Miku reprimiu uma risada. Sabia que seu gêmeo era apaixonado pelo garoto de cabelos vermelhos, e dava todo o apoio. Kaito também sabia, e tentava a todo custo juntar os dois, com a ajuda da namorada.

– Vou chamá-lo, Mikuo... – e saiu, deixando os dois irmãos à sós.

– Nee-chan, eu me sinto desconfortável nessa roupa...

– Shiu, tenho certeza que Akaito irá adorar!

– Tinha que ser você pra me colocar...nisso.

O garoto usava a roupa da irmã, saia preta com barra verde, uma blusa cinza, botas pretas, as mangas com computadores e sensores de volume e seu cabelo estava preso em duas maria-chiquinhas, assim como Miku usava costumeiramente.

– Ah, nee-chan, eu estou com falta de ar...

– É normal...calma... – sua irmã lhe deu um sorriso confortador e começou a cantarolar ‘Melt’.

– Essa música não vai me deixar menos nervoso, M-Miku-nee-chan.

– Mas isso vai. Akaito está vindo.

– NANI? A-Akaito-san?!

– Etto...Mikuo...

Akaito vinha acompanhado de Kaito, e estava com sua roupa normal. Os dois estavam corados. Mikuo, por se sentir um super-uke daqueles que pedem para ser estuprados. Akaito, porque nunca vira o garoto tão lindo antes.

– Hm...Kaito-kun, vamos ali falar com a...a...a Rin, é, vamos falar com a Rin! – Miku saiu arrastando o namorado pelo braço, e de nada adiantou seus irmãos chamarem.

Os dois ficaram entreolhando-se, sem saber o que fazer ou dizer. O rapaz de cabelos vermelhos recostou-se na parede ao lado do amigo e tentou puxar conversa, a fim de quebrar o clima tenso que pairava sobre eles.

– Hm...então, sua fantasia foi idéia de sua irmã?

– S-sim, fiquei ridículo, né?

– Pelo contrário, achei super...bonito. – sussurrou a última frase, abaixando a cabeça e corando mais ainda.

– E..e você, Akaito-kun...por que não veio de fantasia?

– Eu to de fantasia, oras.

– De quê?

– Akaito, o monstro.

Os garotos riram. Do nada, uma melodia lenta começou a ser ouvida. Casais já se posicionavam na pista para dançar.

– Mikuo-kun, você...você quer dançar? – O garoto de cabelos rubros estendeu a mão para o que estava sentado, dando um sorriso tímido.

– Ahn...claro, v-vamos!

Mikuo pegou na mão dele e os dois se encaminharam para a pista de dança. Akaito pôs suas mãos na cintura do menor, enquanto este entrelaçou os dedos por trás do pescoço do maior. Uma versão em piano de ‘Just be Friends’ estava sendo tocada por Luka, que cantava junto à Gakupo, e os dois garotos começaram a se mover lentamente de um lado para o outro.

– Hey Mikuo-kun, sabe o que eu acho dessa música? – Akaito falou repentinamente, de cabeça baixa.

– Hm, que a garota quer ser apenas amiga do cara, e ele também?

– Não...eu acho que ela não o amava, porque...entenda uma coisa, se a linha vermelha do destino liga duas pessoas, se elas se separarem, é porque uma delas não era a pessoa certa. O destino nunca erra. Se ele une duas pessoas, é porque elas tem algo que é único, algo que elas deveriam compartilhar para a vida inteira. O amor verdadeiro é isso. O destino uniu, então, elas merecem viver juntas. Se o amor acabar, é porque aquela realmente não era a pessoa certa. A garota da música achava que o garoto era a pessoa certa, mas então ela se enganou. O destino não o havia escolhido para ser o cara ideal para ela. Entendeu? Ficou meio confuso, mas...

– Eu entendi...mas por que você disse isso?

– É que...eu acho que... – o rapaz de cabelos vermelhos parou de dançar e, segurando na mão do outro, o puxou até um canto mais afastado das pessoas.

– Você acha que...?

Akaito procurou algo nos bolsos e achou uma linha vermelha.

– Eu acho que o amor é como uma linha, – ia dizendo enquanto a amarrava no dedo anelar de Mikuo – que nós devemos amarrar bem forte...para que ela nunca se parta, como aconteceu com a garota da música.

Ao terminar, um anel escorregou pela linha até encaixar-se perfeitamente no dedo do garoto. Mikuo levantou o olhar, seu coração estava palpitante.

– A-Akaito-san...o que quer dizer com isso?

– O destino quis. Meu coração também. E creio que o seu deseja a mesma coisa. Devemos ficar juntos. E-eu te amo, Mikuo-kun.

– Akaito...kun...

– Shiu. Essa é a hora em que geralmente as pessoas se beijam.

O menor riu um pouco e abraçou aquele de quem sempre quis ouvir aquelas palavras. Fechou os olhos e murmurou um ‘Eu também te amo, Akaito-kun’, antes de ter os lábios silenciados por um beijo apaixonado, suave. Afinal, o que a linha do destino uniu, é para ser mantido. Por toda a eternidade. Just be Friends? Música errada para os dois. Queriam mais que ser apenas amigos.