POV Draco

   Não acreditei que faria isso. Olhei a janela novamente e o vi jantando calmamente junto com sua família. A pequena ruiva sentada do lado direito com Hugo ao seu lado, Hermione ao lado esquerdo e Ronald Weasley na ponta. Eles conversavam e riam ao mesmo tempo enquanto pareciam saborear uma comida deliciosa.

   Eu suspirei mais uma vez, estava cansado de tudo isso. Hoje em uma conversa séria com Kassandra nós decidimos por isso e eu estava aqui pronto para fazê-lo. Harry Potter deveria estar chegando para a conversa habitual de sexta feira à noite, então, nada mais correto que esperá-lo chegar e bater.

   Pena que isso não demorou mais para acontecer. Foi somente dois segundo depois de pensar e a família Potter se materializava na Sala de Jantar pela via Flú. Respirei fundo e bati na porta. As risadas pararam, um silêncio permaneceu por um tempo, até que ouvi a chave girar na fechadura e o Weasley abrir a porta.

- Malfoy? – ele perguntou surpreso

- Podemos conversar Weasley? – perguntei sem a menor emoção, o que eu vim fazer ali importava mais no momento

   O Potter apareceu por trás dele com um olhar desconfiado, colocou a mão no ombro do ruivo e acenou com a cabeça. Eu entrei e os segui até a sala. Eles me ofereceram um sofá e se sentaram nas poltronas. O silêncio permaneceu.

- O que veio fazer aqui? – Ronald Weasley finalmente perguntou

- Se não se importa, gostaria apenas que vocês ouvissem essa conversa e é claro, suas esposas se quiserem! – eu não os encarei

- É, papai! – Alvo se pronunciou – Eu e Rose vamos indo! – ele sorriu – Quer que eu deixe Lylian e Hugo com James em casa? Mel está lá com ele!

- Tudo bem! – Harry sorriu e abraçou o filho e a filha

   Rose e Hugo fizeram o mesmo com os pais e sumiram via Flú.

- Isso deve ser muito importante não é? – Harry Potter me encarou

- Não sei se para você será importante, mas para mim é a coisa mais importante da minha vida! – eu suspirei e passei a mão nos cabelos – Eu preciso de ajuda!

- Como é que é? – o Weasley se sentou ereto na poltrona e arregalou os olhos

- Eu preciso da ajuda de vocês! – eu sabia a gozação que viria agora

- Não faça nada Rony! – Hermione sentou no braço da poltrona do marido e se apoiou no ombro dele

- Foi com sua mulher? – Gina perguntou séria, estava encostada ao batente da porta com os braços cruzados

- Não! – eu a encarei – Foi com meu filho mais velho!

- O que aconteceu com ele? – Harry perguntou, estava me tratando bem até

- Eu não sei mais o que fazer, ele sempre está em bares, bebe até não poder mais e o tempo todo. Fuma pelos cantos, não para em casa. Eu tive que tirá-lo até da delegacia trouxa! Ele quase bateu na Vicktória, só não bateu porque o Chuck não deixou e dou graças a Merlin por ter um genro assim que cuide dela. Que a defenda do próprio irmão. – eu apoiei a cabeça nas mãos e segurei as lágrimas, meu filho era tudo para mim, mas eu realmente não sabia mais o que fazer

- O que temos com isso? – o Weasley perguntou talvez insensível, mas não arrogante

- Quando ele andava com sua filha e com o filho do Potter – eu indiquei o moreno com a cabeça – ele não era assim! Eu disse a ele que não proibiria a amizade dele, mas do nada eles se separaram e meu filho ficou assim!

- Está dizendo que foi culpa dos nossos filhos? – Ronald voltou a perguntou cerrando os olhos

- Não estou dizendo que seus filhos fizeram algum mal ao Scorpius! Pelo contrário! Quero dizer que de alguma forma, eles fazem bem ao meu filho! – eu parei de tentar esconder as emoções e deixei a frustração aparecer

- Eu sei o que aconteceu! – Gina sorriu de lado

- Sabe? – eu a encarei confuso

- Scorpius sempre viu a Rose com outros olhos! Eu podia ver em cada olhar que ele lançava a ela! Parecia eu apaixonada pelo Harry desde pequena! Ele ama a minha sobrinha!

- Ele nunca me disse algo assim! – eu confessei

- E jamais diria! – Hermione sorriu e segurou a mão da cunhada – Minha filha jamais demonstraria sentir o mesmo por ele, porque tinha medo da rixa entre as famílias! Rose preza a família dela como a própria vida e também não iria querer que Scorpius sofresse pela família dele! Eles jamais devem ter tocado nesse assunto!

- E como isso vem ao caso? – Harry também estava confuso

- Rose foi morar com o Alvo! – Gina sorriu

- Eles estão juntos? – me surpreendi

- Não! – foi Ronald quem respondeu – Foram criados como irmãos, além de melhores amigos! Rose e Alvo são como Hugo e Rose, ou Lylian e o próprio Alvo! Nada acontece entre eles!

- Quer dizer que meu filho ficou com ciúmes? – perguntei começando a entender algo

- Sim e também porque deve ter achado que Alvo e Rose estavam apaixonados e além de perder os melhores amigos, perdeu a garota que amava! – Hermione se levantou – Mas podemos corrigir isso!

- Como? – indaguei sem entender

- Rose pode não nos dizer e pode não sentir nada além de amizade, mas ela sente muita falta daquele loiro! – Hermione se voltou para mim e me encarou – Sei o que podemos fazer, mas teremos de estar todos de acordo!

- Pelo meu filho eu faço tudo! – eu encarei os outros a espera de uma resposta – Esse é meu pedido de natal!

***

POV Alvo

   Entrei naquela boate enfumaçada e quente puxando Rose pela mão. Ela olhava ao redor e abominava o local com os olhos. Eu a conhecia bem demais para saber que aquele local era o inferno para ela.

   Mulheres dançavam em cima de palcos dispostos por todo o salão e tiravam a roupa jogando nos clientes que gritavam e aplaudiam iguais a uns loucos. Eu não sei porque, mas o loiro que eu guardava em minha memória, não era de entrar em um lugares assim.

- Por acaso viu um loiro bebendo demais por aqui? – perguntei ao barman

   Achei que ele não fosse me dar resposta, mas ele riu jogando a cabeça para trás e voltou a me encarar.

- Ele bebeu umas trinta doses puras e foi por ali, naquele corredor, com uma de nossas funcionárias! Quarto dois se não me engano.

   Agradeci com um aceno de cabeça e puxei Rose pela mão para aquele corredor. Bati na porta, mas ninguém atendeu, então eu abri e vi o quarto mal iluminado e uma cama redonda no centro. Deitado na cama, tonto, bêbado e praticamente chapado, estava o loiro que procurávamos. Em cima dele, engatinhando, estava uma morena apenas de calcinha e sutiã, que devo confessar ser muito sexy, e que estava fervorosamente o excitando, enquanto ele nem a tocava.

   Rose levou a mão à boca e a morena se voltou para nós. Sorriu e se aproximou de mim levando as mãos ao meu peito.

- Hum, mais dois! Isso vai ficar interessante! – ela riu

- Não tem nada disso! – eu me afastei e segui até o loiro levantando-o e fazendo-o se apoiar em mim – Rose! Aparate sozinha! Estou indo logo depois!

   A ruiva acenou com a cabeça e sumiu no ar. Eu lancei um obliviate na morena e aparatei em seguida. Ok, estávamos no nosso apartamento agora. Tudo ficaria melhor.

   Joguei Scorpius no sofá e ele prontamente dormiu. Eu suspirei e puxei Rose para o quarto dela, beijei sua testa lhe desejando boa noite e me dirigi ao meu quarto tentando em vão dormir também.

***

POV Scorpius

   Acordei com uma p*** dor de cabeça. Tentei levantar, mas ainda estava tonto demais para isso, então pensei em ficar de olhos fechados e tentar dormir novamente. Foi quando alguém se aproximou e parou ao meu lado.

   Apertei os olhos. Não seria a primeira vez que eu dormiria com qualquer uma e acordaria sem saber de nada no dia seguinte. Suspirei inventando mentalmente uma desculpa, mas não quis abrir os olhos ainda.

- Isso pode melhorar! – a voz era suave e delicada

   Eu conhecia essa voz. Sonhei com ela por dias, meses e anos. Mas eu não podia ter feito nada com ela, podia? Não! Ela jamais deixaria que acontecesse algo entre nós comigo bêbado. Droga! Scorpius Malfoy o que você foi fazer?

- Rose? – eu abri os olhos encarando a ruiva sentada na mesa de centro, enquanto eu estava no sofá

   Ela não sorriu. Apenas me entregou uma xícara de café preto e um comprimido branco.

- Isso é bom para ressaca! – ela continuou com a mesma voz doce – Você deve estar achando que sua cabeça vai explodir!

   Eu sentei no sofá engolindo o comprimido e tomando um gole de café.

- Como vim parar aqui? – perguntei olhando a volta, mas a luz me afetava

- Alvo e eu te trouxemos! – ela me encarava de forma diferente, estranha

- O quê...? – ergui as sobrancelhas

- Vejo que nosso hóspede já acordou! – Alvo apareceu na sala – Bom dia Malfoy!

- O que está acontecendo? Eu não me lembro! – eu encarei Alvo primeiro e em seguida Rose

- Aquela – Rose apontou uma mala preta na porta – é sua mala! E você tem um quarto, naquele corredor! – ela apontou uma porta por onde Alvo entrara

- Eu tenho casa! – respondi me levantando, pronto para sair dali

- Não! Você não tem casa! – Alvo parou na minha frente – Não tem emprego e nem família! Você tem somente a mim e a Rose agora!

- Vocês estão malucos! – eu respondi me afastando consideravelmente deles

- Seu pai mandou sua mala! Você vai morar conosco! – Rose se levantou e me encarou também

- Não, eu não vou!

- Ou é aqui, ou a rua! Porque não tem dinheiro nenhum! – Alvo riu – E vamos considerar suas escolhas! Do jeito que te encontramos ontem, bêbado, chapado e sendo...nem vou comentar o que fazia com a morena, mas desse jeito, ninguém vai querer você!

- Eu ainda devo estar sonhando!

- Não está! – Rose se aproximou e me beliscou – Está sendo real agora?

  Eu me arrepiei ao toque, olhei-a de forma estranha, afinal, eu não imaginava que aquela ruiva ainda tinha tamanho poder sobre mim.

- O que acontece se eu ficar? – perguntei atordoado demais para discordar de algo

- Nada de bebidas, nada de drogas ou cigarros de qualquer tipo e nada de mulheres! – Alvo contou nos dedos – Estamos entendidos?

   Eu suspirei e concordei com um aceno de cabeça.

- Rose e eu ficaremos aqui hoje, mas não vamos estar sempre! Espero que cumpra o que prometeu!

- Ok! – eu concordei novamente e me joguei no sofá – Minha dor de cabeça não vai parar! – eu levei as mãos à cabeça

- Tome um banho! – Rose sentou ao meu lado – Vou preparar algo para comermos! Ainda gosta de panquecas com geléia de morango?

   Eu olhei para ela surpreso. Ela lembrava. Lembrava do que eu gostava em Hogwarts.

- Obrigado! – eu sussurrei ainda sério

   Tomei um banho quente e aquilo realmente me ajudou um pouco, vesti uma calça de moletom e uma camisa preta e fui até a cozinha. Alvo e Rose estavam sentados à mesa, não comiam, mas conversavam alegremente.

- Oi! – Rose sorriu – Esperamos você para comer! – ela pegou um prato de panquecas e colocou no lugar onde eu deveria me sentar

- Valeu! – eu sentei ali

   Comemos em silêncio por um tempo. Até que eu senti um pedaço de pão bater na minha testa. Olhei para Alvo, mas ele procurava algo da mesma maneira que eu. Então, me virei para a ruiva e a vi disfarçar com o olhar e as mãos. Eu sorri.

- Ah Rose você me paga! – Alvo tacou um bolinho nela

   Eu ri e fiz o mesmo. Começamos uma guerra de comida que durou por minutos. Acabamos os três sentados no chão segurando as risadas.

- Eu senti falta de vocês! – confessei quando paramos de sorrir

   Alvo me encarou e sorriu, já Rose me encarou séria. E quando percebi, ela sentava sobre as minhas pernas, com uma perna de cada lado do meu corpo e me batia com os punhos no peito.

- Nunca mais faça isso comigo! – ela me encarou séria e em seguida sorriu

   Eu ri e a puxei de encontro a mim, abraçando-a apertado.

- Eu senti sua falta também! – ela sussurrou me abraçando de volta

- Desculpa! – eu a afastei pelos ombros – Aos dois! – encarei Alvo – Agi como um perfeito idiota nos últimos tempos!

   Rose ainda estava sentada no meu colo. Ela riu e pegou a mão do Alvo e a minha e segurou entre as suas.

- Vocês dois sempre serão meus melhores amigos! Prometam que nunca vamos nos separar de agora em diante! – ela encarou a nós dois e seus olhos marejaram

   Eu encarei Alvo sorrindo e ele retribuiu.

- Nós prometemos ruiva! – eu respondi – Eu prometo!

   Ela sorriu para nós largando nossas mãos.

- Eu preciso perguntar uma coisa... – eu abaixei a cabeça – Acho que foi o que mais me atormentou esse tempo todo!

- Você quer saber se Rose e eu estamos juntos! – Alvo sorriu olhando a frente – Eu sabia o tempo todo que você odiou saber que viríamos morar juntos!

- Eu não odiei! Só me senti excluído! – eu falei com uma voz birrenta

- Alvo e eu somos como irmãos! – Rose sorriu para mim – E iríamos te fazer uma surpresa convidando-o para morar com a gente no jantar que faríamos para inaugurar o apartamento! Mas você não deixou a gente falar!

- Agora parece que o culpado de tudo fui eu! – eu passei a mão nos cabelos

- E o seu comportamento idiota foi o culpado de você estar aqui hoje! – Alvo riu e se levantou – O que acham de pedirmos pizza para o almoço e assistirmos um filme durante a tarde?

***

POV Rose

   Scorpius cumpriu o que prometeu nos três dias seguintes. Pelo menos até aquela noite. Eu sempre arrumei as roupas do Alvo e então decidi arrumar as dele também. Peguei as roupas atiradas pelo quarto e fui até a lavanderia colocá-las na máquina.

   Liguei a máquina sem pressa e me encostei à parede observando-a girar as roupas. Eu gostava de vê-las circulando junto com a água. Mas a máquina parou e eu não consegui ligar de volta. Tirei todas as roupas e coloquei em um cesto, em seguida abri a máquina para que escorresse a água. Então percebi no fundo um pacotinho pequeno.

   Agarrei-o e o sequei com uma toalha. Estava cheio de pó branco. Heroína. Não podia acreditar que Scorpius fizera isso. Ainda com o pacotinho em mãos fui até a sala e vi os dois garotos jogando vídeo game. Suspirei e limpei a garganta chamando a atenção.

- Você havia prometido Scorpius! – eu disse exasperada

   Alvo olhou o pacote em minha mão e se virou para Scorpius censurando-o com o olhar. Scorpius ficou quieto, nem se defendeu.

- Você andou cheirando isso? – Alvo perguntou

- Sim! – ele confirmou

- Aqui? – indaguei me aproximando mais deles

- Eu cumpri o que prometi! – ele me encarou sério – Não bebi, nem fumei, nem cheirei nada! Estou falando a verdade!

- E porque isso estava nas suas coisas? – voltei a perguntar

- Porque estava na roupa do dia que eu cheguei aqui! – ele abaixou a cabeça

   Ficamos em silêncio por um tempo. Scorpius tinha vergonha disso, dava para notar. Alvo colocou a mão no ombro do loiro, este levantou o olhar ainda nublado.

- Acreditamos em você! – Al sorriu – Sabe disso!

- Valeu! – Scorpius deu um leve sorriso

- Vou jogar isso fora! – eu anunciei e joguei dentro da lareira em chamas

   Scorpius olhou o pacote queimar inteiro, então suspirou e se jogou para trás no sofá.

- Isso é difícil não é? – perguntei sentando ao seu lado

- Muito! – ele disse parecendo cansado – Mas não quero perder vocês de novo! Vou cumprir o que prometi!

***

POV Scorpius

   Aquilo parecia que iria me matar. Quase um mês e eu ainda sentia tudo aquilo.

   Quando eu estava com as outras pessoas, com Rose e Alvo, ficava melhor, eu me distraia. Agora...quando chegava a noite e eles dormia, eu acabava ficando sozinha e a vontade vinha com mais força.

   Algumas vezes eu afogava isso na bebida. Mas isso era antes. Agora eu nem poderia levar uma gota de álcool a boca. Eu havia prometido e iria cumprir.

   Olhei o quarto a volta parecia mais quente. Abafado. Eu saí do quarto em busca de ar. Sentei no corredor encostado na parede. Nem ali eu tinha sossego.

   Uma porta ao lado se abriu e eu vi Rose sair dali com um pijama branco curto. Ela suspirou e sentou ao meu lado.

- Isso está sendo difícil não é? – ela perguntou segurando minha mão

   E aquele toque me libertou, eu acho. Porque eu melhorei um pouco.

- Rose! – eu sorri para ela e sem que ela esperasse ou eu pensasse a puxei e a beijei

   Rose correspondeu de imediato e eu até me assustei com isso, mas tudo o que fiz foi puxá-la para o meu colo. Encolhi as pernas para que ela se apoiasse e continuei a apertando contra meu peito.

  Rose se contraiu quando achei uma brecha em sua blusa e toquei sua pele quente, meus beijos desceram para seu pescoço, sua pele era quente, deliciosa.

- Scorpius... – ela tentou me afastar, estava com medo

- Relaxe! – eu sussurrei contra seu pescoço – Só preciso sentir sua pele, seu calor! Não vou fazer mais nada!

   Eu não sei se isso a confortou ou algo parecido, mas ela continuou me correspondendo. Quando me faltou fôlego eu a afastei devagar e encostei minha cabeça para trás olhando-a. Ela deu um leve sorriso com os lábios vermelhos.

- Dorme comigo? – pedi

- O quê? – ela franziu o cenho

   Eu ri e apertei seus braços.

- Só dorme... – falei ainda baixinho

   Ela abaixou a cabeça por uns instantes e então levantou e me puxou pela mão para meu quarto. Deitamos na cama um de frente para o outro. Uma mão minha cobria sua cintura.

- Melhorou? – ela perguntou sorrindo

- Com você eu sempre melhoro! – eu sorri de volta

   Então ela fechou os olhos, eu fiquei a observando um pouco, mas logo fechei os olhos e dormi também.

***

POV Alvo

- Não acredito nisso! – eu entrei no quarto do loiro e o encontrei abraçado a minha prima, pulei na cama do outro lado dela e a prendi entre nós

   Rose e Scorpius acordaram rindo.

- Isso não vale! – Rose exclamou tentando se soltar, mas sem sucesso

- Me digam que não houve nada nesses lençóis! – eu arregalei os olhos

- Não houve nada! – Scorpius riu – Rose só dormiu aqui!

- Por quê? – eu fiquei intrigado

- Porque ela me acalma! E com ela aqui não faria nenhuma besteira!

   Eu sorri e abracei os dois apertando ainda mais Rose entre nós!

- ALVO! – ela gritou

- Ok! Já estou saindo! Preparei um café, querem? – perguntei levantando

- Eu te amo Al! – Rose sorriu e beijou minha bochecha saindo

- Ei! – chamei, ela estava na porta – Estou indo para a casa dos meus pais! Nos encontramos na Toca?

- Claro! – ela sorriu e saiu do quarto

***

POV Scorpius

   Rose e eu passamos um dia incrível juntos. Não nos beijamos mais, é claro, mas estávamos juntos e isso para mim era muito bom.

   Tomamos café juntos, preparamos um bolo para ela levar para a Toca, saímos comprar uns presentes que faltavam para ela e depois assistimos um filme e comemos pipoca.

- Vou tomar um banho! – ela sorriu levantando do chão da sala – Não saia daqui!

   Eu ergui os braços demonstrando que não iria para lugar nenhum. Ela sorriu.

   Minha vida mudou completamente nesses últimos dias. Completamente. Eu deixara todos os meus vícios, deixei as mulheres de lado, reconquistei meus amigos e beijei a Rose. Beijei a Rose. O meu amor desde Hogwarts. Mas ela não falara mais nada sobre isso. Será que eu deveria falar?

   Sorri para mim mesmo, como eu ainda me perguntava isso? Era claro que eu deveria falar com ela. Levantei apressado e quando iria bater na porta do seu quarto, ela saiu de toalha. Eu a olhei dos pés a cabeça e ela corou.

- Desculpa! – eu sussurrei, mas mantendo meus olhos nos dela

   Ela virou o rosto e então soltou a porta abrindo-a para que e entrasse. Eu entrei. Ela se virou para mim sorrindo marota.

- Desculpa por quê? – ela mordeu o lábio

- Rose! – eu a censurei, mas ela nem deu bola

   Enlaçou meu pescoço e me beijou. Eu nem esperei para corresponder, mas esse beijo foi mais ardente, melhor. Quando notei, nós tínhamos caído na cama e nem preciso dizer que foi nossa noite de amor não é?

   Agora eu a olhava dormir em meus braços. Sorri pensando que já era natal. Rose merecia mais que isso de natal e agora ela deveria estar na casa dos avós.

   Enrolei-a no lençol, peguei meu presente e aparatei com ela. Coloquei-a dormindo em um quarto no andar mais alto da Toca, deixei meu presente e escrevi um bilhete, voltando ao apartamento em seguida.

***

POV Rose

    Acordei com os raios de sol entrando pela janela. Tateei a cama em busca de Scorpius, mas não o encontrei. Abri os olhos notando que estava em um quarto diferente. Espera aí. Eu conheço esse lugar. A Toca!

   Sorri levantando e então vi cair no chão um pacote vermelho. Abri o presente e encontrei uma langerie vermelha e um vestido da mesma cor. Peguei o bilhete que caíra ao lado e sorri reconhecendo a letra do Scorpius.

“Rose

Foi a melhor a noite da minha vida Rose! Nem consigo respirar ainda. Espero que sinta o mesmo! Feliz Natal!

S.M.”

   Vesti-me e saí correndo escada abaixo. O primeiro que encontrei foi Alvo o abraçando apertado.

- Feliz Natal Rosa! – ele sorriu – Cadê o Scorpius?

- Ele não está aqui? – perguntei estranhando

- Não! – ele estranhou da mesma forma que eu – Que burro! Achou que não tinha sido convidado! Vem vamos buscá-lo!

   Eu nem pude dizer nada, Al segurou a minha mão e aparatou no nosso apartamento.

- O que fazem aqui? – Scorpius perguntou sério

   Ele estava bem vestido. Usava uma calça jeans preta, uma camisa preta e um tênis da mesma cor. Os cabelos espetados com gel. Sorri sentando ao lado dele. Ele prontamente passou um braço pelos meus ombros enquanto eu deitava a minha cabeça em seu ombro.

- Seu idiota! – Al sentou do outro lado dele – Vai passar o natal conosco!

- Meu pai está lá! – ele disse somente

- E o que tem isso? – perguntei sem entender

- Nós brigamos antes de tudo isso acontecer! Eu quase bati na Vick!

- Você seria incapaz disso! – levei a mão à boca

- Eu também achava isso! – ele suspirou – Não quero vê-lo!

- Foi seu pai que nos procurou Scorpius! – Alvo confessou por fim – Ele não te expulsou de casa, só achou que nós conseguiríamos ajudá-lo!

- Estão falando sério? – ele encarou Alvo e depois a mim, eu acenei com a cabeça

- Vamos? Você precisa conversar com ele! – eu sorri – Você está melhor Scorpius e sabe que não precisa sair daqui se não quiser!

- Mesmo que eu me acerte com meu pai, eu posso continuar aqui? – ele pediu sem nos encarar

- E quem está te mandando embora? – Al riu e levantou – Vamos logo!

***

POV Scorpius

   As primeiras pessoas que vi na Toca foram Vick e Chuck. Eu me aproximei devagar deles com a cabeça baixa. Como eu pude quase bater na minha irmã? Como pude ser tão idiota?

- Não venha com desculpas! – Vick disse quando eu parei em sua frente – Eu amo você! – ela me abraçou apertado

   Voltei-me para Chuck.

- Nunca mais me deixe dizer que Vick podia achar alguém melhor! Você é perfeito para ela! – eu estendi a mão e ele apertou sorrindo

- Scorpius?

   Voltei-me para trás e o vi. Draco Malfoy estava parado ali a dois passos de mim.

FLAH BACK

“- Você é um Comensal idiota! Nem sei porque teve filhos, só para nos fazer sofrer com a sua fama!

   Naquela hora eu percebi o quanto eu errara em dizer aquilo. Nunca vi meu pai tão decepcionado.”

FIM DO FLASH BACK

- Papai! – eu sussurrei e ele cobriu a distancia e me abraçou – Me desculpe! Eu nunca deveria ter dito aquilo! Eu fui um idiota! Me perdoa!

- Cale a boca! – ele riu – Eu te amo!

   Eu ri também.

- Também te amo papai!

- Agora acho que tem que falar com uma ruiva! – ele apontou Rose mais ao longe sentada em um banco no jardim

   Eu sorri e fui até ela sentando ao seu lado.

- Como se sente? – perguntei segurando sua mão

   Ela se voltou para mim e sorriu.

- Muito bem! – ela deitou a cabeça no meu ombro

- Eu te amo Rose! – preferi ser direto, já havia esperado demais

- Que bom, porque eu também te amo! – ela me deu um selinho e voltou a se aconchegar em meu ombro

   Mais a frente eu vi um bolo de Weasley, Potter e Malfoy saindo correndo.

- Tenho a leve impressão de que armaram para que nós ficássemos juntos! – eu sorri

- Pelo menos eles acertaram! – Rose riu – Venha! Vamos ver os presentes! Ah e Feliz Natal!

   Eu fiquei parado a puxando de volta para o meu colo. Mordi meu lábio e sorri.

- Feliz Natal Rose! – a abracei e em seguida a beijei

   Eu caí. Caí e achei que não me levantaria jamais. Até Rose reaparecer e me trazer de volta. O amor faz milagres. Ou os natais fazem milagres.

   Para não ficar na dúvida. Faça seu pedido hoje, você não perderá nada! Eu não perdi, todos os anos eu pedia para tê-la ao meu lado e olha o que aconteceu agora. Eu a tinha e não deixaria sair da minha vida jamais.

- Só para constar...eu pedi você em todos os natais! – Rose sussurrou em meu ouvido enquanto andávamos

   Eu sorri a abraçando pela cintura. Ao longe Alvo abraçava uma loira apertado. Ela era Louise Seeley e estudou conosco em Hogwarts. Eu ergui as sobrancelhas e só naquele momento eu notei que na mão direita dela brilhava uma aliança prateada, igual a que brilhava na mão do Alvo.

   Eles namoravam. Como eu nunca percebera? Ela lhe entregou um embrulho pequeno e ele abriu como uma criança que corre atrás dos doces. Tirou dois sapatinhos. Um rosa e um azul.

   Alvo abriu a boca e encarou a namorada.

- Eu não sei se é menino ou menina, então comprei as duas cores! – ela disse apreensiva

   Al riu. E a abraçando pela cintura a girou no ar. Em seguida se voltou para mim e me abraçou.

- Eu vou ser pai! – ele riu

- Parabéns! – eu sorri

- Mais um pedido que se realiza! – Rose sorriu me abraçando e vendo Alvo abraçar novamente a namorada – Ele vem pedindo para ser pai todos os dias!

   É a magia do natal realmente existe!