Allen já começava a ficar impaciente com aquilo tudo. Já fazia algumas horas que certos exorcistas deveriam chegar à Ordem, porém nem sinal de vida. Quando a missão era rápida demais, era bom por um lado, já que Kanda sempre voltava mais cedo e, normalmente, sem nenhum machucado sério. Mas quando ela demorava demais, o albino já ficava um pouco inseguro, desconfiado do que poderia estar acontecendo lá, principalmente se o japonês não voltava muito machucado.

- “Acalme-se, Allen. Não está acontecendo absolutamente nada que você não saiba.” - Ele tentava se acalmar mentalmente, mas ainda assim não conseguia ficar em paz. - Que droga, onde aqueles dois idiotas estão?! - Ele bateu com um dos punhos fechados no degrau em que estava sentado.

- Allen-kun? - Ele virou a cabeça e viu a chinesa sentar-se ao seu lado. - O que está fazendo aqui fora?

- Esperando aqueles dois. - Respondeu, um pouco irritado com o fato de estar esperando ali há umas duas ou três horas.

- Ah, você quer dizer o Kanda-kun, né? - Lenalee sorriu gentilmente para o garoto.

- É, aquele bak... COMO É?! - Ao perceber o que estava dizendo, corou até o último fio de cabelo.

- Eu sempre desconfiei dos seus olhares pra ele! - Ela desatou a rir, o que deixou o Walker mais sem jeito ainda. - Vocês estão juntos, não é mesmo?

- Q-quê?! N-não! Sabe, é uma história engraçada... - Ele só se entregava mais, a medida que ia ficando mais e mais desconcertado e vermelho.

- Tudo bem, não precisa me explicar se não quiser. - Ela pôs as mãos nos ombros dele e sorriu de novo. - Olha, são eles vindo ali, não?

- Quê??

Mal olhou para onde a garota tinha apontado e já via quem tanto esperava, juntamente com seu amigo ruivo, sempre sorridente, e um finder.

- Allen, Lenalee! Que bom vê-los de novo! - Lavi correu para abraçar os amigos.

- Lavi-kun, como foram de viagem? - Lenalee sorriu para o amigo, logo acenando para o samurai mais ao longe. - Kanda-kun, vem falar com a gente também!

- Tsc. - Ele revirou os olhos, mas seguiu andando até os outros.

- Vamos falar com os outros, Lenalee. - Ele empurrou levemente a menina para que ela começasse a andar. - Vamos deixá-los a sós um pouco. - Falou a última frase em um tom bem baixo. - E Allen, - Lavi virou-se para o albino com um sorriso malicioso no rosto, falando no mesmo tom baixo. - não se preocupe. Eu não encostei um dedo no seu namorado. - Ele passou a mão na cabeça do outro, desarrumando um pouco o cabelo branco e deixando o amigo mais vermelho ainda com seu comentário.

- L-Lavi!! - Ele gritou o nome do amigo, mais desconcertado que antes.

- Sim? - Ele virou-se de volta para Allen, ainda com seu sorriso malicioso.

- Aigatoo ne. - Ele falou, num quase sussurro, abaixando a cabeça e sorrindo para o ruivo.

Lavi apenas sorriu para o menor e, vendo que Kanda já se aproximava do amigo albino e que o finder já tinha entrado, resolveu entrar no grande QG e ir falar com o resto das pessoas.

- Oe, Moyashi. - Kanda tinha chegado bem perto do albino, o que fez esse se assustar com a aproximação.

- Allen desu.

- Tanto faz. - Ele revirou os olhos.

- … E então, por que demoraram tanto pra voltar? - Allen perguntou, começando um caminho para dentro da Ordem.

- Um certo idiota fez a gente perder o primeiro trem. - O moreno fez uma cara de facepalm, cansado.

- E qual foi o motivo? - A desconfiança tomou o albino novamente.

- Por que está fazendo tantas perguntas, Moyashi? - Kanda arqueou uma das sobrancelhas, parando de andar e ficando no meio do caminho.

- Nada. - Ele virou a cara.

- Pff, engana outro, Moyashi. - Ele revirou os olhos e agarrou o braço de Allen, fazendo este se virar para si. - Está com ciúmes por acaso?

- C-ciúmes? Eu?! - Allen soltou um riso fraco, fazendo-se de descrente. - Que é isso, eu confio em você. Eu tenho motivos para ter ciúmes?? - Mudou rapidamente a expressão, olhando de forma interrogativa (e uma tentativa de “cara ameaçadora”) para o moreno.

- Você é mesmo um Moyashi. - Kanda deixou que um risinho se formasse em seus lábios, enquanto ele enlaçava a cintura do outro, trazendo-o mais para perto. - Eu não iria te trair com o Usagi. Ele é irritante demais.

- É bom mesmo. - Ele fez bico de criança emburrada, mas enrubesceu com a aproximação repentina do mais velho. - Aqui não, pode chegar alguém...

- Vamos entrar, então. - Ele largou o albino e caminhou ao seu lado até o refeitório, onde já estava ocorrendo o jantar.

O jantar se passou tranquilo. Lavi conversava com os outros exorcistas, alguns querendo saber sobre como tinha sido a missão, outros perguntavam se eles tinham encontrado Noahs por lá, sempre esse tipo de pergunta. Quase nenhum deles perguntavam se eles estavam bem, se tinham se ferido, mas o ruivo tinha aprendido a ignorar esse tipo de coisa.

Após a refeição, os integrantes da Ordem se dispersaram. A maioria havia ido dormir, contudo alguns insistiam em ficar acordados conversando, jogando, enfim, fazendo o que tinham vontade. E, como já era de se esperar do japonês, ele seguiu para seu quarto, esperando poder dormir um pouco.

- Olá BaKanda.~

- Tsc, o que quer, Moyashi? - Visualizou Allen Walker sentado em sua cama ao abrir a porta.

- Aah é que...  Você passou muito tempo fora, e...

- Uma semana é muito tempo? - Kanda arqueou uma das sobrancelhas, fechando a porta atrás de si, tirando o pesado casaco do segundo uniforme em seguida e jogando-o no chão.

- … Eu estou com saudades, sabe. - Ele ignorou o que o mais velho dissera e ficou vermelho.

- E eu com isso? - Ele agora se encontrava em pé, de frente para o albino. - Seus ciúmes já passaram, é? - Um sorrisinho de escárnio formou-se em seu rosto, enquanto o samurai aproximava-se do rosto do outro.

- Nhaa, você sabe que eu confio em você. - Mesmo corado, sorriu angelicalmente para o maior e passou seus braços pelo pescoço dele. - Eu te amo, BaKanda.

O moreno não respondeu e apenas juntou os lábios do menor aos seus, lentamente empurrando o outro contra o colchão. Allen soltou o pescoço dele, descendo suas mãos para o peito desnudo do samurai, passando os dedos pela tatuagem e seguindo para o abdômen. Kanda tirou rapidamente o casaco do albino, jogando-o pelo chão perto do seu, para então distribuir beijos e chupões pela área do pescoço dele. Logo, todas as outras peças de roupa deles estavam jogadas de qualquer jeito no chão do quarto, agora bagunçado.

Na manhã seguinte, ao acordar do lado do namorado, Allen só se lembrava de ter tido uma noite bastante conturbada e... Divertida, digamos assim. Sorriu ao pensar isso. Logo sentiu dois braços envolvendo sua cintura e apenas se encostou no amado.

- Vamos descer? Estou com foome.~

- Tsc, você é tão irritante quanto o Baka Usagi. - Kanda revirou os olhos, apoiando o queixo no ombro do albino.

- Quêê?? Você disse que ele era irritante demais pra você! - Allen virou rapidamente a cara, com ma expressão um tanto quanto engraçada no rosto. - Quer dizer que pode estar tendo um caso com ele??!

- Qual é, eu fico fora por uma semana e você começa a surtar?! - Ele reviru os olhos, irritado. - Você tá ficando paranoico, Moyashi!

- Allen desu!

- Saia do meu quarto. Agora! - O mais velho expulsou o outro quase a pontapés do quarto, só dando tempo pra ele vestir a calça antes.

- Seu...! - Allen não teve tempo de dizer mais nada, pois o japonês fechou a porta em sua cara.

Allen tomou o caminho do refeitório, irritado, vestindo o casaco enquanto andava. Ao chegar lá, desfez a cara amarrada e sentou-se com Lavi e Lenalee.

- Ué Allen, cadê o Yuu-chan, não veio com você?

- Aquele baka, disse que eu estou paranoico! - Falou, irritado novamente.

- Por que, Allen-kun?

- Só porque eu perguntei se ele estava tendo um caso...! - Allen calou-se antes que terminasse a frase, ruborizando.

- O Yuu? Tendo um caso? - Lavi parecia achar graça no que o amigo lhe contava. - Até parece que é possível existir outra pessoa pra aguentar o mau humor dele!

- Está falando de quem, Baka Usagi?! - Sinistramente, uma espada surgiu bem próxima ao pescoço do ruivo.

- Y-Yuu!? - O ruivo começou a suar frio. - Não era ninguém não! Era só o Allen dizendo que estava meio paranoico, só isso.

- Quê?! Eu não...

- Ele pede desculpas e disse que vai ser mais compreensivo e menos insistente com o Kanda-kun, não é Allen-kun? - A garota sorriu para ele.

- Humph, é bom mesmo. - O samurai sentou-se na mesa com os amigos.

O albino comeu calado e emburrado. Não estava paranoico, ou pelo menos não queria admitir que estava. Não se importava com aquilo, na verdade. Sabia que aquela discussão de mais cedo, ou qualquer coisa que fosse, não iria alterar a sua relação com Kanda. Eles não eram crianças e sabiam que todos os problemas, inseguranças e discussões sempre se resolviam à noite. E de uma forma bem “interessante”, assim eles pensavam.