— O que está fazendo aqui? – O garoto se aproximou com um olhar confuso, quase irritado.

— Você não controla aonde vou Jiraya. – Respondeu dando de ombros. – E parece que você viu o vídeo não é Ino? – Ele deu um meio sorriso e ela assentiu.

— Não importa o que ela viu ou ouviu. – Jiraya interrompeu o loiro. – Gaara está cheio da loirinha aqui. Ela ATRASA a vida dele. – Disse dando ênfase na palavra "atrasa", puxando Ino para trás dele.

— Cala boca vovô. Gaara não faria isso com a Ino. Com a Ino não! Ainda mais agora.

— Então por que ele não veio evitar a viagem dela? – Interrompeu lhe novamente, deixando a pergunta vaga. O silêncio se instalou imediatamente. – Como eu imaginava. – Zombou. – O Gaara não ama ninguém, e quando amar será alguém na altura dele! E se significasse algo para ele, ele estaria aqui pedindo para que você não fosse como foi da última fez. – Ele a lembrou. Ino não relutou

O silêncio era inquebrável. Só Jiraya o cortava. Ino estava imóvel. O que Jiraya estava falando era mesmo verdade? O que ele dizia tinha fundamento, afinal da última vez que disse que iria embora Gaara pediu para que ela ficasse. Agora simplesmente se portou como se ela fosse até a esquina. Será que Jiraya está falando a verdade? Ino pensou em mil coisas até seus pensamentos serem interrompidos.

— O que você pensou? Que Gaara tinha alguma consideração por você? – Riu ainda zombando. A loira levou imediatamente seu olhar ao homem que falava. – Eu sempre digo: GAARA É UM BOM ATOR! – Afirmou em bom tom. – Por isso tenho tanto orgulho dele! Pensei que era mais esperta loira. – Riu outra vez e aquilo tirou Naruto do sério.

— Chega Jiraya. – Disse irritado. – Não ouve ele Ino. Gaara não é assim. – Disse olhando para a garota. Ela continuou quieta. – Você está acreditando nele Ino? – Perguntou inconformado com o silencio da irmã.

— Ino esquece o que Jiraya disse, foi ele quem disse isso e não o Gaara. – Hinata reforçou.

— Então se quer perder o voo só pra confirmar o que eu disse. Assim será melhor vai – Concluiu com um sorriso sádico no rosto. – Vai ouvir isso da boca do Sabaku que ele não te quer. – Disse em um tom superior.

— Não deixa o que esse velho disse invadir sua cabeça. – Naruto pediu novamente.

— Então o que eu faço? – Ino murmurou. E a mulher do alto-falante deu a ultima chamada para o embarque.

— Me cansei disso. Vai logo para o avião. – Disse a puxando pelo pulso.

— Não. – Se soltou.

— Não o que? – Perguntou sem paciência.

— Não vou acreditar em você. – Disse séria e determinada.

— Não acredite! Entre agora no avião. – Disse lhe puxando novamente pelo braço.

— Não! Eu não vou viajar! – Disse em um tom mais alto se soltando novamente.

— Agora não é mais uma escolha. – Disse por fim chamando dois seguranças que estavam lá o acompanhando. Os seguranças a seguraram "delicadamente" pelos braços e á levaram ao avião.

— Vai com ela. – Naruto pediu para Hinata, estava indignado pela cena que presenciou.

— Com certeza. – Assentiu e abraçou brevemente o loiro e se beijaram.

— Estarei te esperando. Juízo. – Acenou para a namorada que ia se dirigindo ao avião.

— Digo o mesmo pra você. – Disse já um pouco distante.

A escada foi retirada do avião e as portas fechadas. Ino resistiu no inicio mais assim que subia pela escada rolante se deu por vencida. Sentou ao lado da janela, Hinata entrou logo depois, e como o avião não estava cheio por estarem na primeira classe Hinata sentou ao lado da amiga.

Ino estava muito mais pensativa que no início do dia. Algo a estava perturbando. O avião decolou tranquilamente, Hinata estava com seus fones de ouvido, dormindo. Claro, aprendeu rápido com Naruto.

Ela não sabia que tudo o que Jiraya disse era de fato verdade. Porém não tinha como saber, e se Gaara estivesse assim com tanta raiva dela, ele teria com certeza suas razões. Mas como acreditar depois de tantas mentiras?

Pegou seu notebook e resolveu dar cara a tapa. Chega de máscaras, seria literalmente sincera com o único garoto que se importava no momento.

Oi Sabaku.

Ainda me pergunto se é um erro e se vou me arrepender depois de enviar, ou se ao menos vou conseguir escrever o que estou sentindo...

Os muros de defesa estavam altos quando decidi fazer o filme com você e você foi derrubando o muro... Mas tantos jogos fez eu me perder, me fez infantil, gostaria que não me odiasse por ir embora e por sentenciar uma punição sem ter certeza do que você fez... De novo.

Desculpe-me por ser extremista; por não enxergar que o melhor para mim estava sob meus olhos. Aceite de mente aberta essas palavras, pois tudo o que eu fiz foi por autopreservação. Perdoe-me por ter entrado e bagunçado tua vida.

Sem câmeras gostaria de dizer que acabei me apaixonando por você! Mesmo depois de cada briga, lembro-me de cada conversa, e cada adeus. Todas as barreiras que pensei criar eram criações imaginárias. Tentando me defender de você, os jogos e ironias contribuíram para cada erro que cometi nas ultimas semanas.

Está claro que nunca poderei ficar contigo e isso não me incomoda, somos de mundos diferentes. Hollywood me consome me enfraquece, me envenena. Por isso não te ouvi, pensei que você era do ninho de cobras, e acho que me enganei, por isso tenho certeza que você precisa de alguém que confie em você de olhos fechados e eu não consigo fechar os meus.

Pensei que seria mais difícil escrever para você, mas não foi. Então eu gostaria de só dizer adeus. Obrigado pela experiência e desculpe o furacão Yamanaka na sua calmaria.

Estava certa do que estava fazendo. Era bem grandinha para aprender com seus erros. Tinha idade o suficiente para assumir seus atos.

Um tempo se passou e logo o avião já estava aterrissando. Com pouca troca de palavras desembarcaram e se dirigiram até o hotel onde se hospedariam nas próximas semanas.

O hotel era reservado para celebridades e pessoas importantes. Um hotel cinco estrelas que fazia jus ao nome. O quarto era luxuoso, além de ser enorme. O mínimo de conforto por quem estava lá contra a vontade.

Estavam exaustas com a viagem, tecnicamente forçada. Mal desfizeram as malas. Tomaram banho intercaladamente, trocaram de roupa e deitaram na cama. Ino pegou no sono e Hinata aproveitou para conversar um pouco com Naruto pelo celular.

— E a Ino como ela tá? – Naruto perguntou do outro lado da linha.

— Não falei muito com ela. Ela estava muito pensativa como hoje de manhã... Não quis atrapalhar. – Respondeu com voz baixa, Ino dormia na cama ao lado. – Falou com o Gaara?

— Não. Nem sinal dele por aqui, eu procurei no estúdio, mas não o encontrei.

— A Ino está estranha, ela é tão imprevisível como Gaara. O que está passando pela cabeça dela é uma incógnita.

— Ino é louca, mas não cometeria uma besteira... Como foi a viagem?

— Calma. Dormi quase a viagem inteira – Respondeu fazendo Naruto rir.

— Aprendeu alguma coisa comigo. Vão começar as gravações amanhã?

— Não. As coisas irão chegar só daqui dois dias. Enquanto isso eu vou levar a Ino pra conhecer a cidade, se distrair... – Suspirou. Era difícil toda essa mudança, conhecia Ino muito bem e aquilo não iria passar rápido.

— Isso é bom... Ai está frio?

— Está nevando! – Riu. Óbvio que estava. – Os aquecedores são a melhor invenção depois da Coca-Cola, Ino que o diga. – Se lembrou de Ino que é viciada na bebida, Naruto riu de volta.

— Gostaria de ter ido com vocês... – Confessou. Deixa-las viajar sozinhas não era uma opção muito inteligente lembrando que Jiraya estava agindo de forma suspeita e elas estariam sós com ele.

— Mas se você viesse quem tomaria conta do Gaara? – Riu.

— Pois é! Essas crianças de hoje, temos que separar a briga e cuidar para que eles não façam besteiras. – Hinata tinha certeza que Naruto teria revirado os olhos ao dizer isso e ver Ino se mexer na cama à fez querer desligar o telefone.

— Vamos acordar a Ino, melhor eu desligar. Conversamos depois, qualquer novidade me avisa. Eu te amo.

— Se eu encontrar o Gaara eu mando mensagem. Também te amo, boa noite. – Respondeu terminando a ligação.

— Não precisa se preocupar comigo. – Ino estava acordada e viu Hinata corar na mesma hora, ainda com o celular na mão.

— Preciso sim. – Teimou. – Trouxe até chocolate para se sentir melhor! – Ela sorriu estendendo uma caixinha com trufas, Ino pegou.

— Você é boa demais pra mim. – Ino sorriu sentando na cama, com o cabelo bagunçado. Hinata foi até o frigobar e pegou duas latas de Coca-Cola e Ino alargou o sorriso, tinha a melhor amiga do mundo.

— Não sou boa demais, você que não conhece gente decente. – Riu pegando uma das trufas e sentando na mesma cama que Ino.

— Acha que fiz algo errado? – Perguntou e ao ver a sobrancelha de Hinata levantada, sabia que era um sim então reformulou a pergunta. – Tirando eu ir embora sem falar com ele... – Deu um longo gole na Coca-Cola e encostou a cabeça no ombro de Hinata.

— Você não fez nada de errado, só deixou as brincadeiras saírem do controle, como saberia... – Hinata a consolou pegando outra trufa.

— Eu não devia ter levado o Sasuke, mas ele também não deveria ter levado a Matsuri. – Se defendeu e bufou, odiava lembrar-se dela. Tomou outro gole.

— Eles já tinham ficado juntos outras vezes, nós os vimos em vários lugares...

— Queria ver se fosse o contrário. – Resmungou.

— Se fosse o contrário eu não teria feito jogos. Os jogos que vocês fizeram fez você se confundir toda. – Hinata confessou, Ino tinha que entender. – O Gaara sempre soube o que era real, já você se perdeu. Interpretar o amar no filme acabou se tornando real, e o que acontecia nos bastidores se tornou falso pra você.

Ino colocou a lata no criado-mudo e se aconchegou no colo da amiga, Hinata observava tudo, sabia do que falava e se odiou por ter que chegar aonde chegou para ouvi-la.

— Eu entendo que todos os jogos foram para esconder que sentia algo por ele, mas isso não só te aproximou dele, como também afastou. – Hinata falava baixo passando a mão pelos cabelos loiros de Ino.

— Está dizendo que atuar na vida real e no filme me fez não saber que Gaara era real? – Perguntou sem a encarar. Que loira burra eu sou. Pensou.

— Tecnicamente sim, eu vejo bastante o Gaara por causa do Naruto e o Gaara pode não ser um livro aberto, mas eu consigo enxergar ele de verdade...

— E eu não consigo. – Completou o que Hinata dizia e fechou os olhos por um tempo até voltar a falar. – Me apaixonei pelo Chase? – Riu com a ironia.

— Eu duvido! – Discordou. – Você se apaixonou pelo Gaara, por aquele chato que te jogou na piscina, que fala a verdade na sua cara e que consegue te ler sem você dizer a verdade pra ele. – Concluiu e Ino sentou na cama.

— Eu estaria perdida sem você! – Disse a abraçando, Hinata retribuiu.

— E agora se encontrou? – Perguntou enquanto se afastavam seus olhos se estreitaram de forma cômica, Ino riu.

— Entendi que interpretar não é pra mim, pelo menos não na vida real... Sem jogos daqui pra frente. – Levantou a mão como forma de juramento. – Mas não importa, acabou.

— Acabou mesmo? São apenas dois meses...

— Ele deve ter ódio de mim por ter ido embora. – Choramingou se jogando na outra cama. – E eu nunca sei se é mais um jogo dele. – Voltou bater na mesma tecla.

— Manda mensagem pra ele, conta a verdade. – Aconselhou.

— Acredite, fiz isso no avião. – Ino pegou um travesseiro e tampou a própria cara.

— Então espera, ele não é escroto ao ponto de jogar com você a essa altura. – Disse puxando o travesseiro da Yamanaka que sentou e pegou novamente a lata de Coca-Cola.

— Vamos ver se ele me responde... – Revirou os olhos. – Le e vê o que você acha! – Foi até a mala, pegou o notebook e o abriu para Hinata ler.

— Você é um furacão mesmo! – Ela riu depois de ler e recebeu uma travesseirada na cara. Correu até a porta, Ino estava tensa, mas também riu. – Agora sério, achei bem fofo o que você escreveu. – Foi até Ino e a abraçou, ela estava abatida e teria muito que pensar. – Se ele gosta de você, vai atravessar a América pra te ver.

— Odeio o “se”... – Sentou de volta na cama e pegou outra trufa.

— Vai dar uma chance pra ele? – Perguntou sentando ao lado dela.

— Pra nós...

Continua...